A Inconfidência Mineira
No século XVIII, o Brasil ficou marcado pela descoberta e a exploração
de suas minas de ouro. Encontradas principalmente nas regiões de Minas Gerais,
Mato Grosso e Goiás, o ouro despertou o interesse dos colonizadores
portugueses. Afinal de contas, o encontro de metais preciosos foi uma das mais
antigas ambições que os portugueses tiveram assim que chegaram por aqui.
Com a descoberta do ouro, o governo português tratou de criar uma série
de impostos que garantiam a obtenção de lucros junto à atividade mineradora.
Com o passar dos anos, o esgotamento das minas passou a diminuir bastante as
toneladas de ouro que eram enviadas para Portugal. Isso se explica até pelo fato
de que o ouro é um bem natural não renovável e com a constante exploração foi
perdendo força.
Na medida em que percebeu a diminuição da quantidade de ouro recolhido,
o governo português decidiu aumentar a cobrança de impostos feita nas minas. A
fiscalização nas cidades mineiras aumentou e um polêmico imposto chamado de
derrama passou a ser cobrado. A derrama era um tipo de cobrança em que Portugal
recuperava os impostos atrasados, com a tomada de outros bens dos mineradores
que estavam em dívida com o governo português.
Esse tipo de cobrança gerou muita insatisfação e acabou sendo um dos
motivos pelos quais alguns mineradores, intelectuais e proprietários de terra
de Minas Gerais, lá pelos fins da década de 1780, se reuniram para criticar e
elaborar um plano pelo fim da colonização portuguesa. Essas reuniões deram
força ao planejamento de uma revolta, que ficou conhecida em nossa história
como Inconfidência Mineira.
Os chamados inconfidentes acreditavam ser possível lutar pela
independência de Minas Gerais e implantar um governo de característica um tanto
mais justa e democrática. Apesar de não serem visivelmente contra a escravidão,
os inconfidentes lutavam pela modernização da economia local, a criação de
universidades e a separação entre a Igreja e o Estado. Além disso, traçaram um
plano de rebelião que aconteceria assim que a derrama fosse cobrada na cidade
de Vila Rica. Os inconfidentes acreditavam que se a revolta acontecesse no
momento da cobrança, o apoio da população aconteceria naturalmente.
Apesar de todo o planejamento, a revolta acabou não acontecendo. Um
envolvido na revolta, chamado Joaquim Silvério dos Reis, preferiu entregar o
plano em troca do perdão de suas dívidas. Desse modo, as autoridades
portuguesas prenderam grande parte dos envolvidos e os processaram pelo crime
de traição. No ano de 1791, as investigações foram encerradas e os acusados
tiveram suas penas decretadas. Entre os condenados, somente o inconfidente
Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, foi condenado à morte.
Alguns historiadores dizem que Tiradentes foi o único punido, pois era o
envolvido na revolta que tinha a condição financeira mais humilde. Tiradentes
era militar e dentista, duas profissões que garantiam uma vida modesta, mas não
muito confortável. No fim das contas, principalmente a partir do século XX,
esse inconfidente foi transformado em herói nacional. Sua condenação à forca e
ao esquartejamento virou símbolo de luta pela independência do Brasil. Contudo,
lá naquela época, a defesa da independência de toda nação estava longe de
acontecer.
Dessa forma, percebemos que a Inconfidência Mineira foi fruto do
autoritarismo e da violência que eram empregados por Portugal no século XVIII.
Contudo, por outro lado, não podemos dizer que os inconfidentes tinham um
grande plano de independência para a nação brasileira. Os revoltosos de Minas
pensavam apenas em sua região, mas acabaram sendo transformados em heróis
nacionais.
http://www.escolakids.com/a-inconfidencia-mineira.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário