A
Ética em Epicuro
Epicuro
- O criador dos 4 remédios para alcançar a felicidade.
A doutrina de Epicuro surgiu em um momento de insatisfação com a
condição das Cidades-Estados gregas. A vida social na Pólis era leviana e
marcada pela injustiça social. O poder se concentrava nas mãos de poucos: a
aristocracia urbana. Não havia felicidade entres os homens no contexto social,
no qual as pessoas se interessavam estritamente pelas riquezas e pelo poder; no
contexto religioso, no qual predominava a superstição, a religião tornou-se
servil, cercada de mitos e ritos sem significação e também crescia a procura
por oráculos e a crença em adivinhações. As pessoas gozavam dos prazeres mais
supérfluos advindos das riquezas e, assim, eram relativamente felizes, pois
estavam se esquecendo do que realmente proporciona a felicidade. Foi a partir
disso que Epicuro criou sua doutrina contra a superstição e os bens materiais,
voltada para uma reflexão interior e busca da verdadeira felicidade.
Essa doutrina é dividida em canônica, física e ética.
Porém, as duas primeiras partes são esclarecimentos para a fundamentação da
ética, visto que as ciências naturais só são importantes na medida em que
servem de auxílio à moral. Nenhuma teoria é válida se não possuir um objetivo
moral, o qual não possa ser aplicado na vida prática. A finalidade de sua ética
consiste em propiciar a felicidade aos homens, de modo que essa possa
libertá-los das mazelas que os atormentam, quer advenham de circunstâncias
políticas e sociais, quer sejam causadas por motivos religiosos.
A Felicidade é alcançada por meio do controle dos medos e dos
desejos, de maneira que seja possível chegar à ataraxia, a qual representa
um estado de prazer estável e equilíbrio e, consequentemente, a um estado de
tranquilidade e a ausência de perturbações, pois, conforme Epicuro, há prazeres
maus e violentos, decorrentes do vício e que são passageiros, provocando
somente insatisfação e dor. Mas também há prazeres decorrentes da busca
moderada da Felicidade.
Segundo Epicuro, a posse de poucos bens materiais e a não
obtenção de cargos públicos proporcionam uma vida feliz e repleta de
tranquilidade interior, visto que essas coisas trazem variadas perturbações.
Por isso, as condições necessárias para a boa saúde da alma estão na humildade.
E para alcançar a felicidade, Epicuro cria 4 “remédios”:
1. Não se deve temer os deuses;
2. Não se deve temer a morte;
3. O Bem não é difícil de se alcançar;
4. Os males não são difíceis de suportar.
De acordo com essas recomendações, é possível cultivar
pensamentos positivos os quais capacitam a pessoa a ter uma vida filosófica baseada
em uma ética. A felicidade se alcança através de poucas coisas materiais em
detrimento da busca do prazer voluptuoso. O homem ao buscar o prazer procura a
felicidade natural. No entanto é necessário saber escolher de modo que se evite
os prazeres que causam maiores dores; quando o homem não sabe escolher, surge a
dor e a infelicidade.
O sábio deve saber suportar a dor, visto que logo essa acabará
ou até mesmo as que duram por um tempo maior são suportáveis. A conquista do
prazer e a supressão da dor se dão pela sabedoria que encontra um estado de
satisfação interna. A virtude subordinada ao prazer só pode ser alcançada pelos
seguintes itens:
Inteligência – a prudência, o ponderamento que busca o
verdadeiro prazer e evita a dor;
Raciocínio – reflete sobre os ponderamentos levantados para
conhecer qual prazer é mais vantajoso, qual deve ser suportado, qual pode
atribuir um prazer maior, etc. O prazer como forma de suprimir a dor é um bem
absoluto, pois não pode ser acrescentado a ele nenhum maior ou novo prazer.
Autodomínio – evita o que é supérfluo, como bens materiais,
cultura sofisticada e participação política;
Justiça – deve ser buscada pelos frutos que produz, pois
foi estipulada para que não haja prejuízo entre os homens.
Enfim, todo empenho de Epicuro tinha como meta a felicidade dos
homens. Nos jardins (comunidade dos discípulos de Epicuro) reinava a
alegria e a vida simples. A amizade era o melhor dos sentimentos, pois
proporcionava a correção das faltas uns dos outros, permitindo as suas
correções. Com isso, a moral epicurista é baseada na propagação de suas ações,
pois ele não se restringiu apenas ao sentimento e ao prazer como normas de
moralidade, mas foi muito além de sua própria teoria, sendo o exemplo vivo da
doutrina que proferia.
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