domingo, 3 de novembro de 2013

Em nome da esperteza...

Procon denuncia companhias aéreas por preços abusivos para a Copa

TAM, Gol, Azul, Oceanair e Avianca foram denunciadas. Passagens têm sido vendidas por valores até dez vez maiores que o normal

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE


O Procon, órgão de defesa do consumidor do Rio de Janeiro, o Procon, denunciou cinco companhias aéreas e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por cobrarem "preços abusivos" pelas passagens vendidas para o período da Copa do Mundo de 2014, que será realizada entre os dias 12 de junho e 13 de julho. As companhias denunciadas são TAM, Gol, Azul, Oceanair e Avianca, que englobam praticamente todo o mercado aéreo brasileiro, de acordo com o comunicado divulgado pelo Procon.
O órgão exige que as companhias aéreas cobrem os preços normais e que reembolsem os consumidores que adquiriram bilhete para essas datas e os indenizem com o dobro do valor pago. À Anac exige que cumpra seu papel de órgão regulador do setor aéreo "e multe as companhias que estão vendendo passagens para a época da Copa por valores exorbitantes". Algumas passagens têm sido vendidas por um valor até dez vez maior que o normal.
Por exemplo, o preço de uma passagem da ponte aérea, somente ida, entre Rio de Janeiro e São Paulo, na véspera da partida inaugural, oscila hoje entre R$ 854 e R$ 946 na TAM, a maior companhia aérea do país, enquanto em datas aleatórias esse valor costuma ser de R$100. 
Desde que surgiram as denúncias de preços abusivos e o governo começou a pressionar, as maiores companhias aéreas baixaram os preços, mas  os valores ainda continuam muito acima das tarifas frequentes. Há duas semanas, o governo anunciou que criará um grupo interministerial para acompanhar preços de passagens aéreas, hotéis e restaurantes, com o objetivo de impedir abusos durante o evento.

E agora Arnaldo?

Biografias da discórdia

Proibir biografias não autorizadas de circular é censura prévia? A polêmica foi reacesa após grupo de artistas, onde estão Roberto Carlos e Chico Buarque, se posicionar contra a comercialização de obras sem autorização
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Alan Santiagoalan@opovo.com.br
 



Primeiro foi o sambista Noel Rosa, em 2004. Depois, o cantor Roberto Carlos em 2007. A ele se seguiriam o escritor Guimarães Rosa, o cangaceiro Lampião, o poeta Paulo Laminski – para citar alguns. 

A Justiça brasileira tem se mostrado benfazeja a herdeiros, familiares ou mesmo personalidades que tiveram suas vidas devassadas em biografias, acatando o pedido deles para barrar ou retirar do mercado obras consideradas invasivas a suas intimidades.

O mecanismo é resguardado por lei. Os legisladores brasileiros, ao fazer o novo Código Civil, sancionado em 2002, optaram por valorizar o princípio da privacidade. O artigo 20 afirma que uma informação, seja através de livro ou filme, pode ser proibida se atingir “a honra, a boa fama ou a respeitabilidade” ou se se destinar “a fins comerciais”. O artigo 21 reafirma que a privacidade é inviolável.

Essa ênfase acabou fazendo o texto da lei tangenciar outro direito, o da liberdade de expressão. “De acordo com o Código Civil, como resumiu o cartunista Duke, o neto do Lobo Mau tem poderes para proibir uma biografia contando que o seu avô comeu a vovozinha”, afirma o biógrafo Mário Magalhães, autor de Marighella - o guerrilheiro que incendiou o mundo, que recebeu três prêmios de melhor biografia, incluindo o Jabuti.

“Conforme essa norma obscurantista, não estamos autorizados a informar que um traficante condenado vendia drogas, caso ele não autorize. Que país se constrói assim, unicamente com biografias laudatórias?”, completa.

Para Joselia Aguiar, que assina Jorge Amado – uma biografia, “a história de um personagem cujos problemas com o álcool alteraram sua trajetória profissional a ponto de levá-la a pique não pode prescindir dessa informação. Um livro como esse também serve de alerta, reflexão”.

Mas até que ponto alguém pode entrar na privacidade de outra pessoa, ainda que seja uma personalidade conhecida, com a finalidade de expor isso publicamente? Até que ponto, ainda, negar informações de pessoas públicas não é negar o direito da sociedade de entender sua própria história?

Complexo, o assunto é tema de leis se arrastam no Congresso, desde 2008 (ver infográfico na página 6). A última delas, do deputado federal Newton Lima (PT-SP), pretende reescrever o texto do Código para evitar proibições de biografias. O projeto está para ser votado a qualquer momento.
 
Tom polêmico
Alguns acreditam que isso é um atentado à privacidade e um reforço ao lucro do mercado editorial. Eles formam o grupo Procure Saber, que até a última quinta-feira, 31, teve na produtora Paula Lavigne, uma de suas maiores vozes. 

O tema explodiu na imprensa quando Lavigne - ex-mulher de Caetano Veloso e diretora da Uns Produções e Filmes- declarou à Folha de S.Paulo que o grupo, composto por nomes como Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque e Roberto Carlos, era contra biografias não autorizadas. O que se seguiu não foi menos do que uma guerra de opiniões, o mais das vezes apaixonadas.

Nem dentro da família Buarque houve consenso. A ex-ministra Ana de Holanda é a favor das biografias; Chico, seu irmão, contra. No domingo passado, Roberto Carlos foi à TV dizer que não era contra as biografias – mas elas precisariam de “ajustes”.

Um vídeo, produzido pelo Procure Saber, tenta afastar a pecha que lhes foi atribuída de que são censores, adotando um tom mais conciliador. A saída de Lavigne da linha de frente do grupo segue o mesmo tom.

Enquanto a lei não é votada, uma ação direta de inconstitucionalidade 4815, feita pela Associação Nacional dos Editores de Livros, deverá ser apreciada no Supremo Tribunal Federal. Eles pedem que os artigos 20 e 21 sejam reinterpretados para evitar cerceamento à liberdade de expressão. A relatora, ministra Cármen Lúcia, marcou audiência pública sobre o assunto nos dias 20 e 21 de novembro.

O Vida&Arte Cultura procurou legisladores, historiadores, jornalistas, advogados para discutir o assunto e ajudar a entender como a lei impacta as várias áreas do conhecimento. O jornalista Ronaldo Salgado, o historiador Américo Souza e o advogado Humberto Cunha aceitaram o convite. O deputado Newton Lima também, mas até o fechamento desta edição não havia encaminhado o texto.

Os cantores Djavan e Fagner foram procurados, mas recusaram o convite. O primeiro, porque está em turnê; o segundo, porque, segundo sua assessoria, não se pronuncia sobre o assunto. A escritora Alice Ruiz, viúva de Paulo Leminski, também negou o convite por motivos de agenda. Lavigne foi convidada. A assessoria dela afirmou que o convite estava sendo analisado. Até o fechamento desta edição, não houve retorno.
 
Index de livros proibidos
Roberto Carlos em Detalhes (Planeta, 2006)
Paulo Cesar de Araújo
O cantor entra com ações na Justiça contra a editora e contra o autor do livro lançado no fim de 2006. Na audiência de conciliação, no ano seguinte, a editora concordou em recolher definitivamente a tiragem de 10.700 exemplares. O músico ficou incomodado com trechos que tratavam de seu envolvimento com a cantora Maysa e do acidente com sua perna.

Noel Rosa - Uma Biografia
(Editora Unb, 1990)
João Máximo e Carlos Didier
Lançado em 1990, o livro foi comercializado durante quatro anos. As tentativas de reedição não vingaram. A partir de 2001, quando a viúva Lindaura morreu, sobrinhas do compositor passaram a reivindicar a herança dele, alegando que ela nunca havia sido casada com o sambista e argumentando que os autores invadiram a privacidade da família ao falar dos suicídios do pai e da avó de Noel. A pedido delas, a Justiça proíbe a edição do livro desde 2004. 

Sinfonia Minas Gerais: A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa (LGE, 2007)
Alaor Barbosa
A Justiça proibiu a venda da biografia em 2008 por considerar que o trabalho contém erros e feriu direitos autorais. A filha do escritor, Vilma Guimarães Rosa, pondera que, diferente do que está na biografia, o pai não considerava a língua portuguesa “inferior”. A Editora Nova Fronteira defendeu que a LGE não poderia ter reproduzido trechos dos trabalhos de Rosa sem autorização.

Lampião - O Mata Sete (Editora do autor, 2011)
Pedro de Morais
O livro defende a tese de que Lampião era homossexual e Maria Bonita, adúltera. A Justiça proibiu o trabalho para “proteger a honra e a intimidade da requerente e seus genitores”. Segundo o juiz, para provar que Lampião era homem “covarde e violento”, o biógrafo poderia ter investigado e narrado “vários fatos públicos e notórios”.

Gilded Lily (Harper Collins, 2010)
Isabel Vincent
O livro sobre a bilionária Lily Safra nem chegou a sair no Brasil, mas a Justiça brasileira já o proibiu em decisão liminar de agosto deste ano. Para a juíza, há trechos da biografia que ofendem a honra de Artigas Watkins, o falecido pai de Lily. Segundo a autora do livro, Watkins está ligado ao episódio da misteriosa morte do empresário Alfredo Monteverde, marido de Lily em 1969. Caso descumpram a decisão, a editora e a jornalista têm de pagar R$ 100 por cada exemplar vendido.

Paulo Leminski — O Bandido que Sabia Latim (Nossa Cultura, 2013)
Toninho Vaz
A família do poeta encasquetou com a nova edição do livro que já havia sido publicado em 2001. Vaz acrescentou um parágrafo sobre o suicídio de Pedro, irmão de Leminski. A narrativa veio de um vizinho de quarto que encontrou o corpo de Pedro, em 1986. A família mandou uma carta à editora justificando que o trecho era “depreciativo”. Vaz entrou na Justiça para conseguir publicar o trabalho.

Cultura ostentativa...



Sociedade

Cultura popular

A criminalização do funk

Nilo Batista denuncia a censura inconstitucional de uma inegável expressão da cultura popular
por Mauricio Dias — publicado 02/11/2013 06:04
"As velhas perseguições aos batuques e ao samba encontraram no funk um novo alvo"
Nilo batista, um dos maiores advogados penalistas do País, mantém sempre um olho na lei e o outro nos costumes sociais. Esse ritual lhe permite entrar na contramão de certas questões para bater de frente com preconceitos cristalizados e flagrar contradições nas leis, aplicadas desigualmente no País dividido em dois. Trata-se do Brasil de cima e do Brasil de baixo. Bebo essa distinção, para que ninguém se equivoque, em Patativa do Assaré, poeta popular que o Brasil de cima mal conhece.
Um exemplo dessa diferença está no texto que Batista escreveu para o livro Tamborzão: Olhares sobre a criminalização do funk (Editora Revan).
Segundo ele, o Brasil chegou aos dias de hoje com variadas proibições, apoiadas no que é denominado delito de expressão: o obsceno (ofensa ao pudor) e apologia (à “paz pública”).
Ao longo do tempo é possível perceber que a “evolução” desse procedimento da legislação criminal seguiu dois eixos e transitou do pior ao “menos” pior.
“No Rio de Janeiro, esses dois eixos sempre concluíram na criminalização de manifestações artísticas populares”, lembra o advogado.
A Constituição de 1988 tentou proteger a “manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo” (artigo 220). Isso bastaria. Mas os constituintes foram além com o artigo 5º, inciso IX, onde declaram “livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Nilo Batista faz a ligação entre o ontem e o hoje: “As velhas perseguições aos batuques e ao samba encontraram no funk um novo alvo à altura da tradição: também uma arte popular, cultivada pelos estratos sociais mais pobres, irreverente e sensual”.
Ele chama esse processo de “asfixia da cultura funk”, ora feita pela astúcia, ora pela força. Editou-se, no Rio, uma Resolução que exige “tantas e tão dificultosas exigências para a realização de bailes que praticamente os inviabiliza”, acusa.
Ao cruzar da ditadura à democracia, a lei mudou. Os tribunais não mudaram.
Batista escreve em tom de protesto: “É inacreditável que essa Resolução ainda não tenha sido declarada inconstitucional”. E avança: “Sempre que o poder punitivo colocou o sistema penal na posição de tutor das manifestações artísticas, o resultado foi um processo escandaloso, que, passado algum tempo, envergonhava a Justiça”.
“Muitas letras de ‘proibidões’ (funks proibidos) são ásperas e chocantes (...) Mas quantas e quantas vezes, no ondulado percurso das tendências e dos estilos, uma vanguarda artística não recebeu esses mesmos epítetos?”, pergunta.
Os “proibidões” chegarão ao fim, porém, como diz o penalista, “não pela falta dos poetas populares, e sim pelo término da inconstitucional perseguição policial”.
Nesse tempo, todos poderão celebrar em seus “permitidões” personagens e episódios das favelas em que nasceram.
O Judiciário deve uma solução clara e firme contra a censura existente.

Usar e compartilhar...












Conhecer...

A busca por um melhor ensino da literatura


Postado em Educação. Sexta-feira, 01 de Novembro de 2013 às 14:32:56.
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A literatura, estudada geralmente nos anos de ensino médio, abordam períodos históricos através de movimentos artísticos e cultura de cada momento (visto que os movimentos culturais acabaram influenciando a mesma). Logo, esse estudo passa da simples compreensão de textos metódicos, indo além, para compreender tais textos é necessária a averiguação da situação histórica, política e por que não psicológica dos escritores e artistas? Contudo, comumente a literatura no ensino médio é tratada superficialmente, seus períodos separados em simples características de técnica de escrita ou modular de como as obras foram escritas; e essa forma metódica e enfadonha acaba sendo entediante e maçante para os alunos, que por fim acabam não despertando interesse algum na matéria.
Um dos principais fatores que caem no desagrado dos jovens estudantes acaba sendo a linguagem nos textos, pois afinal, a língua sofreu suas mudanças conforme o tempo, muitas palavras foram sendo deixadas de se utilizar, outras perderam sua função e características formais apenas foram alteradas, graças aos fenômenos linguísticos. Mas não podemos generalizar, muitos alunos são atraídos pelas sutilezas dessas variantes temporais, conhecer os pensamentos, a forma em que a língua era empregada a décadas e séculos atrás, dando um “charme” para o estudo.
Foi constatado que nos últimos anos o número de leitores aumentou consideravelmente, graças talvez a best-sellers de vários tipos de conteúdo, sendo entre os jovens, os romances de fantasia e alguns de ficção. Esse atual interesse nos livros poderá ajudar a superar o déficit de interesse, contudo as maneiras para se alcançar ponto, é preciso que os próprios professores encontrem uma forma de utilizar esse interesse a seu favor, ou melhor dizendo, a favor do aluno. Abandonar formas arcaicas de ensino em favor da experimentação, usar o universo dos estudantes no ambiente de estudos. E quem sabe ouvi-los para tentar chegar a um ponto de melhor aproveitamento.
Devemos nos lembrar também que a literatura não fica limitada aos textos de prosa e poesia, como dito no início deste texto. A composição musical, o cinema, pinturas, teatro, essas outras formas artísticas podem ser utilizados para o ensino e compreensão das correntes literárias, bem como o seu tempo. Tudo evidentemente dependerá primeiramente do professor, como ele, particularmente irá trabalhar. Em contrapartida a cobrança do aluno também deverá ser feita, contudo se os estudos forem feitos de forma mais prazerosa, mais dedicados a aula ele estará. E esse é um dos desafios do ensino da atualidade, recuperar o prazer de aprender e ensinar, não apenas por obrigação, tal como os antigos filósofos e seus pupilos.

A literatura tendo uma ligação profunda, não apenas com a arte, mas também com a história, filosofia entre outras tantas áreas, permite amplos meios de estudo e análise. É uma forma de obter conhecimento sobre a evolução de nossa cultura, e até mesmo do homem, pois talvez no final das contas, a literatura pode ser vista como uma das formas de se expor o que há de mais profundo da mente e da alma de qualquer ser humano.

Bebedeira...

Porre de sangria

Uhu!!
Uhu!!
Sangria é um drinque meio batido, é verdade. Mas não para mim, que nunca havia tomado, não em Barcelona, Espanha, onde a bebida é o equivalente à caipirinha do Brasil. Não no bar L’Ovella Negra, onde tomei um dos porres mais legais da minha viagem.
Era meu último dia na cidade. Vinte e quatro horas depois eu estaria a caminho de Londres. Meus amigos estavam em Mataró, ali do lado, e eu estava sentido o clima do centro de Barcelona pela última vez.
Eu queria uma farra de leve. Como não conhecia ninguém na cidade, criei um post no Couchsurfing, dois dias antes, convocando outros turistas solitários para uma tarde de bebedeira. Duas garotas e dois caras se dispuseram a participar. No entanto, somente um apareceu, um italiano, que também estava visitando Barcelona. Parecia gente boa. Ele contou que já tinha ido ao Rio de Janeiro e que tinha curtido muito.
Esses eventos do Couchsurfing são engraçados. Estranhos viram seus melhores amigos por um dia. Fomos ao L’Ovella Negra. O bar, com cara de taverna, fica abaixo do nível da rua e possui várias mesas coletivas. Era pouco mais da hora do almoço e não havia muita gente ainda.
Primeiro pedi uma cerveja, mas depois caí na sangria, que veio num copão. Ao pedir algo para comer, cometi uma gafe babaca de turista desavisado. Li “ham” no cardápio e achei que fosse hambúrguer. Aham. Eu sabia que ham era presunto ibérico. Não sei se foi o começo de chapação mas, na hora, me confundi. Culpa do imperialismo cultural norte-americano. E quando aquelas fatias vieram em cima do pão, não consegui comer.  Passei o prato para o italiano e pedi “batatas bravas”.
Fiquei tão bêbado que o foco ficou na mesa
Fiquei tão bêbado que o foco ficou na mesa
A tarde foi passando. Já estava na terceira sangria quando esbarrei no copo e entornei o líquido maravilhoso no celular. A sorte que a capa de borracha de fita k7 impediu que ele se molhasse muito, mas o áudio ficou esquisito uns dias.
Quem não aguenta bebe leite
Quem não aguenta bebe leite
Não demorou muito e gente de tudo quanto é lugar começou a se aprochegar e a puxar conversa. Duas garotas lindas, uma loira e uma morena, que não lembro de onde eram, começaram a conversar com a gente. Sei que a loira era do leste europeu. Polonesa? Tcheca? Eslovaca? Não consigo lembrar. Amnésia de álcool ou então a velha característica masculina de não lembrar o nome (e o país) da garota que você ficou ou está prestes a ficar ou pretende ficar. Após um bom tempo de conversas animadas, quando já era começo de noite, as meninas (sim, elas tomaram a iniciativa) nos chamaram para passear na praia. O restante da história fica na imaginação do leitor.
Você é a ovelha negra da família?
Você é a ovelha negra da família?

Que meda...

As bruxas de Besalú

Senta que lá vem história
Senta que lá vem história
Dizem que as cadeiras penduradas nas paredes em Besalú, a 134 km de Barcelona, na região da Catalunha, servem para espantar bruxas, seguindo uma tradição medieval. Na Idade das Trevas, muitas mulheres sentaram na “cadeira das bruxas”, instrumento de tortura onde a pessoa era posicionada de cabeça para baixo com os tornozelos amarrados onde deveria ser o encosto, acusadas de feitiçaria.
Hoje, cadeiras não assustam bruxas, afinal, muitas delas trabalham em escritórios. E as enigmáticas as cadeiras de Besalu, ao invés de espantar bruxas, atraem turistas, dando um nó na cabeça de quem para para observá-las. Meu pensamento foi longe quando as notei. Imaginei um filme de Guillermo Del Toro, com bruxas retorcidas escalando paredes, fugindo ou sendo atraídas involuntariamente por cadeiras encantadas.
Seria superstição?
Seria superstição?
Mas não há nada de bruxaria nas cadeiras de Besalú. Elas foram feitas pela artista plástica Ester Baulida, em 1994, durante um intercâmbio de jovens artistas entre a província de Girona, da qual Besalú faz parte, e Frosinone, na Itália. Segundo Baulida (parece nome de bruxa, né?), as cadeiras representam a dificuldade das pessoas em resolver certos problemas cotidianos.
Se existe alguma bruxa em Besalú, com certeza ela trabalha disfarçada na cozinha do restaurante da praça onde almocei. Não lembro o nome do lugar, mas era o melhor localizado ali, com mesas ao ar livre, ao lado da Igreja de Sant Pere, de 1003.
 Igreja de Sant Pere, de 1003
Igreja de Sant Pere, de 1003
Eu havia pedido um filé de vaca, fritas, arroz e um suflê de espinafre. Como sobremesa, uma mousse de limão. O bife veio duro e meio cru, o suflê era um tijolinho verde ressecado, as batatas estavam encharcadas e a mousse estava mofada. Um pouco medieval demais para o meu gosto. Foi azar. A bruxa estava à solta. A comida espanhola é maravilhosa e comi bem em todos os outros lugares onde fui.
O almoço foi o único senão da visita à cidadezinha de mil habitantes, que arrebata pela ponte sobre o rio Fluvià, pelo portão de entrada que remete a filmes de capa e espada e por todo o conjunto arquitetônico. É como voltar no tempo.

Mais uma etapa superada...