Após
suicídio, córneas de adolescente gay são rejeitadas em hospital nos Estados
Unidos
Vítima de homofobia na escola, o adolescente AJ
Betts, de 16 anos, do Estado de Iowa, resolveu tirar a própria vida. Mas ele
teve um desejo antes de morrer: que seus órgãos fossem doados. O coração do
garoto foi aceito por um hospital local. No entanto, as córneas foram
rejeitadas por outra unidade de saúde norte-americana. O hospital que rejeitou
alegou a homossexualidade do jovem como motivo para a recusa. O caso aconteceu
no ano passado, mas veio à tona nesta sexta-feira nos Estados Unidos após
publicação no periódico Washington Post e acendeu uma grande polêmica.
Córneas de adolescente foram rejeitadas em hospital
em razão de sua homossexualidade.
Foto: Arquivo Pessoal
O hospital usou como justificativa uma norma do
Departamento de Saúde Norte-Americana que determina que as doações de órgãos ou
transfusões de sangue são proibidas para homens que fizeram sexo com outros
homens nos últimos cinco anos. Sheryl Moore, mãe do adolescente, no entanto diz não conseguir entender como essa regra pôde valer para seu filho. “Eu não
consigo entender, sinto uma grande revolta. Não é possível que meu filho de
apenas 16 anos possa ser impedido de doar seus olhos só porque é gay”.
A proibição é contestada pela Associação Médica
Americana. Segundo a revista Time, William Kobler, membro da diretoria da
associação, disse, em um comunicado: “A proibição permanente de doação de
sangue e órgãos para os homens que fazem sexo com homens é discriminatória e
não tem base em dados científicos sólidos.”
Glenn Cohen, professor de Bioética da Faculdade de
Direito de Harvard, escreveu que os Estados Unidos deveriam revogar tais
normas. “Achamos que é hora de o FDA olhar seriamente essa política, porque
está fora de sintonia com a medicina moderna, está fora de sintonia com a
opinião pública e nós sentimos que é legalmente problemático”, disse à rede de
televisão CBS.
Para a mãe do adolescente, a determinação do
Departamento de Saúde Norte-Americano precisa ser revista: “Isso é arcaico! É
uma bobagem negar que as pessoas possam ter o apoio que precisam para salvar
vidas por causa de regulamentos de 30 anos”, declarou. Moore disse ter se
sentido melhor ao saber que o coração de AJ foi aceito. “Eu tenho certeza que
meu filho teria gostado disso”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário