Dói', diz
mulher que desistiu de casar com namorada após polêmica no RS
Rita Bolson ficou do lado de fora do Fórum e
lamentou não ter casado.
Caso ganhou repercussão após CTG pegar fogo em
Livramento.
Rita observou movimentação do lado de fora do Fórum
O casamento coletivo realizado na tarde de sábado
(13) no Fórum de Santana do Livramento
tinha inicialmente a inscrição de dois casais homoafetivos formados por
mulheres. Entretanto, com a polêmica criada em torno do assunto, um dos pares
acabou desistindo no fim de agosto de participar da cerimônia que ocorreria em
um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, atingido na
quinta-feira (11) por um incêndio criminoso.
Do lado de fora do Fórum onde 28 casais
oficializaram a união, Rita Bolson acompanhou a movimentação para o evento e
chorou emocionada por não ter realizado o sonho de casar com a companheira
neste final de semana. Ela conta que precisar desistir causou sofrimento.
"Dói, dói mesmo estar nessa situação. A gente
tem assumir o que é, mas é preciso respeito em primeiro lugar. As pessoas em
Livramento têm que dar mais apoio", disse ao G1, pedindo para que seu
rosto não fosse mostrado.
As noivas decidiram não participar devido à
repercussão do caso, considerada negativa por elas, já que a celebração
ocorreria em um CTG. No dia 28 de agosto, declararam a um jornal local que não
queriam ser expostas na mídia e preferiam trocar alianças em um evento menos
polêmico, já que só queriam "casar em paz".
Para Rita, portanto, o sonho do casamento se
mantém. "Desta vez não deu, mas no ano que vem nós vamos enfrentar tudo o
que vier. Meu sonho era ter vindo em uma carruagem com minha companheira",
contou emocionada.
Convidados acompanham casamento coletivo no RS
Com a repercussão nacional, o evento contou com as
presenças de autoridades como ministra da Secretaria dos Direitos Humanos,
Ideli Salvatti, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, José
Aquino Flôres de Camargo, e a secretária de Justiça e Direitos Humanos do
governo estadual, Juçara Dutra Vieira. Na ocasião, o único casal gay a
participar teve a maior parte das atenções.
Solange Ramires, 26 anos, e Sabriny Benites, 24,
disseram o aguardado "sim" e trocaram alianças e beijos. O casal entrou
por último no salão do júri e foi aplaudido de pé pelos presentes.
Mulheres casam em Fórum na tarde deste sábado (13)
Embora longe do CTG, a celebração teve
características gauchescas. Alguns noivos vestiam bombachas, lenços vermelhos e
camisas brancas. Outras mulheres usavam vestidos de prenda, entre elas a
magistrada, responsável pela realização do casamento.
"É para reforçar o combate à homofobia no
tradicionalismo. Foi um sacrifício. Será um grande evento diante de casais que
não se acovardaram. Não vamos nos calar. Os direitos das minorias estão
garantidos", disse ao G1, pouco antes da celebração.
O ambiente foi decorado com as cores da bandeira do
Rio Grande do Sul e do movimento LGBT. O salão do júri foi a segunda opção da
magistrada, que propôs inicialmente que o matrimônio coletivo fosse realizado
no CTG Sentinelas do Planalto na cidade. O galpão, porém, foi alvo de um
incêndio criminoso na madrugada de quinta (11). Apesar do mutirão proposto para
reconstruir o espaço, não houve condições e nem tempo suficiente para concluir
os trabalhos.
"Por que essa cerimônia causa tanto incômodo
ao tradicionalismo?", questionou a juíza Carine Labres em seu discurso,
logo no início da celebração. "Qual a razão de tanta intolerância?",
indagou.
Para polícia, incêndio em galpão foi criminoso
O incêndio ocorreu na madrugada de quinta-feira. De
acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas
foram controladas cerca de três horas depois. Ninguém ficou ferido, mas o fogo
atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o
evento.
Casal gay trocou alianças em casamento coletivo
A Polícia Civil diz que o incêndio foi criminoso.
Um garrafa com resquícios de gasolina foi encontrada no galpão do CTG, que,
segundo a polícia, pode ser um coquetel molotov, artefato incendiário de
fabricação caseira. Testemunhas relataram que viram quatro pessoas próximas ao
CTG antes do início das chamas, mas a polícia diz que, por enquanto, não há
suspeitos de autoria do incêndio.
Logo após o incêndio, um mutirão se formou para
reconstruir a estrutura danificada do galpão a tempo do casamento coletivo.
Segundo o patrão do CTG, Gilbert Gisler, o Xepa, a instituição recebeu mais de
40 doações de material de construção, de pessoas físicas e jurídicas. A
comunidade de Santana do Livramento também doou a mão de obra para a
reconstrução do local.
Bandeira gay e cores da bandeira tradicionalista decoraram o
salão do júri
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