Câmara
Municipal de São Paulo custa meio bilhão por ano aos cofres da cidade
A Câmara Municipal de São Paulo custa aos
cofres da cidade mais de meio bilhão anualmente. A despesa diminuiu nos dois
últimos anos, mas, mesmo assim, só os vereadores representam um gasto de R$ 180
mil por mês.
Para especialistas em gestão pública
ouvidos pela Folha, a redução drástica de gastos e ampliação da fiscalização do
Executivo podem tornar a Casa mais produtiva.
Além do
salário de R$ 15 mil, vereadores recebem R$ 143 mil para pagar até 17
assistentes parlamentares e R$ 22 mil de verba de gabinete.
Isso inclui gastos com gráfica, correios,
assinatura de jornais, transportes e materiais de escritório. Escolhas para
esse tipo de gasto variam muito entre os vereadores.
Por
exemplo, em junho, vereadores chegaram a gastar entre R$ 15 mil e R$ 19,6 mil
só em correios.
Conforme a Folha revelou no ano passado, o
vereador Senival Moura (PT) chegou a comprar por mês 90 mil folhas de sulfite
numa mesma papelaria –R$ 6 mil mensais. À época, o petista disse que usa tudo o
que compra em tarefas de mandato.
Para manter a Casa funcionando, os valores
sempre são superlativos.
Só em
papel toalha, o gasto anual é de R$ 104 mil, num contrato para fornecimento de
5,5 mil caixas. O contrato para fornecimento de pão francês é de R$ 43 mil por
ano, ao preço de R$ 10,85 o quilo, e de água mineral é de R$ 46 mil.
MAIS
ECONOMIA
A Câmara deveria fiscalizar mais a
prefeitura e gastar menos dinheiro, dizem especialistas e entidades que
acompanham o trabalho do órgão.
"Os vereadores deveriam chamar o
prefeito e os secretários para fazer prestação de contas a respeito do plano de
metas", afirmou Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo. A lei
que estipula que o prefeito deve estabelecer metas foi uma iniciativa da
entidade.
"Esse papel de fiscalizar o Poder
Executivo é importante, não apenas na questão orçamentária, mas também no
cumprimento das metas e da legislação", afirmou Grajew.
Para ele, a Câmara gasta muito em relação
a órgãos de outros locais. "Legislativos de vários países não têm
motorista, assessores são três ou quatro por partido. Esse negócio de copeira,
barbeira e médico não existe."
Para Maurício Piragino, da Escola de
Governo, a Câmara deveria melhorar a interlocução com a sociedade, por meio de
audiências públicas e outros meios de consulta. Ele elogia a iniciativa do
projeto Câmara nos Bairros, em que vereadores vão a diversas regiões da cidade.
Segundo Piragino, cabem também melhorias
na transparência, já que os canais via internet não são acessíveis a toda a
população.
O Legislativo paulistano tinha até 2014
despesas da ordem de R$ 586 milhões (em valores atuais), cifra que caiu para R$
520 milhões em 2015, segundo dados apresentados pela presidência da Câmara. A
estimativa é baixar para R$ 510 milhões neste ano.
ECONOMIA
"No ano passado, nós economizamos R$
60 milhões. Neste ano, vamos economizar outros R$ 50 milhões. Nós revertemos a
curva de gastos", disse o presidente da Câmara, Antônio Donato (PT).
A economia, segundo o petista, ocorreu
porque houve menos gastos com publicidade e o redimensionamento de valores de
obras com renegociações de contratos e redução em 30% do custo com a frota de
veículos usados pelos vereadores.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes-2016/2016/09/1812111-camara-municipal-de-sao-paulo-custa-meio-bilhao-por-ano-aos-cofres-da-cidade.shtml
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