Um advogado e sua sogra estão em um edifício
em chamas. Você só tem tempo pra salvar um dos dois. O que você faz? Você vai
almoçar ou vai ao cinema?
domingo, 23 de março de 2014
Devanear...
Leia um trecho erótico do livro "80
dias - A cor da Paixão"
Você nunca mais irá se achar feia após a
academia depois disso...
Simón era bem mais voltado para a família do
que eu. Brigava com os irmãos como cães e gatos, e com os pais também de vez em
quando, mas falava com todos pelo menos uma vez por semana. Minha família e eu
tínhamos um relacionamento bem feliz, mas eu conseguia passar facilmente seis
meses sem ter notícias deles.
Ergui o olhar e o beijei. Ele tinha lábios
carnudos e, na maior parte dos dias, barba por fazer. Simón reagiu ao toque dos
meus lábios, me beijou com firmeza e me puxou delicadamente para o quarto,
passando as mãos por baixo da minha camiseta e puxando o fecho do meu sutiã
esportivo.
Ele havia aprendido uma das minhas
peculiaridades: não tinha nada que eu quisesse mais quando estava aborrecida
desde que não fosse com ele do que sexo. Eu sabia que era uma forma estranha
e específica de consolo, só minha e talvez de uma pequena minoria da população
feminina. O sexo colocava meus pés no chão como mais nada conseguia fazer, e
era a única coisa na Terra, atrás talvez apenas de tocar meu violino, que me
fazia sentir em paz.
Simón puxou minha calça de corrida para
baixo e deslizou o dedo para dentro de mim. Uma onda familiar de prazer subiu
pela minha coluna em reação ao toque dele.
Eu devia tomar banho protestei. Estou
toda suada.
Não, não devia disse com firmeza, me
empurrando para a cama.
Você sabe que gosto de você assim.
Era verdade, e ele tentava enfatizar isso
com frequência. Simón gostava de mim como eu era, estivesse como estivesse,
algo que sempre deixava claro ao me acordar com a cabeça entre as minhas pernas
ou partindo para cima de mim quando eu terminava de me exercitar. Ele era um
homem apaixonado que amava fazer amor e fazia tudo que podia para me agradar.
Porém, tínhamos gostos diferentes na cama.
Ambos preferíamos não estar no comando.
Simón não era um homem dominador, e eu
sentia falta desse traço de força, da firmeza do toque de Dominik e de outros
homens como ele. Eu queria ser amarrada à cama e deixar que outra pessoa
fizesse o que quisesse comigo. Simón tentou, mas nunca conseguiu aceitar a
ideia de que podia genuinamente me machucar. Ele dizia que, mesmo de
brincadeira, não podia amarrar uma mulher nem bater nela, e isso descartava
spanking, uma das coisas de que eu mais gostava.
Ele era um bom homem. Eu sabia que me
colocar por cima era bem mais o estilo dele do que o contrário, mas estava
fazendo assim porque sabia que eu preferia. O fato de eu ter passado nosso
relacionamento inteiro com uma sensação irritante de insatisfação era fonte
constante de culpa, como um ferimento que não fechava, uma coceira que eu não
conseguia coçar.
Eu queria, mais do que qualquer coisa, ser o
tipo de mulher que ficaria feliz com todas as coisas comuns. Eu tinha até mais
do que as coisas comuns. Não apenas um bom homem, mas um homem maravilhoso. Nós
dois tínhamos bons amigos, ótima saúde e carreiras de sucesso. Mas, ainda assim,
uma voz sussurrava no meu ouvido que a vida que eu estava vivendo não era a
vida que eu queria nem uma vida certa para mim.
Simón queria se casar e ter filhos, e eu
não. Era a única coisa sobre a qual realmente discordávamos e nunca
conseguíamos resolver, e eu tinha uma sensação dilacerante de horror cada vez
que eu o via olhando para uma vitrine de joalheria e para os anéis de noivado,
ou sorrindo para um bebê na rua.
Todas as coisas que o teriam deixado feliz e
satisfeito para sempre eram coisas que me apavoravam e, na calada da noite,
quando eu não estava distraída pelo trabalho nem por compromissos sociais nem
correndo no frio, sentia como se alguém tivesse prendido um peso no meu
pescoço, ou pendurado uma auréola acima de mim que era tão pesada que eu não
conseguia segurá-la no ar. Às vezes, sentia como se fosse ser esmagada sob o
peso da minha própria vida.
Duas semanas se passaram, e meus sonhos
estavam cheios de água agitada e do som da voz de Dominik.
Eu acordava de manhã, assustada, como se
tivesse sido arrancada do sono por um leão.
Apesar dos meus medos e das minhas
preocupações, o tempo passou, como sempre passava. Eu corria todos os dias,
ensaiava, ia a eventos noturnos com outros casais, a maioria do cenário
musical. Mas me sentia sem propósito, como um navio sem leme, como se minha
vida estivesse gradualmente se dissolvendo no nada, um momento de cada vez.
Número dois...
"Aí não, amor!"
No país do sexo anal, a vida pode ser
difícil para as mulheres
Um jornalista americano escreveu na revista
Vanity Fair que a grande palavra da cultura alemã é “merda”. Segundo ele, os
excrementos humanos e suas variações ocupam um lugar de destaque na língua e no
pensamento alemães. Como eu não entendo mais que 12 palavras em alemão, não
posso realmente julgar a afirmação, mas ela me fez pensar sobre qual seria a
palavra mais reveladora, mais carregada de sentidos e mais frequente do
português falado no Brasil - e aí não tenho dúvida que de que temos algo em
comum com os alemães. Se eles se lambuzam com a palavra “merda”, nós,
brasileiros, somos apaixonados pela palavra “cu”.
Ela aparece em todas as conversas e permeia
todas as relações, invariavelmente de um jeito vulgar, mas que todos praticam.
A gente diz que o Brasil é um cu, fala que fulano mora no cu do mundo, lembra
que o cu não tem a ver com as calças. E esse é apenas o substantivo, o
advérbio, o cu como sinônimo de coisa ruim. O outro uso da palavra, ainda mais
revelador, é como metáfora da penetração. Se o cara fechou você no trânsito,
você manda ele tomar...
Porque dói. Se o chefe é injusto, obviamente está pondo
... Porque humilha. Quando você se deu mal, claro, levou ... Porque fere. E se
alguém está passando dos limites, você pergunta: na bundinha não vai nada?
Porque se trata de um abuso. Duvido que haja outro país em que a mesma palavra
– e a metáfora da penetração – sejam usadas com tanta frequência e com tamanha
intensidade emocional. Sobretudo na linguagem masculina. São os homens que mais
põem e levam, o tempo inteiro.
Não precisa ser o Contardo Caligaris para
perceber que este é um país de sodomitas, ao menos retoricamente. Os homens
brasileiros são obcecados por sexo anal, e por isso o assunto transborda de
forma tão exuberante na linguagem diária.
Os marmanjos pensam e falam insistentemente sobre o assunto, mesmo
quando não praticam. O resultado dessa predileção real ou imaginária é que o
tema invade a rotina das mulheres. Em boa parte dos lares brasileiros sexo anal
é motivo de debate acirrado. Às vezes, é o grande impasse sexual do
relacionamento. O homem quer, a mulher resiste. E a conversa continua.
Em privado, muitas mulheres reclamam dessa
insistência masculina. Elas às vezes cedem, com grande desconforto, para que o
sujeito não vá realizar a mesma fantasia com outra mulher.
Sexo anal muitas
vezes é um sacrifício, um gesto de amor que o parceiro nem sempre percebe como
tal. As mulheres muitas vezes se embriagam para permitir que aconteça. Usam
anestésico para reduzir as sensações ruins. Veem cursos na internet para
aprender o jeito menos dolorido de se deixar penetrar. Isso tudo antes.
Depois
que acontece, elas reclamam de outras coisas. A primeira é a dor, presente
durante e depois do sexo. A outra é que o parceiro, tendo vencido essa
fronteira, acha que a passagem ficou livre. Em vez de diminuir, a concessão
aumenta a pressão por dar o cu. Outra vez.
Mas essa é apenas parte da história. A outra
envolve as mulheres que gostam de sexo anal. Há muitas delas, verdadeiras
entusiastas. Por razões que podem ser psicológicas ou físicas – o reto tem mais
terminações nervosas que a vagina – elas atingem orgasmos mais intensos ou têm
sensações emocionais mais completas quando penetradas por trás.
O ato envolve
alguns cuidados do parceiro, geralmente implica em algum tipo de dor para elas,
mas, ainda assim, ou por isso mesmo, elas curtem. Por fetiche, por doação, por
anatomia – quem saberá?
Hoje em dia, com a difusão de um certo
feminismo rasteiro, existe preconceito em relação a mulheres que gostam de sexo
anal.
Uma moça que eu conheço foi discutir as possíveis consequências da
penetração anal com a ginecologista e ouviu um sermão.
“Você não precisa se
submeter a isso”, disse a médica. “Eu não me submeto. Eu gosto”, respondeu a
moça. “Mas penetração anal machuca, não é para gostar”, retrucou a médica. A
moça, que é boa de briga, mas já se sentia um pouco humilhada, encerrou a
conversa sugerindo à médica que a anatomia “e a cabeça” delas eram diferentes.
Talvez fosse o caso de mandar a médica moralista tomar naquele lugar.
No fundo tudo se resume a anatomia e cabeça.
Algumas mulheres não têm a anatomia necessária.
Gostam de sexo, transam com desenvoltura e têm prazer em experimentar
novidades. Mas, por mais que tentem, a penetração anal resulta para elas num
ato triste e doloroso, que leva à beira do mal estar e não do êxtase.
Nessas
circunstâncias, o parceiro precisa abrir mão e entender que só há prazer quando
dois estão curtindo. Mesmo porque, em alguns casos o problema anatômico é dele.
Entre as vantagens de ser bem dotado não se inclui a de achar parceiras
ansiosas para o sexo anal. Esse é um terreno em que os menores têm mais chance.
A questão dos sentimentos – o que passa pela
cabeça das mulheres – é ainda mais complicada. No mar revolto e impenetrável de
onde emerge o prazer não há respostas claras. Li há tempo sobre uma mulher que
se excitava intensamente só de ouvir uma voz masculina que viesse por trás dela
– esse era o preâmbulo suficiente para uma perfeita relação anal. Outras
mulheres, igualmente saudáveis, não podem nem ouvir falar de dar o cu. A
simples menção do ato lhes desperta repulsa e temor. Quem está certa e quem
está errada? Ninguém.
Houve um tempo em que a dificuldade das
mulheres em se deixar penetrar dessa forma era considerada um defeito. Fulana é
ruim de cama, nem gosta de sexo anal, os homens diziam. Os mesmos homens que
diante de um delicado dedo no seu ânus seriam capazes de reagir aos bofetões.
Acho que esse tempo está acabando, porém.
Continuamos, como uma grande nação
emergente, obcecados pelo cu, mas aos poucos percebemos que isso pode ser
apenas uma metáfora. Se a sua fêmea relutante não tiver medo de ser violada a
cada noite, se ela souber que tudo vai ficar no terreno da fantasia, talvez ela
aceite brincar e falar sobre o assunto. A imaginação não tem esfíncter e pode
ser muito excitante. Por ela passam, sem dor, coisas que na vida carnal fariam
chorar e desistir.
100% desconfiar!
Você
confia em alguém?
Na versão de Dilma? De Alckmin? No governo?
Na oposição? Na polícia? Em quem acreditar?
A confiança é a base das relações. Em casa
ou no trabalho, na família, no amor, na amizade. Quando se perde totalmente a
confiança, por uma sucessão de mentiras, incompetências ou traições, fica
difícil até acreditar na verdade.
O Brasil vive hoje uma crise profunda de
credibilidade das instituições, das empresas e dos governantes. É ruim para o
país, é péssimo para nossa autoestima como brasileiros e, em ano eleitoral,
provoca uma baita insegurança.
Você acredita na versão da presidente Dilma
Rousseff sobre o monumental escândalo da compra bilionária da refinaria de
Pasadena pela Petrobras? Você acredita que Dilma, então ministra da Casa Civil,
foi traída pelo Conselho que ela mesma dirigia? Você acredita que Dilma, com
todo o seu rigor de gerentona, assinou um negócio de mais de US$ 1 bilhão sem
conhecer as cláusulas, apenas com base num parecer “técnico e juridicamente
falho”, segundo a nota do Planalto?
Você acredita nas boas intenções da
Petrobras? Você acredita que ninguém da estatal levou dinheiro ao recomendar a
compra, por US$ 1,19 bilhão, de uma refinaria vendida um ano antes por US$ 42,5
milhões? Você acredita que o escândalo da refinaria de Pasadena não passa,
segundo o presidente do PT, Rui Falcão, de um ataque à maior empresa do Brasil
e “patrimônio de nosso povo”? Você confia em Rui Falcão?
Você confia na inocência do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa? Ele foi preso pela Polícia Federal com mais de
R$ 1 milhão em casa, sob acusação de envolvimento com quadrilha de lavagem de
dinheiro. Você acredita que o Land Rover que ele ganhou de presente do doleiro
Alberto Youssef tenha sido apenas um mimo como pagamento por uma consultoria?
Você acredita no governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, quando ele diz que pegar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul –
que abastece o Rio de Janeiro – seria uma boa política para os dois Estados?
Alckmin acha que seu plano não prejudicará em nada o abastecimento de água do
Estado do Rio e que é “uma via de mão dupla”. Você confia em Alckmin?
Você acredita que nossa inflação anual em
2013 ficou abaixo dos 6%, como afirma o governo? Você, que compra comida e paga
por serviços, acha mesmo que a inflação foi de 5,91%? Você confia nos índices
oficiais? Você acredita que, caminhando nesse ritmo, a inflação, no próximo
ano, subirá ou será “trazida para o centro da meta” – como se fala no economês
ininteligível dos ministros?
Você acredita na versão dos PMs que levaram
para o hospital Claudia Ferreira, moradora do Morro da Congonha, no Rio de
Janeiro? Você acredita que o subtenente Rodney Miguel Arcanjo só colocou
Claudia no porta-malas da patrulha porque a rua era estreita, e ele ficou
receoso devido ao assédio dos parentes e vizinhos de Claudia?
Você acha mesmo
que os PMs só queriam salvar Claudia? Você confia nos flagrantes da PM carioca
e nos resultados de inquéritos? Mesmo após a história mentirosa e fantasiosa
sobre o desaparecimento de Amarildo da favela da Rocinha, você confia nas
versões oficiais sobre os “autos de resistência”? Você acredita que os PMs
apoiam as UPPs?
Você acredita que o Brasil tem condições de
sediar uma Copa do Mundo com um mínimo de respeito a prazos, horários,
transporte, voos e acomodações? E sem desperdício de dinheiro? O estádio que
abrirá a Copa em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, será entregue
incompleto no dia 15 de abril à Fifa.
Sem carpete, com piso de cimento. Sem
iluminação, holofotes terão de ser alugados. Lanchonetes ainda por acabar. Ah,
o problema é do BNDES, que atrasou a liberação do financiamento de R$ 400 milhões.
A Fifa tinha exigido que o estádio fosse entregue com dois telões, cada um com
90 metros quadrados. Adivinhe! Os telões terão de ser alugados.
Você acredita
que os estádios de Curitiba e Cuiabá estarão prontos logo? Aliás, você confia
na Fifa?
Você confia na oposição? Deve haver alguma
coisa errada, porque, se 64% dos brasileiros estão insatisfeitos com o atual
rumo do Brasil e querem que o próximo presidente mude muito ou totalmente o
país, por que Dilma, segundo as previsões, venceria logo no primeiro turno?
Você confia em Aécio Neves ou Eduardo Campos na Presidência da República?
Você
sabia que 35% dos brasileiros não conhecem Eduardo Campos e 27% não conhecem
Aécio Neves? Você acredita que Campos e Aécio possam restituir a confiança na
ética política e acabar com o vexame internacional do Brasil em saneamento,
educação, saúde e segurança?
Todos podem ser inocentes ou competentes,
não é mesmo? Em alguém daí de cima – de políticos a empresários e policiais –,
a gente deveria acreditar, pelo bem do Brasil. Você confia?
Circo Brasil...
A
desmoralização e a sangria da Petrobrás
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Produzir petróleo, vejam só, é prioridade da
Petrobrás, segundo garantiu a presidente da companhia, Graça Foster. Essa
declaração, em linguagem típica de negócios, deve ter soado como heresia em
relação aos padrões da gestão petista, famosa internacionalmente por seus
projetos de baixa qualidade, pela falta de foco empresarial e por um prejuízo
superior a US$ 1 bilhão num único investimento. Seu valor de mercado, o 12.º
maior do mundo há cinco anos, caiu para a 120.ª posição, segundo lista
divulgada na internet pelo jornal Financial Times.
Qualquer sinal de seriedade,
nesta altura, pode favorecer pelo menos uma recuperação de imagem. Sem renegar
abertamente a preferência aos fornecedores nacionais, a presidente de certa
forma redefiniu as regras do jogo. Prometeu continuar comprando da indústria
local, mas com duas ressalvas. As encomendas serão de acordo com a capacidade
da indústria e os preços terão de ser competitivos "em relação a outras
oportunidades fora do Brasil".
Se continuar no posto e insistir nessa
orientação, talvez consiga reconverter a Petrobrás numa empresa - uma
organização de negócios com foco razoavelmente definido, metas de rentabilidade
e padrões profissionais de administração.
A mudança, nesse caso, envolverá a adoção de
alguns critérios vitais tanto para a Boeing quanto para a mais modesta padaria
do bairro. Esses critérios foram pisoteados durante os últimos dez anos. Nesse
período, a maior empresa brasileira foi subordinada a objetivos políticos e
pessoais do grupo instalado no Palácio do Planalto e às conveniências de seus
companheiros e aliados.
Antes disso, a Petrobrás pode ter sido mal orientada em
algumas fases, mas quase sempre funcionou com critérios empresariais, empenhada
em procurar e extrair petróleo e gás, produzir e distribuir combustíveis e
contribuir para a segurança energética do Brasil.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
sua sucessora, os interesses empresariais da Petrobrás foram postos em segundo
ou terceiro plano. Isso levou a desperdícios, comprometeu a geração de caixa e
reduziu as possibilidades de investimento exatamente quando a companhia, depois
da descoberta do pré-sal, teria de cumprir um programa excepcionalmente difícil
e custoso.
Investimentos de US$ 220,6 bilhões estão
previstos para o período entre 2014 e 2018 no recém-divulgado plano de
negócios. A maior parte desse dinheiro, US$ 153,9 bilhões, deverá ser destinada
a exploração e produção. Levantar esses bilhões dependerá da melhora de vários
indicadores. O documento enumera os "pressupostos da
financiabilidade". Será preciso manter o grau de investimento, elevar os
preços de derivados até os níveis internacionais e promover parcerias e
reestruturação do modelo de negócios, tudo isso sem a emissão de novas ações.
Para manter o grau de investimento e
continuar atraente para os financiadores, a empresa terá de melhorar seus
indicadores de endividamento e de alavancagem no prazo de 24 meses. Em outras
palavras, terá de reduzir a proporção entre recursos de terceiros e recursos
próprios e precisará diminuir para menos de 2,5 vezes a relação entre a dívida
líquida e os ganhos antes do pagamento de juros, impostos e dividendos
(Ebitda).
Não são números e objetivos escolhidos de
forma arbitrária. A Petrobrás ganhou destaque na imprensa internacional, em
outubro, como a empresa mais endividada do mundo, de acordo com levantamento do
Bank of America Merrill Lynch. Quanto ao risco de ser rebaixada pelas agências
de avaliação de crédito e perder o grau de investimento, está longe de ser
imaginário.
No ano passado a Standard & Poor's
alterou a perspectiva da empresa de estável para negativa. Poucos meses depois,
a Moody's baixou a classificação da Petrobrás de A3 para Baa1 com perspectiva
negativa, preservando o nível de investimento. Para justificar a revisão a
agência citou o nível de alavancagem e a perspectiva ruim de geração de caixa
nos anos seguintes.
A perda de valor de mercado afetou tanto a
Petrobrás quanto a Eletrobrás, prejudicadas principalmente pela interferência
política na administração das maiores estatais, convertidas em casas da mãe
Joana. O loteamento de postos e o desprezo aos critérios técnicos tem sido uma
das marcas principais da gestão petista.
Dirigentes de grandes companhias controladas
pelo governo - para nem falar da maioria dos ministros - são identificados mais
pelo nome de seus padrinhos do que pela reputação profissional. Parte do
noticiário sobre a prisão do ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto
Costa tratou de suas relações com políticos do PP, do PMDB e de sua livre
circulação no Congresso.
O desprezo aos padrões empresariais foi
evidenciado nos fracassados projetos de associação com a PDVSA, no controle de
preços de combustíveis, na baixa qualidade de vários investimentos, na
desastrosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e na conversão da
Petrobrás em instrumento de uma política industrial com validade vencida e
injustificável no século 21.
O grotesco episódio do petroleiro João
Cândido, lançado ao mar em 2010 com palavrório de Lula e nenhuma condição de
navegar, foi uma boa demonstração de um estilo de governo e de administração. A
aprovação da compra da refinaria texana com base num sumário executivo, como
confessou a presidente da República, foi perfeitamente compatível com esse
estilo gerencial.
Sua fama de administradora jamais foi merecida. Essa
trapalhada confirma a opinião de quem nunca aceitou a lenda. Estranha, mesmo,
era a presença no Conselho de Administração, então chefiado pela ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, de grandes empresários. Sua função, para o governo,
seria legitimar os desmandos cometidos na empresa. Como podem ter ignorado esse
detalhe?
Se aqui o país fosse habitado por pessoas sérias...
O caso da refinaria sepulta as
invencionices ufanistas de Lula e Dilma. A Petrobras é deles. Só é nossa a
conta bilionária
José Sérgio Gabrielli, Graça Foster, Dilma
Rousseff e Paulo Roberto Costa em visita à Plataforma P-56, em Angra dos Reis,
em junho de 2011
No comício promovido por Lula para
oficializar a saída de José Eduardo Dutra e a chegada de José Sérgio Gabrielli,
o Brasil ficou sabendo que a Petrobras seria presidida por um gênio da raça
disfarçado de economista baiano. “O companheiro José Sérgio Gabrielli se transformou num dos mais importantes
diretores financeiros que a empresa já teve em toda a sua história”, informou o
palanque ambulante em 22 de julho de 2005. Nem todos enxergam tão longe,
elogiou-se na continuação do palavrório.
“Não faltaram pessoas que me diziam assim: o
mercado não vai gostar, o mercado vai reagir, é melhor deixar quem está lá”,
foi em frente o recordista brasileiro de bravata & bazófia. ”Como eu não
tenho nenhuma relação de amizade com o mercado, resolvi indicar quem eu
queria”. O que queria (e, pelo jeito, encontrara) era alguém capaz de acumular
a presidência da OPEP com a coordenação do carnaval de Salvador. Como até gente
assim pode precisar de conselhos, ele lembrou a Gabrielli que, caso quisesse
ajuda, bastaria recorrer à onisciente e onipresente Dilma Rousseff, chefe da
Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Ainda em 2005, a sumidade descoberta por
Lula encampou a grande ideia de Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional:
comprar por US$ 360 milhões metade de uma refinaria no Texas que a empresa
belga Astra Oil havia adquirido meses antes por US$ 42,5 milhões. Com a ajuda
de outro diretor, Paulo Roberto Costa, Cerveró produziu o “resumo executivo”
apreciado em 3 de fevereiro de 2006 pelo Conselho de Administração. Foi uma
decisão desastrosa, comprovou o desfecho do negócio: em 2012, para encerrar a
disputa judicial iniciada cinco anos antes, a Petrobras pagou mais US$ 820
milhões à Astra Oil e transformou-se na única proprietária de uma refinaria
inútil.
Feitas as contas, a aquisição da velharia no
Texas, sugerida por Gabrielli e aprovada por Dilma, custou US$ 1,18 bilhão ─ ou
2,8 bilhões de reais, que poderiam ter atendido a angustiantes urgências do
viveiro de miseráveis fantasiado de potência emergente. Só nesta semana a
supergerente mandona que tudo quer saber, e confere até o custo do cafezinho,
resolveu enxergar o monumento à inépcia, à vigarice e à gatunagem. Com a
candura de uma Filha de Maria, alegou desconhecer a existência de cláusulas
leoninas infiltradas no contrato. Bastaria ter lido os documentos colocados à
disposição da presidente do Conselho.
Em outubro de 2010, todos no Planalto sabiam
da história inverossímil. Menos Lula, reiterou a visita do maior governante
desde Tomé de Souza ao campo de Tupi. “Quando a gente quiser ter orgulho de
alguma coisa neste país a gente lembra da Petrobrás, de seus engenheiros, de
seu geólogos, do pessoal que é a razão maior do orgulho, mais do que o
Carnaval, do que o futebol”, recomeçaram as invencionices ufanistas. “A
Petrobrás é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação. É a
prova mais contundente de que o brasileiro é capaz, é inteligente, não é de
segunda classe”.
Depois que o Estadão incorporou a presidente
da República ao espetáculo da indecência, a movimentação dos atores ampliou a
afronta ao país que presta. Em campanha no Ceará, Dilma recusou-se a comentar a
transação vergonhosa: estava lá para não dizer coisa com coisa sobre
“mobilidade urbana”. Gabrielli, agora secretário de Planejamento da Bahia,
culpou a “crise internacional” pelo negócio suspeitíssimo. Nestor Cerveró, hoje
diretor financeiro da BR Distribuidora, tirou férias e foi para a Europa.
Cerveró achou prudente cair fora do país tão logo soube que o álibi montado por
Dilma transfere integralmente a culpa
para os autores do resumo executivo.
A demissão o alcançou a milhares de
quilômetros de distância. Nesta sexta-feira, por ordem do Planalto, o diretor
financeiro da BR Distribuidora perdeu o emprego fpelo que fez há mais de oito
anos o diretor da Área Internacional da Petrobras. É bom que se cuide: para
salvar do naufrágio a candidata à reeleição, o comitê central da campanha pode
conferir-lhe o papel que sobrou para Marcos Valério no escândalo do mensalão.
Seu parceiro Paulo Roberto Costa está preso, mas por outros motivos: a polícia
descobriu que trocou a direção da Petrobras pelo alto comando de uma quadrilha
especializada em lavagem de dinheiro.
Afônico de novo, Lula sussurrou a alguns
amigos que Dilma não deveria ter confessado o que fez. Daqui a alguns dias vai
recuperar a voz para jurar que não sabe de nada. Como os afilhados Dilma e
Gabrielli, como os demais sacerdotes da seita que o venera, o padrinho e Grande
Pastor sempre soube de tudo. Recitando que o petróleo é nosso, os donos do
poder privatizaram a empresa agora reduzida a caso de polícia. A Petrobras é do
PT. Só é nossa a conta bilionária.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/o-caso-da-refinaria-desmoraliza-a-vigarice-ufanista-do-padrinho-de-dilma-e-gabrielli-o-petroleo-nao-e-nosso-e-a-petrobras-e-deles/
É o cara...
"Brasil
é o país dos conchavos, do tapinha nas costas", diz Joaquim Barbosa
14.nov.2013 - O presidente do STF e relator
do processo do mensalão, Joaquim Barbosa
O presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), ministro Joaquim Barbosa, disse que o "Brasil é o país dos
conchavos, do tapinha nas costas" na madrugada deste domingo (22) em
entrevista ao canal GloboNews.
Barbosa disse que não pretende se candidatar
a cargo político em 2014 - ele já negou que iria tentar a Presidência - mas não
descartou investir na vida política durante as próximas eleições. "Recebo
inúmeras manifestações de carinho, pedido de cidadãos comuns para que me lance
nessa briga [candidatura], mas não me emocionei com a ideia ainda",
relatou.
O ministro defendeu que o Brasil tem
responsabilidade por estar entre as 10 maiores democracias do mundo: "Isso
aqui não é lugar para brincadeira". Também criticou a tomada de decisões
dos três poderes: "Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado,
dos três poderes. Muitas decisões são tomadas (...) superficialmente. Não se
pensa nas consequências".
Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito
do Estado, dos três poderes.
Questionado sobre se as penas aos condenados
no processo do mensalão foram muito pesadas, discordou: "ao
contrário". Ele deu a entender que a Corte tem histórico de penalizar mais
quem chamou de "pessoas comuns". "O Supremo chancela em habeas
corpus coisas muito, mas muito mais pesadas", completou.
Ao conversar sobre racismo no Brasil,
Barbosa disse esperar que os presidentes nomeiem homens e mulheres negras
"de maneira natural" e que "não façam estardalhaço disso".
O ministro criticou convites que Lula teria feito a ele quando era presidente
para ir à África. Entre outros motivos para a recusa, Barbosa entendeu que
"era uma estratégia de marketing para os países africanos".
Ele lembrou que fez uma acusação contra o
jornalista Ricardo Noblat por crime racial.
Ministro foi relator do mensalão
Barbosa foi o relator do processo do
mensalão, que acabou com a condenação de nomes importantes do PT, como José
Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
O ministro foi nomeado à Corte em 2003 pelo
então presidente Lula e atinge a idade de aposentadoria compulsória no
tribunal, 70 anos, em 2024.
Em novembro, quando completa a gestão de
dois anos como presidente do STF, ele será substituído na liderança da Corte
pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Na entrevista ao canal, Barbosa sinalizou que
não deve esperar a aposentadoria para deixar a Corte: "Pretendo ficar mais
um 'tempinho', mas vou decidir o que fazer".
Pela lei, Barbosa pode deixar o
cargo e se filiar a algum partido até 6 de abril (seis meses antes das eleições) caso queira disputar algum cargo.
Pesquisa do Datafolha realizada em fevereiro
apontou que só uma eventual candidatura de Joaquim Barbosa e Marina Silva à
Presidência poderiam forçar o 2º turno com Dilma. Barbosa já disse que não será
candidato à Presidência.
Debates no STFAlerto o Brasil que é só o 1º passo, diz
Barbosa após absolvição
Debates e provocações com colegas
Barbosa já entrou em debates acalorados com
colegas do STF. Ele acusou Lewandowski de fazer "chicana" durante
sessão do julgamento do mensalão em agosto de 2013 - em termos jurídicos,
chicana é o ato de retardar um processo judicial com base em um detalhe ou em
um ponto irrelevante. A palavra também pode ser entendida como
"trapaça" ou "tramoia".
Em fevereiro de 2014, sugeriu que o colega
Luís Roberto Barroso, mais novo integrante do colegiado, tinha "voto
pronto" sobre o mensalão antes mesmo de se tornar ministro. Também criticou
os argumentos de Teori Zavacki e Barroso quando estes votaram pela absolvição
de oito réus do mensalão do crime de formação de quadrilha.
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