sábado, 9 de novembro de 2013

Interessante...

Estes 5 itens são considerados assustadoramente malignos
Você talvez não queira estar perto destes objetos considerados culpados por assustar e até matar algumas pessoas
Todo acampamento entre amigos acaba rendendo alguma roda de conversas a respeito de histórias macabras que a amiga de uma vizinha da prima ouviu dizer que existia. É sempre aquela confusão. Ninguém nunca sabe se é ou não verdade, mas se quem estiver contando o “causo” for um bom narrador, é bem provável que até o mais “machão” sinta um pouquinho de medo.

As histórias que você vai ver a seguir são consideradas verdadeiras, ou pelo menos estão ligadas a fatos e não apenas suposições. O lado bom é que você pode melhorar seu repertório de situações assustadoras. Só não vale ficar com medinho na frente do computador, hein?

1 – O baú amaldiçoado
 
Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

Há 150 anos, Jacob Cooley pediu para que um de seus escravos, chamado Hosea, construísse um baú, para que Cooley pudesse guardar as coisas do filho, que deveria nascer em breve.

Hosea fez o baú, como pedido, mas por algum motivo até hoje desconhecido, a tampa do móvel simplesmente se fechou, fazendo com que o homem ficasse preso. A pancada que Hosea levou foi tão forte que ele acabou morrendo. Os outros escravos fizeram um ritual mágico de funeral, jogando sangue de coruja sobre o corpo do homem morto.

O fato é que o filho de Cooley morreu enquanto ainda era criança e, além dessa morte, outras 17 estão relacionadas ao baú amaldiçoado. O problema só foi resolvido com a ajuda de uma benzedeira. O baú existe até hoje e está em exposição no Museu da História de Kentucky, na capital Frankfort.

2 – Olho de tigre
 
Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

Tudo começou – pelo menos a parte que se sabe – quando o ator Rudolph Valentino, uma estrela do cinema mudo, resolveu comprar um anel diferente, cuja gema era conhecida como “olho de tigre”. Um amigo de Valentino viu o anel logo em seguida e alegou ter tido uma visão do ator pálido e morrendo.

Seis anos depois, aos 31 anos de idade, Valentino estava morto. Sua namorada, Pola Negri, usou o anel pouco depois da morte do namorado e, logo em seguida, ficou gravemente doente, tendo que, inclusive, abdicar de sua carreira. Ela nunca mais ficou totalmente curada.

Russ Colombo, o ator que interpretou Valentino em uma biografia, acabou tendo que usar o anel e foi morto alguns dias depois, por um tiro de revólver. A essa altura, as histórias sobre o anel já estavam muito conhecidas.

Quando a joia foi comprada por Joe Casino, permaneceu guardada, já que o novo proprietário se recusava a usar o anel antes de o feitiço ser desfeito. Casino esperou anos até usar o anel e, adivinhe: morreu uma semana depois de colocar a joia no dedo. O item está desaparecido desde os anos 60.

3 – A bruxa do beliche
 
Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

Allan e Debby Tallman compraram um beliche em uma loja de móveis usados. Inicialmente, o móvel ficou no porão da casa, mas, alguns meses depois, quando foi para o quarto das duas filhas do casal, coisas realmente estranhas começaram a acontecer na casa da família.

Assim que a cama saiu do porão, as crianças ficaram todas doentes. Em seguida, alguns eventos estranhos começaram a acontecer: o rádio mudava de uma estação para outra sozinho, as duas crianças que dormiam na cama afirmaram ter visto uma bruxa e, algum tempo após os incidentes e já depois de terem pedido a ajuda de um pastor, Allan voltava para casa e ouviu alguém dizendo “venha aqui”.

Ele seguiu a voz e chegou ao porão, onde viu fogo no chão. Allan correu, pegou um extintor e apagou as chamas. Depois disso e de outros acontecimentos bizarros, Allan e Debby colocaram fogo na cama. E, ao que tudo indica, os problemas da família acabaram em seguida.

4 – A cadeira da morte
 
Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

Um objeto com esse apelido só poderia ficar em uma mansão considerada assombrada, claro, então vamos por partes. A Mansão Baleroy, construída em 1911, é bastante conhecida, sendo que um de seus proprietários foi Thomas Jeferson.

O último morador da casa, George Meade Easby, morreu em 2005. Ele dizia que via fantasmas na mansão, incluindo o de seu irmão, Steven, que morreu ainda criança. Ainda assim, os maiores rumores sobre a mansão sempre giraram em torno da famosa cadeira da morte.

Alguns acreditam que a cadeira, com mais de 200 anos de idade, já pertenceu a Napoleão Bonaparte. A cadeira continua na casa e não é recomendado que você chegue perto dela, mesmo que ela tenha seu valor histórico.

Investigadores paranormais afirmam que o móvel é assombrado por um espectro conhecido como Amélia e, sempre que ela está presente, o quarto da cadeira fica tomado por uma névoa azul. De acordo com as histórias que se sabe a respeito, aquele que tiver coragem de sentar-se na cadeira irá morrer no mesmo momento. Até hoje, quatro pessoas já desafiaram o móvel. As mesmas quatro pessoas morreram.

5 – O vestido de noiva
 
Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

Elias Baker era um magnata do ferro há 200 anos. Sua filha, Anna, tinha tudo o que queria à disposição, mas o que ela mais desejava mesmo era encontrar seu amor verdadeiro. Isso não era problema algum para o pai, contanto que o escolhido pertencesse ao mesmo círculo social que eles.

Aí você já pode adivinhar o que aconteceu: Anna não encontrou um príncipe encantado rico; em vez disso, ela se apaixonou por um dos funcionários de seu pai. A união dos pombinhos foi proibida pelo pai, logicamente. Anna nunca se casou. Ela preferiu ficar sozinha a casar com quem não amava.

Antes de tomar essa decisão, a jovem já tinha até comprado seu vestido de noiva. O item foi guardado com muito cuidado e encontrado alguns anos depois, quando a casa da família foi transformada em um museu.

O vestido foi retirado da caixa e colocado em um manequim diante do espelho, no próprio quarto de Anna. Essa é, supostamente, a forma que a moça encontrou de ficar sempre diante do espelho, olhando-se vestida de noiva. Algumas pessoas já relataram terem visto o vestido se mexendo sozinho, como se, de fato, houvesse alguém por baixo daquele tecido.

História...

Os Vikings
Os vikings são uma antiga civilização originária da região da Escandinávia, que nos dias atuais compreende o território de três países europeus: a Suécia, a Dinamarca e a Noruega. Também conhecidos como nórdicos ou normandos, eles constituíram uma rica cultura que se desenvolveu devido à atividade agrícola, o artesanato e um notável comércio marítimo.

A vida dos vikings voltada basicamente para os mares também colaborou para que a pirataria se tornasse outra importante atividade econômica destes povos. Em várias invasões realizadas pela Europa Continental, os vikings saquearam e conquistaram terras, especialmente na região da Bretanha, que hoje abriga do Reino Unido. O apogeu da civilização viking ocorreu entre os séculos VIII e XI.
 

A invasão à Bretanha ocorreu no final  do século VIII. No ano de 865, um potente exército de vikings dinamarqueses deu início a uma guerra que teve como resultado a conquista de grande parte das terras britânicas. Em razão disso, ocorreu à consolidação do Danelaw, um extenso território viking que incluía as regiões Centro-norte e Leste da Bretanha. Neste mesmo período, os vikings prosseguiram com a expansão por terras escocesas.

A principal autoridade política entre os vikings era o rei. Em seguida, vinham  os condes e chefes tribais que por sua vez também desfrutavam de grande prestígio e poder de comando entre a população. O poder de decisão entre os vikings contava com a presença deles que, reunidos, debatiam a elaboração de suas leis próprias e as punições a serem aplicadas contra os criminosos.
 
Na área religiosa, aos vikings é atribuída rica mitologia povoada por vários deuses sempre adorados nos eventos coletivos. Várias histórias envolvem a luta entre os deuses nórdicos ou o embate entre as divindades e os gigantes. Odin por exemplo,  era adorado como “o Deus dos deuses”. Thor era a divindade mais popular,  tinha poder sobre os céus e protegia os vikings. Porém, ao longo da Idade Média, diante do processo de cristianização da Europa, os vikings foram lentamente convertidos a essa religião. Por fim, a dissolução da cultura viking ocorreu entre os séculos XI e XII.
 
Diante de inúmeros conflitos contra os nobres da Normandia e os ingleses acaba-se por estabelecer o fim desta civilização, entretanto, ainda se encontra presente em algumas manifestações da cultura europeia.

Viva a sabedoria...

O episódio do “parricídio” e a salvação da inteligência no Sofista de Platão
Em O Sofista, de Platão, o autor discute o “parricídio” e a salvação da inteligência, além de buscar determinar a estrutura da ciência humana das ideias.
Em o Sofista, de Platão, o autor buscava determinar a estrutura da ciência humana das ideias.
O esforço para determinar a estrutura de uma ciência humana das ideias, isto é, uma ciência do inteligível puro, em que intuição e discurso se aliam em unidade coerente, é o objetivo principal do diálogo sofista de Platão. Mas o problema da constituição dessa ciência absoluta, que para Platão coincide com a filosofia ou a dialética, necessita da elaboração de elementos que, ao excluírem o relativismo da opinião, como no “Teeteto”, e que ao afirmarem as ideias, como no “Parmênides”, possam estabelecer uma concepção de ciência.

Ao tentar definir o sofista e distingui-lo do filósofo e do político, Platão dá-nos indícios daquilo que será a temática do diálogo. Separando o que é, ou seja, a essência, do que parece ser, ele coloca em discussão o estatuto ontológico de um objeto, que remonta a Parmênides, e logo evidencia a necessidade de uma reformulação. Veja o porquê.

Os sofistas como contraditores ensinam, mediante salário, sua arte. Os assuntos sobre os quais pretendem formar bons contraditores versam sobre os fenômenos da terra e também os celestes, assim como sobre as leis e a política. Sejam em reuniões públicas ou particulares, mostram-se hábeis no contradizer, comunicando aos demais o que sabem sobre o devir e o ser. E é assim que eles incutem na juventude que somente eles são os mais sábios, fazendo com que sejam voluntariamente procurados e sejam pagos para ensinar sua arte.

No entanto, é impossível a um homem ser onisciente e, assim, a pretensão do sofista de possuir um saber universal não passa de uma aparência, de uma falsa realidade. Por outro lado, como é que um incompetente sobre determinada técnica pode contradizer um competente? Há na disposição do sofista de discutir sobre todas as coisas, contradizendo até mesmo um especialista e colocando essa disponibilidade de conhecer tudo ao alcance de quem quiser aprender e puder pagar, uma falsa aparência de ciência universal. Não é de se acreditar que quem pudesse não só explicar e contradizer, mas também produzir e executar todas as coisas, logo depois as venderia tão barato e as ensinaria em tão pouco tempo. Quem assim se pretende, não faz outra coisa senão imitações e homônimos da realidade, tal como a pintura e o discurso. E é a esse último que o sofista consegue dar um “brilho” especial para ilustrar a sua sabedoria e provocar o efeito ilusório que mantém sua reputação.

Desse modo, Platão, que no diálogo expõe seu pensamento através do Estrangeiro de Eleia, aborda uma tênue, porém fundamental, distinção: mostrar e parecer sem ser realmente; dizer algo sem, entretanto, dizer com verdade. Isso seria supor a existência da falsidade e do erro. Contudo, como encontrar na realidade, para dizer ou pensar que o falso é real sem que já ao proferi-lo não se caia em contradição? Esse é o refúgio do sofista que se utiliza da relação entre “ser, pensar e dizer” de Parmênides para se defender da acusação de “artífice de ilusão”. Nega ele a possibilidade de dizer ou pensar o falso e se apoia no poema do eleata:

“Jamais obrigarás os não seres a ser; Antes afasta teu pensamento desse caminho de investigação”.

Decorrente disto é o que observa Lima Vaz: “É que se toda proposição é verdadeira, nenhuma o é. A atribuição lógica não tem fundamento real estável e a ciência das ideias dissolve-se num relativismo universal”.

Surge, enfim, o problema da atribuição lógica de dois objetos reais de forma que possa exprimir a sua realidade ontológica, isto é, a sua verdade e que exige a reformulação da visão unívoca do ser parmenídico. Mas, como bem notou Lima Vaz, essa reformulação, que ocorrerá no episódio do “parricídio”, não é uma refutação a Parmênides. Ao contrário, visa salvar a verdade essencial da posição eleática que significa a primazia da inteligência e do inteligível sobre a multiplicidade confusa do sensível. E nesse problema está intrínseco o problema da dialética como ciência, já que é preciso saber quais relações ideais supremas e universais devem ser implicadas em todo juízo dialético, de modo a preservar, a um só tempo, a identidade consigo mesma e a comunhão mútua das ideias. Seria a ciência do ser verdadeiro.

Platão aceita de Parmênides a afirmação intransigente do inteligível puro, objeto imutável, acima das flutuações da opinião. Mas esse intelectualismo é um monismo radical que concebe as ideias como puramente estáticas e sem estabelecer nenhum tipo de relação. Sem renunciar ao intelectualismo, Platão tentará solucionar o problema resguardando a unidade e a multiplicidade no objeto da inteligência.

Para os gregos, o Lógos ou discurso é a expressão do ser ou do objeto, não se podendo, assim, atribuir a um ser o não ser absoluto, ou seja, é-se impossível expressar o não ser no discurso. Então, o sofista poderia replicar da acusação de ilusionista ou produtor de imagens questionando sobre o que se entende por “imagem”. A imagem é uma cópia do objeto verdadeiro e por isso mesmo não se identifica com ele. Seria ela então um não ser. Porém, há nela algum ser, um ser por semelhança que a impede de ser um não ser absoluto. Então existe um estranho entrelaçamento entre ser e não ser que obriga o reconhecimento de que o não ser de alguma forma é e o ser, sob algum aspecto, não é. A possibilidade do erro reside nessa união e ela permite que se atribua ao sofista o domínio do simulacro e de caracterizar sua arte como uma arte ilusionista que afasta do real e que forma apenas opiniões falsas em seus discípulos porque ele, o sofista, admite que o não ser é inexprimível, impronunciável, inefável, ou seja, que o não ser é. Aqui Platão sente a necessidade de sair do plano lógico-verbal e chamar a juízo o ser uno de Parmênides.

A definição do ser uno, na qual o ser é compreendido como totalidade absoluta e em que a unidade exclui a pluralidade requer uma investigação mais detalhada. Por exemplo, a dupla denominação de ser e uno ao ser é possível se ele se apresenta como absoluto? Como também lhe atribuir um nome qualquer sem reintroduzir na unidade absoluta a dualidade nome/coisa, transformando a unidade absoluta em unidade puramente verbal? Todavia, se o ser-uno se apresenta como um todo constituído de partes, a unidade a ele atribuída não é a unidade absoluta. Se o ser é um todo não composto por partes, ou o todo existe e o ser como uno é afetado pela dualidade do ser e do todo ou o todo não existe e o ser não possui unidade que é própria do todo e seria, então, infinita pluralidade. Seria essa a redução ao absurdo que Platão realizou do ser uno de Parmênides que nega a pluralidade e mostra que tal negação implica na destruição da unidade do ser.

Para melhor fundamentar sua argumentação, Platão vai ainda mais longe. Ele vai fazer uma crítica sobre a tradição filosófica aglutinando as várias tendências em dois grandes polos: os materialistas, também considerados fisiólogos, pluralistas ou mobilistas; e os idealistas, que por sua vez podem ser confundidos com os monistas ou imobilistas. Platão censura nos antigos a negligência da questão da essência, do ser (o que é?), limitando-se apenas às qualidades do objeto.

Aos primeiros, critica o fato de admitirem a existência apenas do que pode afetar a sensibilidade e oferecer resistência, ou seja, de corpos inseridos no devir. Contra eles, Platão levanta as seguintes hipóteses: ou o ser é um terceiro elemento, ou se identifica com um dos elementos ou com todos eles. Em qualquer hipótese há contradição interna entre o ser como tal em sua unidade e o grupo de elementos com os quais é identificado e por isso haveria a determinação prévia da noção do ser em si mesma, na pura inteligibilidade.

Aos segundos, que separam o devir do ser e acreditam que o corpo está em contato com o devir enquanto a alma contempla o verdadeiro que é incorpóreo, é uma ideia que se mantém sempre idêntica, Platão questiona o sentido dessa comunhão. Como é que a alma, que é ativa, conhece algo que é imóvel, ou seja, passivo, sem que este, a partir desse processo, entre em movimento?

O que Platão quer evidenciar é que não há nem mobilismo nem imobilismo universais. Ele propõe aos materialistas a existência de algumas formas incorpóreas para quebrar a rigidez de sua posição. Se se aceita que o que torna a alma justa, sábia e bela, é a presença e a posse da Justiça, da Sabedoria e da Beleza e como esses objetos não são corpóreos, então se admite alguns entes incorpóreos. Para os idealistas, é necessário que se introduza o movimento como possibilidade de relação, no seio do ser inteligível, a fim de superar a rigidez do uno eleático que os “amigos das ideias” atribuíam a elas. É nesse sentido que Platão cunha o termo dýnamis (potência), que significa a capacidade de agir ou de sofrer ação e que possibilita a superação das duas posições extremas, além de permitir que a natureza do ser se revele. E, no “Sofista”, esse termo expressa o caráter de um princípio, ativo ou passivo de relação, a qual, de forma generalizada, compreende a própria relação ideal de ser conhecido, que não implica nenhuma alteração real no objeto. É a dýnamis que implica a atividade na faculdade de conhecer (sujeito-alma) e a passividade no objeto conhecido. É a própria condição de sua realidade já que é através dela que se manifesta o ser real. E se essa relação é excluída do plano da existência (portanto legada ao da geração) e não se admite que a alma conheça e que a existência (objeto) seja conhecida, tem-se o seguinte dilema: ou se recusa ao ser, em sua totalidade, o movimento, e, portanto, a vida, a alma e a inteligência, ou se concede que estas pertençam ao ser total, mas lhe recusa o movimento. A primeira hipótese nega a realidade da inteligência e, então, a possibilidade de conhecer. A segunda é, evidentemente, um absurdo.

Assim, Platão recusa a identidade do ser ao movimento e ao repouso. Ao contrário, o ser é exterior e é por eles participado. A alma (e com ela o movimento) entra no âmbito perfeitamente real com o mesmo título das Ideias, sob pena de se tornar impossível todo o conhecimento. Porém, esse movimento não afeta a realidade intrínseca das ideias, pois a condição essencial do conhecimento é a permanência de estado, de modo e de objeto.

Arte...

A ARTE COMO PARTE DA CULTURA

Através do esforço físico e intelectual o ser humano desenvolveu ao longo dos anos, séculos e milênios, sua existência, a qual deu o nome de cultura. É através dela que conseguimos reunir todos os avanços e conquistas, misturá-las com os sonhos e esperanças para caminhar rumo ao futuro. Tudo isso foi e é possível, pelo fato do ser humano ter a capacidade de imaginar e antecipar a criação, assim desenvolveu habilidades que chamou de arte.
Na forma de consciência estética é que a arte se situa. Esta forma de consciência é constituída por: sentimentos, gostos, impressões, imaginação etc. tanto assim que a estética é definida como a “faculdade de sentir” que tem cada ser humano.
Esta faculdade, se desenvolve, por um lado espontaneamente. Pela intuição as pessoas conseguem diferenciar o belo do feio, o simples do elegante, a harmonia do barulho, a combinação da descombinação das cores etc.
Há por outro lado, o nível científico da consciência estética, onde as teorias explicam as experimentações, a lógica e o valor das descobertas, as origens e as leis de seu desenvolvimento, função que desempenha na sociedade etc. Por isso a estética também traduz os interesses de classes de uma sociedade.
A consciência estética portanto, determina a reflexão do ser humano que vive em sociedade e lhes dá a noção de sua importância social.
A consciência estética se desenvolveu a partir das atividades práticas que acompanharam e formaram o ser humano desde a sua origem, quando teve que buscar através da criatividade, formas de produzir sua existência. Mas incluiu-se neste criar, a beleza, pois não se tratava somente de produzir alimentos, mas sim de percebe-los e transformá-los em obras de arte. Assim surgiu o “artista” no sentido amplo. A imaginação ia além do que o indivíduo tinha capacidade de realmente fazer.
Ou como nos diz Souza Barros: “O homem já em grupo organizado torna-se artesão. A capacidade de criar instrumentos levou-o a essa posição excepcional. O caminho da arte já se revelava, pois na medida em que ele tinha conseguido ou dado forma independente aos sonhos e imagens encontrou os meios de expressão para uma linguagem simbólica”.
Não se tratava portanto, para dar um exemplo, apenas de plantar a semente que produziria o alimento. O cuidado com a limpeza da terra, a ordem em que se colocava as sementes enfileiradas, o cuidado com os insetos predadores, o recolhimento através da colheita, a armazenagem, o preparo do alimento e a forma de servi-lo. Ainda restavam as sobras após fartar-se, a que se deveria dar algum destino.
A Arte acompanhou a produção da existência, foi e é parte da cultura. Ajuda a compor a consciência estética dos indivíduos e dos grupos sociais.
Vamos então destacar alguns aspectos que contribuem para interpretar e impulsionar a valorização da arte no MST.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Como nos diz M. Chaui, “A palavra arte vem do latim ARS e corresponde ao termo grego TECHNE, técnica, significando: o que é ordenado ou toda a espécie de atividade humana submetida a regras. Em sentido lato, significa habilidade, desteridade, agilidade. Em sentido estrito, instrumento, ofício, ciência...”
Se a arte significa técnica e, por tanto, o que é ordenado, a obra de arte tem características que estão vinculadas às habilidades humanas, mas também ao conhecimento de regras.
Segundo nos diz a mesma autora, os antigos filósofos faziam uma distinção, onde se separava “Ciência-Filosofia de arte ou técnica”, e que poderíamos caracterizá-la da seguinte forma:
As que auxiliavam a natureza como; a medicina e a agricultura
As que fabricavam objetos utilizando a natureza, como o artesanato
E as que se relacionavam com o homem para torná-lo melhor ou pior como, a música, poesia, canto etc.
Com o surgimento do capitalismo, houve a valorização do trabalho e as artes sofreram uma nova separação, distinguindo-se entre:
Artes de utilidade – as que são úteis ao homem como: a medicina, a agricultura, a culinária, o artesanato etc.
Artes de beleza - aquelas cujo fim é o belo como: pintura, escultura, arquitetura, poesia, música, teatro e dança. Nasceu assim o conceito das (sete) belas artes.
Dessa forma é que a sociedade passou a entender a arte, separada da técnica. Entendo que arte é “ação individual espontânea vinda da sensibilidade e da fantasia do artista como gênio criador”. O técnico passou ser um indivíduo que aplica regras e receitas e, o artista (profissionalizado), aquele que tem inspiração, ou “iluminação interior”. Surgiu com isso o “juízo de gosto” onde o público avalia e julga as obras feitas por alguém que está muito acima dele.
No último século porém, segundo a autora, houve uma modificação na relação entre arte e técnica. A técnica passou ser “tecnologia”, forma de conhecimento e, a arte “expressão criadora” menos misteriosa. Uma passou a depender da outra para se desenvolver. “As artes não pretendem imitar a realidade, nem pretendem ser ilusões sobre a realidade, mas exprimir por meios artísticos a própria realidade”.
JUNTANDO AS PARTES

Todos os gestos humanos empregados para produzir a existência tem sua beleza e por isso consideramos arte. Fazem parte da consciência estética do indivíduo.
É justamente este esforço e este reconhecimento que pretendemos com a revolução cultural; imprimir mais beleza e arte na assimilação e implementação dos conhecimentos técnicos. Dessa forma, as técnicas agrícolas por exemplo, para nós terão também um significado estético que, desafiará a criatividade dos Sem Terra, no cultivo, produção, industrialização, empacotamento e colocação dos produtos no mercado.
Estes avanços devem nascer da sensibilidade, preocupação e interesse dos artistas, que, em nosso caso, são todos os componentes do MST. Porque esta arte não pode retratar apenas a ansiedade e percepção de um artista, mas toda a realidade em transformação. Assim o cultivo da terra que germina a semente e sustenta as raízes, não será apenas matéria de poesia para o poeta que capta com sua sensibilidade esta reação, mas a própria existência da terra que esconde aspectos preciosos e que encanta por si mesma, sem esperar que as letras das músicas e poesias revelem o que por si só já é uma revelação.
A pintura e o melhoramento das casas, representa o despertar da consciência do artista, onde, a combinação das cores artificiais, se combinam com os infinitos matizes naturais, criando assim sintonia entre, a beleza produzida e a beleza criada.
A ornamentação feita através de jardins e pomares implantados, ajudam a desenvolver a forma arquitetônica da consciência, onde a casa é a referência primeira e, ao seu redor, vão germinando as sementes de beleza, que darão destaque à moradia onde vivem seres humanos, que usufruem o direito de criar a própria liberdade.
O escavar o chão com as enxadas, torna o lado escultor do Sem Terra, sensível, onde não se pode simular os gestos, devem ser reais para que o “carpido” apareça como resultado do esforço empregado.
O real e o desejo dos sujeitos vivos se misturam, não simplesmente na poesia, mas no movimento que forma essa nova realidade. Arte é dar forma à imagem de algo que nunca existiu.
Dessa mistura de gente com terra é que acontece a reforma agrária, e não apenas com a distribuição da terra. Distribuir terra é somente técnica, misturar gente com terra é arte e técnica se juntando. Arte então são, “p-artes” que se juntam para formar uma nova realidade, eis o conceito que surge de nosso caminhar político.
É portanto uma mistura de realidade com a intuição de um futuro que almeja vir a ser, por isso, artistas são aqueles que sempre estão à frente na interpretação e aceitação dos desafios.
Dessa maneira, Sem Terra deixa de ser condição social para tornar-se sócio artístico que cava na própria consciência o aterro para edificar a nova história. Sem beleza a luta não vinga, pois não atrai energia para fortalecer-se.
O complicador é quando o “artista” retrata apenas de forma abstrata esta realidade, e não se deixa compreender, nem possibilita os “espectadores” se vincularem a ela, porque substitui por uma imagem irreal o sujeito da construção da história. Quando abandona a técnica e não compreende a realidade, por isso transporta-se para o além. Assim a arte deixa de cumprir com sua função de incentivadora das mudanças sociais.
A arte cumpre o papel de ajudar a interpretar a realidade e, ao mesmo tempo que “destapa” o que está escondido em suas dobras, liga-se com as impossibilidades de realização imediata, mas alimenta a utopia sem tirar os pés do chão.
A arte é o grito simbólico que avisa que, o que existe pode ser diferente.
“A arte é a reflexão da realidade em imagens artísticas, que traduzem o mundo espiritual da sociedade. Cumpre assinalar que a arte manifesta não somente o mundo espiritual dos artistas, mas praticamente todos os sentimentos sociais...”
Assim é que nasce a mística socialista, sendo ela o desejo de antecipar o impossível em imagens simbólicas, possibilitando o começo de sua edificação no tempo presente.
A arte ao mesmo tempo que retrata esta combinação entre o real e o ideal, reflete a ideologia de classe, se o artista tiver esta preparação e percepção. Um artista que ignora a realidade social, reproduz apenas sentimentos distorcidos.
A classe dominante se utiliza da arte para obscurecer os aspectos de dominação da classe trabalhadora, esta por sua vez, deve utilizar a arte para esclarecer e desvendar os aspectos obscuros da realidade para transformá-la.
Neste sentido as obras de arte tem: conteúdo, mensagens, imagens, sons, cores etc. são signos que representam a intenção e a realidade ao mesmo tempo, entrelaçando as partes, emitindo novas sensações e reações, forjando novos acontecimentos.
Esta consciência estética se forma e se transforma na medida em que vai-se transformando o ser social, este irá desenvolvendo novas formas de produção artísticas, adequadas aos hábitos e relações sociais.

A ARTE E A FUNÇÃO NO MST

Há sinais de manifestação artísticas na construção do MST que devemos valorizar como elementos da construção da consciência estética como por exemplo, o aprendizado de fazer e alinhar os barracos nos acampamentos, ou a organização das filas nas marchas. São aspectos que representam o gosto pela beleza e a criatividade de demonstrar para a sociedade os aspectos bonitos da organização.
Os materiais didáticos que recorrem à ciência e à técnica para serem elaborados, demonstram o aspecto consciente da arte que a militância desenvolve.
Mas é na mística que se revela a sensibilidade artística de milhares de pessoas, fundamentalmente quando se usa o teatro como forma de expressá-la. “O teatro reinventa o homem, apresenta-o e faz da existência uma contínua criação”.
Há um prazer incontido em representar a história que trás em si a “gabolice” do caipira, que sem deixar de mostrar suas deficiências, nunca perde, porque quando o conto está ameaçado, recorre aos sonhos para antecipar a realidade que deseja construir.
Retrata-se a dor, a morte e o sofrimento, mas a dinâmica da peça da vida, apresenta a solução final vitoriosa quando, simbolicamente, expulsa o imperialismo, derruba as cercas, põe comida farta sobre a mesa para que todos participem do banquete, e, usando todas as cores, desenha o raiar do sol do socialismo.
Esta mística que forja o arquétipo de um novo sujeito histórico, arquiteto dos próprios sonhos, precisa conduzir para uma permanente encenação real, de figurantes que se transformam em artistas, na cooperação do trabalho, na participação das decisões políticas, no embelezamento do espaço geográfico, nas relações afetivas, na diversão e na festa.
Além do mais, essa capacidade de criar e encenar, deve sair dos encontros e se reproduzir no local onde as pessoas que vão aos encontros vivem. Porque é possível fazer uma encenação por dia em um encontro e, as mesmas pessoas não conseguem fazer uma encenação por mês em seu assentamento?
É porque, para criar precisa-se de liberdade. Precisamos libertar o que está preso dentro das pessoas que evitam expor-se diante dos seus iguais, por isso é mais fácil soltar-se diante dos “desconhecidos”. Mas por outro lado é preciso ajudar a criar. A encenação para nós não é um faz-de-conta, são sonhos virando realidade. Só o exercício treina.
Nossa arte vai além das belas artes (música, poesia, teatro, dança, arquitetura, pintura e escultura) liga-se à vida e a utopia socialista. Precisamos levar a matéria de Educação Artística para fora das escolas. Por que somos antigos espectadores que se transformaram em “artistas” da própria história.
É preciso abrir-se para a sensibilidade, eliminar os preconceitos e os complexos reprimidos para não somente libertar a arte, como também a cultura e o ser humano.
Para que isso aconteça precisamos evoluir no pensamento filosófico do que representa esta transformação, do jeito de produzir nossa existência.

REPRESENTAR-SE A SI PRÓPRIOS

Há uma tese de José de S. Martins, analisando a música sertaneja, onde diz que, o caipira sempre foi representado: “... não é o verdadeiro caipira quem compõe e canta. Cada compositor e cantor procura adequar-se á imagem do caipira, fazendo de conta que é caipira”.
Para onde vai então a sensibilidade deste ser Sem Terra, que busca na desobediência civil auto afirmar-se como sujeito histórico? As cidades quebram a rotina com os seus passos em procissão. Os bancos fecham o expediente do costumeiro atendimento para receber clientes especiais que, prometem voltar só no ano seguinte, para fazer cumprir as promessas dos governantes.
Não! O lote e a desorganização não podem ser mais fortes que o anseio e a mística para destruir em poucos dias este artista da política, que prefere encolher-se e delegar aos outros o direito de representá-lo. Por que volta a ser espectador se a pouco era o próprio artista?
Os poucos que representam, passam a substituir os milhares de sujeitos em algumas áreas necessárias para o consumo interno como, a música e a pintura. Voltamos então a entender a arte com o estreito conceito de ser somente música e pintura.
Isso pode ser ainda pior do que “representar o caipira”. Abandona-se o seu potencial de criatividade e acompanha-se a indústria de consumo, preenchendo este oco deixado pela música raiz, moda de viola, catira, reisado, forró etc., com o Reeg o Funk ou o “sertanejo pop” como se fossem ritmos mais revolucionários. As verdadeiras raízes musicais nascidas no campo, quase sempre são alimentadas, por cantores informais nas “periferias” dos encontros e reuniões, que sem incentivo para subirem ao “palco”, protestam a seu modo, com suas gargantas empoeiradas e dedos lanhados que arrancam das cordas o que aprenderam de ouvido.
É por isso que a música, (mesmo sendo o aspecto de maior desenvolvimento) também no MST, está deixando de ser arte, no sentido que disse Rosa ao entrevistar João Pacífico, caracterizando a mudança de instrumentos, ritmos e conteúdo “... a música deixou de ser arte, expressão da alma do povo para se transformar numa indústria gigante... A esta altura o capiau já perdera a ingenuidade e a roça, o encanto”.

É nesse contexto que ao mesmo tempo que parecem perderem a ingenuidade, os Sem Terra, perdem também as raízes culturais. Pela falta de disposição para resgatá-las e, por não ter nome e fama, valoriza-se pouco àqueles que com seus velhos instrumentos, poderiam representar-se a partir do lugar onde vivem, e não ser representados por àqueles que os representam com os olhos, os hábitos e os vícios da cidade.
A valorização daquele “que ainda espera por acontecer” passa pela valorização e mudança de método com aqueles já “acontecidos”. É desgastante e pouco frutífero, levar cantores nossos a deslocarem-se por longas distâncias, para cantarem músicas já “batidas” e algumas com mensagens ultrapassadas, que a própria massa já canta sem acompanhamento. A estes cabem programações mais intensas onde se busque descobrir novos aspectos do trabalho de base, como já dissemos em outras ocasiões, da valorização da noite, da fogueira e daqueles que já não tem condições e nem vontade de participar de eventos. Assim nossos cantores obrigam-se a ir além da animação, mas buscar elementos para tornarem-se “maestros” que regem o aprendizado e deixam sementes geminando no campo da arte quando vão embora.
Esta iniciativa passa também pela valorização dos cantores, poetas, escultores, animadores etc. locais, para que dinamizem através da arte o desenvolvimento da consciência estética.
Por isso é de fundamental importância o que o Mineirinho vem fazendo em São Paulo, onde procura, não só resgatar a viola, mas os sons e o conteúdos produzidos por ela na cultura regional.
No alto clero da música brasileira, fala-se em “Turner” com espetáculos montados. Não é o nosso caso, mas é fundamental implementar o método de montar espetáculos sobre a própria realidade com grupos de animadores da cultura no próprio estado. Não existe somente o militante da política, existe também o militante da arte que se transforma em política da: música, poesia, teatro, pintura, escultura. Fala-se em festivais e “Mostras” nacionais, são boas iniciativas, mas há um espaço enorme para o indivíduo “se mostrar” ali próximo de onde vive. Muitas dúvidas de encaminhamentos acontecem porque as ideias avançaram muito além da prática e da realidade concreta. É preciso fazer as pernas apressar-se para acompanhar a cabeça.
É verdade que em nosso movimento todas as expressões culturais tiveram e ainda tem dificuldades de serem reconhecidas, não por maldade, mas por desconhecimento. A música teve, por necessidade de recreação, incentivo e tolerância maior. Mas este espaço conquistado pela música não faz jus à qualidade no momento presente. Podemos dizer que, a música cavou seu espaço no MST e se acomodou.
Circula em torno de sua própria ordem e não sobre a ordem da necessidade que a organização tem, de destapar os desafios e elevar a motivação para buscar sua superação. Ela já não reflete na totalidade a alma dos Sem Terra.
Arte não é imitar nem copiar, é criar, como disse José Martí: “Reproduzir não é criar, e criar é o dever do homem”
. Então o espaço conquistado deve ser ampliado e qualificado. Não somente criar letras (que no momento estão aquém das necessidades) mas ritmos que resgatem as raízes e valores morais. Enfim, imprimir arte nesta área.
Avançaremos quando as peças de teatro forem escritas e menos improvisadas nas místicas dos encontros. Quando as crianças em concursos semanais de pintura, modificarem a aparência da escola. Quando as letras das músicas contribuírem para a mudança de comportamento Quando os adultos valorizarem a beleza como parte constitutiva da vida. Enfim, quando cada Sem Terra assumir a responsabilidade de que é arquiteto da própria existência e cada área conquistada tornar-se uma escola de valorização e formação de artistas revolucionários.
Todas as produções artísticas se mantém atuais quando a vida não consegue passar adiante das mensagens, das palavras, dos traços e dos valores de um povo.
Em cada consciência há um fogo que arde é preciso libertá-lo antes que se apague.
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Ademar Bogo
Julho de 2001
Souza Barros. Arte Folclore, subdesenvolvimento. Civilização Brasileira. 1977.
Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. Ática. SP 2000
Idem.
B. I. Siussiukálov. Fundamentos metodológicos e métodos de estudo da filosofia. Edições Progresso
Joana Lopes. Pega Teatro. CTEP. São Paulo 1981.
J. S. Martins. Capitalismo e Tradicionalismo. Biblioteca Pioneira de C. Sociais. SP 1975.
Rosa Nepomuceno. Música Caipira da Roça ao Rodeio. Editroa 34, SP 1999
“José Martí. Versos Singelos

Entendendo...

Soberania nacional e Ordem Mundial
Um País de grande importância na Ordem Mundial
A soberania de um país, em linhas gerais, diz respeito à sua autonomia, ao poder político e de decisão dentro de seu respectivo território nacional, principalmente no tocante à defesa dos interesses nacionais. Nesse sentido, cabe ao Estado nacional (ao governo, propriamente dito) o direito de sua autodeterminação em nome de uma nação, de um povo. Por outro lado, o conceito de ordem mundial remete à ideia de uma organização ou hierarquia dada pelas relações de poder entre atores internacionais, isto é, os próprios países ou Estados.

Dessa forma, qual a relação entre os conceitos de soberania e ordem mundial? Trata-se de conceitos complementares em política e relações internacionais. Qualquer leitura menos atenta de tais categorias pode levar à impressão de uma aparente contradição entre ambas, uma vez que a ideia da “anarquia” de soberanias poderia pressupor a ausência da ordem (uma Ordem Mundial propriamente dita). Segundo Giovanni Arrighi, o caos sistêmico (entre soberanias) demanda uma ordem, e tal situação favorece o surgimento de uma hegemonia. O poder hegemônico é dado, de certo modo, pelo consentimento e coesão entre os países e, dessa forma, quem (dentre os países) atender à demanda criada pelo referido caos sistêmico será tido como hegemônico.

O processo da formação de hegemonias foi se transformando ao longo dos séculos. Com o desenvolvimento das práticas capitalistas, temos uma organização da geopolítica do mundo que sai da legitimação religiosa, dinástica e política (predominantes outrora) para outra, dada pela capacidade técnica, bélica e financeira. Com a complexalização dos meios de produção e recrudescimento do capitalismo, há uma nova estruturação do espaço, a qual norteou o comportamento das soberanias pelo globo, entre fortes e fracos, ou centro e periferia, consequência direta da divisão internacional do trabalho e da produção.

Assim, o que legitima o diálogo entre as soberanias (dentro de uma ordem) é a busca de mecanismos que diminuam os “custos” da convivência mútua, com o discurso (ideológico até certo ponto) da promoção da paz e do desenvolvimento, seja para ricos, seja para pobres, fato que justifica a existência de discussões em fóruns internacionais sobre economia, promoção social e sobre a própria ordem mundial.

As potências que se destacam possuem um discurso legitimador para sua empreitada: são fiadoras, dão credibilidade e cobram respeito. Grosso modo, a Ordem Mundial pode ser considerada pertinente ao comportamento “habitual” dos países. Este hábito é delineado por suas ações diretas e indiretas enquanto soberania e, obviamente, está ligado de forma intrínseca às suas principais características econômicas, políticas, físicas (geográficas), ideológicas e religiosas. Em outras palavras, os países ocupam posições no sistema internacional conforme suas características mais gerais que lhe conferem maior ou menor destaque. Obviamente, nem todos os países consideram como legítimo o poder de algumas hegemonias, manifestando-se contrários a este poder. Exemplo disso estaria na relação de hostilidade aos Estados Unidos por parte de alguns países como Irã e Venezuela.

Ao longo do século XX, o que se assiste é o fortalecimento da hegemonia norte-americana, principalmente ao final da Guerra Fria. Já no início do século XXI, em termos de sistema internacional, algumas transformações são muito significativas, pois, se por um lado os Estados Unidos ainda possuem o status de maior potência mundial, apesar de problemas internos em sua economia, por outro já divide espaço no cenário da economia internacional com a União Europeia e com os chamados BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China). Ou seja, há indicações de que o sistema internacional torna-se cada vez mais complexo, fato que sugere um rearranjo das relações internacionais.

Claramente, as hegemonias e potências mundiais possuem estratégias diplomáticas não necessariamente para regular o “bom funcionamento” do sistema internacional, mas sim para atender a seus interesses em primeira instância, principalmente do ponto de vista econômico. As medidas protecionistas adotadas no momento da crise econômica (bem como os subsídios por parte dos governos para alguns setores) são representativas disso, uma vez que garantem maiores vantagens de competitividade para a produção nacional de seus países no mercado internacional.

Como se viu, embora a enorme crise econômica que se instaurou na economia mundial em meados de 2008 tenha se originado nos grandes centros financeiros das principais potências do mundo, os países considerados em desenvolvimento também foram chamados à discussão de alternativas para se alcançar uma saída. Em outras palavras, no plano das relações internacionais, o caos econômico causado por poucos teve de ser enfrentado por todos, dadas as consequências diretas ou indiretas sobre as economias em todo o mundo.

Além disso, muitas vezes a retórica dos discursos destas potências não coincide com as práticas políticas. Há um consenso em relação ao desenvolvimento sustentável, mas as posturas na prática são diferentes. As questões pertinentes ao aquecimento global, tão em voga na ordem do dia, parecem atender a uma agenda pressuposta como internacional, mas que na prática está alinhada aos interesses dos mais fortes (política e economicamente) e divide as responsabilidades (em grande parte “suas”, considerando a relação poluição/desenvolvimento industrial) com todos.

Assim, ao se refletir sobre as relações internacionais e sobre os conceitos de soberania e hegemonia, algumas questões são possíveis: até que ponto realmente as soberanias são respeitadas na atual conjuntura, uma vez que em nome da “democracia”, da luta contra o terrorismo e dos valores ocidentais de “liberdade”, países como Estados Unidos e outras potências da União Europeia se unem para comandar ataques, invasões e guerras contra outras nações? O modelo econômico liberal difundido no mundo não aumentaria o fosso das desigualdades econômicas entre os países? Como a soberania nacional de um país dependente economicamente estaria assegurada num contexto de globalização da economia quando o interesse dos mais fortes prevalece?

Curiosidade...

Patrimônio Histórico Cultural
O reconhecimento do patrimônio histórico abarca os mais variados elementos da cultura.
No significado mais primitivo, a palavra patrimônio tem origem atrelada ao termo grego pater, que significa “pai” ou “paterno”. De tal forma, patrimônio veio a se relacionar com tudo aquilo que é deixado pela figura do pai e transmitido para seus filhos. Com o passar do tempo, essa noção de repasse acabou sendo estendida a um conjunto de bens materiais que estão intimamente relacionados com a identidade, a cultura ou o passado de uma coletividade.

Essa última noção de patrimônio passou a ganhar força no século XIX, logo que a Revolução Francesa salientou a necessidade de eleger monumentos que pudessem refutar o esquecimento do passado. Nesse período, levando-se em conta a noções historiográficas da época, os monumentos deveriam expressar os fatos de natureza singular e grandiosa. Sendo assim, a preservação do passado colocava-se presa a uma noção de “melhoria”, “evolução” e “progresso”.

Além dessas primeiras noções, o conceito de patrimônio também estava articulado a um leque de valores artísticos e estéticos. Preso ainda à construção de monumentos e esculturas, o patrimônio deveria carregar em seu bojo a tradicional obrigação que a arte tinha em despertar o senso de beleza e harmonia entre seus expectadores. Com isso, as produções artísticas e culturais que poderiam evocar a identidade e o passado das classes populares, ficavam plenamente excluídas em tal perspectiva.

Avançando pelo século XX, observamos que as noções sobre o espaço urbano, a cultura e o passado, foram ganhando outras feições que interferiram diretamente na visão sobre aquilo que pode ser considerado patrimônio. Sobre tal mudança, podemos destacar que a pretensa capacidade do patrimônio em reforçar um passado e uma série de valores comuns, acabou englobando outras possibilidades que superaram relativamente o interesse oficial do Estado e as regras impostas pela cultura erudita.

A conceituação atual do patrimônio acabou estabelecendo a existência de duas categorias distintas sobre o mesmo. Uma mais antiga e tradicional refere-se ao patrimônio material, que engloba construções, obeliscos, esculturas, acervos documentais e museológicos, e outros itens das belas-artes. Paralelamente, temos o chamado patrimônio imaterial, que abrange regiões, paisagens, comidas e bebidas típicas, danças, manifestações religiosas e festividades tradicionais.

Ainda hoje, vemos que os governos assumem o papel de preservar e determinar a construção dos patrimônios de uma sociedade. Uma gama de técnicos, acadêmicos e funcionários é destinada à função de preservar todos esses itens, que articulam e garantem o acesso às memórias e experiências de um povo. Com isso, podemos ver que o conhecimento do patrimônio abarca uma preocupação em democratizar os saberes e fortalecer a noção de cidadania.

Com a diversificação dos grupos que integram a sociedade, podemos ver que os patrimônios também incentivam o diálogo entre diferentes culturas. Não raro, todas as vezes que fazemos um passeio turístico, temos a oportunidade de contemplar e refletir mediante os objetos e manifestações que formam o patrimônio do lugar que visitamos. Nesse sentido, a observação dos patrimônios abre caminho para que tenhamos a oportunidade de nos reconhecer e reconhecer os outros.

Piada...

 
Guia Prático da Ciência Moderna
1. Se mexer, pertence à Biologia.
2. Se feder, pertence à Química.
3. Se não funciona, pertence à Física.
4. Se ninguém entende, é Matemática.
5. Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
6. Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, pertence à Informática.
7. Se não tiver graça, pertence ao Humortadela.

Mais uma etapa superada...