sexta-feira, 25 de maio de 2012

Devanear...


2a SOMBRA – BÁRBORA por Castro Alves.
Erguendo o cálix que o Xerez perfuma.
Loura a trança alastrando-lhe os joelhos,
Dentes níveos em lábios tão vermelhos,
Como boiando em purpurina escuma;

Um dorso de Valquíria... alvo de bruma,
Pequenos pés sob infantis artelhos,
Olhos vivos, tão vivos, como espelhos,
Mas como eles também sem chama alguma;

Garganta de um palor alabastrino,
Que harmonias e músicas respira...
No lábio - um beijo... no beijar - um hino;

Harpa eólia a esperar que o vento a fira, 
- Um pedaço de mármore divino... 
- É o retrato de Bárbara - a Hetaira. 

Pensamentos...


F A R M Á C I A D E P E N S A M E N T O S
“A família biológica deu origem à vida da 
criança, mas, por algum motivo, não acompanhou 
seu crescimento. Na família adotiva, há o 
acolhimento amoroso que dá espaço para o seu 
desenvolvimento”. Maria Tereza Maldonado

Sexta-feira, 25 de maio de 2012

Anjo do dia: Ayel.
Dia de São Gregório VII, Papa italiano (?-1085).
Dia da África.
Dia da Costureira.
Dia da Indústria.
Dia do Industrial.
Dia do Orgulho Nerd.
Dia do Trabalhador na Indústria.
Dia do Trabalhador Rural.
Dia Nacional da Adoção.

1990 Nasce a www - World Wide Web, no 
Laboratório Europeu de Física de Partículas 
(Cern), por iniciativa de Tim Berners-Lee (ING).
1992 Homologada a reserva indígena dos Yanomami, com 94 mil km2, em RR.
2003 Sergio Vieira de Mello, diplomata brasileiro 
na ONU, é enviado ao Iraque, onde viria a falecer 
em um atentado à sede da ONU. Em entrevista, 
perguntaram a ele o que pensava sobre a interferência norte-americana no Iraque.
Como carioca, ele disse que não gostaria de ver 
militares norte-americanos no Arpoador, no Rio de Janeiro.
2007 Ministério Público Federal denuncia 4 
controladores de vôo do Cindacta 1 de Brasília e 
2 pilotos norte-americanos do jato Legacy pelo 
acidente aéreo do avião da Gol, que matou 154 pessoas em setembro de 2006.
2007 Rita Lee, compositora e cantora paulista, 
ganha o título de Cidadã Honorária da Cidade do Rio de Janeiro.
2009 Marco Aurélio Mello, ministro do STF - 
Supremo Tribunal Federal, nega habeas corpus a 
uma mulher condenada a 2 anos de prisão pelo 
furto de caixas de goma de mascar no valor de R$ 
98,90. O princípio da insignificância não serviu para beneficiar a ré.

1889 Nascimento: Igor Sikorsky, engenheiro, idealizador do 1º helicóptero.
1983 Nascimento: Marcelo Tieppo Huertas, atleta 
da Seleção Brasileira de Basquete.

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Nada a ver com maus hábitos alimentares e ausência de atividade física...


Garota tem rara condição que faz com que ela não pare de comer

Jade Hall foi diagnosticada com a síndrome de Prader-Willi quando tinha 4 anos. Hoje, aos 20, pesa 127 Kg
Apesar de manter uma dieta de 750 calorias diárias, Jade está com cerca de 127 kg e pode até morrer se a sua família não fizer um controle rigoroso do que ela come. Quando nasceu, ela não comia e mostrava sinais de subdesenvolvimento. A mãe percebia já que algo estava errado com a filha. Por volta de 1 ano e meio, o apetite da menina mudou e ela começou a engordar rapidamente, e a família passou a controlar sua comida.

Segundo o jornal britânicoMirror, aos 4 anos, a menina foi diagnosticada com a síndrome de Prader-Willi, que provoca fome intensa e um apetite insaciável. O cérebro de Jade, que sofre de dificuldade de aprendizagem e atraso no desenvolvimento, não envia sinais ao seu corpo de quando ela está satisfeita. Assim, sua mãe teve de colocar cadeados na despensa da casa. Um dia, ao descuidar da filha na hora do banho, a menina comeu sabonete. O metabolismo de Jade é tão lento que para queimar 100 calorias ela precisaria andar cerca de seis quilômetros. 

Apesar de a menina ter crises nervosas, em que pode chorar e gritar por até duas horas. A mãe, que diz não conseguir acalmar a filha, conta que faz de tudo para que a filha tenha certeza de que é muito amada. E reforça: “Jade nunca será capaz de se virar sozinha, mas enquanto eu estiver aqui, ela sempre me terá ao lado”, diz.


Currais...


O poder do latifúndio nos domínios do PT

Petrolina e, como a cidade às margens do São Francisco, Pernambuco inteiro, pela voz de seu governador, Eduardo Campos (do clã Alencar, do Cariri cearense), indignaram-se com as críticas ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, por ter destinado 90% de todas as verbas da pasta ao seu Estado. Também a Paraíba mobilizou suas tropas retóricas para atacar qualquer um que lembrasse a circunstância de o novo ministro das Cidades do mesmo governo soi-disant socialista de Dilma Rousseff, Aguinaldo Ribeiro, ser neto de Agnaldo Veloso Borges, vilão histórico da esquerda acusado de ter mandado matar os líderes camponeses João Pedro Teixeira e Margarida Maria Alves. Agora vem o repórter Leonencio Nossa, da sucursal de Brasília deste jornal, lembrar que o dono da empreiteira Delta - campeã de obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e citada nas denúncias contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira -, Fernando Cavendish, é bisneto do coronel Veremundo Soares, de Salgueiro.
A Salgueiro do tempo dos coronéis tornou-se lendária pela citação num dos clássicos do repertório de outro sertanejo de Pernambuco, Luiz Gonzaga, em sua homenagem ao pai, o sanfoneiro Januário, do Vale do Araripe: "De Itaboca a Rancharia, de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior". Hoje em dia, a região notabiliza-se pelo comércio de carros roubados e pelas plantações de Cannabis sativa, que a tornaram uma espécie de capital informal do "perímetro da maconha". Assim como as plantações de coca florescem nos sovacos dos Andes bolivianos e em outros locais inóspitos, a "erva maldita" cresce e dá bons lucros num território que antes era definido como "polígono das secas" e agora recebe a crua denominação de semiárido. Neste ano, em que ocorre o mais penoso período de estiagem no Nordeste em 30 anos, por mais que incendeie roças da matéria-prima para a droga com a qual os viciados costumam se iniciar, a polícia não dá conta de seu avanço sertão adentro.
A exclusão do nome do bisneto do coronel Veremundo dos convocados a depor na CPI do bicheiro goiano reforça as evidências históricas de que a força inesgotável das oligarquias com poder sediado no sertão representa para a região específica e para todo o Brasil uma praga pior do que o flagelo das secas periódicas e a maconha perene.
Na falta de chuvas deste ano, a situação aflitiva das populações sertanejas é amenizada pela esmola estatal da Bolsa-Família. A famosa bravata de dom Pedro II, que prometeu empenhar o último diamante da coroa imperial para evitar que um cearense morresse de fome, foi assumida pela República assistencialista, que adotou o "neocoronelismo" com cartão magnético e trocou o voto de cabresto pelo sufrágio do guidom. Pois o jegue foi substituído pela moto, financiada a perder de vista, mas também a perder da vida, pois o comprador é dizimado nas rodovias em acidentes fatais e dificilmente sobrevive à própria dívida. No entanto, os animais criados pelas famílias dos camponeses pobres são sacrificados pela inclemência climática e pela insensibilidade do Estado ausente.
O poder do latifúndio no passado foi tema de clássicos da sociologia brasileira, tais como Coronelismo, Enxada e Voto, de Victor Nunes Leal, Coronel,Coronéis - Apogeu e Declínio do Coronelismo no Nordeste, de Marcos Vinicios Vilaça e Roberto Cavalcanti de Albuquerque, e Família e Coronelismo no Brasil- Uma História de Poder, de André Heráclio do Rêgo. A "inclusão" dos costumes desse mandonismo na República petista tem merecido um estudioso à altura desses citados expoentes da sociologia do latifúndio, o professor Luiz Werneck Vianna, que no artigo As cidades e o sertão, publicado nesta página, esclareceu: "Está aí a mais perfeita tradução da quasímoda articulação, no processo de modernização capitalista do País, entre o moderno e o atraso, ilustração viva do ensaio de José de Souza Martins A Aliança entre Capital e Propriedade da Terra: a Aliança do Atraso (in A Política do Brasil Lúmpen e Místico, São Paulo, Editora Contexto, 2011) e que se vem atualizando por meio da conversão do imenso estoque de capital social, econômico e político do latifúndio tradicional, que se processa no circuito da política e mediante favorecimento da ação estatal, em que seus herdeiros se reciclam para o exercício de papéis modernos. Para quem é renitente em não ver, este é o lado obscuro do nosso presidencialismo de coalizão, via escusa em que os porões da nossa História se maquiam e mudam para continuarem em suas posições de mando". Ou seja, "ou fingimos que mudamos ou eles mudam contra nós" - parafraseando o príncipe de Salina, protagonista do romance O Leopardo.
O maquiavélico conselho do cínico protagonista da obra-prima de Giuseppe Tomasi di Lampedusa ao sobrinho Tancredi traduz a aliança entre os socialistas pragmáticos do PT e os senhores da terra do semiárido. Não se trata de acusar o neto pelos crimes atribuídos ao avô nem de atribuir ao bisavô os deslizes do bisneto, e sim de reconhecer a renitente sobrevivência do semifeudalismo rural sertanejo nos costumes políticos do Brasil contemporâneo. A transposição do Rio São Francisco, anunciada para matar a sede dos sertanejos, não passa de truque retórico para dar cunho social a uma obra faraônica, que custará caro ao contribuinte e entregará a água a quem já tem a terra para irrigar. A estéril discussão sobre os efeitos do clima no semiárido, sem consequências práticas, representa a manutenção do domínio político e econômico dos oligarcas, confirmado por fatos.
Este ano, a prefeitura de Campina Grande, centro universitário de alta tecnologia, será disputada por Daniela, irmã de Aguinaldo Ribeiro e neta de Agnaldo Veloso Borges, por Romero Rodrigues, primo do senador Cássio, parente de Zé Cunha Lima, de Brejo de Areia, e por Tatiana Medeiros, apoiada pelo prefeito Veneziano Vital do Rêgo Segundo, parente do célebre Chico Heráclio do Rego, personagem-síntese do mandonismo no sertão.

Trabalhadores-escravos...


Quem são os trabalhadores encontrados em situação de escravidão no Brasil

O trabalhador mais vulnerável é homem, analfabeto, nascido no Maranhão e que é aliciado para trabalhar em áreas de desmatamento da floresta amazônica, mostra Atlas do Trabalho Escravo.

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (22), após mais de uma década de tramitação, um projeto que muda o texto da Constituição e permite que propriedades onde for encontrado trabalho escravo sejam expropriadas e destinadas para a reforma agrária - é a PEC do Trabalho Escravo.
O texto ainda vai passar pelo Senado, e deve ser criado um grupo de trabalho para decidir como a PEC será executada, mas segundo o pesquisador da Unesp Eduardo Girardi, a aprovação desta semana já representa um avanço. "É um passo importante para o combate do trabalho escravo, que é uma prática que está em total desacordo com os interesses da sociedade."
Girardi é autor, junto com outros pesquisadores da USP e da Unesp, do Atlas do Trabalho Escravo, lançado no último mês em parceria com a ONG Amigos da Terra. O atlas apresenta uma análise de onde ocorrem os casos de trabalho escravo no Brasil, quem são esses trabalhadores e o que os leva a essa situação.
Com base nos dados do Ministério do Trabalho e da Comissão Pastoral da Terra, os pesquisadores levantaram o perfil das pessoas que estão mais vulneráveis à situação de escravidão. São homens, naturais das cidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, que não aprenderam a ler ou são considerados analfabetos funcionais. Eles são aliaciados principalmente em três Estados – Maranhão, Tocantins e Piauí.
O processo de escravidão começa no momento em que são recrutados. Os aliciadores, conhecidos como "gatos", vão até locais onde a população está vulnerável economicamente – cidades pobres, atingidas pela seca – e convencem os trabalhadores a aceitar uma proposta de emprego que oferece ganhos maiores do que os trabalhadores conseguiriam em suas cidades. A proposta de emprego, na verdade, se mostra uma armadilha. O trabalhador se vê obrigado a pagar o meio de transporte, os instrumentos de trabalho e a alimentação, dando início a uma dívida impagável. Como o local de trabalho é geralmente isolado, e não raro os aliciadores usam homens armados para coagir os trabalhadores, a possibilidade de fuga é pequena.
Segundo os números do Minstério do Trabalho, as fiscalizações libertaram mais escravos nos Estados do Pará, Mato Grosso e Tocantins, principalmente na região da fronteira agrícola da Amazônia. "São regiões isoladas, de difícil fiscalização, o que facilita as práticas ilegais", diz Girardi. Os trabalhadores são aliciados para trabalhar no desmatamento da Amazônia, atividades pastoris e produção de carvão, por exemplo. Apesar de as situações de trabalho escravo se concentrarem nessa região, a fiscalização resgatou trabalhadores em quase todos os Estados do país.
Girardi levanta duas causas para situações análogas à escravidão no Brasil em pleno século XXI, e uma delas é a falta de moralidade e a mentalidade do empregador que lança mão dessas práticas. Mas a principal causa é mesmo a pobreza. "O trabalho escravo está ligado à miséria. O trabalhador não tem como sustentar a família, e é atraído por uma alternativa para gerar renda". Eliminar a pobreza extrema é a melhor solução para o país acabar com o trabalho escravo, mas iniciativas para punir os empregadores, como a aprovada na Câmara, são bem-vindas. 
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/05/quem-sao-os-trabalhadores-encontrados-em-situacao-de-escravidao-no-brasil.html

Bravatas...


Forçada a enfrentar a crise, Dilma imita Lula e a procissão de bravatas recomeça

Confrontado com sucessivas evidências de que a crise econômica americana provocaria estragos no mundo inteiro, o então presidente Lula decidiu proibi-la de entrar no Brasil. ”Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se em 27 de março de 2008. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português, Bush não deve ter entendido o recado do colega monoglota. Alheia ao perigo, o alvo da ameaça já rondava as praias do Brasil quando, quase seis meses depois do telefonema improvável, o chefe de governo voltou a tratar do assunto.
“Que crise? Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro a um jornalista preocupado com os sinais de que o problema americano não pouparia o País do Carnaval. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21. No dia 22, a ressalva entre vírgulas informou que o momento não era tão mágico assim: “Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”. Uma semana depois, a ficha começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”, garantiu em 29 de setembro. Pareceu render-se no dia 30: “A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”.
Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um tsunami”, comparou. “Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”. No dia 5 de outubro, achou prudente depositar o problema no colo do Legislativo. “Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso”, comunicou. No dia 8, conseguiu enxergar o tamanho do buraco. “Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise”. Em 10 de novembro de 2008, a metamorfose delirante fechou gloriosamente a procissão de frases amalucadas. “Toda crise tem solução”, ensinou. “A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians”.
O raquitismo das taxas de crescimento registradas de lá para cá mostrou o que acontece a um país governado por alguém que enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões globais. A longevidade da crise, agora agravada pelas quebradeiras que abalam a União Europeia, confirmou que o mundo lida com um monstro impiedoso com populistas falastrões. Mas o Brasil não aprende, comprova o comportamento de Dilma Rousseff. Três anos depois, a estratégia inaugurada pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês.
Lula acordava invocado com Bush. Em março, Dilma deixou de dormir direito por andar invocada com um certo “tsunami monetário”. Num improviso de espantar Celso Arnaldo, atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente, despejam US$ 4,7 trilhões no mundo ao ampliar de forma muito, é importante que a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles em crescimento”.
Lula recomendava aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a professora da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março. “Porque o investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda externa para os nossos produtos”. No dia seguinte, concluiu a lição. “O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Lula zombava da marolinha. Nesta semana, Dilma reiterou que com o Brasil ninguém pode. “Nós estamos 100% preparados, 2oo% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”, preveniu. No dia seguinte, as previsões sobre o crescimento do PIB em 2012 baixaram de 4,5% para menos de 3%. Como Lula em 2008, Dilma resolveu interceptar o cortejo de índices aflitivos com outro balaio de medidas de estímulo ao consumo. Como ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos de trânsito ficarão ainda maiores. Os brasileiros motorizados terão mais tempo para pensar em como pagar o que devem ao banco.
Nesta quinta-feira, reproduzidos pelo site do jornal português O Público, trechos da entrevista concedida por Lula à documentarista Graça Castanheira comprovaram que, enquanto a afilhada cuida da economia brasileira, o padrinho socorre os países europeus mais necessitados. “Obama  pensa nos americanos, Merkel nos alemães, cada um no seu mandato”, descobriu o professor de tudo. “O mundo não está pensando de forma globalizada”. Tradução: o planeta precisa de um Lula.
A performance da dupla que gerou o Brasil Maravilha comprova que só em terra estrangeira a História se repete como farsa. Aqui, uma farsa é reprisada há mais de nove anos a plateias que engolem qualquer história. Oremos.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/

Comédia bastante engraçada...


O vexame anunciado

Foi preciso que uma integrante da CPI do Cachoeira, a senadora Kátia Abreu, do PSD do Tocantins, repreendesse os colegas por estarem "dando ouro para um chefe de quadrilha com cara de cínico" para que eles decidissem pôr fim à farsa do depoimento do contraventor Carlos Augusto Ramos, cujo apelido dá nome ao abagunçado inquérito parlamentar sobre as suas amplas relações ilícitas. Foi uma farsa - e mais um vexame para os partidos que afoitamente o instituíram - por dois motivos.
Primeiro, porque a CPI sabia, como todos quantos acompanham o melancólico espetáculo em curso no Congresso Nacional, que o bicheiro entraria mudo e sairia calado da sessão - ou melhor, falaria apenas para dizer que não falaria. O seu advogado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, havia anunciado que o cliente faria pleno uso do direito constitucional de permanecer em silêncio para não se incriminar eventualmente. E para não convalidar as evidências coletadas pelas operações da Polícia Federal que o advogado quer ver declaradas ilegais.
Ainda assim a oitiva se arrastou por cerca de duas horas e meia, com mais de 50 perguntas inúteis, ouvidas pelo inquirido com apropriado ar irônico beirando o deboche, até que a senadora desse o seu exasperado alerta. Com as suas indagações, diligentemente anotadas por Thomaz Bastos, sentado à esquerda de Cachoeira, os parlamentares de fato entregavam o ouro ao presumível bandido, sob a forma de um roteiro para a sua defesa - se não perante à CPI à qual ele só aceitaria voltar para continuar mudo - no processo a que responde na Justiça Federal de Goiás.
A outra razão por que o depoimento merece ser considerado uma farsa está nas perguntas que senadores e deputados deram de fazer a fim de tirar o proveito que pudessem dos holofotes da mídia, embora cientes de que o País não parou para acompanhar o momentoso evento nem prenderia o fôlego quando o assunto aparecesse nos telejornais da noite. Os congressistas alinhados com o Planalto exibiram a sua lealdade insistindo uma vez e outra, e outra ainda, na documentada proximidade de Cachoeira com o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo.
Já a oposição, além de fazer o mesmo em relação ao governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, tentou cavoucar os bastidores do primeiro governo Lula. Com isso, uns e outros comprovaram que a CPI surgiu para levar à berlinda os respectivos adversários políticos, como se o esquema Cachoeira não fosse rigorosamente suprapartidário. Mirando o lado de lá, os perguntadores naturalmente blindavam o lado de cá, o deles. Seguiam assim à risca a máxima de Vaccarezza, o deputado petista que mandou ao governador fluminense, Sérgio Cabral, do PMDB, o tranquilizador SMS do "você é nosso e nós somos teu".
A base aliada vinha tentando blindar também a recordista de contratos com o governo federal e o do Rio de Janeiro, a empreiteira Delta, então do querido amigo de Cabral, Fernando Cavendish, tido como "sócio oculto" de Cachoeira. Na semana passada, o relator da CPI, deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, excluiu o empresário e a matriz da construtora da lista de pessoas físicas e jurídicas a terem os seus sigilos quebrados. Com isso, pareceu comprar pelo valor de face a alegação da Delta nacional de que desconhecia as traficâncias de seu ex-diretor no Centro-Oeste Cláudio Abreu, parceiro do contraventor.
Como que atenuando o fiasco em que a CPI se enfiara, a certa altura do interrogatório de Cachoeira o deputado Onyx Lorenzoni, do DEM de Santa Catarina, trouxe à luz as descobertas de uma investigação de que pouco se fala - a Saint-Michel, deflagrada pelo Ministério Público na sequência da Monte Carlo, conduzida pela Polícia Federal. Os procuradores apuraram que a cúpula da Delta deu a Abreu procuração para movimentar pelo menos dez contas bancárias da empresa no País. De uma delas, já se sabia, saíram R$ 39 milhões para firmas fictícias usadas pela organização de Cachoeira.
Diante disso, a CPI está obrigada a quebrar os sigilos da Delta em âmbito nacional e do seu ex-controlador. É, de resto, a sua tábua de salvação.

Mais uma etapa superada...