Como a maconha afeta o cérebro adolescente
Estudo sueco sugere que uso abusivo durante a adolescência aumenta riscos de morrer antes dos 60 anos
O uso pesado de
maconha na adolescência pode estar relacionado a maior risco de morte antes dos
60 anos, sugere um novo estudo. A pesquisa reforça a tese de que o impacto da
droga na saúde e no comportamento depende diretamente da idade de contato
inicial e do padrão de uso.
O trabalho,
realizado pelo Instituto Karolinska, da Suécia, avaliou 45 mil homens que
fizeram o serviço militar obrigatório no país entre 1969 e 1970. Eles foram
acompanhados até 2011. Os pesquisadores registraram 4 mil mortes em 42 anos.
Aqueles que haviam feito uso pesado de maconha (definido como ter consumido a
droga mais que 50 vezes na adolescência) apresentaram um risco 40% maior de
morrer precocemente do que aqueles que nunca a fumaram.
Os especialistas
arriscam as razões para essa associação: usuários pesados de maconha tenderiam
a fumar tabaco com maior frequência, ter um pior padrão alimentar, apresentar
saúde mais precária e, ainda, maior incidência de câncer de pulmão e de
problemas cardíacos. Os dados, publicados no periódico American Journal of Psychiatry, mostram também que o risco
de morte por suicídio e acidentes é diretamente proporcional à quantidade de
droga usada na adolescência.
O cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível (tanto do ponto de vista biológico como emocional) aos efeitos de qualquer tipo de droga. Assim, há um risco maior de consequências do abuso de substâncias em um momento potencialmente mais crítico de formação de redes e circuitos neuronais.
O cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível (tanto do ponto de vista biológico como emocional) aos efeitos de qualquer tipo de droga. Assim, há um risco maior de consequências do abuso de substâncias em um momento potencialmente mais crítico de formação de redes e circuitos neuronais.
Estudos anteriores
já davam uma dimensão desses riscos. Alguns dos mais frequentes são piora
cognitiva (padrões mais pobres de Q.I., por exemplo), maior chance de quadros
psicóticos, impulsividade, falta de motivação, dificuldades persistentes de
memória e desenvolvimento inadequado do córtex pré-frontal (área do cérebro
ligada a julgamento, pensamento complexo e tomada de decisões). Outros
trabalhos também já elencam possíveis impactos econômicos e sociais, de longo
prazo, com esse padrão de uso mais precoce e mais frequente de maconha, como
dificuldades nos relacionamentos interpessoais, menor qualificação no trabalho,
salários mais baixos e problemas financeiros.
Esses achados reforçam a ideia de que a dose e o momento do contato com a maconha podem ter impacto de forma distinta na saúde e no comportamento das pessoas. Com leis mais flexíveis de consumo em boa parte do mundo, é importante que esses pontos sejam levados em consideração na formulação de políticas públicas.
Esses achados reforçam a ideia de que a dose e o momento do contato com a maconha podem ter impacto de forma distinta na saúde e no comportamento das pessoas. Com leis mais flexíveis de consumo em boa parte do mundo, é importante que esses pontos sejam levados em consideração na formulação de políticas públicas.
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