segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

História...

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

 

Vários problemas atingiam as principais nações europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. 

Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.
            
Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. 

Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.

Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.


O pangermanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.


O início da Grande Guerra

O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia.


Política de Alianças

Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.

O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.

  
Desenvolvimento

As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. A fome e as doenças também eram os inimigos destes guerreiros. Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.


Fim do conflito

Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância : a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada,  perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.

A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.

 
De cima para baixo e da esquerda para a direita: Trincheiras na Frente Ocidental; o avião bi-planador Albatros D.III; um tanque britânico Mark I cruzando uma trincheira; uma metralhadora automática comandada por um soldado com uma máscara de gás; o afundamento do navio de guerra Real HMS Irresistible após bater em uma mina.


Principais causas que desencadearam a Primeira Guerra Mundial:
 
- A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações européias. Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territórios com muitos recursos para explorar, Alemanha e Itália tiveram que se contentar com poucos territórios de baixo valor. Este descontentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo do século XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas nações queriam mais territórios para explorar e aumentar seus recursos.

- No final do século XIX e começo do XX, as nações européias passaram a investir fortemente na fabricação de armamentos. O aumento das tensões gerava insegurança, fazendo assim que os investimentos militares aumentassem diante de uma possibilidade de conflito armado na região;

- A concorrência econômica entre os países europeus acirrou a disputa por mercados consumidores e matérias-primas. Muitas vezes, ações economicamente desleais eram tomadas por determinados países ou empresas (com apoio do governo);

- A questão dos nacionalismos também esteve presente na Europa pré-guerra. Além das rivalidades (exemplo: Alemanha e Inglaterra), havia o pangermanismo e o pan-eslavismo. No primeiro caso era o ideal alemão de formar um grande império, unindo os países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era um sentimento forte existente na Rússia e que envolvia também outros países de origem eslava.

Viva a sabedoria...

Os símbolos e o comportamento humano na antropologia de Leslie White

De acordo com Leslie White, o símbolo tem seu significado atribuído pelo usuário e constitui a unidade básica do comportamento humano.
Mesmo sendo semelhante ao macaco, a criança desenvolve a fala, reflexão e a superação de exercícios que o animal não consegue sequer problematizar.

Antropologia, como o próprio nome sugere (antropo = homem; logia = estudo) é a ciência que se desvinculou da filosofia e ganhou objeto específico de estudo, que é a análise da origem, desenvolvimento, evolução do homem, a partir das suas condições físicas, biológicas, anatômicas e histórico-culturais.

Para o estudioso Leslie White, o símbolo é a unidade básica do comportamento humano. A civilização só existe em razão do comportamento simbólico, característico do homem. A partir da teoria da evolução de Darwin, muito se questionou sobre o que é o homem e qual a sua diferença em relação aos demais animais (mamíferos superiores). Diante de dados anatômicos, percebeu-se que a caixa craniana do homem era maior e que, por essa razão, seu cérebro também o era. Dessa forma, o pensamento, o raciocínio, a compreensão etc. estavam vinculados a um maior poder de associação de ideias derivado das faculdades mentais humanas.

No entanto, Leslie constatou que a diferença entre os homens e os outros animais era uma diferença qualitativa e não quantitativa. Isto quer dizer que o homem usa símbolos para existir, mas que estes símbolos são criados, inventados, pelos próprios humanos, diferente do animal, que pode ser condicionado por símbolos, mas jamais poderá criá-los. Esse poder de criar símbolos é especificamente humano (não há outros seres que o façam, nem graus intermediários).

Símbolo é uma coisa cujo valor ou significado é atribuído pelos seus usuários. Este valor nunca é determinado pelas características físicas do objeto em questão, isto é, de suas propriedades intrínsecas, mas sempre por algo arbitrário que se torna convencional. Por exemplo, a palavra VER. Nenhuma destas letras, juntamente ou separadas, indica uma ação de visualizar algo (em francês se diz VOIR, em inglês, TO SEE etc.). O sentido faz parte da valoração coletiva sobre algo, é imaterial, mas é preciso que alguma coisa física represente o sentido, perpassando nossa experiência.

Leslie também faz a distinção entre símbolo e signo. O primeiro é a criação do valor de algo. O signo é a indicação de um valor já criado. É uma forma física cuja função é indicar alguma outra coisa, qualidade ou fato. O sentido de um signo pode ser inseparável de sua forma física (como, por exemplo, o termômetro com a coluna de mercúrio que indica a quantidade de calor) ou apenas separado, desde que analogamente evidencie a coisa (previsão do tempo, por exemplo).

Vejamos um exemplo: tanto um cachorro quanto um homem podem ser condicionados a perceber um som através das letras S-E-N-T-A e desenvolver um comportamento. No entanto, o sentido dessa palavra só o homem pode dar, criar ou inventar, já que o animal é incapaz. Outro exemplo: para nós da civilização judaico-cristã ocidental, o preto é a cor do luto, representando tristeza, saudade de quem se foi, enquanto que para alguns países orientais, é o amarelo, pois a morte é um momento de alegria em razão da libertação do corpo e da alma. A cruz, que representa o sofrimento de Cristo, é totalmente estranha para um canibal africano.

Também são notáveis as experiências que Leslie acompanhou. A criação de uma criança, juntamente com um macaco (símio) evidenciou que por mais semelhantes que sejam, tendo a mesma educação, logo a criança se desenvolve, juntamente a fala e a reflexão, a construção e a superação de exercícios que o animal não consegue sequer problematizar.

Fica evidenciado, então, que a natureza do homem e a dos animais são diferentes e que estudar o homem vai além das suas condições físicas, mas também das condições históricas, porque a nossa história é a história que construímos livremente a partir de símbolos que chamamos valores culturais.

Cultura...

Darcy Ribeiro e o povo brasileiro

Darcy Ribeiro, "homem de fé e de partido", como confessou, talvez um dos mais eminentes intelectuais-políticos do Brasil do após-guerra, ativista da cultura, fundador de universidades, antropólogo de fama, teve reconhecimento internacional: Doutor Honoris Causa pela Sorbone. 

Um tanto antes de falecer, em fevereiro de 1997, deixou uma esmerada síntese sobre a diversidade geo-étnica da população brasileira no seu ensaio histórico-antropológico intitulado O Povo Brasileiro, editado em 1995. Viu o país-continente fortemente empenhado "na construção de uma civilização original: tropical, mestiça e humanista". Uma "Nova Roma" como gostava de dizer.

Antropologia geral
A obra de Darcy Ribeiro pertence a uma geração de antropólogos pós-coloniais. Os que, pós-Segunda Guerra Mundial, desejavam romper com a antropologia eurocêntrica que via os habitantes de outros continentes mais atrasados como naturalmente inferiores, vocacionados para servir mais do que para mandar, sendo desqualificados para conduzir o autogoverno.

Ao mesmo tempo, ele lançou-se à obra de fazer inclinar o interesse pelas coisas do Brasil em favor do povo comum que compõe esta imensa população miscigenada e muito pobre que se abriga no país-continente.

No fluxo da época, aquela geração posicionava-se de uma maneira crítica no tocante à politica das metrópoles colonialistas, apontando sistematicamente seus defeitos e violações. Bem ao contrário dos historiadores e ensaístas brasileiros-lusitanistas das épocas anteriores.

Em oposição a Gilberto Freyre (a quem ele não deixou de devotar admiração apesar de lusófilo assumido, que viu a nação brasileira de cima do olhar do patriciado nordestino, particularmente do Pernambucano - Casa Grande e Senzala, 1933), Darcy esmerou-se em destacar o crioulo, o indígena, o caboclo, o vaqueiro, o matuto, o caipira, e tanta gente mais. 

Esforçou-se a realçar, desde os tempos coloniais (1500-1822), a modesta dignidade destes e sua contribuição na construção do país-nação. O livro dele, como Darcy Ribeiro abertamente confessou, não é um tratado acadêmico, mas procura a polêmica e a denúncia. É lavra de um intelectual engajado nas lutas políticas e sociais do seu país.

A sociedade brasileira na colônia e império
A dualidade da sociedade brasileira, resultado da expansão ultramarina lusitana do século 16, dava-se em dois sentidos: na relação do reinol contra os nativos (as centenas e centenas de tribos que habitavam o Brasil dos 1500), a quem a gente portuguesa tratou de submeter e reduzir à escravidão e, quase que simultaneamente, na fundação de uma unidade produtiva açucareira marcada pela relação do senhor de engenho frente aos escravos africanos.

Nesta gigantesca obra de conquista e dominação que se estendeu por mais de três séculos e meio, os reinóis contaram não somente com o suporte da Corte portuguesa como também com a chegada de diversas ordens religiosas (com destaque para a Companhia de Jesus) que vieram missionadas para a catequese dos nativos e dos escravos.

Como integrante da intelectualidade esquerdista que foi fortemente influenciada pelo marxismo (Evolução Política do Brasil, de Caio Prado Junior, de 1933) e pelo nacional-populismo (Getulismo, 1930-1954), Darcy Ribeiro voltou-se para a denúncia da exploração do Brasil Colônia e a sua continuidade no Império e República.

No topo, no mando de tudo, estava o patriciado formado por descendentes de lusitanos (donos de terra, traficantes de escravos, comerciantes, altos burocratas). Na base, uma multidão de miseráveis ou semimiseráveis formada por negros, mestiços ou brancos paupérrimos que "viviam por favor" nas bordas das propriedades.

A grande mácula do país, entre tantas mais, havia sido a política de não integração da massa amestiçada no processo de cidadania. O brasileiro pobre e racialmente miscigenado passou a ter uma vida à margem do restante da sociedade urbana, habitando malocas nas periferias, favelas no alto dos morros cariocas, choupanas de palha em vilarejos miseráveis por todo interior do país. Situação que está longe, muito longe de vir a ser atenuada algum dia.

A chave para a explicação da abismal desigualdade de classes no Brasil residia numa palavra: exploração. A histórica: da metrópole sobre a colônia; e a social: a do senhor sobre o escravo e, após a abolição, da elite sobre o povo em geral.

Cedendo às teses eco-marxistas e ambientalistas que então começaram a espocar, o autor vê o processo de colonização praticamente como um ato de depredação da natureza e rapinagem das riquezas e dos nativos. "Desmontam morrarias incomensuráveis (devastação da floresta atlântica e dos picos de Minas Gerais). Erodem e arrasam terras sem conta. Gastam gente em milhões". Nesta enorme operação destrutiva, em meio a intensas transformações, apenas a classe dominante "permaneceu igual a si mesma exercendo sua interminável hegemonia" (pág. 69).

O destino do Brasil Colônia já havia sido traçado de modo irrevogável três séculos antes pelo Padre Antonil (Cultura e opulência do Brasil, 1711), determinando que sua "vocação", por assim dizer, era exportar seus produtos primários, principalmente aqueles forjados nos engenhos, os quais ele detalhadamente estudou.

A Independência, obtida em 1822, não significou a emancipação da mão de obra escravizada espalhada pelos eitos, aldeias e cidades. Ao contrário, o fluxo do tráfico negreiro se estendeu ainda até 1850 (lei Eusébio de Queirós) e a manumissão só foi alcançada em 13 de maio de 1888. Enquanto a Grã-Bretanha tratava de ampliar a introdução do maquinário movido por fornalhas a carvão, no Brasil queimava-se "carvão humano" em "moinhos de gastar gente".

O Brasil foi o maior império escravista do Mundo Ocidental em todos os tempos
Escravidão e imigração
A exploração nefanda durou mais de 350 anos no Brasil, provavelmente mais tempo do que durante o império romano, superando-o em número de escravos e em área dedicada ao trabalho servil. Neste sentido, o país foi o maior império escravista do Mundo Ocidental em todos os tempos.

A chegada dos imigrantes europeus que vieram substituir os escravos acentuou ainda mais a marginalização do "brasileiro", isto é, a "gente parda". Daí Darcy Ribeiro, sem desconsiderar sua importância, não se mostra um entusiasta do translado dos "brancarrões" vindos da Europa, pois eles aprofundavam o desinteresse pela massa mestiça, mais pobre e mais abandonada.

As atenções governamentais do império e da república se voltaram para atender as precisões dos recém-desembarcados (subvenção de passagens, entrega de terras, ferramentais e sementes etc.). As costas das autoridades voltaram-se ostensivamente contra os seus(*).

(*)
As motivações iniciais para a atração da imigração europeia a fim de povoar áreas remotas e vazias do território brasileiro (alemães e italianos no sul do país) foi feita com diversas intenções: a primeira delas era a substituição da mão de obra escrava pela mão de obra colonial ou mesmo assalariada para que o setor produtivo, particularmente o café, não viesse a ser prejudicado. A isto se somou a doutrina racista do branqueamento da população, constituída em sua maioria de mestiços.

A formação de uma classe média dotada de tecnologia de pequena escala, na forma de artesãos, profissionais mestres (ferreiros, carpinteiros, marceneiros, moveleiros, moleiros, construtores etc.).

Nos começos, era o próprio imigrante quem assumia os gastos do translado para o Brasil, mas, desde 1882, em vista da crescente concorrência com a Argentina é que foi adotada a imigração subvencionada pelo governo.

O que é o brasileiro
O brasileiro de hoje é produto de três etnias que foram gradativamente perdendo a identidade, afastando-se das suas raízes. O nativo se desindianizou, o negro se desafricanizou e o branco se deseuropeurizou, gestando o que ele denominou de PROTOCÉLULA ÉTNICA NEOBRASILEIRA.

Para Darcy Ribeiro, isto é um sinal evidente que neste subcontinente, racial e culturalmente desbastado, apesar de tudo, se gestou um novo tipo de civilização: a Civilização Tropical Brasileira (que, segundo Gilberto Freyre, era o grande legado da colonização lusitana), distante da cultura nativa aqui existente antes da conquista e mais afastada ainda da civilização europeia, apesar de importar sistematicamente tudo que surgia por lá. Como afirmou Simon Bolívar em certa ocasião: "não somos índios nem europeus".

Trata-se de algo singular, entre outras razões, porque é uma civilização calcada na intensa miscigenação das etnias. O país-nação em formação é um caldeirão de raças que convivem em relativa harmonia, mas está longe de ser uma "democracia racial" como exaltou Gilberto Freyre. Ainda que exista preconceito por parte dos brancos, jamais alcançou a violência do ódio racial facilmente constatado na história dos Estados Unidos. Todavia, esta "paz racial" bem pouco contribuiu para minimizar o abismo social que aparta os ricos dos pobres, como qualquer levantamento estatístico confere e a própria vista das cidades brasileiras demonstra.

No momento de explicar quais motivos levaram o Brasil a empacar depois de ter sido na época do açúcar e do ouro (1620-1820) uma das maiores do mundo, enquanto a modesta América do Norte tornava-se uma potência econômica e depois mundial, Darcy Ribeiro reduz tudo ao fato de haver liberdade geral nos Estados Unidos, ao menos depois da Guerra de Secessão (1861-1865), enquanto por aqui se vivia sob o escravagismo. O que fez com que o país somasse apenas 10% do PIB norte- americano no transcorrer do século 19.

Enquanto lá, usando a linguagem de hoje, difundia-se o empreendedorismo, o que proporcionava que cada homem ou mulher - pelo menos entre os brancos vindos em massa da Europa - tivesse a mais ampla autonomia para tocar a sua vida e decidir seus negócios (rurais ou urbanos) por si mesmos. No Brasil, tal situação era prerrogativa de poucos - "os homens livres da ordem escravocrata" -, e geralmente subordinada a serviço dos poderosos (*). Assim, Darcy Ribeiro contorna as explicações raciais e de ordem cultural e afirma o primado marxista da exploração do homem pelo homem abertamente praticada no Brasil.

(*) HOMENS LIVRES NA ORDEM ESCRAVOCRATA
Tese de 1964, foi um ensaio inovador da historiadora Maria Sylvia Carvalho Franco. Tendo por base a exploração cafeeira do Vale do Paraíba, procurou deslocar a atenção à historiografia nacional do enfoque do sistema "latifúndio-monocultura-escravidão" para aquela miuçalha de gente mestiça ou branca pobre, mas laboriosa que vivia nas bordas das propriedades e vilarejos. O que gerou "uma formação sui generis de homens livres e expropriados, que não foram integrados à produção mercantil - destituído de propriedade dos meios de produção, mas não de sua posse" (pag. 14). Era composta por "sitiantes, vendeiros, tropeiros e diversas outras categorias de homens livres, que não tinham a propriedade da terra, mas o direito de uso, e que ocupassem o espaço para suprir as necessidades da vizinhança com alimentos, animais para transporte, etc.".

Esta preocupação teve seguimento com os trabalhos de Jorge Caldeira em seu intento em enfocar a atenção nos "empreendedores" que desde os tempos colônias começam a formar o mercado interno e a expandir a economia brasileira para outras direções (ver A Nação Mercantilista e História do Brasil com empreendedores).

Caldeira inclina-se pela ênfase naqueles homens livres com iniciativa que são colocados no "centro da história do Brasil colonial, focando naquele que abandona a tradição e sociedade nativa e busca o enriquecimento. Essa figura, ligada à produção independente e à pequena propriedade, produziu uma economia dinâmica, que crescia em taxas mais elevadas que a da Metrópole - mesmo tendo de lutar contra a ação do governo. Resultado: a economia brasileira, em 1800, era maior que a de Portugal".

Arcaico e Moderno
Antes de se lançar na classificação dos diversos brasis, Darcy Ribeiro atenta para outro tipo de luta que não se liga diretamente ao conflito entre senhores e seus dependentes e que esteve presente sistematicamente na maioria dos debates ideológicos e políticos do Brasil. Aquele que envolve a presença do ARCAISMO sempre em guerra defensiva contra o MODERNISMO ou o PROGRESSISMO, que em geral está circunscrito à elite política e intelectual.

Como de fato o país nunca conseguiu livrar-se da presença do patriciado, particularmente do de origem rural - que sempre ocupou e continua ocupando posições estratégicas no Estado e na burocracia -, a modernidade, para vingar, tem sempre de lutar vigorosamente para poder se impor. Nem as leis eleitorais, nem as econômicas, nem as leis previdenciárias e sociais foram obtidas sem fazer enormes concessões ao mundo arcaico.

Trata-se de um peso morto, de um lastro muito pesado que impede o país de decolar, daí Darcy Ribeiro e parte dos intelectuais seus contemporâneos terem crescente simpatia por uma revolução social como a única capaz de superar o contraste entre o arcaico e o moderno.

Certamente, jamais esperaram que a modernidade pudesse vir a ser imposta pela aliança entre o público (governo militar) a o privado (o empresariado brasileiro e as multinacionais), hegemônica a partir do Golpe de 1964, ao tempo em que mantinha e reforçava o arcaico (Estados de tradição oligárquica viram-se super-representados, enquanto que os mais avançados foram despojados de representação proporcional) (*).

(*) Um dos melhores ensaios sobre o relacionamento entre os militares conspiradores e os representantes das federações patronais (unidos no IPES) continua sendo o de René Dreyfuss: 1964, a conquista do Estado, de 1981.

Entendendo...

Consciência

Em sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si mesmo.

A palavra consciência vem do latim conscientia: conhecimento de algo partilhado com alguém.

O termo “consciência” tem, em português, pelo menos dois sentidos, descoberta ou reconhecimento de algo, quer de algo exterior, como um objeto, uma realidade, uma situação etc., quer de algo interior, como as modificações sofridas pelo próprio eu, conhecimento do bem e do mal.

O primeiro sentido de consciência pode desdobrar-se noutros sentidos: o psicológico, o epistemológico e o metafísico. Em sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si mesmo, este é o conceito mais conhecido. Em sentido epistemológico, a consciência é primeiramente o sujeito do conhecimento. Em termos metafísicos, chamamos muitas vezes à consciência o Eu.

A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência e a capacidade de perceber a relação entre si e o outro.

Alguns filósofos dividem consciência em:

1. Consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, é o estado de estar ciente, assim como dizemos "estou ciente" e consciente de algo, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras", e

2. consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência.

Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.


Curiosidade...

Por que os morcegos ficam de cabeça para baixo?

O morcego é o único mamífero que tem a capacidade de voar. O animal possui hábitos noturnos; durante o dia, passa o tempo pendurado de cabeça para baixo em alguma caverna, ponte ou outro lugar escuro. O principal motivo pelo qual os morcegos ficam nessa posição é que, desta forma, se encontram em uma posição ideal para alçar voo.

Os morcegos não conseguem se lançar no ar como as aves; o animal necessita se lançar de um lugar alto para poder voar. Por isso, eles usam suas garras para subir nos tetos das cavernas, por exemplo, porque caso necessite sair voando, ele já está na posição ideal.

Ficar pendurado de cabeça para baixo também é uma boa maneira de se esconder de pássaros predadores, além de existir pouca competição para conseguir esses locais de abrigo. Esses animais possuem adaptações fisiológicas que os permitem ficar pendurados sem nenhum esforço. Outro aspecto importante é que suas artérias e veias fazem com que o sangue circule para cima, mesmo quando estiverem de cabeça para baixo.

Piada...

 
Doutor, como eu faço para emagrecer? Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Quantas vezes, doutor? Todas as vezes que lhe oferecerem comida.

Devanear...

Leia um trecho erótico do livro "Cretina Irresistível", da autora Christina Lauren

Chloe e Bennet brigaram, mas acabaram fazendo as pazes. E bom, dizem que o melhor sexo é o da reconciliação. Será?

Perdi o raciocínio enquanto observava cada parte de seu rosto: os olhos concentrados, os lábios macios apertados enquanto prestava atenção, a pele suave. E, é claro, deixei meu olhar cair em direção aos seios, pois ela usava uma blusa apertada e… meu Deus.

- Você está olhando meus peitos?

- Sim.

- Você usou o bat-sinal pra ficar olhando os meus peitos?

- Sossega, nervosinha. Usei o bat-sinal porque estou com saudade de você.

Seus braços caíram para os lados e começaram a arrumar nervosamente a blusa.

- Como pode estar com saudade? Dormi na sua casa ontem.

- Eu sei - conhecia esse lado dela. Sempre tentando se preservar.

- E passamos o fim de semana inteiro juntos.

- Sim. Você e eu… e a Julia. E o Scot. E o Henry. E a Mina. Não ficamos sozinhos. Não tanto quanto esperávamos.

Chloe virou a cabeça e olhou para a janela. Pela primeira vez em semanas, tínhamos um perfeito dia de sol, e eu queria ir lá fora com ela e… apenas sentar em algum lugar.

- Ultimamente eu tenho sentido saudades de você o tempo inteiro - ela sussurrou.

O nó em meu peito se afrouxou um pouco.

- É mesmo?

Confirmando, ela se virou para mim.

- Sua agenda de viagens está uma droga - ela se aproximou e ergueu uma sobrancelha. - E você não me deu um beijo de despedida hoje de manhã.

- Na verdade, dei sim - eu disse, sorrindo. - Você ainda estava dormindo.

- Isso não conta.

- Você está procurando uma discussão, srta. Mills?

Ela deu de ombros, tentando esconder um sorriso enquanto estudava cuidadosamente minha expressão.

- Nós podemos pular a briga e você pode simplesmente chupar o meu pau por uns dez minutos.

Sem hesitar, ela se aproximou e passou os braços ao meu redor, esticando o corpo para mergulhar o rosto em meu pescoço.

- Eu te amo - ela sussurrou. - E amei você ter enviado o bat-sinal só porque estava com saudades.

Fiquei sem palavras, provavelmente por tempo demais, até que finalmente consegui balbuciar:

- Eu também te amo.

Não é que Chloe não fosse expressiva; ela era sim. Quando ficávamos sozinhos, ela era - fisicamente - a mulher mais expressiva que já conheci. Mas, embora eu frequentemente expressasse meus sentimentos, eu podia contar nos dedos as vezes em que ela pronunciou as palavras “eu te amo”. Eu não precisava que ela falasse mais; porém, a cada vez que dizia, isso me afetava de um jeito mais profundo do que eu esperava.

- Mas, falando sério - sussurrei, lutando para me recompor. - Talvez eu só precise de uma rapidinha em cima da mesa.

Ela riu, balançando a cabeça em meu pescoço e levando a mão até meu pau. Esse jogo eu conhecia, e era perfeitamente possível que ela fizesse algo ameaçador, que iria me excitar na mesma medida que me aterrorizava. Mas, em vez de me encarar com perigo nos olhos, ela virou a cabeça para chupar meu pescoço e sussurrou:

- Não posso ir na reunião com o Douglas cheirando a sexo.

- Você acha que não está sempre cheirando a sexo?

- Nem sempre eu tenho o seu cheiro - ela esclareceu, antes de lamber meu pescoço.

- Isso é o que você pensa.

Fazia muito tempo desde a última vez que transamos no escritório e eu já não aguentava mais o desejo de possuí-la. Eu queria rasgar minha calça e arrancar a camisa dela cintura acima, depois arruinar as pilhas de papéis em minha mesa, jogando Chloe por cima de tudo.

Felizmente para mim, ela começou a descer, beijando meu queixo até o pescoço, depois deslizou por meu corpo até o chão, subindo levemente a saia, de um jeito quase inocente, para se ajoelhar na minha frente.

Mas não… uma vez no chão, ela continuou subindo a saia até chegar à cintura. Com uma mão, ela se tocou entre as pernas; com a outra, abriu rapidamente meu cinto e o zíper. Fechei os olhos, precisando acalmar minha mente enquanto ela me libertava e, sem hesitar, tomava meu pau em sua boca. Meu pau estava quase totalmente ereto e, com seu toque, cresceu ainda mais. Uma sucção quente e molhada desceu e subiu, mais forte da segunda vez, enquanto ela se ajustava à sensação de me ter em sua boca.

Senti sua respiração acelerar em rápidas lufadas em meu umbigo, e podia ouvir o som de seus dedos se movendo em si mesma.

- Você está se tocando?

Sua cabeça se ajeitou levemente quando ela confirmou.

- Você já estava molhada por minha causa?

Ela parou por um segundo, e então levantou a mão acima da cabeça. Eu me inclinei e chupei dois dedos dela. Fui consumido pela percepção tão clara do quanto ela queria aquilo. Eu sabia por experiência própria qual era seu sabor antes de estar realmente pronta para mim – por exemplo, quando eu chegava tarde em casa e a surpreendia, em seu sono, com minha boca. E sabia que tinha um sabor muito diferente depois de provocarmos um ao outro por quase uma eternidade. Agora, em seus dedos, eu sentia sua excitação máxima, e isso fez minha cabeça girar. Desde quando ela estava esperando por isso? O dia todo? Desde que saí, hoje de manhã? Mas ela não me deixou pensar muito, levou a mão de volta para o espaço oculto no meio de suas pernas.

Observei sua cabeça se movendo e seus lábios deslizando sobre mim. Tentei me concentrar nisso para me acalmar. Mas, mesmo quando sua boca estava em mim, ou quando eu estava dentro dela, eu sempre queria mais. Era impossível possuí-la de todas as maneiras ao mesmo tempo, mas isso nunca me impediu de imaginar um furacão de posições e gemidos, minhas mãos em seus cabelos e em sua cintura, meus dedos em sua boca e também entre suas pernas, agarrando suas coxas.

Quando eu passava as mãos em seus cabelos ela sabia que eu queria mais rápido, e quando minha cintura começava a se mover, ela sabia que não deveria provocar, nem mesmo um pouco. Pelo menos, não quando ela tinha uma reunião logo em seguida. Em um pensamento súbito, lembrei que meu escritório não estava trancado; Chloe entrara pensando que iríamos conversar sobre o trabalho. A porta da recepção estava fechada, mas também não estava trancada.

- Oh, merda - murmurei. Por algum motivo, a ideia de que poderíamos ser flagrados deixou tudo ainda mais excitante.

- Chloe… - sem mais aviso, um orgasmo desceu por minhas costas, eletrizante e ardente, e tão intenso que deixou minhas pernas bambas e meus punhos agarrando seus cabelos. Ela se arqueou com meu puxão, seu braço se movendo rapidamente enquanto tocava a si mesma, fazendo os sons de seu próprio prazer me atingirem, abafados.

Olhando para baixo, percebi que ela estava observando minha reação… é claro que estava. Seus olhos se arregalaram e mostravam uma doçura - ela parecia fascinada. Tenho certeza de que sua expressão era exatamente igual à que eu fazia toda vez que a via gozar com meu toque. 

Após uma pausa para recuperar o fôlego, eu saí de sua boca e me ajoelhei no chão de frente para ela, levando minha mão para encontrar a dela no meio de suas pernas. Ela se ajeitou e deixou meus dedos tomarem o controle. Deslizei dois para dentro, entrando fundo e de uma vez, e ela quase tombou para trás, seu corpo se apertando em mim. Usei minha outra mão para apoiá-la e beijei seus lábios, gemendo ao sentir que eles estavam um pouco vermelhos, um pouco inchados.

- Estou quase lá - ela disse, passando o braço livre ao redor do meu pescoço.

- Eu gosto dessa sua necessidade de me avisar disso.

Eu imaginava que um dia meu toque se tornasse familiar demais para ela, ou que minha técnica se tornasse cansativa, mas cada vez que meu polegar raspava e pressionava seu clitóris ela parecia ter uma sensação mais intensa do que antes.

- Mais um - ela sussurrou quase sem voz. - Por favor, eu quero…

Ela não terminou o pensamento. E nem precisava. Enfiei três dedos e fiquei olhando enquanto sua cabeça caía para trás, com os lábios separados e o som rouco e silencioso de seu orgasmo quase abafado reverberando por seu corpo. Por alguns segundos, ficamos abraçados enquanto eu respirava em seus cabelos, tentando imaginar que estávamos em outro lugar, talvez em minha sala de estar ou no meu quarto, certamente não no chão do meu escritório de porta destrancada.

Parecendo se lembrar disso ao mesmo tempo que eu, Chloe subiu sua calcinha e baixou a saia no lugar, depois tomou minha mão para eu levantá-la. Como de costume, fui atingido pelo silêncio ao redor, e imaginei se éramos mesmo tão discretos como pensávamos.

Ela olhou ao redor, ainda um pouco fora do ar, e deu um sorriso preguiçoso.

- Agora vai ser ainda mais difícil ficar acordada na reunião.

- Não estou nem aí - eu murmurei, abaixando para beijar seu pescoço.

Quando me endireitei, ela se virou e entrou no meu lavabo, subindo as mangas da blusa para lavar as mãos. Eu me aproximei, pressionando meu peito em suas costas, e coloquei minhas mãos debaixo da água com as dela. O sabonete deslizou entre nossos dedos e ela pousou a cabeça para trás em meu peito. Eu queria passar uma hora tirando seu cheiro de nossos dedos, apenas para poder ficar nessa posição.

- Vamos passar a noite no seu apartamento? - perguntei. Sempre era uma decisão difícil. Minha cama era melhor para brincarmos, mas sua cozinha era mais abastecida.

Ela desligou a água e levou as mãos até a toalha.

- Sua casa. Tenho que lavar roupas.

- Quem disse que o romantismo não existe mais… - também usei a toalha e a beijei novamente. Ela manteve a boca fechada e os olhos abertos, e eu me afastei um pouco.

Mais uma etapa superada...