Três em cada
quatro jovens foram agredidas ou assediadas
Três em cada quatro mulheres jovens já foram
assediadas ou agredidas por companheiros no Brasil. Entre os homens, 66%
afirmam que praticaram violência contra a parceira. Os números são da pesquisa
do Instituto Data Popular sobre violência contra a mulher, obtidos com
exclusividade pelo Estado. Segundo o levantamento, o índice elevado de jovens
que já foram atores ou vítimas de agressões tem relação com a família. A
maioria já presenciou casos de violência entre os pais.
A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Avon e
entrevistou 2.046 mulheres e homens, entre 16 e 24 anos, das cinco regiões do
País. Na primeira fase, os jovens se manifestaram espontaneamente sobre casos
de violência, assédio e ameaça nos relacionamentos. Poucos admitiram que
praticaram ou foram alvo desse tipo de ação: 4% dos homens e 8% das mulheres.
O motivo, segundo os pesquisadores, é porque os
jovens associam violência contra a mulher apenas à agressão física. “A
diferença das porcentagens está no conceito de violência. Muitos não consideram
ser empurrada como uma agressão e isso se tornou natural. É uma falta de
compreensão do que é o machismo e como isso pode interferir nas relações”,
explicou Renato Meirelles, presidente do Data Popular.
Quando os entrevistados são apresentados aos tipos
de violência, o número de infrações aumenta. Invasão de privacidade,
xingamento, controle da relação, humilhação e agressão física são as ações mais
comuns enfrentadas pelas mulheres. Além disso, 78% delas já sofreram assédio em
locais públicos, como cantadas em festas e baladas, toques físicos sem
consentimento e beijos à força.
M.L., de 26 anos, foi violentada pelo ex-namorado
há dois anos. Depois que decidiu acabar o relacionamento, sofreu com ameaças,
mas preferiu não procurar a polícia. Sem aceitar o término, o ex-parceiro a
perseguiu durante meses. “Tive de mudar toda a minha rotina. Trabalhei em casa,
mudei meus horários”, conta. “Você se sente acuada, impotente e espera sempre o
pior.”
Herança
A pesquisa revela que parte dos casos violentos nos
relacionamentos entre jovens é uma herança familiar - 43% dos entrevistados já
presenciaram a mãe ser agredida pelo pai e quase a metade saiu em defesa da
mãe.
Os homens que presenciaram violência doméstica
reproduzem mais atitudes agressivas - 64% dos que tiveram a mãe violentada
repetiram os mesmos atos. “O jovem não admite o ambiente que ele vê em casa,
interfere, protege, mas, ao mesmo tempo, está executando as mesmas posições,
com mais controle e poder sobre a mulher”, afirmou Lírio Cipriani, sociólogo e
diretor executivo do Instituto Avon.
Perfil
O levantamento também constatou a percepção dos
jovens sobre os direitos femininos. Quando questionados se concordam com a Lei
Maria da Penha, que aumentou o rigor das punições aos homens que cometem
agressões contra mulheres, 96% se mostraram a favor da medida. A mesma
proporção considera que a sociedade brasileira é machista. Boa parte dos
entrevistados, no entanto, concorda ou acha correto atos que diminuem as
mulheres.
Para os jovens, a menina deve ter a primeira
relação sexual em namoro sério. Homens e mulheres (42% e 41%, respectivamente)
entendem que elas devem ficar com poucos homens. Eles ainda afirmam que não
namoram com meninas que têm vida sexual muito ativa. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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