quinta-feira, 3 de novembro de 2016

História...

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Movimento abolicionista popular e a escravidão

O leitor já deve ter lido e ouvido falar que a abolição da escravidão no Brasil ocorreu pelas mãos da princesa Isabel, quando ela assinou a Lei Áurea, em 1888, ou mesmo que o fim da escravidão foi decorrente da ação dos próprios fazendeiros, donos dos escravos, que viam seus lucros diminuírem com a escravidão, passando a optar por uma força de trabalho livre.

Uma história que quase não foi contada foi a do movimento abolicionista popular, que unia escravos em luta pela liberdade a setores populares da sociedade, como escravos libertos e trabalhadores livres pobres.

Alguns historiadores que estudam a escravidão no Brasil dizem que as rebeliões e fugas escravas, em conjunto ao movimento abolicionista popular, tiveram um peso maior no fim da escravidão que a assinatura da princesa Isabel ou o interesse dos senhores na força de trabalho livre.

No caso do Ceará, o abolicionismo popular levou ao fim da escravidão na província em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea.

A união entre jangadeiros e abolicionistas no porto de Fortaleza, em janeiro de 1880, impediu que escravos fossem embarcados em navios que os levariam para o sul do país. 

Os líderes dos jangadeiros eram Francisco José do Nascimento e João Napoleão, ex-escravos que se recusaram a fazer o transporte dos escravos do porto aos navios. Mesmo com a ameaça de repressão policial, os jangadeiros recusaram-se a embarcar os escravos, sendo ainda apoiados por parte da população que se aglomerava no porto e gritava: “No Ceará não se embarcam mais escravos”.

Depois desse evento o movimento abolicionista fortaleceu-se na província. Os jangadeiros não aceitaram os subornos dos traficantes de escravos. Os soldados do exército passaram a se recusar a capturar escravos fugidos. 

Os abolicionistas faziam campanha corpo a corpo, libertando os escravos sem indenização a seus senhores. Com essas ações, a província do Ceará tornou-se refúgio de muitos escravos que fugiam das fazendas e das cidades das províncias vizinhas.

Na Bahia, casos semelhantes foram retratados pelos historiadores. Em 1883, na cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, um grupo de saveiristas (saveiro é um tipo de embarcação) e abolicionistas exaltados impediu o embarque de cinco escravos vendidos a um senhor de engenho da região.

Várias outras ações ocorreram na província, inclusive impedindo que o Barão de Cotegipe embarcasse em 1883 uma criança escrava, que iria ser levada ao Rio de Janeiro.

Tais ações mostravam na prática que os senhores de escravos não tinham mais a mesma liberdade que antes sobre suas propriedades humanas. Cada vez mais era difícil sustentar a escravidão no Brasil, principalmente pela aproximação entre abolicionistas populares e escravos, já que os abolicionistas eram muitas vezes ex-escravos ou tinham parentes nessa situação.

Constituía-se assim uma rede de solidariedade entre pessoas livres e escravas que destruíram pela base as relações de escravidão. Essa solidariedade indicava um perigo ainda maior, o de que o fim da escravidão fosse alcançado através de uma revolução que poderia criar problemas ainda maiores à elite do país. 

Frente a isso, as autoridades reais decidiram abolir a escravidão, mas mantendo o poder das elites. Depois tentaram deixar no esquecimento o abolicionismo popular e as revoltas e fugas escravas, para dessa forma se apresentarem como os verdadeiros responsáveis pelo fim da escravidão.


Viva a sabedoria...

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A FACULDADE DE JULGAR EM KANT

Filosofia

A Estética kantiana é pensada não mais como uma dimensão objetiva do mundo e sim como uma dimensão mental, subjetiva. Isto quer dizer que a reflexão sobre a estética está voltada para as condições de receptibilidade a prazer do sujeito, também chamada de estado mental ou de conhecimento em geral.

Conhecimento em geral porque, muito embora na sua Estética Transcendental (Crítica da Razão Pura), que determina as formas de receptibilidade das sensações (espaço e tempo), essa se refira somente a um conhecimento específico ou particular, relacionado ao modo como o sujeito é afetado subjetivamente, não consegue esgotar o problema do prazer (sentimento) que acompanha a intuição.

Este prazer, para Kant, não tem nada a ver com o conhecimento que aquela faculdade (de conhecer) determina e por isso foi tratado separadamente. Este prazer se refere ao sujeito, à sua sensibilidade ou receptibilidade ao experimentá-lo e é expresso no predicado Beleza. 

Por exemplo, ao observar o céu estrelado acima de nós, temos a sensação objetiva (vemos algo), estudada na faculdade de conhecer (ciência) e também temos um sentimento de prazer (subjetivo) ao ver a Beleza do céu (objetivo), contemplando sua harmonia, sua ordem, como se tivesse sido feito por Deus, o artista da natureza, estudada na faculdade de julgar estética.

Entretanto, a partir do dado empírico, esta sensação é desinteressada do objeto (ou seja, não se refere a ele, mas ao sentimento do sujeito vinculado a essa experiência), numa tentativa de contemplação pura (isto porque Kant é o filósofo da possibilidade e postula tal concepção), de prazer puro. E Kant vai ainda mais longe: pressupõe que tal estado mental é relacionado à comunicabilidade, pretendendo o caráter de universalidade. 

Se os homens se colocarem em um mesmo estado de receptibilidade (ou seja, se colocarem no lugar do outro), sentirão o mesmo prazer. Porém, em uma universalidade subjetiva, porque não há uma intuição aplicada a um conceito.

Percebe-se, dessa forma, a construção do sistema kantiano de uma unidade da razão, unidade harmônica, pois a faculdade de julgar estética fornece princípios a priori para as faculdades de conhecer e de apetecer, mantendo-se como ordenadora do embate entre essas duas faculdades (o famoso livre jogo das faculdades). 

Assim, conhecer e agir, objetivamente, depende do modo como fomos afetados e concebemos a beleza do mundo subjetivamente, proporcionando um estado de consciência sempre em conflito entre as faculdades, mas com a possibilidade do equilíbrio entre elas. O livre jogo entre as faculdades, por si só, é prazeroso, isto é, o sentimento informa a harmonia e o equilíbrio entre essas funções cognitivas e isso pode ser pressuposto em todos os homens.

Portanto, segundo Kant, o gosto é sim universal, e o homem (ser entre o animal e Deus) deve, através da educação dos instintos, aprimorar a sua receptibilidade ao verdadeiro prazer, intelectual, entendido como o saber e a ação cada vez mais universais. Aprimorar os sentimentos significa o aprimoramento da razão e, portanto, do próprio homem.


Entendendo...

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CONCEITO DE ALTERIDADE

Sociologia

O conceito de alteridade refere-se ao processo de interação e socialização humana no convívio entre o “eu” e o “outro”.

A vida social em nosso mundo contemporâneo é bastante agitada, concorda? Em nossa convivência urbana, em que milhares de pessoas habitam um mesmo espaço, separadas, muitas vezes, apenas por finas paredes, mesmo quando não queremos, acabamos por ter que interagir com os “outros” de alguma forma.

Mesmo sem percebermos ou ainda sem dizer uma única palavra, ao nos confrontarmos com o estranho, o não familiar, de alguma forma, nossas condutas, ações e pensamentos moldam-se a partir dessa interação. 

Essa interação entre o “eu”, interior e particular a cada um, e o “outro”, o além de mim, é o que denominamos de alteridade. Esse conceito parte do pressuposto de que todo indivíduo social é interdependente dos demais sujeitos de seu contexto social, isto é, o mundo individual só existe diante do contraste com o mundo do outro.

O antropólogo brasileiro Gilberto Velho elucida: “A noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, à medida que esta efetiva-se através das dinâmicas socais. Assim sendo a diferença é, simultaneamente, a base da vida social e fonte permanente de tensão e conflito.”* 

Simplificando, Gilberto Velho mostra de que forma a interação entre a parte íntima e interior do indivíduo e o outro forma o cerne da vida social. Ao interagirem, os indivíduos reafirmam o que faz parte de si mesmo e o que faz parte do mundo externo.

Esse processo de diferenciação é parte também da construção da identidade do sujeito, que se molda a partir da distinção entre “o que eu sou” e “o que eu não sou”. Esse ponto leva-nos ao problema fundamental da questão: a impossibilidade da existência do eu-individual sem o conflito com o diferente, o estranho, o outro.

A ideia da alteridade é tratada por algumas disciplinas distintas, sendo a Psicologia, a Filosofia e a Antropologia as principais. Embora as abordagens sejam diferentes, o conflito entre o mundo interno e o mundo externo sempre está em questão.

Para a Psicologia, trata-se do processo de formação psíquica do ser humano. Lev Semenovitch Vygotsky é um dos autores da psicologia que se dedicaram ao estudo do complexo processo de formação e do desenvolvimento humano. A atividade humana no meio social é o principal impulso que movimenta todo o processo de formação da psiquê humana. 

Nesse sentido, o teórico aproximava-se e concordava em vários aspectos com a teoria marxista acerca do mundo social e das implicações da ação humana em seu meio. 

Vygotsky afirmava isso baseado na ideia de que é pela interação social que o sujeito se constrói como indivíduo diante do confronto com o mundo externo. Em suma, ao distinguirmos aquilo que não somos, também determinamos aquilo que somos.

Para a Antropologia, a alteridade volta-se para a observação do contato cultural entre grupos étnicos diferentes e dos conflitos consequentes que se desenvolveram sob diferentes perspectivas. 

A descoberta do “Novo Mundo”, isto é, o início da colonização europeia nas Américas, parece ser o ponto de partida para os questionamentos que envolvem a ideia de alteridade. 

O encontro com o “outro” é marcado pelo medo e pelo fascínio, pela distinção clara entre o que é estranho e o que não é. 

O contraste cultural, de certa forma, acaba fortalecendo a noção de que “aquilo que sou é diferente daquilo que não sou”, o que, em outras palavras, significa dizer que o mundo estranho é um enorme espelho que reflete o que é familiar ao destacar tudo aquilo que nos é estranho.


Cultura...

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Significado de Valores morais

O que são Valores morais:

Valores morais são os conceitos, juízos e pensamentos que são considerados “certos” ou “errados” por determinada pessoa na sociedade.


Normalmente, os valores morais começam a ser transmitidos para as pessoas nos seus primeiros anos de vida, através do convívio familiar. Com o passar do tempo, este indivíduo vai aperfeiçoando os seus valores, a partir de observações e experiências obtidas na vida social.

Os valores morais são variáveis, ou seja, podem divergir entre sociedades ou grupos sociais diferentes. Por exemplo, para um grupo de indivíduos uma ação pode ser considerada correta, enquanto que para outros, esta mesma atitude é repudiada e tida como errada ou imoral.

Os valores morais são baseados na cultura, na tradição, no cotidiano e na educação de determinado povo.

No entanto, existem alguns valores que são apresentados como “universais”, presentes em quase todas as sociedades do mundo, como o princípio da liberdade, por exemplo. Alguns destes valores são tão primordiais que estão previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A consciência de que o respeito ao próximo deve ser um imperativo no convívio social, pode ajudar a evitar uma das consequências mais desagradáveis e negativas que o conflito de diferentes valores morais pode provocar: a discriminação e o preconceito.

Valores morais e sociais

Na vida em sociedade, os valores morais são essenciais, pois ditam o comportamento, a forma de interação entre os membros daquele grupo e a ordem do cotidiano social.

Os valores sociais estão focados no desenvolvimento da cidadania, a partir de contribuições que ajudem a melhorar a vida em sociedade.

Valores morais e éticos

Partindo do conceito da ética, os valores éticos são princípios que não se limitam apenas às normas, costumes e tradições culturais de uma sociedade (valores morais), mas também procuram se focar nas características compreendidas como essenciais para o melhor modo de viver ou agir em sociedade de modo geral.


Valores morais e religiosos

A religião é uma das principais entidades presentes dentro da sociedade que ajudam a moldar os valores morais, assim como a família.

A fé, a bondade, o amor, o matrimônio e a união familiar são alguns exemplos dos valores morais defendidos pela igreja.

Todos os valores religiosos estão baseados nos ensinamentos descritos na bíblia, sendo direcionados para o que a doutrina religiosa entende como sendo "certo", "errado", "bem" ou "mal".


Curiosidade...

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AOS TRANCOS E BARRANCOS

Ao longo da História, observamos que as sociedades humanas foram colocadas a frente dos mais diversos desafios. O processo de dominação da natureza, a criação de máquinas e a compreensão de outras experiências foram essenciais para que as dificuldades fossem progressivamente superadas. De fato, de simples e frágil primata, o homem passou a explorar o seu meio em uma escala jamais antes observada.

Chegando até o mundo contemporâneo, vemos que muitas dificuldades foram superadas e outras ainda estão por vir. Toda essa visível dificuldade nos mostra que as grandes civilizações venceram o desafio da sobrevivência “aos trancos e barrancos”. Para alguns, o uso dessa expressão remete a uma estrada tortuosa, repleta de desafios e várias armadilhas.

Na verdade, para compreendermos a origem dessa curiosa expressão, devemos nos reportar à Península Ibérica nos tempos medievais. A palavra “tranco” era empregada para fazer menção aos saltos que um cavalo dava ao longo de uma trajetória percorrida. Por outro lado, o “barranco” faz justamente referência aos obstáculos e valas que o tal equino deveria superar em cada um de seus saltos.

Segundo os levantamentos do folclorista Câmara Cascudo, o emprego idiomático desses termos foi pioneiramente empregado por Alfonso Martinez de Toledo, um escritor espanhol do século XV. Em sua obra El Corbacho, onde realiza um rico tratado sobre as artimanhas do amor tolo, há uma curta frase em que o termo “a trancos ou barrancos” aparece com o sentido de tarefa realizada com muito esforço.


Piada...

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O Problema da Operação
Dois amigos se encontram e um conta ao outro:
- Sabia que me operaram do apêndice no mês passado?
- Sério? E como foi?
- A operação foi bem, esqueceram uma esponja dentro de mim.
- E dói?
- Não, mas morro de sede!

Devanear...

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Mais uma etapa superada...