Pessoas que
vivem perto de vias movimentadas têm maior incidência de demência, indica
estudo
Engarrafamento
em Bangalore., na Índia, em dezembro de 2016
Poluição e
ruídos poderiam contribuir para a perda de memória e capacidade mental, dizem
cientistas.
Pessoas que
vivem próximas de ruas movimentadas têm mais chances de desenvolver demência,
aponta uma pesquisa publicada na revista científica Lancet.
O estudo sugere
que até 11% dos casos em pessoas que moram a 50 metros ou menos de uma grande
via podem ser consequência da proximidade com o trânsito intenso.
Os pesquisadores
monitoraram 2 milhões de pessoas no Canadá ao longo de 11 anos. Eles dizem que
a poluição e o ruído podem contribuir para a degeneração cerebral.
Quase 50 milhões
de pessoas no mundo têm demência. No entanto as causas desse mal, que afeta a
memória e a capacidade mental de um indivíduo, ainda não são bem compreendidas.
Especialistas
independentes apontaram que os resultados são "plausíveis" e
"instigantes", mas exigem mais testes.
Crescimento
populacional
O novo estudo
foi feito na Província de Ontario entre 2001 e 2012. Nesse período, foram
diagnosticados 243.611 casos de demência e identificado um risco maior entre
aqueles que vivem próximos de grandes vias.
Em comparação
com quem mora a 300 metros desses locais, o risco era 7% maior para quem vivia
a 50 metros ou menos, de 4% para distâncias entre 50 e 100 metros e de 2% para
distâncias de 101 e 200 metros.
A análise aponta
que de 7% a 11% dos casos de demência de quem vivia a 50 metros poderia se dar
por conta da proximidade com o trânsito.
Os cientistas
fizeram ajustes nos dados para levar em conta outros fatores, como pobreza,
obesidade, instrução e o hábito de fumar, então seria improvável que eles
tivessem ligação com o desenvolvimento da doença nos casos analisados.
Estudo
acompanhou 2 milhões de pessoas no Canadá por 11 anos
Hong Chen, um
dos autores do estudo, diz que "o crescimento da população e a urbanização
levaram muitas pessoas a morarem próximas de um local com trânsito
intenso".
"Junto com
o aumento dos índices de demência, isso aponta para que mesmo um efeito modesto
da exposição a vias próximas pode representar um risco à saúde pública",
afirmou ele.
"Precisamos
de mais pesquisas para estabelecer essa ligação e, particularmente, os impactos
de diferentes aspectos do trânsito, como poluição e ruídos."
Os pesquisadores
indicam que o barulho, partículas ultrafinas, óxido de nitrogênio e partículas
geradas pelo desgaste de pneus poderiam causar a doença.
No entanto, o
estudo analisa apenas onde vivem pessoas diagnosticadas com demência e não pode
comprovar de fato que são as vias que causam esse mal.
'Instigante'
"Essa é uma
pesquisa importante", diz Martin Rossor, diretor para estudos sobre
demência do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde, no Reino Unido.
"Os efeitos
são pequenos, mas, diante de um mal muito prevalente na população, eles podem
ter implicações importantes para a saúde pública."
Tom Dening,
diretor do Centro para Demência da Universidade de Nottingham, disse que os
resultados são "interessantes e instigantes".
"Com
certeza, é plausível que a poluição no ar gerada pela fumaça de motores possa
contribuir para uma patologia cerebral e, com o tempo, elevar o risco do
desenvolvimento de demência. Essas evidências contribuem para deixar em alerta
quem mora perto de um local com tráfego intenso."
Os especialistas
apontam que o melhor a fazer para reduzir o risco de demência é cultivar
hábitos saudáveis para o corpo, como não fumar, fazer exercícios e ter uma boa
alimentação.
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