quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Só rindo...





Refletir...

"Atirar pedras é fácil, o difícil é ser a vidraça."(Provérbio Chinês)

Língua afiada...

PEGADINHA GRAMATICAL
Tropeços linguísticos revelados pela paronímia
acometem boa parte dos usuários da língua, mesmo aqueles mais estudiosos.
  
Situemo-nos, pois, em algumas circunstâncias linguísticas, abaixo evidenciadas, de modo a efetivarmos nossa compreensão acerca do assunto:

- Quando estamos em busca do conhecimento, procuramos aprender a respeito de um determinado assunto, sobretudo apreendendo todas as informações que a ele são inerentes.    

- Infligir representa uma forma punitiva àqueles que porventura infringem as regras de trânsito, por exemplo.

- O respeitado docente recebeu dos discentes a tão merecida homenagem.  

Em todos os casos, os vocábulos (aludindo aos que estão em evidência) se apresentam demarcados por traços semelhantes, sobretudo no que tange à grafia e à pronúncia. Contudo, quando analisados, apresentam sentidos distintos, tornando-se aplicáveis em contextos específicos, levando-se em consideração o discurso do emissor.

E é exatamente partindo dessa prerrogativa que o presente artigo norteia seus propósitos: evidenciar acerca de alguns “tropeços” vocabulares que acometem até mesmo redatores experientes. Tendo em vista que estamos sujeitos a falhas, a incidência de alguns “escorregões” às vezes se torna inevitável, contudo é sempre bom estarmos vigilantes quanto à nossa performance linguística. Sendo assim, com vistas a não comprometê-la, eis alguns casos de paronímia, por vezes alvos de confusões, seguidos dos respectivos significados:

História...

Vila Rica e mercado interno no Brasil Colonial  
Vista de Ouro Preto, antiga Vila Rica – principal cidade mineradora do Brasil Colonial.
Durante o período colonial da História do Brasil, a maior parte da população vivia na zona rural, geralmente dentro das grandes fazendas produtoras de mercadorias agrícolas, como os engenhos de cana-de-açúcar. Porém, a partir da descoberta do ouro na região onde hoje se encontra o estado de Minas Gerais, núcleos urbanos passaram a ser constituídos nessa região.

Dentre esses núcleos urbanos, o mais rico e famoso do período foi o de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto). A ocupação dessa área montanhosa e de difícil acesso iniciou-se na última década do século XVII e atingiu os vales dos pequenos riachos que existiam no local onde havia uma grande quantidade de ouro. As minas passaram a ser abertas nas encostas desses morros, tornando-se a principal fonte de riqueza explorada pela metrópole portuguesa em sua colônia americana.

A riqueza proveniente da extração do ouro na região possibilitou um desenvolvimento urbano, com a constituição de ruas pavimentadas, inúmeras edificações, uma produção artística barroca, além de estimular a formação de um mercado consumidor, principalmente para garantir o fornecimento de mercadorias para o consumo dos habitantes do local.

A formação do mercado consumidor interno na cidade de Vila Rica foi favorecida pelo fato da exploração de ouro possibilitar a constituição de camadas intermediárias na pirâmide social. Não havia na cidade apenas os muito ricos e os extremamente pobres, como acontecia nos engenhos. Havia uma considerável quantidade de pessoas que detinham um nível médio de renda, o que possibilitava a compra de produtos para a alimentação, vestuário e de outros tipos que eram oferecidos no local. Isso era estimulado ainda por não ter sido desenvolvido na cidade apenas a agricultura de subsistência. Surgiam na cidade as figuras dos pequenos comerciantes e seus estabelecimentos, dessa forma, além da compra e venda de mercadorias, havia também na cidade a criação de um espaço de socialização entre as pessoas.

O resultado desse processo foi a ligação das cidades mineiras (de Vila Rica em particular) com outras regiões da colônia, como o Nordeste e o Sul, que ofereciam principalmente produtos derivados da criação de gado, como carne e couro. Do Rio de Janeiro eram transportados até Vila Rica os produtos importados da Europa. Para poder realizar esse comércio entre as diversas regiões do país, foram construídas inúmeras estradas, além de aparecer na sociedade colonial a figura do tropeiro.

O tropeiro era o responsável pelo transporte e venda das mercadorias entre os locais de produção e de venda. Em muitos casos, os tropeiros enriqueceram com os lucros que obtinham nas trocas dessas mercadorias. Esse incipiente mercado interno aos poucos foi criando as rotas de ligação entre as várias regiões, iniciando o processo de integração da colônia e superando o isolamento que existia entre as várias localidades.

Viva a sabedoria...

Etiologia na Metafísica Aristotélica

Aristóteles - O criador da teoria das quatro causas.
O início da metafísica de Aristóteles trata-se de um apanhado histórico com intenção filosófica. Na busca em compreender os princípios e causas da realidade, Aristóteles identificou, por exemplo, nos pré-socráticos milesianos a matéria como sendo causa do universo. Encontrou em Platão e nos pitagóricos os números e as Ideias como a forma determinante dos seres. Viu, ainda, em Anaxágoras o Noûs como fim último de todas as coisas.

Toda essa trajetória, na verdade, tem como fim buscar argumentos para sua própria etiologia ou estudo das causas. Aristóteles, assim, reuniu os vários modelos existentes, sintetizando-os em sua própria teoria das quatro causas. São elas:

Causa Material – aquilo de que um ser é feito, a matéria do ser;
Causa Formal – a forma, a essência, a característica que determina e classifica os seres;
Causa Eficiente ou Motora – princípio do movimento, aquilo que dá origem aos seres;
Causa Final – a razão, o para quê algo foi feito, existe etc.

Conforme Aristóteles, todos os seres, tudo que existe, comporta essas quatro causas, necessariamente. Assim, se tomarmos como exemplo uma estátua de um homem em mármore, poderemos ver a matéria de que é feita (mármore – causa material), a forma que ela assume (os contornos de homem – causa formal), o que deu início ao movimento (a ação do escultor – causa eficiente) e o fim para o qual foi produzida (a contemplação – causa final).

Para se compreender a etiologia aristotélica é preciso conhecer a distinção que ele faz entre Ato e Potência. Ato é a forma assumida por um ser em um determinado momento, sua realização (atualização da potência) segundo um fim inerente ao ser. Potência é aquilo em que é possível algum ser se transformar em virtude desse fim próprio. Assim, uma semente é uma potência da árvore. Esta, ao realizar o fim do movimento, atualizou sua potência. Logo, o ato é a forma que os seres devem atingir através do movimento, tendo como fim a perfeição. E a potência é a matéria que sustenta a transformação, o devir.

Esse modo de se compreender a realidade permite conceber a unidade do ser ainda que seja possível o movimento. Isso porque não se alterou a substância do ser, nem se trata do movimento como ilusão, nem tampouco implica numa unidade imóvel (bebê é diferente de homem; semente é diferente de árvore, etc.). O princípio de identidade se reserva ao ato que dá forma aos seres. Assim, o conhecimento se dá a partir da forma que é universal.

Arte...

Expressionismo

 
Im Basar” de August Macke.

O expressionismo foi um movimento artístico que surgiu no final do século XIX e início do século XX como uma reação à objetividade do impressionismo, apresentando características que ressaltavam a subjetividade.

Suas origens são os desdobramentos do pós-impressionismo, principalmente através de Vincent Van Gogh, Edvard Munch e Paul Klee. De fato, a noção do expressionismo foi empregada pela primeira vez em 1911, na revista Der Sturm ('A Tempestade'), marcando uma oposição clara ao impressionismo francês.

A visão expressionista encontra suas fontes na defesa à expressão do irracional, dos impulsos e das paixões individuais. No expressionismo não há uma preocupação em relação à objetividade da expressão, mas sim com a exteriorização da reflexão individual e subjetiva dos artistas. Em outras palavras, não se pretende, simplesmente, absorver o mundo e reproduzi-lo, mas sim, recriá-lo. Entre suas características, podemos citar: o distanciamento da figuratividade, o uso de traços e cores fortes, a imitação das artes primitivas, etc.

Tal movimento desenvolveu-se grandemente na Alemanha, especificamente no período após a Primeira Guerra Mundial, sendo um importante instrumento para a realização de denúncias sociais, especialmente em um momento que, politicamente, os valores humanos eram o que menos importava. Na América Latina, o movimento manifestou-se como uma via de protesto político.

O expressionismo também foi marcante na literatura, cinema e teatro. No Brasil, o movimento encontrou sua máxima representação através da pintura, especialmente por meio de artistas como Anita Malfatti, Lasar Segall e Osvaldo Goeldi.

Entendendo...

Os "ismos" da política nacional: coronelismo, mandonismo e clientelismo
O coronelismo e o mandonismo se caracterizam pelas práticas de mando e coerção realizadas pela elite agrária, visando alcançar interesses políticos. O clientelismo, por sua vez, é caracterizado pela troca de favores (costumeiramente, o voto) em uma relação de poder (donos de terra e Estado).

O Túmulo de Francisco Heráclio do Rêgo -  um dos ícones do coronelismo brasileiro.

Em razão da ausência de um corpo militar nacional, bem como de muitas circunstâncias nas quais alguns conflitos armados em defesa dos interesses da Coroa ou do Império brasileiro careciam de homens para a luta, o Estado delegou por vezes um poder militar e de polícia a muitos senhores de terras e patriarcas (formando a Guarda Nacional), os quais ganharam o título de “coronel”, haja vista a capacidade destes em mobilizar braços para montar um “exército”. Com a situação regularizada, sem questões de segurança pendentes e levantes por acontecer, para os quais estes senhores de terra haviam adquirido tais títulos, tais patriarcas continuaram a usar esta patente que lhes foi dada, e através dela só ganharam ainda mais destaque e prestígio nesta rede de relacionamentos pautada na subordinação pessoal.

Ao passo que o direito ao voto vai se ampliando de forma paulatina, outros atores sociais começam a fazer parte desse eleitorado, mas sem significar mudanças consideráveis no cenário da política, uma vez que o cerceamento feito pelo coronel, através do voto de cabresto, iria “vigiar” a forma como aquele eleitor se comportaria nas eleições. Este é o caso dos primeiros pleitos eleitorais marcados pelo “voto de cabresto”. Ao se falar de voto de cabresto, conceitos como mandonismo e coronelismo vêm à tona. Estes “ismos” marcavam as relações sociais do Brasil rural de outrora e se fazem presentes até hoje em alguns contextos nos quais a miséria e a escassez de recursos são latentes no interior do país, como no sertão nordestino. Estes conceitos definem-se como instrumentos da prática do mando e da coerção, utilizados pela elite agrária para perpetuar sua influência no seio do Estado e, dessa forma, refletem os sinais da deformação ou não construção de um legítimo espaço político, uma vez que esta estrutura de relações subordinadas impedia a manifestação de outras expressões e interesses políticos que não os da elite agrária (do coronel).

No entanto, mais do que um mecanismo de coerção eleitoral propriamente dito, o coronelismo, nas palavras de Victor Nunes Leal em sua obra Coronelismo, enxada e voto (1975), vai representar também a troca de favores existente entre o poder local (dado pela estrutura ruralista) e o poder público, este representado pelo Estado. Ao passo que o Estado vai ganhando forma dentro de uma perspectiva liberal positivista, vai tendo de confrontar com o verdadeiro poder, com o poder da prática, do cotidiano agrário, com o poder do patriarca, do coronel. Este, por sua vez, será peça chave para estreitar a distância entre o poder público do Estado (entre a elite que governa na prática) e o eleitorado do campo que na verdade não sente a presença do Governo, mas sim a do coronel, ao qual realmente se deve lealdade dentro desta estrutura moral de respeito e de dependência. O coronel, dessa forma, possuiria uma relação de dominação pessoal sobre seus agregados, e outra de barganha de favores com os políticos que lhe garantiriam “regalias” em troca do apoio eleitoral de sua gente, de seu curral eleitoral. Pode-se, talvez, para ilustrar esta relação, pensar na constituição de um tripé em que o coronelismo seria um dos pilares fundamentais para se compreender como, na política de um Brasil de estruturas agrárias, poderia ser possível um diálogo entre elementos tão distantes como “povo” e Estado.

No bojo do patriarcalismo e do coronelismo em si estão de forma latente tanto o mandonismo, como o paternalismo. Por meio do próprio mando, da austeridade de suas regras, é que o patriarca fazia valer seu poder. Era assim, na figura do paternalista, e personalista de seu caráter, que para si conclamava toda a direção e regulação de suas terras, de sua gente, e até mesmo – de maneira direta ou indireta – do Estado.

Não somente o coronelismo, mas também a promoção de políticas clientelistas são fatores que criam as condições para o estabelecimento de uma sociedade (ou de um eleitorado) inclinada à apatia em relação aos acontecimentos políticos, mas corrompida pelo desejo do atendimento de seu interesse, da esfera privada. O clientelismo representa a troca de favores dentro de uma relação política por apoio, tendo no voto uma possível moeda de troca por benesses entre aqueles que detêm o controle do Estado e o eleitorado, prática muito presente na história política do país, lado a lado com outras como o coronelismo e o mandonismo.

Remeteu-se, dessa forma, grande parte da autoria dos principais acontecimentos políticos a uma elite intelectual, a qual “falava” em nome da nação. À população coube o papel de espectadora, de coadjuvante de passagens como a Proclamação da República, uma vez que estava tutelada pela elite política.

Mais uma etapa superada...