Três das DSTs
mais comuns estão ficando intratáveis, diz OMS
O problema é o
uso errado ou exagerado de antibióticos
Você usa
camisinha? Porque a coisa está ficando séria: segundo a Organização Mundial da
Saúde, sífilis, clamídia e gonorreia - doenças bacterianas - estão ficando
resistentes aos antibióticos mais usados contra elas. E infectam cada vez mais
pessoas.
As infecções são
três das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais frequentes: juntas, elas
contagiam 200 milhões de pessoas por ano - todo ano, são 131 milhões infectadas
pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e 5,6 milhões pela sífilis. Com tanta
gente ficando doente, os antibióticos estavam sendo administrados sem cuidado
nenhum - e muitas vezes, por tempo demais ou em doses desnecessariamente altas.
Esse uso
exagerado de antibióticos é justamente o que tem feito as bactérias se tornarem
mais resistentes. O caso da gonorreia é o pior: a OMS afirma que já existem
cepas da bacteria N. gonorrhoeae, causadora da doença, que não respondem a
nenhum dos medicamentos que existem. O cenário para sífilis e clamídia não é
tão extremo, mas seus agentes causadores já se mostram bem mais resistentes à
medicamentos também, o que preocupa a organização.
Por isso, na
terça (30), a OMS aconselhou uma mudança nos tratamentos padrão para essas
doenças. Para começar, a organização recomenda o uso do antibiótico certo para
cada caso, em doses mais controladas do que se tem usado até agora - cada serviço
de saúde em cada país deve ficar responsável por definir o medicamento. Outra
recomendação, mais específica, é não usar a quinolona, um tipo de antibiótico
comum nos casos de infecções bacterianas como a sífilis, a gonorreia e a
clamídia. Para fechar, a OMS pediu que os governos prestem atenção no aumento
da resistência dessas bactérias, ano a ano.
Tudo isso deve
aumentar os custos de tratamento, já que os antibióticos específicos são,
geralmente, os mais novos - e mais caros. Fora que estudar os tipos de cepa que
cada pessoa infectada tem antes de receitar um medicamento também vai dar um
baita trabalho.
Transmissão e
sintomas
A sífilis é
transmitida por meio do contato com feridas de pessoas infectadas - elas podem
aparecer nos genitais, no ânus, na boca ou em outras partes do corpo. A doença
também pode ser transmitida de mãe para filho turante a gestação ou no parto
(por ano, a transmissão desse tipo provoca cerca de 143 mil mortes fetais e
nascimento de natimortos, além de 62 mil mortes neonatais, segundo a OMS). Quem
tem sífilis pode desenvolver essas feridas em um estágio inicial, mas elas
saram logo e se tornam erupções com pus. Aí, esses sintomas desaparecem, até
que um tempo depois (às vezes até anos), a doença volta à atividade e causa danos
ao cérebro, aos olhos e ao coração.
Já a clamídia, a
mais comum das DSTs causadas por bactérias, causa um ardor forte ao urinar ou
corrimentos genitais - embora a maioria das pessoas não apresente sintomas. A
gonorreia pode provocar, além de dores nos genitais, infecções e muita dor no
reto e na garganta.
As três doenças,
caso não sejam diagnosticadas e tratadas a tempo, podem causar problemas graves
a longo prazo - mesmo que não apresentem sintomas por um tempo. As mulheres,
por exemplo, podem desenvolver gravidez ectópica (fora do útero), inflamações
na região pélvica e abortos espontâneos. Nos dois sexos, a sífilis, a gonorreia
e a clamídia podem causar infertilidade, além de aumentarem o risco da pessoa
ser infectada pelo HIV.
Então, peguem as
camisinhas!
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