AS
7 MELHORES PRISÕES DO MUNDO
THIAGO SIEVERS, 18 MAR 2014
Só cuidado para não passar a considerar
alguns crimes básicos após conhecer essas penitenciárias.
Na Bastoy, Noruega, os presos podem tomar
sol
Há pouco mais de um ano fizemos um texto
falando sobre as piores prisões do mundo. Ainda que não haja penitenciarias
brasileiras na lista, a matéria nos faz parar para analisar bem se vale a pena
pegar aquele Bubbaloo na padaria sem pagar. Até porque sabemos que em nosso país
esses lugares não costumam receber uma atenção carinhosa do Estado.
Agora, então, viemos trazer um outro olhar
sobre o assunto. Vamos falar sobre as melhores prisões do mundo. Aquelas que
são capazes até de lhe fazer considerar um crime. Um pequeno crime. Mas algo
com mais emoção do que roubar um chiclete. Sei lá, andar pelado na rua. Quem
sabe.
Há diversas prisões interessantes no mundo,
que oferecem boas acomodações aos detentos e uma filosofia de reabilitação
próxima do ideal. É o caso JVA Fuhlsbuettel, na Alemanha, a prisão de Otago, na
Nova Zelândia, a Sollentuna e a Champ-Dollon, na Suíça (essa última esteve com
sérios problemas de superlotação, mas após receber um investimento de cerca de
US$ 40 milhões as coisas parecem ter melhorado) e outras nos Estados Unidos.
Mas procuramos separar aquelas que se destacam por alguma peculiaridade
curiosa.
E eis o que encontramos.
7# Pondok Bangu (Indonésia)
“Ei, uma prisão indonesiana está nessa
lista?”, você deve estar se perguntando. E a resposta é “sim”. Mas serve apenas
para quem tem dinheiro.
Em Pondok Bangu ficam detidos os criminosos
que têm bala para comprar um lugar em suas luxuosas dependências. O lugar conta
com um jardim cheio de esculturas, mobilias interessantes, ar condicionado e
geladeira nas celas. Sem falar no karaokê, no salão de beleza e no spa.
Infelizmente essa prisão só é “melhor” para
os detentos e não para a sociedade. Talvez quem tenha que ser reeducado, nesse
caso, sejam aqueles que tiveram a infeliz ideia de criar uma instituição como a
Pondok Bangu.
6# Aranjuez (Espanha)
Essa talvez seja a prisão com a filosofia
mais polêmica da lista.
A Aranjuez, na Espanha, é a única penitenciária
familiar do mundo. A ideia é que os pais não precisem se separar de seus filhos
enquanto eles ainda não forem grandes o suficientes para perceber a realidade
de uma prisão (até os 3 anos).
As celas vêm com berços, decoração com
personagens da Disney e também com um acesso para o playground do lugar. Tanto
as famílias como as psicólogas do cárcere entendem não ser essa uma situação
ideal para a crianças, mas pensam que o fato da família estar unida é algo
positivo para todos.
Os casais precisam passar por um período de
dois meses de observação para provar que podem viver juntos numa relação
saudável com seus filhos.
5# Litla-Hraun (Islândia)
Hosmany Ramons é um ex-cirurgião plástico
brasileiro que foi preso na Islândia em 2010 com acusações de roubo de joias e
carros, contrabando, tráfico e homicídio. Mas quando a Justiça brasileira
estava para determinar a extradição do rapaz, ele logo disse: “Terá que vir com
argumentos robustos.”
Isso porque Ramos estava hospedado num hotel
de luxo, segundo suas próprias impressões, que na verdade era a prisão de
Litla-Hraunim.
Segundo ele, 70% dos guardas são mulheres, a
prisão tem apenas 80 detentos, a comida é de restaurante e os presos recebem um
salário de R$145 para “comprar chocolates e cigarros”, além de contarem com uma
sala de musculação de luxo, pátio para momentos de lazer e escola para estudar
computação e até a língua local. Nada mal.
4# Prem Central (Tailândia)
A prisão de Prem Central não se compara com
as outras da lista em termos de “atividades de entretenimento” ou mesmo de
luxo. Mas lá eles podem fazer algo que os prisioneiros dos outros lugares não
podem: surrar outros detentos. Eles não só podem fazer isso com permissão da
prisão como ganham dinheiro e até têm a pena reduzida se forem bem sucedidos na
tarefa. Se você não está entendendo nada, explicamos.
Sabemos que a Tailândia é o país do Muay
Thai. É disso que estamos falando.
Lá é organizado um evento em que os presos
da Prem Central lutam contra detentos de outros países. Se eles vencerem a
disputa (o que quase sempre acontece, já que geralmente lutam desde criança e
treinam todos os dias), além de ganharem uma recompensa financeira eles podem
encurtar seu tempo dentro da prisão. Para isso, precisam também ter um bom
comportamento, vale notar.
O Coconuts TV fez uma matéria bem legal
sobre as lutas na prisão.
3# Leoben Justice Center (Áustria)
Se o seu negócio for beleza arquitetônica (e
crime, claro) certamente o lugar ideal será o Leoben Justice Center, na
Áustria. A prisão tem uma arquitetura impressionante, de deixar qualquer um
boquiaberto. Mas vale ressaltar que nessa penitenciária só são aceitos aqueles
que cometeram crimes não-violentos.
Os quartos ali são individuais com banheiro
e cozinha. Muitos espaços não têm sequer barras de segurança. Os presos também
podem se divertir numa quadra de basquete e futebol, malhando na sala de
musculação ou jogando um ping-pong ao ar livre.
A preservação da humanidade dos presos é
observada pela diretoria. É possível ler no Leoben Justice Center: “Todas as
pessoas privadas de sua liberdade devem ser tratadas com humanidade e respeito
pela inerente dignidade do ser humano.”
A prisão abriga um tribunal em seu interior.
Talvez seja esse um dos motivos da palavra “justice” em seu nome.
2# Halden (Noruega)
Gosta de arte? Sugerimos, então, uma passada
no Halden – se tiver coragem de se enquadram na categoria de um delinquente, é
claro.
A prisão de Halden gastou cerca de US$ 1
milhão em obras de arte. Já que o ambiente carcerário pode ser bem
desagradável, os diretores do lugar resolveram fazer de tudo para harmonizar os
ambientes.
Os quartos, que são individuais, são dignos
de um hotel respeitável, levando banheiro com azulejos de cerâmica e televisões
de tela fina (para evitar possíveis esconderijos de drogas). Cada 10 celas
dividem uma cozinha e uma sala de estar.
Há quadra de basquete, pista de cooper,
parede para escalada e campo de futebol. Não gosta de nada disso? Então você
pode tentar a sorte gravando um som no estúdio de música do lugar, que é
equipado com aparelhos profissionais.
Os guardas da prisão são importantíssimos na
filosofia e prática do Halden. Metade são mulheres, pois os dirigentes
acreditam que isso reduz a tensão com os detentos. Seu papel é de motivar os
presos para que eles sejam educados e reabilitados. Além disso, eles conduzem
atividades esportivas das 8h às 20h, e jogam e fazem as refeições junto dos
presos. São necessários 2 anos de treinamento para se tornar um guarda na
Noruega.
Os criminosos ainda têm aulas de desenho e
gastronomia que os auxiliam a sair de lá mais preparados para a vida social.
1# Bastoy (Noruega)
Procurando um resort para as férias? Que tal
a prisão Bastey, na Noruega? Lá você vai encontrar uma praia para pegar um sol,
diversos pontos de pesca, sauna e quadra de tênis. Há também cavalos no local,
sem contar os cursos, como o de computação.
O problema é que não basta um telefonema para
reservar um quarto, ainda é preciso ser um criminoso.
O funcionamento da Bastoy chega a ser
absurdamente surreal para nós, brasileiros. A prisão é uma ilha e a única coisa
que a limita é a água em sua volta – nada de muros ou guardas armados. A fuga,
ainda que dificultada pelo rio, é bem possível. Mas o diretor do lugar Arne
Kvernvik Nilsen conversa com o detento quando ele chega e avisa: se você fugir
e conseguir alcançar a terra livre, dê uma ligada e avise que está tudo bem,
assim a gente não tem que enviar um guarda para procurá-lo.
A confiança parece sera base da relação com
os presos. Eles ficam com as chaves das próprias celas e o controle é feito por
um mecanismo de “check in” durante todo o dia.
O lugar funciona mais ou menos como uma vila
auto-sustentável. O pouco mais de 100 prisioneiros trabalham em diversas
funções e a jornada diária vai das 8h30 às 15h30 nos dias úteis. E, acreditem,
eles são pagos. Algo em torno de US$ 10 por dia, segundo essa matéria da CNN de
2012. E eles podem guardar o dinheiro ou gastar ali mesmo, nas lojas que têm no
local.
Se você acha que é muita moleza para gente
que cometeu crimes como homicídios, estupros e outros, Nielsen tem um recado:
“Qual o problema se criamos um acampamento de férias para criminosos? Devemos
reduzir o risco de incidência, porque, se não o fizermos, qual o ponto da
punição senão o de inclinar-se para o lado primitivo da humanidade?”
E parece que funciona. A Bastoy tem uma taxa
de incidência de seus presos de apenas 16% – a mais baixa da Europa. Quase nada
se comparada com a do Brasil (70%) ou mesmo dos Estados Unidos (40%).
Quem sabe um dia.