AS CASTAS
INDIANAS
Sociologia
Na sociedade
liberal, vivemos em uma cultura onde muitos acreditam que qualquer um pode
ascender em termos sociais e econômicos por meio das riquezas acumuladas.
Contudo, na Índia, trabalho e riqueza são parâmetros insuficientes para que
possamos compreender a ordenação que configura a posição ocupada por cada
indivíduo. Nesse país, o chamado regime de castas se utiliza de critérios de
natureza religiosa e hereditária para formar grupos sociais.
Segundo algumas
pesquisas, o regime de castas vigora há mais de 2600 anos na Índia e tem origem
no processo de ocupação dessa região.
A primeira distinção desse sistema
aconteceu por volta de 600 a.C., quando os arianos foram diferenciados dos
habitantes mais antigos e de pele mais escura pelo termo “varna”, que significa
“de cor”.
A partir de tal diferenciação, os varna foram socialmente ordenados
de acordo com cada uma das partes do corpo de Brahma, o Deus Supremo da
religião hindu.
No topo dessa
hierarquia, representando a boca de Brahma, estão os brahmin. Em termos
numéricos representam apenas 15% da população indiana e exercem as funções de
sacerdotes, professores e filósofos.
Segundo consta, somente uma pessoa da
classe brahmin tem autoridade para organizar os cultos religiosos e repassar os
ensinamentos sagrados para o restante da população.
Logo abaixo, vêm
os kshatriya que, segundo a tradição, seriam originários dos braços de Brahma.
Estes exercem as funções de natureza política e militar e estão diretamente
subordinados pelas diretrizes repassadas pelos brâmanes.
Apesar desse fato, em
diversos momentos da história indiana, os kshatriya organizaram levantes e
motins contra as ordenações vindas de seus superiores.
Compondo a base
do sistema de castas indiano, ainda temos os vaishas e shudras.
Os primeiros
representam as coxas do Deus Supremo e têm como função primordial realizar as
atividades comerciais e a agricultura.
Já os shudras estabelecem uma ampla
classe composta por camponeses, operários e artesãos que simbolizam os pés de
Brahma. Há pouco tempo, nenhum membro desta casta tinha permissão para conhecer
os ensinamentos hindus.
Paralelamente,
existem outras duas classes que organizam a população indiana para fora da
ordem estabelecida pelas castas.
Os dalit, também conhecidos como párias, são
todos aqueles que violaram o sistema de castas por meio da infração de alguma
regra social.
Em conseqüência, realizam trabalhos considerados desprezíveis,
como a limpeza de esgotos, o recolhimento do lixo e o manejo com os mortos. Uma
vez rebaixado como dalit, a pessoa coloca todos seus descendentes nesta mesma
posição.
Os jatis são
aqueles que não se enquadram em nenhuma das regras mais gerais estabelecidas
pelo sistema de castas. Apesar de não integrarem nenhuma casta específica, têm
a preocupação de obterem reconhecimento das castas superiores adotando alguns
hábitos cultivados pelos brâmanes, por exemplo.
Geralmente, um jati exerce uma
profissão liberal herdada de seus progenitores e não resignificada pela
tradição hindu.
Oficialmente,
desde quando a Índia adotou uma constituição em 1950, o sistema de castas foi
abolido em todo o território.
Contudo, as tradições e a forte religiosidade
ainda resistem às ações governamentais e transformações econômicas que atingem
a realidade presente dos indianos. Enquanto isso, o regime tradicional já
contabiliza mais de três mil classes e subclasses que organizam esse complexo
sistema de segmentação da sociedade indiana.
http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/as-castas-indianas.htm
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