s pessoas estão ficando mais
mal-educadas?
No
trânsito, no elevador, no ônibus: um estudo analisou como reagimos às
grosserias do dia a dia.
Faças as
contas: quantas vezes por dia você presencia uma grosseria? A maioria das
pessoas acredita que a falta de educação aumentou nos últimos anos. E temos até novas formas
para expressar a incivilidade: 69% dos brasileiros pegam o celular, sem mais
nem menos, no meio de uma conversa. Mas será que estamos mesmo ficando mais mal
educados?
Um novo estudo
internacional garante que não. No experimento, os pesquisadores
mostraram duas cenas com situações chatas para 212 voluntários: na primeira, um
carro cortava o outro pela direita na estrada. Na segunda, uma pessoa no ônibus
falava cada vez mais alto no celular. O que mudava, de participante para
participante, era a legenda: metade via a frase: ele cortou o carro da frente.
A outra metade lia eu cortei o carro da frente.
Em cada
caso, os voluntários tiveram que classificar o quão grave era a situação,
quanto dano ela causou no outro e o que teria motivado a falta de educação.
Além disso, eles precisavam imaginar se o causador da situação iria pedir
desculpas e se a vítima aceitaria as desculpas.
Como era
de se esperar, as pessoas foram mais boazinhas consigo mesmas. Quando eram elas
as mal educadas, viam a situação como menos grave e mais passageira. Já quando
o grosseiro era o outro, aí a raiz da falta de educação era o caráter do
estranho. No geral, quando você é o mal educado, se sente muito menos
responsável pelo que aconteceu.
Os
pesquisadores repetiram o estudo, dessa vez com outras situações grosseiras:
espirrar (de um jeito bem molhado, segundo eles), sem colocar a mão na frente
do rosto, no meio do elevador e passar por uma porta sem segurá-la, deixando que
atingisse a pessoa que vinha atrás. Nesse caso, o autor da grosseria poderia
ser o participante, um amigo ou um estranho.
De novo,
os voluntários viram suas próprias ações como mais perdoáveis e mais leves que
os espirros de estranhos. Mas os pesquisadores notaram que eles estendem também
esse filtro indulgente para os amigos. Mal educado de verdade, na visão deles,
era só o desconhecido.
A
conclusão dos pesquisadores é que esse viés egoísta faz com que não enxerguemos
nossos próprios hábitos de forma clara e, por isso, acabamos exagerando na
importância que damos para os atos pouco educados dos outros.
Eles
acreditam que esse padrão se repete em diferentes gerações e, por isso, as
pessoas tem a tendência de acreditar que, no tempo delas, todo mundo era mais
civilizado. Só que na prática, o espirro molhado aparece em qualquer época. Sua
reação é que depende de qual nariz ele veio.
http://super.abril.com.br/comportamento/as-pessoas-estao-ficando-mais-mal-educadas
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