10 mandamentos para gastar menos no
supermercado
Confira um manual de sobrevivência
para quem tem dificuldade em controlar o impulso na hora das compras
Já aconteceu com todo mundo, ou
quase: você chega no caixa do supermercado para passar as compras e o valor da
conta é bem maior que o previamente imaginado. Você sai da loja encucado
pensando “como os preços subiram!” e começa a se preocupar com as contas do
mês.
AE
"O supermercado é um lugar
criado para te estimular ao máximo", diz Massaro
Supermercados cobram mais pelos
produtos do que o informado nas gôndolas
Cesta básica em SP está 0,69% mais
cara
Sacoleiros virtuais lucram com
viagens, mas caem na mira da Receita
Claro que os preços sobem, mas uma
parte disso também tem a ver com a forma como você lida com as compras.
Fundamentalmente, somos seres impulsivos. Cansados do excesso de trabalho, a
avalanche de informações e o exagero de responsabilidades, ficamos mais
vulneráveis e frágeis: com uma séria tendência a aceitar a maior parte do que
nos ofertam.
É aí que mora o perigo. “O
supermercado é um lugar criado para
estimulá-lo ao máximo, fazer você agir por impulso e separá-lo do dinheiro”, lembra André Massaro, educador, consultor financeiro e pesquisador
na área da psicologia econômica, que estuda a tomada de decisão das pessoas em
situações de consumo, investimento, carreira, entre outras. “Uma rede grande
tem muitos recursos, contratam os melhores psicólogos, antropólogos e
profissionais de marketing que o dinheiro puder pagar.” Tudo isso para
despertar o seu desejo de comprar.
A pergunta central é: dá para lutar
contra essas estratégias? A resposta de Massaro é clara. “O consumidor está
lutando contra um exército, não dá para vencer o supermercado”, diz. Mas ele
garante que dá para reduzir o impacto dessas artimanhas. E uma boa notícia: é
razoavelmente fácil fazer isso.
Basta buscar informação e observar o
próprio comportamento. “Essa coisa de evitar de ir ao supermercado com fome,
por exemplo, é só a ponta de um fenômeno absolutamente mental e muitas vezes
inconsciente”, explica o estudioso. Por isso, se você entrar na loja consciente
das limitações e pronto para receber uma avalanche de estímulos, tudo pode
mudar. “Se você mostrar para a pessoa que isso é feito dessa forma, ela fica
mentalmente vacinada.”
Confira as 10 sugestões de Massaro
para você manter mais dinheiro no seu bolso e menos na caixa registradora do
supermercado.
Procure ser fiel ao supermercado, ou
pelo menos à rede: saber onde as coisas estão pode te ajudar
1 – Irás aos mesmos supermercados
Parece estranho, mas saber exatamente
onde fica cada produto vai te ajudar muito a evitar as compras por impulso
naquela “passeadinha” enquanto procura o pão ou o leite. O próprio Massaro diz
utilizar essa técnica para evitar gastar mais que o previsto. “Na maior parte
das vezes os supermercados são organizados de forma similar, em uma escala
produtos de menor valor agregado para a direita, como frutas e legumes, e
outros mais caros, como os eletrodomésticos à esquerda”, explica. “Só que nem
sempre é assim, então você se vê obrigado a circular. Melhor ir na loja em que
você sabe onde as coisas estão.”
2 – Evitarás as promoções “pague dois
leve três”
Tudo no supermercado tem uma razão de
estar lá, inclusive aquela promoção para desovar o estoque que está com o
vencimento mais próximo. E os profissionais do varejo sabem o quanto nós, meros
mortais, somos incapazes de resistir a uma promoçãozinha. Por isso, repita como
um mantra: não importa a promoção, comprar o que não precisa será,
invariavelmente, um gasto a mais.
3 – Não tentarás sair em vantagem
Exatamente por que eles sabem dos
nossos impulsos e do nosso comportamento no comércio, Massaro tem uma má
notícia. “A gente não consegue vencer o supermercado e temos a necessidade
psicológica de levar alguma vantagem”, diz. Quando você estiver pensando que
este ou aquele produto está saindo “quase de graça” é porque você estava
pagando mais antes e, naquele momento, era interessante para o mercado fazer
você acreditar que está em vantagem.
O mesmo se aplica a “oportunidades
únicas” e também a àquelas promoções das dez últimas unidades da televisão
plasma ou do fogão de seis bocas: o dinheiro que o mercado está deixando de
receber na promoção certamente é compensado nos outros produtos.
Saia do supermercado o mais rápido
possível: evite a exposição às tentações
“A gente sai de uma gôndola com a
falsa sensação de ter saído em vantagem e no fim o produto não vai te atender”,
diz. Além disso você fica mais propenso a compensar o ganho naquele papo “já
que economizei no arroz, vou comprar um feijão de primeira”.
4 – Ficarás o mínimo de tempo
possível no supermercado
Como a “luta contra esse exército”,
como disse Massaro, é tão desigual, a melhor saída é ficar o mínimo de tempo
exposto aos estímulos para os olhos e a mente. Se você não pretende gastar mais
que o necessário, evite passear no supermercado – o mesmo vale para shopping
centers e galerias.
5 – Não estocarás alimentos
Aproveitando esse assunto, é bom
lembrar que você só está em guerra dentro do supermercado e não fora dele. Não
faça grandes estoques, caso contrário você correrá o risco de ter produtos
vencidos e principalmente de perder as contas do que você realmente tem em
casa.
6 – Não levarás as crianças
Se a ideia for passar pouco tempo na
loja, é evidente que as crianças devem ficar em casa. No entanto, essa
preocupação é fundamental para quem planeja gastar o mínimo, principalmente
porque elas pedem – e muito. São bravos os corações e raras as carteiras que
resistem aos olhinhos brilhantes pedindo o pacote de biscoitos recheados do
personagem do momento – que custa o dobro do preço de um outro não licenciado.
Companhia só vale no supermercado se
for para te ajudar a gastar menos
7 – Buscarás estar em boa companhia
(financeira, é claro)
Portanto, como diz Massaro, o melhor
jeito de ir ao supermercado é sozinho. Exceto para aqueles que têm dificuldade
em controlar o impulso. Esses devem sim levar alguém mais controlado que eles,
que possa por limite nas compras. “Se for para levar alguém com você, leve
alguém que te segure. Uma pessoa que faz comprar mais não ajuda.”
8 – Farás listas e mais listas
“Ir para um supermercado é um momento
de guerra e o planejamento de ataque é a lista”, brinca Massaro. Piadinhas
à parte, o especialisa explica que ter uma lista nas mãos lembra você do que
você realmente precisa comprar – não serve apenas para não te deixar esquecer
dos itens relevantes. Por isso, mesmo se tiver a lista decorada, leve ela para
as compras e a mantenha sob os olhos o tempo todo.
Os produtos na altura dos olhos
não estão lá por acaso
9 – Observarás todas as prateleiras
Parece paradoxal, mas não é. Se você
não tiver uma preferência clara por esta ou aquela marca, quando estiver na
sessão do produto que vai pegar naquele momento, olhe de cima a baixo. Os
produtos expostos na altura dos olhos estão estrategicamente posicionados
ali com base em pesquisas sobre a estatura média de homens e mulheres em
determinada região.
Não estranhe se os produtos mais caros estiverem ali, ao
alcance da mão – em alguns casos, há até empresas que pagam por um bom
posicionamento na prateleira. Ou você acha que, em algumas livrarias, por
exemplo, aquela pilha de livros que te recebe logo na entrada é uma forma de curadoria
literária? Aliás, aproveite para comparar com as listas dos mais vendidos e
tire qualquer dúvida de que essa estratégia funciona.
10 - Ficaremos ainda mais vigilantes
se situação financeira piorar
Claro que você pode fazer tudo isso,
só não pode ficar paranóico. Massaro mede o excesso de preocupação com a régua
do bom senso. “Quanto mais precária for sua situação financeira, maior terá de
ser a sua paranoia”, diz. “Quem está bem de vida pode se dar ao luxo de ser
ineficiente eventualmente, mas é preciso estar consciente disso.”
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