domingo, 14 de setembro de 2014

Sem noção...


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Coveiro é suspenso na Espanha após selfie com cadáver

O coveiro do cemitério de Guardamar del Segura, na cidade espanhola de Alicante, foi despedido por um motivo inusitado e macabro. O homem posou com um cadáver mumificado, junto com um parente do morto, segundo informações do jornal espanhol Publico. A foto foi muito difundida em redes sociais como o Twitter e o Facebook.

O bizarro registro fotográfico aconteceu no final de agosto de 2014. Os familiares abriram o jazigo para enterrar a esposa do defunto no mesmo local, então, o coveiro e um parente do morto resolveram registrar o momento num selfie. A prefeitura afastou o coveiro enquanto decide qual deverá ser a medida disciplinar a ser tomada. Vamos combinar que não é algo muito legal de postar por aí, né?

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/vi-na-
internet/coveiro-e-despedido-na-espanha-apos-selfie-com-cadaver-000618307.html

Somos todos iguais...


Brasil ainda nega existência de racismo, diz ONU

Torcedora grita ofensas racistas para o goleiro Aranha (Reprodução/ ESPN)

]Torcedora grita ofensas racistas para o goleiro Aranha 

O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e "permeia todas as áreas da vida" no País. A conclusão é da ONU que, ontem, publicou seu informe sobre a situação da discriminação racial no País e concluiu que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte dela ainda "nega a existência do racismo".

A publicação do informe coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil por causa da expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos de sua torcida contra o goleiro Aranha, do Santos. Nesta semana, Pelé também causou polêmica ao minimizar o problema.

Mas as constatações dos peritos da ONU, que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os negros no País são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação do PIB. Mas são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.

Para a entidade, um dos maiores obstáculos para lidar com o problema é que "muitos acadêmicos nacionais e internacionais e atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". "O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais", destacou a ONU. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

https://br.noticias.yahoo.com/brasil-ainda-nega-exist%C3%AAncia-racismo-diz-onu-121500778.html

Em nome de um amigo imaginário...

Entenda porque o Estado Islâmico usa técnicas tão brutais

Para militantes, a violência extrema é uma decisão consciente de aterrorizar os inimigos, além de impressionar seus jovens recrutas

 
Decapitações, crucificações, apedrejamentos e genocídios são práticas recorrentes de grupo radical

A terceira decapitação divulgada em vídeo nas últimas semanas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), no sábado, trouxe mais uma vez à tona a pergunta: por que os militantes são tão cruéis?

Nos últimos meses, foram divulgados relatos e até vídeos de decapitações, crucificações, apedrejamentos, genocídios e sepultamento de vítimas vivas nas regiões que dominam no Iraque e na Síria.

Enquanto forças de quase 40 países se preparam para lançar uma ofensiva militar contra o EI, liderada pelos Estados Unidos, muitos tentam entender o que está por trás da selvageria dos jihadistas.

Para os militantes, a violência extrema é uma decisão consciente de aterrorizar os inimigos, além de impressionar e cooptar seus jovens recrutas.

O Estado Islâmico é adepto da doutrina de guerra total sem limites e restrições – não há, por exemplo, arbitragem ou transigência quando se trata de solucionar disputas mesmo com rivais sunitas.

E, ao contrário da organização que lhe deu origem, a al-Qaeda, o EI não recorre à teologia para justificar os crimes.

A violência tem suas raízes no que pode ser identificado como "duas vertentes", segundo a escala e a intensidade da brutalidade.

A primeira, liderada por discípulos de Sayyid Qutb – um islamita egípcio radical considerado o teórico supremo do jihadismo moderno -, tinha como alvo regimes árabes seculares pró-Ocidente ou o que chamavam de "inimigo próximo", e, no geral, demonstrava moderação no uso da violência política.



Após o assassinato do presidente egípcio Anwar Sadat, em 1980, essa insurgência islamita se dissolveu até o final dos anos 90 ao custo de 2 mil vidas. Muitos dos militantes haviam seguido para o Afeganistão nos anos 80 para combater um novo inimigo global – a União Soviética.

 
'Máquina mortífera'
A jihad ("guerra santa") afegã contra os soviéticos deu origem à segunda vertente que, mais tarde, ganhou um alvo específico – o "inimigo distante": os Estados Unidos, e em menor grau, a Europa.

Essa segunda onda foi encabeçada por um multimilionário saudita que virou revolucionário, Osama Bin Laden.

Bin Laden fez um grande esforço para racionalizar o ataque da al-Qaeda aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, chamando-o de "jihad defensiva", ou retaliação contra a dominação americana das sociedades muçulmanas.

Consciente da importância de arrebanhar corações e mentes, Bin Laden enviou sua mensagem aos muçulmanos e até a americanos como uma espécie de auto-defesa, e não agressão.

Esse tipo de justificativa, no entanto, não tem relevância para o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, que não parece se importar com o que o mundo pensa da sanguinolência dos ataques do grupo.

Em contraste às duas primeiras vertentes, o EI professa ação violenta sem qualquer preceito teórico ou teológico e em nenhum momento demonstrou ter um repertório de ideias que sustente e nutra a sua base social. Trata-se de uma máquina de matar alimentada por sangue e armas.

Indo além da doutrina de Bin Laden de que "quando as pessoas veem um cavalo forte e um cavalo fraco, por natureza vão escolher o mais forte", a vitória por meio do terrorismo de al-Baghdadi indica a amigos e inimigos que este é um "cavalo vencedor".

"Saia do caminho ou você será esmagado; junte-se a nós e faça história" parece ser o lema do EI.

Evidências cada vez mais fortes mostram que, nos últimos meses, centenas senão milhares de antigos e obstinados inimigos do EI, como a Frente al-Nusra e a Frente Islâmica, responderam ao chamado de al-Baghdadi.



Tolerância zero aos homofóbicos...


Dói', diz mulher que desistiu de casar com namorada após polêmica no RS

Rita Bolson ficou do lado de fora do Fórum e lamentou não ter casado.
Caso ganhou repercussão após CTG pegar fogo em Livramento.

 Rita, Santana do Livramento, casamento gay, RS (Foto: Estêvão Pires/G1)
Rita observou movimentação do lado de fora do Fórum

O casamento coletivo realizado na tarde de sábado (13) no Fórum de  Santana do Livramento tinha inicialmente a inscrição de dois casais homoafetivos formados por mulheres. Entretanto, com a polêmica criada em torno do assunto, um dos pares acabou desistindo no fim de agosto de participar da cerimônia que ocorreria em um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, atingido na quinta-feira (11) por um incêndio criminoso.

Do lado de fora do Fórum onde 28 casais oficializaram a união, Rita Bolson acompanhou a movimentação para o evento e chorou emocionada por não ter realizado o sonho de casar com a companheira neste final de semana. Ela conta que precisar desistir causou sofrimento.

"Dói, dói mesmo estar nessa situação. A gente tem assumir o que é, mas é preciso respeito em primeiro lugar. As pessoas em Livramento têm que dar mais apoio", disse ao G1, pedindo para que seu rosto não fosse mostrado.

As noivas decidiram não participar devido à repercussão do caso, considerada negativa por elas, já que a celebração ocorreria em um CTG. No dia 28 de agosto, declararam a um jornal local que não queriam ser expostas na mídia e preferiam trocar alianças em um evento menos polêmico, já que só queriam "casar em paz".

Para Rita, portanto, o sonho do casamento se mantém. "Desta vez não deu, mas no ano que vem nós vamos enfrentar tudo o que vier. Meu sonho era ter vindo em uma carruagem com minha companheira", contou emocionada.

Convidados acompanham casamento coletivo no RS (Foto: Estêvão Pires/G1)
Convidados acompanham casamento coletivo no RS 

Com a repercussão nacional, o evento contou com as presenças de autoridades como ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, José Aquino Flôres de Camargo, e a secretária de Justiça e Direitos Humanos do governo estadual, Juçara Dutra Vieira. Na ocasião, o único casal gay a participar teve a maior parte das atenções.

Solange Ramires, 26 anos, e Sabriny Benites, 24, disseram o aguardado "sim" e trocaram alianças e beijos. O casal entrou por último no salão do júri e foi aplaudido de pé pelos presentes. 

Casal de mulheres casa em Fórum na tarde deste sábado (13) (Foto: Estêvão Pires/G1)
Mulheres casam em Fórum na tarde deste sábado (13) 

Embora longe do CTG, a celebração teve características gauchescas. Alguns noivos vestiam bombachas, lenços vermelhos e camisas brancas. Outras mulheres usavam vestidos de prenda, entre elas a magistrada, responsável pela realização do casamento.

"É para reforçar o combate à homofobia no tradicionalismo. Foi um sacrifício. Será um grande evento diante de casais que não se acovardaram. Não vamos nos calar. Os direitos das minorias estão garantidos", disse ao G1, pouco antes da celebração.

O ambiente foi decorado com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul e do movimento LGBT. O salão do júri foi a segunda opção da magistrada, que propôs inicialmente que o matrimônio coletivo fosse realizado no CTG Sentinelas do Planalto na cidade. O galpão, porém, foi alvo de um incêndio criminoso na madrugada de quinta (11). Apesar do mutirão proposto para reconstruir o espaço, não houve condições e nem tempo suficiente para concluir os trabalhos.

"Por que essa cerimônia causa tanto incômodo ao tradicionalismo?", questionou a juíza Carine Labres em seu discurso, logo no início da celebração. "Qual a razão de tanta intolerância?", indagou.

Para polícia, incêndio em galpão foi criminoso

O incêndio ocorreu na madrugada de quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas foram controladas cerca de três horas depois. Ninguém ficou ferido, mas o fogo atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o evento.

Casal gay trocou alianças em casamento coletivo em Santana do Livramento (Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS)
Casal gay trocou alianças em casamento coletivo

A Polícia Civil diz que o incêndio foi criminoso. Um garrafa com resquícios de gasolina foi encontrada no galpão do CTG, que, segundo a polícia, pode ser um coquetel molotov, artefato incendiário de fabricação caseira. Testemunhas relataram que viram quatro pessoas próximas ao CTG antes do início das chamas, mas a polícia diz que, por enquanto, não há suspeitos de autoria do incêndio.

Logo após o incêndio, um mutirão se formou para reconstruir a estrutura danificada do galpão a tempo do casamento coletivo. Segundo o patrão do CTG, Gilbert Gisler, o Xepa, a instituição recebeu mais de 40 doações de material de construção, de pessoas físicas e jurídicas. A comunidade de Santana do Livramento também doou a mão de obra para a reconstrução do local.

Com bandeira gay e decoração tradicionalista, fórum é preparado para casamento no RS (Foto: Estêvão Pires/G1)
Bandeira gay e cores da bandeira tradicionalista decoraram o salão do júri


Posicionamentos sinceros...


Questões morais

Não é o comportamento privado dos gays, das mulheres, dos que usam drogas que revolta a sociedade. É a corrupção

Em visita a um templo evangélico, Aécio Neves, depois de fervorosas orações, declarou que era “contra o aborto e contra as drogas”. Como se alguém, afora os que lucram com o aborto ilegal ou os traficantes, fosse a favor do aborto ou das drogas. Temos consumido anos de argumentação em debates a respeito da descriminalização da interrupção da gravidez indesejada ou do fracasso da guerra às drogas. Trata-se de problemas de saúde pública e de dramas humanos pungentes. Declarações simplistas, talhadas para o auditório, não diminuem o número de abortos nem abrem caminho para políticas mais humanas e eficientes de combate às drogas.

O tema da homofobia também saiu do armário nessas eleições. A homofobia é manifestação de violência corriqueira que, quando não mata ou fere, envenena com humilhação a vida dos gays. É odiosa e criminosa, assim como o racismo. O projeto de criminalização da homofobia está travado no Senado há oito anos. Quem for presidir o país vai poder ignorar os milhões de manifestantes que desfilam nas grandes e médias cidades em paradas do orgulho gay? Uma parcela da população não aceita mais que eles sejam assassinados e ofendidos. Não se trata de uma questão menor.

Margaret Thatcher não acreditava que existisse essa coisa chamada sociedade. Esquecia que Gandhi, fragílimo e desarmado, expulsou os ingleses da Índia apoiado nessa coisa que ela achava que não existia. Gandhi dizia que “uma árvore que cai, faz muito barulho, uma floresta que germina não se escuta”. Frase oportuna para pensar o Brasil.

Só ouvíamos o barulho espetacular da queda em desgraça dos velhos partidos políticos enquanto uma nova sociedade germinava. Esse barulho de árvores mortas que tombam torna inaudível a germinação silenciosa de uma liberdade de pensamento que foi penetrando na sociedade, aquela que supostamente não existe, mas viceja em sua imensa diversidade e luta pelas causas que lhe são caras.

Germinou uma democracia do cotidiano, vivida em profundidade por cada um, onde o que comanda é a liberdade de escolha, o direito de decidir sobre a sua própria vida. Os gays sabem que o amor é um pássaro louco que ninguém sabe onde pousará. As mulheres aprenderam nos embates duríssimos da vida real que seus corpos lhes pertencem. Agem e defendem-se em consequência.

As opiniões sobre questões morais se formam, cada vez mais, em círculos de confiança, exprimindo uma subjetividade trabalhada e sofrida, insubmissa às palavras de ordem de partidos ou dogmas religiosos. Esse exercício de liberdade em que a sociedade se autotransforma extravasa da lógica partidária que tudo submete à luta pelo poder a qualquer preço ou das igrejas que submetem a espessura da vida real ao fogo dos infernos. É nos fios cruzados dos círculos de confiança, da capilaridade das redes sociais e da mídia onipresente que circulam argumentos e deliberações.

As meias palavras não aproveitarão aos candidatos. As liberdades morais entraram na agenda política e são incontornáveis. Talvez se esteja subestimando a sociedade, julgando-a mais conservadora do que ela de fato é. E não se tenha percebido que a expectativa do eleitor, essa sim esmagadoramente majoritária, é a credibilidade do candidato. Que cada um esteja realmente por trás do que diz. Honestidade também é uma questão moral.

O Brasil é um Estado laico, garantia sólida contra o fundamentalismo religioso. Maior garantia ainda é a capacidade do cidadão de formar a opinião e assumir a autoria da vida. Nisso reside uma nova postura que não se aplica apenas aos costumes, mas também às escolhas políticas. Foi essa nova postura que Marina Silva, na sabatina do GLOBO, destacou: “O mundo está mudando, existe um novo sujeito político que quer papel de autor.” Filha da floresta, talvez tenha ouvido essa germinação, o que explicaria a esperança que suscita.

A questão moral que deveria ocupar o proscênio nessa eleição, porque há anos revolta a sociedade, não é o comportamento privado, dos gays, das mulheres, dos que usam drogas. É a deslavada corrupção que se instalou no Brasil como instrumento de governo. Essa sim, obscena e imoral, porque predadora do dinheiro público, tem que ser criminalizada nos atos e não apenas em declarações de princípio.

É esse mundo sombrio que o debate sobre moral deve iluminar. Possam os gays amar em paz. Socorram-se, nas melhores condições, as mulheres em desespero. Que sejam acolhidos os que se perderam nas drogas. Guarde-se a prisão para os verdadeiros bandidos.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/questoes-morais-13925094#ixzz3DJGq7hu8

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Incômodo real...


O medo como método

O sociólogo Manuel Castells, um dos maiores especialistas em redes sociais, diz que o medo é a emoção primária fundamental, a mais importante de nossa vida a influenciar as informações que alguém recebe. Os recursos da moderna propaganda estão sendo usados à exaustão nesta campanha para explorar as descobertas mais recentes da neurociência, que já definiu que o eleitor vota mais com a emoção do que com a razão.

Mais uma vez o PT apela para um esquerdismo canhestro para tentar barrar a caminhada da hoje adversária Marina Silva, assim como fez com os candidatos do PSDB em pleitos anteriores. A privatização já foi o argumento da vez, mas como o próprio governo petista teve que privatizar portos, rodovias e aeroportos para destravar os investimentos, achou-se outro bode expiatório contra Marina, como o Banco Central autônomo ou o petróleo do pré-sal.

Sempre aparentando uma estratégia de esquerda, uma suposta defesa dos desvalidos, o que o PT faz é explorar o medo das camadas menos informadas da população criando fantasmas contra seus adversários. O fenômeno mais interessante desta eleição é a troca de posições entre os candidatos do PSDB e do PSB, com Marina Silva concretizando todos os projetos estratégicos previstos por Aécio Neves quando da campanha ainda participava o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.

Contando com o esquema partidário do PSDB, bem mais capilarizado que o do PSB, Aécio pretendia neutralizar a força do PT no nordeste com boas votações em Estados daquela região onde a oposição se fortalecera depois da eleição de 2010, como Bahia e Ceará, além de contar com a vitória natural de Campos em Pernambuco.

Se em 2010 a presidente Dilma elegera-se com uma votação espetacular no Norte e no Nordeste, onde tirara mais de 11 milhões de votos de diferença para o candidato tucano no segundo turno, este ano alterações importantes indicavam que a votação naquelas regiões poderia ser diluída entre os três principais adversários, mesmo que Dilma continuasse com vantagens.

A entrada de Marina Silva na disputa, devido à morte trágica de Eduardo Campos, fez com que se concretizasse a mudança de quadro nas votações, mas a favor dela. Dilma, que teve uma média de 70% dos votos do nordeste em 2010, neste momento está com 47%, enquanto Marina tem 31%. Aécio está com a mesma votação que Serra teve em 2010: 8% dos votos nordestinos.

Em Pernambuco, Marina manteve a maioria dos votos de Campos e lidera com 45%, enquanto Dilma tem apenas 38%. Na Bahia, Dilma está à frente com 50%, mas na eleição de 2010 teve 67%. Em nenhum dos dois Estados, que reúnem 43% do eleitorado do nordeste, Aécio Neves está à frente, embora a coligação do DEM com o PSDB esteja vencendo a eleição para o governo na Bahia.

Na região sudeste, a presidente está com 28%, em contraponto aos 46% de votos que teve na última eleição, pois venceu em Minas. Marina hoje tem 36% dos votos do sudeste, mais que Serra em 2010, mesmo este tendo vencido em São Paulo. Marina no momento vence em São Paulo e disputa o segundo lugar em Minas com Aécio.

Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin pode vencer no primeiro turno. O PSDB tem vencido regularmente a eleição para presidente em São Paulo, mas desta vez quem está à frente é Marina. No Rio, onde a presidente teve uma vitória com 3,7 milhões (43,8%) no primeiro turno, e 4,9 milhões (60,5%) no segundo, a candidata Marina Silva lidera as pesquisas, impossibilitando que a presidente Dilma repita sua performance.

O esquema partidário paralelo que o candidato Aécio Neves montou com dissidentes da base aliada do governo do Estado, que rejeitaram o apoio do PT a Lindbergh Farias, não está funcionando a seu favor. No Sul, a presidente Dilma caiu de 43% para 35%, e tem a mesma votação que Serra teve em 2010. Marina tem 28%, enquanto Aécio mantém 20%.

Mais um exemplo de que as alianças feitas não estão alavancando Aécio: no Rio Grande do Sul, a senadora do PP Ana Amélia vence para o governo do Estado, mas Aécio está em terceiro lugar. Marina atualizou seu programa de governo, em especial na parte econômica, e encontrou semelhanças com o eleitorado do PSDB, o que facilitará uma transferência de votos no segundo turno.

O PT, por seu lado, conseguiu dar à campanha o tom de confrontação radicalizada que lhe propício. Marina terá que contar com a organização partidária dos aliados da oposição para fazer frente à máquina partidária petista no segundo turno.

SOBERBA INGÊNUA E INÓCUA...


"Você é trouxa". Por Juliana Doretto

Na 'Visita' de hoje, Juliana, que mora em Lisboa, se encontra com jovens de boa família e péssima educação

O bumbo da discórdia

Domingo, 6h50. Da manhã. Eu dormia meu justo sono do fim de semana quando batidas de bumbo e outros mais me acordaram em sobressalto. Estava em São Paulo.

Olho pela janela: na praça, em frente ao meu prédio, um grupo de jovens, com gravatas afrouxadas, camisas desabotoadas e vestidos justos, é responsável pela balbúrdia.

Saíram de alguma festa de formatura e acharam por bem acordar os moradores da rua perto de sua grande universidade privada. Barulho ali é comum de madrugada, mas antes das 7 da manhã de um domingo pareceu-me um pouco demais.

Enfurecida, visto um roupão sobre o pijama e saio de casa, com chinelo de quarto e cara amassada. O porteiro me olha assustado. Atravesso a rua, e chamo a atenção, muito educadamente, dos jovens rebeldes sem causa. “Minha gente, não são nem sete da manhã. Eu trabalhei ontem, estou cansada...”

Eles estavam revoltados porque algum vizinho enfurecido como eu resolveu jogar ovos nos moços barulhentos. Acharam que tinha sido eu. Não, meus queridos: eu seria muito idiota se tivesse lançado ovos primeiro e conversado depois...

Tudo ia razoavelmente bem até que um dos fulanos pede, dentro de sua embriaguez matinal, para falar comigo: “Você quer mudar o sistema? Chama a polícia”. Ao que respondo: “Eu já cansei de chamar a polícia para conter a bagunça dessa universidade”.

(Parêntesis: há casos absurdos, em que os estudantes ocupam a rua -- uma via que dá acesso a um importante hospital --, e não deixam mais nenhum carro passar. Um PM já me disse que eles "não mexem com os estudantes, porque ali tem muito filho de juiz e advogado”)

Pois bem: estávamos na parte em que disse que já tinha tentado a polícia inúmeras vezes. E ele então me diz: “Você é trouxa”.

Sabe, caro leitor, paciência tem limite. Mas, em vez de falar “trouxa é você”, ainda me dispus a falar: “Trouxa é quem acha que o sistema não pode ser mudado”.

E a coisa esquentou. O menino quis dizer que ele podia fazer barulho, porque estudava “naquela faculdade grande ali, ó” e que fazia “pós- graduação”.

Quando respondi que tinha cursado uma universidade maior que a dele, e pública (o que pouca diferença fazia, porque ninguém é melhor que ninguém por ter estudado aqui ou ali, mas na hora foi o que saiu...), choveram vaias e gritos de “Vai casar, seu problema é falta de homem”.

Nenhum respeito pelo espaço público e pelo direito do outro. Zero bom senso. Arrogância. Machismo. E, convenhamos, certo anacronismo, porque “vai casar” foi um pouco demais.

Pela camiseta que alguns traziam por cima das camisas sociais, via-se que eles serão engenheiros civis. Que projetos farão esses profissionais? Pensarão nos danos que causarão quando arquitetarem um shopping center? Tratarão com respeito mulheres que forem suas colegas de trabalho? Tratarão com respeito os operários, que, ao contrário deles, não estudaram naquela universidade e não têm pós-graduação?

Pode-se pensar que eles ainda são crianças, imaturos, que com o tempo entenderão. Posso ser trouxa, mas acho que milagres não acontecem – pelo menos não assim. Acho que eles continuarão a achar que os outros – os que querem retidão, os que pedem consideração, os que acolhem o bom senso -- são os trouxas. E não eles mesmos. Mas, enfim, o que uma trouxa como eu pode saber, não é?

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2014/09/voce-be-trouxab-por-juliana-doretto.html

Mais uma etapa superada...