segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Piada...

No Tribunal, o Juiz entrevista o casal que quer se divorciar. - Por que é que o senhor quer o divórcio? - Sua Excelência, a minha mulher é preguiçosa e péssima dona de casa. E além do mais, estou farto de chegar em casa e ver a nossa cama cheia de parasitas. - Isso não me parece ser motivo suficiente para o divórcio! - exclama o Juiz e virando-se para a mulher: - E a senhora? O que tem a senhora a dizer? - Sr. Juiz, o meu marido é um ordinário! O senhor não ouviu como ele chamou os meus amigos?

http://www.piadasnet.com/piada293casais.htm

Devanear...

Sem título – Paulo Leminski

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão

Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração

http://www.revistabula.com/385-15-melhores-poemas-de-paulo-leminski/

Rota nova...

Mudar de vida pode ser mais fácil do que você pensa
Mudar de vida e livrar-se das amarras internas que atravancam a sua vida. Quer melhor projeto para começar o ano novo?

A virada não precisa (nem deve) ser radical. Bastam alguns ajustes no seu jeito de ser
Nossa proposta é que você faça uma auto-análise para identificar (e tentar mudar) comportamentos que resultam em rugas cotidianas. E eles são muitos, admita. É o ciúme que estraga os relacionamentos, um jeito ansioso de ser que faz pequenos problemas ganharem corpo ou ainda a intransigência, às vezes um empecilho para o crescimento profissional.

"O homem se transforma o tempo todo", garante a psicanalista Rita Charter, professora da Pontifícia Universidade Católica, a PUC de Campinas. Tem até pesquisa - e das sérias - pondo por terra aquela velha tese que pode ser resumida em uma frase: "Eu sou assim e pronto". A Universidade de Berkeley, que fica na Califórnia, nos Estados Unidos, estudou por três anos cerca de 132 mil voluntários, de 21 a 60 anos, e concluiu que a personalidade se altera com a idade e, na maioria dos casos, para melhor. Não que ocorram profundas transformações, mas sim uma espécie de renovação interna.

Em resumo, os pesquisadores constataram que, entre 20 e 30 anos, pessoas de ambos os sexos tornam-se em geral mais disciplinadas, organizadas, criativas e abertas a novos conhecimentos. Já as mulheres dessa faixa etária monstram-se mais extrovertidas do que os homens - uma diferença de comportamento que não fica tão evidente com o passar do tempo. 
E as emoções, como se comportam? Bem, no time feminino elas vão ficando mais equilibradas, diferentemente do que ocorre com o masculino. Por volta dos 50 anos, é como se homens e mulheres se avaliassem com outra lente e subissem vários degraus no quesito solidariedade. "Não há dúvidas de que as pessoas continuam a amadurecer durante a fase adulta", diz a psicóloga Suely Sales Guimarães, da Universidade de Brasília, no Distrito Federal. É o aprendizado ao longo da vida e as descobertas sobre nós mesmos que ditam a necessidade de mudar comportamentos que não têm mais a ver com a gente. "Novas atitudes sempre dependem de decisão própria e de ação", faz questão de ressaltar Suely.

O primeiro passo para a reestréia da sua personalidade é encarar aqueles problemas de comportamento que estão empatando a sua vida. E aí a saída é botar a cabeça em ordem, organizar os pensamentos e tentar descobrir os motivos da sua forma de agir. Insegurança? Trauma? Encontrar respostas para questões do gênero desperta a consciência de que atitudes indesejadas podem ter uma origem externa e não necessariamente fazem parte da sua personalidade. 
"Fica mais fácil quando você cria condições que favorecem as mudanças e abandona aqueles padrões de comportamento que as impedem", ressalta a psicóloga gaúcha Ana Maria Rossi, especialista em estresse. Alguém já disse que a melhor maneira de não errar é não fazer nada. Só que esse imobilismo, é claro, não leva a lugar nenhum. Então, tenha paciência com os seus erros e nem pense em desistir da empreitada. Se a tal da reinvenção parecer difícil, procure ajuda de um especialista. Você só precisa se dar a segunda chance a que todos nós temos direito na vida. E, quem sabe, a terceira, a quarta, a quinta...

MUDANÇA DE ATITUDE
A virada não precisa (nem deve) ser radical. Bastam alguns ajustes no seu jeito de ser
· Aceite que mudar implica assumir certos riscos.
· Use os mesmos parâmetros para avaliar-se a si e aos outros.
· Não exija soluções mágicas para os problemas.
· Seja paciente, pois mudanças vêm com o tempo.
· Estabeleça metas razoáveis para os seus projetos de mudança.
· Entenda que adquirirm novas condutas requer esforço e prática.


MUDAR É PRECISO
Dois exemplos do que a ciência já sabe sobre a nossa capacidade de transformação
1. Pesquisadores da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos, descobriram que pessoas extrovertidas e abertas a novas situações aprendem mais rápido e são mais inteligentes.
2. Um trabalho da Universidade de Stanford, que também fica nos Estados Unidos, revelou que o cérebro de indivíduos ansiosos, comparado com o de gente que dificilmente se abala em situações adversas, é menos ativado quando vê imagens felizes. Diante de situações tristes ocorre o oposto, ou seja, a massa cinzenta dos agitados fica a mil. Em outras palavras, a ansiedade aumenta o risco de depressão.

Amor perigoso...

Vídeo mostra últimos momentos de vida de jovem assassinada em Natal
Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos, foi morta dentro de um apartamento.
Vídeo mostra que ela entra no imóvel ao lado do dono, que está preso.

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte divulgou nesta sexta-feira (2), com exclusividade ao G1, imagens que mostram os últimos momentos de vida da pernambucana Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos. No último dia 22, o corpo dela foi encontrado embalado em lençóis e sacos plásticos dentro de um apartamento no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. Os peritos também disseram que havia um fio enrolado no pescoço dela. O principal suspeito do crime, o empresário paulista Eugênio Becegato Júnior, está preso e durante depoimento disse que só se pronunciará quando os laudos periciais no corpo da jovem forem concluídos.

"O vídeo é mais uma prova que temos de que foi Eugênio Becegato Júnior o autor do crime e que ele agiu sozinho. Esse vídeo irá compor o inquérito, que devo concluir nos próximos dias", falou a delegada Karen Lopes, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). O empresário foi preso um dia após o corpo da jovem ser encontrado. Estava em um ônibus quando foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Vitória da Conquista, no estado da Bahia.
O vídeo foi gravado pelo circuito de segurança do condomínio e revela que Clara entra no elevador do imóvel às 2h25 do dia 18. Ela está acompanhada de Eugênio, que é dono do apartamento. Nas mãos dele, uma latinha de refrigerante. Ela carrega uma caixa que parece ser uma embalagem usada para o transporte de lanches.
As imagens de segurança do prédio também mostram que o empresário já aparece sozinho, no mesmo elevador, às 3h53. Ele acende um cigarro e sai. Às 4h20, ainda na mesma madrugada, ele volta, pega o elevador e retorna para o apartamento.
A nova aparição de Eugênio só acontece na madrugada do dia seguinte. O relógio marca 5h14 do dia 19. E, mais uma vez, ele deixa o imóvel sozinho. Pouco tempo depois, às 5h29, ele retorna ao lado de outro rapaz, que usa um boné e carrega uma bolsa. Os dois vão embora do prédio às 5h45.
Clara Rubianny Ferreira tinha 26 anos e era natural de Caruaru.
Já na manhã do dia 20, às 9h42, uma vizinha entra no elevador com dois policiais militares, que foram chamados por causa do mal cheiro no apartamento de Eugênio. Os PMs deixam o condomínio minutos depois. Consta no inquérito que os PMs não entraram no imóvel, pois teriam sido impedidos pelo proprietário. "Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressaltou Edson Barreto, chefe de investigações da 15ª DP.
Também consta no inquérito que a última vez que Eugênio deixou o apartamento foi no início da tarde do domingo, dia 21. Ele pega uma Cherokee vermelha, vai embora e não volta mais.
No dia 22, às 17h45, peritos do Instituto Técnico-Científico de Polícia retiram o corpo de Clara do apartamento, colocam no elevador e o levam para a sede do órgão, onde foi periciado.
Pais de mulher encontrada morta em apartamento no RN pedem justiça. 
'Premeditado'
Em entrevista ao G1, o pai de Clara disse acreditar que o crime foi premeditado. “Segundo os delegados, ele [o suspeito] é frio e calculista”, declarou o comerciante aposentado José Ferreira da Silva, de 68 anos.
O pai esteve em Natal no dia 30 com sua outra filha para acompanhar as investigações e recolher os pertences de Clara.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte encontrou o corpo de Clara Rubianny Ferreira no dia 22 do mês passado.  Ela tinha 26 anos e era natural de Caruaru, em Pernambuco. Uma tatuagem na perna possibilitou a identificação da vítima, conforme explicou o chefe de investigação da 15ª Delegacia de Polícia, Edson Barreto.
Clara foi achada enrolada em lençóis e sacos plásticos. Um fio elétrico estava em volta do pescoço da vítima. De acordo com o chefe de investigações da 15ª DP, alguns vestígios achados no local do crime indicam que houve consumo de drogas no quarto onde o corpo da jovem estava. "Achamos um prato e uma gilete, que normalmente são usados para esquentar e separar cocaína", ressalta. Um exame toxicológico solicitado ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) deve revelar se Clara consumiu drogas antes de morrer.
A polícia chegou ao apartamento após uma denúncia anônima de moradores. Vizinhos reclamaram do mau cheiro vindo do imóvel. Os policiais arrombaram a porta e acharam o corpo já em estado de decomposição. Antes da descoberta, Edson Barreto chegou a entrar em contato com o pai de Clara, que mora em Caruaru. "Ele não tinha notícias dela faziam seis dias", contou.
Eugênio Becegato Júnior deixou o prédio por volta das 13h do domingo (21) em uma Cherokee vermelha e não retornou.
O policial também contou que a Polícia Militar esteve no apartamento no dia 19, mas teve a entrada impedida pelo dono do apartamento. "Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressaltou o chefe de investigações da da 15ª DP.
A prisão do suspeito
Eugênio Becegato Júnior foi preso na Bahia. 
O empresário Eugênio Becegato Júnior foi preso no dia 23, na BR-116, na região de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes do serviço de inteligência receberam a informação de que o suspeito viajava em um ônibus interestadual. Após montar uma operação policial, o suspeito foi encontrado em um veículo que seguia em direção a Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Materialidade
A delegada Karen Lopes, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Zona Sul de Natal, foi a Bahia no dia seguinte à prisão e buscou o empresário. Na capital potiguar, Eugênio disse que só irá se pronunciar após a emissão do laudo cadavérico. O advogado dele, André Justo, falou ao G1 que pediu uma cópia do inquérito para poder traçar uma estratégia para a defesa. "De qualquer forma, vamos aguardar que o laudo do Itep seja emitido", ressaltou.
Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado"
Karen Lopes, delegada de polícia
Apesar do silêncio do suspeito, a delegada acredita ter materialidade suficiente da culpa do empresário. Segundo ela, o crime teria acontecido após uma briga entre Eugênio e Clara. “Nós encontramos evidências do consumo de drogas”, apontou. Além disso, Karen afirmou que uma testemunha teria afirmado que o homem pediu ajuda para ocultar o cadáver. “Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado. Ele tentou conservar o corpo inclusive deixando o ar condicionado ligado direto”, comentou.
Eugênio está preso no Centro de Detenção Provisória de Pirangi, na zona sul da capital, por força de um mandado de prisão temporária de 30 dias.

Todo mundo fingindo de...

Sobre desabafos e o jornalismo do ‘faz de conta’
     
Está circulando na internet um vídeo com uma entrevista do jornalista Ricardo Boechat na qual ele faz um desabafo, sem papas na língua, que bem poderia ser uma espécie de manifesto contra o jornalismo “faz de conta” que nos é servido diariamente pela maioria dos jornais, revistas e emissoras de rádio ou televisão do país.

“Faz de conta” porque tem muito pouca coisa a ver com a realidade e procura nos passar a imagem de que se trata de informação isenta e objetiva. Não sei se a minha experiência pode ser generalizada, mas a cada dia que passa encontro mais pessoas que deixaram de ler jornais, viram a cara para as capas de revistas semanais e evitam os telejornais tentando evitar acessos de irritabilidade.

É muito preocupante ver como as pessoas estão se afastando da imprensa depois de terem sido contaminadas pelo vírus da dúvida sobre a fidedignidade e isenção das notícias publicadas nos principais veículos de comunicação jornalística do país. Mais preocupante ainda é perceber que ainda é grande o número de profissionais que não se deram conta do papel que lhes está sendo imposto pelas empresas jornalísticas.

Boechat, no auge de seu desabafo, diz que mudou sua maneira de ver a ética pública depois de constatar que as redações checam a credibilidade de declarações de cidadãos comuns, mas aceitam sem restrições afirmações de políticos que, segundo o âncora do Jornal da Band, são quase sempre mentirosas porque defendem algum interesse oculto.

A docilidade com que a imprensa aceita o jogo dos participantes do poder político no Brasil é provavelmente a maior responsável pelo desencanto da opinião pública não só em relação aos jornais, mas em relação a quase tudo o que tem a ver com governos.

O jornalismo que nos é oferecido diariamente ganha cada vez mais ares de um grande “faz de conta” em que a imprensa “faz de conta que informa” e nós, o público, “fazemos de conta” que acreditamos no que nos é passado como verdade. É cada vez maior o número de leitores e telespectadores que se preocupam mais em tentar captar o que está nas entrelinhas do que aquilo que é impresso ou dito por jornalistas profissionais.

É claro que a complexidade dos fatos, dados e eventos dificulta enormemente o desafio de informar o público, nos tempos pós-avalancha informativa. Há dezenas de percepções, posicionamentos, vieses e interesses embutidos até mesmo nas notícias mais corriqueiras. São poucos os leitores e telespectadores cientes desta dificuldade. A grande massa do público culpa os jornalistas pelo “faz de conta”.

Mas em nome da preservação do emprego e do status social, a atitude mais comum nas redações é também fazer de conta, agarrando-se ao discurso corporativo que associa críticas e agressividade contra jornalistas à ameaças contra a liberdade de imprensa. Na verdade, muitas pessoas querem dizer apenas que não aguentam mais o jornalismo “faz de conta”.

A saturação com a hipocrisia está dando origem a uma onda de desabafos de todo o tipo de pessoas. Parece que nossa quota de tolerância chegou ao limite, como mostram as explosões de descontentamento popular materializadas nos protestos de rua desde junho. A sobrevivência de Ricardo Boechat na bancada do Jornal da Band ainda é uma incógnita porque o desabafo de seu principal âncora coloca TV Bandeirantes num dilema: se tolera as duras afirmações do jornalista, coloca-se em rota de colisão com o establishment politico de Brasília; mas, se afastar Boechat do seu posto, passa um recibo de autenticidade para tudo aquilo que ele botou na boca do trombone.

Piada...

Estado laico esquecido, religião oficial consagrada
Ninguém lhe roubará o título de figura mais humana, simpática e mais calorosa do mundo. Quintessência da bonomia e da lhanura. Esses galardões o papa Francisco conquistou no seu primeiro périplo internacional, aqui, no Brasil, e o manterá, esperamos, por um longo tempo.

Percebeu a bagunça na organização do evento e generosamente a atribuiu a si, acobertando involuntariamente a irresponsabilidade embutida na incúria e na incompetência dos anfitriões.

Por outro lado, a visita do sumo pontífice, embora riquíssima em matéria de provocações e estímulos de ordem moral e política, não conseguiu nos aproximar da discussão direta sobre um dos problemas centrais do mundo contemporâneo: o poder religioso e a ausência de um contrapoder democrático para contrabalançá-lo. Em outras palavras: a questão do laicismo do Estado continuará fermentando, adiada e explosiva.

Com a sua visível obsessão pela transparência, o papa Francisco tentou lembrá-la no discurso dirigido à sociedade civil, no belíssimo monumento à cultura que é o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (sábado, 27/7). Textosurpreendente, em todos os sentidos – enfatiza a “cultura do encontro”, valoriza uma “humanização integral”, prega uma “democracia muito além da lógica da representação”, propõe um “humanismo na economia”, chega a louvar um Estado laico, “sem assumir como própria qualquer posição confessional”, porém só admite nessa igualdade os santificados por alguma crença religiosa.

E nosotros,hermano Jorge Mario Bergoglio?

Nós, agnósticos, descrentes ou não-crentes, nós os que levamos às últimas consequências a condição de pensantes, nós os que duvidamos não somos filhos de Deus? Este observador sempre imaginou que os céticos e até mesmo os ateus seriam os preferidos dos pastores de almas porque têm a coragem para questionar e adiantar-se ao rebanho.

Como democratas intransigentes e integrais, respeitamos a presença daquilo que o papa Francisco denominou “fator religioso na sociedade”, mas como humanistas, herdeiros do Renascimento e do Iluminismo – e não apenas na economia – sonhamos com algo mais abrangente, um laicismo autêntico, legítimo, capaz de valorizar aqueles que não necessitam de intermediários para aproximar-se de Deus, nem se curvam ou cultivam dogmas e tabus.

Estimativas inflacionadas

Foi um discurso rico, estimulante sob o ponto de vista filosófico e algo desafiador sob o ponto de vista político por escancarar a percepção de que o laicismo dos crentes nunca será absoluto, sempre relativizado: segrega os descrentes, não lhes oferece o mesmo espaço-cidadão.

A cobertura do discurso nas edições de domingo (28/7) só agravou a noção de que nosso país adota uma religião oficial. Apenas a Folha de S.Paulo tentou valorizar com um subtítulo o parágrafo sobre laicismo do discurso pontifical. Os demais se contentaram em reproduzir burocraticamente a íntegra. E estamos conversados.

Na segunda-feira (29), nenhum opinionista deu sequência à opinião do papa Francisco, exceto o jornalista Luís Paulo Horta, que dividiu com o também jornalista Frei Betto o recanto de opinião do caderno diário do Globo sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ, ver aqui).

A grande verdade é que nossa imprensa não é laicista, nem laica, não se ocupa/preocupa com secularismo ou a isonomia no Estado de Direito. Nunca o fez. Exceto no período 1808-1822, quando, a exemplo de Hipólito da Costa, alguns jornalistas-fundadores assumiam-se como maçons e, mais tarde, nos albores da República, quando os positivistas defendiam a rigorosa separação entre Igreja e Estado.

Hoje, a forte penetração do Opus Dei nos grandes e médios jornais brasileiros, tanto nos comandos intermediários como na cúpula das entidades corporativas, não permite nem permitirá que o debate sobre o laicismo possa prosperar e ser incorporado à agenda para o aperfeiçoamento democrático.

A prova mais recente foi a cobertura da visita do papa Francisco não apenas intensa, extensa e pouquíssimo isenta como também nada pluralista. Aliás, assumidamente devocional e engajada. Quando a mídia não assume os princípios de tolerância e respeito às diferenças, o Estado adota o mesmo comportamento e incorpora os mesmos favorecimentos.

Jornais impressos não são obrigados a ser equilibrados, mas caso pretendam uma imagem de credibilidade deveriam tentar posturas mais naturais, equidistantes. Porém a TV, sobretudo a TV aberta, é uma concessão pública, do Estado, e, como tal, não pode estar atrelada a uma religião, muito menos transmitir cultos religiosos ao vivo em versão integral.

Não foi o que aconteceu com a cobertura da homilia do papa na quinta-feira (25/7), pela GloboNews, transmitida ao vivo de Copacabana com os/as âncoras in loco, tiritando de frio, porém devidamente aquecidos pela fé religiosa.

Também a via-crúcis, encenada na mesma Copacabana, foi transmitida integralmente (sem comerciais) pela Rede Globo, em TV aberta, ao vivo, na noite de sexta-feira. O único jornalista a registrar o pecado foi Nelson de Sá, da Folha (sábado, 27/7). A Rede Globo não ofereceu explicações. E ninguém cobrou. Nem a Folha, embora o jornal tenha sido o único veículo a contestar as estimativas absurdamente inflacionadas divulgadas pelos organizadores no tocante ao número de participantes dos diferentes eventos da Jornada.

Dupla de gigantes

Ao contrário do que aconteceu na Copa das Confederações permeada por críticas e questionamentos, o noticiário geral da JMJ foi energizado pela devoção. Até mesmo as tremendas falhas de organização e logística da prefeitura do Rio foram perdoadas. No balanço final apresentado pelo prefeito Eduardo Paes na segunda-feira (29) ele se autoconferiu a nota dez e ficou por isso mesmo. Assim se constroem factoides e ilusões.

O natural entusiasmo dos jovens peregrinos e a emoção dos cariocas extasiados com a figura benevolente do pontífice foram sutilmente utilizados para maquiar a imperdoável improvisação. A ausência de acidentes ou incidentes nas colossais concentrações humanas nas areias de Copacabana não pode ser tomada como façanha das autoridades. Resultaram da índole de um povo simples, crente, fascinado pelos espetáculos, atraído por uma intensa, demorada e perfeita cruzada motivadora.

Seus autores: a dupla de gigantes da comunicação devidamente irmanados: a igreja católica e a Rede Globo.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/estado_laico_esquecido_religiao_oficial_consagrada

Mais uma etapa superada...