domingo, 24 de agosto de 2014

Devanear...

Leia um trecho picante do livro "Complicado Demais", de S. C. Stephens

Conheça um pouco da história de amor entre Kiera e Kellan, que chega às lojas na segunda quinzena de agosto.


Afastando minhas dúvidas, procurei me concentrar no que sabia com certeza. Naquele exato momento, Kellan me queria. Naquele exato momento, Kellan me amava, e apenas a mim. E, naquele exato momento, ainda faltavam horas para a minha irmã voltar.

Vestindo apenas as calças jeans detonadas que contornavam suas pernas à perfeição, seu peito escultural debruçado sobre o meu, Kellan pousou a boca com gentileza na minha, os dedos de sua mão livre enrolando uma mecha escura dos meus cabelos. Meus dedos também estavam ocupados. Eles passeavam por aquela cabeleira revolta, maravilhosa. 

Era tão delicioso enrolá-la entre os dedos, que não pude resistir a lhe dar um puxãozinho. Ele abriu um sorriso, os lábios ainda nos meus. Então, meus dedos foram descendo pelas suas costas, apreciando os músculos esguios e o leve pulsar das veias sob a pele. A partir daí eles decidiram subir até as espáduas, demorando-se por um momento nos músculos que se retesavam e relaxavam enquanto ele brincava com meus cabelos. O único curso natural que restava depois disso era descer até o fim das costas.

Meus dedos vagavam com prazer pela macia e enxuta extensão de pele, descendo até o cós da calça. Naturalmente, no meio do caminho eles decidiram voltar às espáduas e refazer o caminho até a cintura. Mas, dessa vez, passei as unhas de leve por sua pele em vez de usar as pontas dos dedos, que eram mais suaves e macias.

- Não me provoca - murmurou ele, chupando meu lábio inferior.

Dei um risinho ao me lembrar que uma vez já tinha cravado as unhas com ferocidade naquela pele perfeita e num quiosque de café espresso, ainda por cima. O sangue me aflorou ao rosto, fazendo-o arder. Fora um momento um tanto constrangedor para mim. Kellan interrompeu nosso beijo e se afastou para observar minhas feições, provavelmente notando o rubor no meu rosto e compreendendo minha expressão. Seu dedo traçou uma linha na minha face antes de percorrer meus lábios.

- Será que você faz uma ideia do efeito que aquele arranhão surtiu sobre mim?

Seus lábios se curvaram endiabrados ante a lembrança, e meu rubor se acentuou. Sem conseguir emitir uma palavra, eu me limitei a balançar a cabeça. Ele sorriu ainda mais e se inclinou sobre o meu ouvido:

- Acho que foi aquilo que me fez gozar.

Meus olhos se fecharam por um segundo quando o ouvi dizer isso, e ri baixinho, mesmo contra minha vontade.

- Não fazia ideia de que você fosse tão tarado sussurrei.

Ele soltou uma risada.

- Foi você que cravou as unhas em mim.

Voltei a rir, sentindo o humor levar a vergonha consigo.

- E foi você que gostou.

Ele beijou meu queixo de leve antes de se afastar com uma sobrancelha arqueada:

E você não gostou de fazer, por acaso?

Mordi o lábio, desviando os olhos da expressão vaidosa em seu rosto. É claro que eu tinha gostado. Meu corpo ficara tão satisfeito com a experiência quanto o dele. Mas não pude deixar de sentir uma pontada de culpa. Eu me sentia mal por tê-lo machucado, por tirar sangue. Isso já era passar um pouco dos limites num momento daqueles.

Surpreendendo-o, empurrei seus ombros para trás. Ele soltou um resmungo e disse "Ei!", tentando rastejar de novo para cima de mim. Aos risos, mantive-o a distância com uma das mãos, enquanto me contorcia para livrar a metade do corpo que ainda estava presa entre suas pernas. Antes que ele pudesse se queixar ou me imobilizar na posição anterior, eu montei nos seus quadris.

Como ele estava de lado, começou a se virar de costas. Senti pelo sorriso radiante iluminando seu rosto que Kellan achara que aquilo ia dar em intimidade. A ideia de eu ficar por cima à força o excitava. Mas, também, Kellan estava sempre excitado. Ri ainda mais ao empurrar seus ombros para baixo, mantendo seu peito preso no colchão. Quando estava firmemente sentada na parte de baixo da sua coluna, ele virou o pescoço para me olhar.

- O que está fazendo?

Minhas mãos passearam um pouco pela extensão de pele perfeita antes de eu responder, com voz um tanto sensual:

- Bem, eu me sinto meio culpada por ter machucado você

Ele se virou mais um pouco, seus lábios me dando um sorriso:

- Eu disse que aquilo me fez gozar, não disse?

Senti o rubor voltar ao ouvi-lo pronunciar aquela palavra de novo gozar. Não chegava nem mesmo a ser obscena, mas ouvi-la dos seus lábios me fez lembrar aqueles momentos de crispar os músculos, de ferver o sangue, de mudar o destino, momentos do mais puro êxtase. Sorrindo, procurei não reviver aquela sensação por ora.

- Quero ter certeza de que você não ficou danificado

Passei as mãos pelas suas costas, me inclinando sobre ele até meus cabelos roçarem sua pele. Adorei ver que ele se arrepiou quando minhas longas mechas afagaram suas costas. Seus olhos encontraram meu rosto, e sua voz ficou mais baixa:

- Eu só tenho uma cicatriz que possa ser atribuída a você.

Ele manteve os olhos nos meus, e eu prendi a respiração ao ver quanto amor havia neles. Não achava que algum dia me habituaria a ver o quanto ele me adorava. O que tornava irrelevantes as paqueras que eu presenciara horas atrás. Nenhuma daquelas fãs jamais receberia um olhar desses, nem jamais teria esse nível de intimidade com ele. Não mais. Evan tinha razão Kellan flertava com elas, mas o coração dele era meu.

Assenti, surpresa ao notar que meus olhos começavam a ficar úmidos. Minha memória repassou a cena a que ele se referia, e eu mordi o lábio. Já fazia muito tempo que ele levara uma facada ao tentar defender minha honra. Fora um dos momentos de coragem mais bonitos e apavorantes que alguém já vivera por mim. 

Eu achava incrível que ele tivesse me defendido, e horrível que tivesse se machucado. Meus dedos foram descendo pelas suas costelas, tocando o colchão quando os curvei em torno do seu corpo. Eu me inclinei e beijei a ponta da cicatriz onde senti uma aspereza marcando aquela pele outrora lisa. Ele ficou ofegante, seu estômago se contraindo ao sentir meus lábios passando sobre a velha ferida.

Sorri, enquanto aplicava beijos pelas suas costas, pensando em outra ferida que lhe fora infligida por minha causa. É verdade que essa não tinha deixado uma cicatriz externa (a fratura consolidara sem cirurgia), mas eu tinha consciência do dano que jazia sob a superfície. Minhas mãos percorreram seus braços, apertando o esquerdo, fraturado muitos meses antes, durante uma briga com meu ex-namorado, Denny.

Eu me inclinei para a frente e beijei aquele braço, seu olhar se abrandou ainda me observando. Vi que ele compreendera meu gesto.

- Adoro você por todas as suas cicatrizes sussurrei, me curvando e beijando de leve seus lábios.

Sua mão segurou minha cabeça, me mantendo presa na doce maciez do seu beijo. Ele o aprofundou, e o fogo da expectativa me correu pelas veias quando sua língua roçou a minha. Minha respiração acelerou e eu me curvei mais em direção ao beijo por um momento, antes de interrompê-lo.

Com jeito, eu me desvencilhei de sua mão, que me prendia à sua boca. Com uma expressão zangada, dei um tapa no seu ombro

- Para com isso. Ainda não terminei minha inspeção.

Ele suspirou, revirando os olhos.

- Tá, mas será que não dá para andar mais depressa? Para eu poder fazer amor com você e não com esse colchão horrível? Pressionou os lábios no futon sob o corpo para enfatizar o que dizia, e eu caí na risada. Achando graça também, ele murmurou: Podemos trocar de posição quando você terminar?

Ignorando o pedido, continuei sentada na base da sua coluna, concentrando toda a minha atenção naquelas costas maravilhosas. Ele parecia estar ótimo. Não havia quaisquer linhas finas de pele enrugada no local dos arranhões que eu lhe dera. Foi só quando me inclinei para beijar sua pele que as notei. Eram cicatrizes muito tênues, tão tênues que não daria para notá-las a menos que se ficasse literalmente a centímetros da sua pele como eu naquele momento, mas estavam lá. 

Listras brancas e finas riscavam suas costas, no ponto onde eu passara as unhas. Sorri comigo mesma ao ver que uma parte daquela noite tão louca e intensa ainda estava com ele, talvez para sempre. Por mais que detestasse ter lhe causado dor, também estava satisfeita por ver que ele sempre carregaria uma lembrança daquela noite aonde quer que fosse.

- Ah, encontrei o que procurava murmurei.

Ele já ia perguntando "O quê?", quando, brincalhona, deslizei a ponta da língua pela vaga listra branca. Ele interrompeu o que dizia, um arrepio percorrendo seu corpo. Mais atrevida, deixei a língua seguir numa trilha por entre suas espáduas até a nuca. Kellan se contorceu, deixando a testa cair no travesseiro; sua respiração acelerou. Com mais uma velha lembrança tomando conta de mim, mordi sua nuca muito de leve, fazendo-o gemer.

Antes que eu pudesse entender e impedi-lo, ele se virou embaixo de mim, levantando os braços para me deitar no futon. Soltei todo o ar dos pulmões com a força que ele usou para me tirar das costas. Comecei a rir quando se deitou em cima de mim. Seus lábios atacaram os meus, sua língua praticamente procurando minhas amígdalas. Eu o empurrei. Com o desejo estampado naquele olhar de sexo tórrido, ele rosnou:

- Não me provoca.

Dei um risinho de desdém, passando o dedo pela sua boca entreaberta.

- Revanche. - Arqueei uma sobrancelha para ele. - Pelo menos, eu não fiz isso numa boate lotada de gente.

O rosto dele se sobressaltou. Era quase como se tivesse esquecido aquele momento intenso em que me lambera no meio de uma pista de dança lotada. Denny e Anna estavam em outra parte da boate. Ele franziu o cenho, seu olhar parecendo um tanto arrependido.

- Aquilo não foi muito legal da minha parte, não é?

Passei os braços pelo seu pescoço, negando com a cabeça.

- Não, não foi mas eu gostei.

Seus olhos culpados recuperaram o bom humor quando ele recordou aquela noite.

- Não pude resistir. Seus dedos deslizaram pelos meus braços, levantando-os acima da minha cabeça, o que fez com que arrepios deliciosos me percorressem o corpo. - Seus braços estavam levantados assim. - Segurou meus dois braços acima da cabeça pelos pulsos com uma mão só, enquanto seu dedo descia pelo meu nariz até a boca. - Você ficou mordendo o lábio enquanto dançava. - Tornei a morder o lábio ao ver seus olhos gulosos recriarem a imagem de mim mesma que o fizera perder a cabeça. 

Seu dedo deslizou sobre meu lábio, descendo até entre os seios. Fechei os olhos e ele continuou arrastando o dedo sobre meu umbigo exposto até o short. Brincou com o cós por um momento antes de levar a mão ao osso do quadril. - E esses esses quadris - Curvou-se e ficou respirando de leve sobre meu rosto, nossos lábios se roçando. - esses quadris que me levaram à loucura.

Levou os lábios aos meus e soltou minhas mãos. Envolvi sua cabeça entre os braços, abraçando-o com força. Quando paramos para recobrar o fôlego, murmurei:

- Você ficou me observando?

Ele passou o nariz pela minha face, vez por outra estendendo a língua para sentir meu gosto.

- O tempo todo. - Seus lábios iam e vinham pelo meu maxilar. - Tenho muitas culpas para expiar, e detesto o que aconteceu entre nós depois, mas nunca vou me arrepender por ter sentido o gosto da sua pele aquela noite. Fiquei ofegante e arqueei as costas ao seu encontro, levantando a cabeça para que seus lábios pudessem tornar a visitar meu pescoço.

Ele fez o que eu queria, toques leves como plumas descendo por minha pele. Sua boca ainda no meu pescoço, seus dedos desfizeram o nó da minha blusa. Com um único gesto, ele retirou o tecido escuro pela minha cabeça. Seus olhos se demoraram sobre meu corpo por um segundo antes de ele abrir o sutiã com dedos afoitos e arrancá-lo. Meu corpo pulsava de ânsia enquanto seus olhos ardentes me acariciavam visualmente. Com um suspiro, ele deixou a cabeça cair sobre meu estômago.

- Eu preciso dessa carne - murmurou, sua língua subindo pelo meu corpo.

Senti as entranhas se incendiarem com esse contato e me contorci sob seu toque.

- Também preciso de você, Kellan.

Ele passou a língua por entre meus seios.

- Preciso ver seu rosto enquanto faço isso. - Estendeu a língua inteira até o meu pescoço, e eu fechei os olhos, gemendo em resposta. - E preciso ouvir você também. - Levou os lábios, e aquela língua mágica, até meu seio, contornando o mamilo com ela.

Arqueei as costas, enfiando as mãos entre seus cabelos.

- Meu Deus, assim

Com a respiração pesada, ele levou os lábios à minha orelha.

- Preciso estar dentro de você tão fundo quanto puder ir. - Meu corpo chegou a doer com essas palavras, meu short de repente tão desconfortável quando o latejar delicioso entre minhas coxas se transformou numa dor violenta. Gemi alto e tentei beijá-lo, mas ele se afastou. Ficou parado em cima de mim, e eu abri os olhos para contemplar aquele Adônis à minha frente. Sua expressão ardendo de desejo por mim, ele engoliu em seco.

- E preciso ouvir você pedindo também. - Com o rosto suplicando muito mais do que as palavras, acrescentou: - Você me quer?

O latejar se intensificou, o que pensei que fosse impossível, e minha boca encontrou a sua.

- Meu Deus, Kellan por favor, sim, meu Deus por favor. Eu quero você quero tanto você. - E eu também queria dizer mais do que as palavras. Ele me perguntava se era realmente com ele que eu queria estar. E eu lhe dizia, com a máxima clareza possível, que sim.

Murmurei mais súplicas para ele, nossas bocas encenando o que ambos desejávamos. Com arquejos fortes e dedos frenéticos, terminamos de despir o resto de nossas roupas, e ele fez exatamente o que disse que precisava fazer.

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