A História
das Escolas
Durante muito tempo, a escola foi um privilégio para poucos
Ao longo da nossa vida, temos uma rotina que organiza o nosso
tempo e determina as atividades que realizamos ao longo de todo um dia. Para a
criança, principalmente no Ocidente, a escola aparece desde muito cedo como um
dos espaços que orienta as suas ações no dia a dia. Sendo tão acostumados a
esse tipo de situação, podemos imaginar que muitas crianças encarem sua
presença na escola como algo completamente natural, feito assim porque sempre
foi assim.
Contudo, devemos entender que a escola não é um espaço natural –
o segundo lugar ocupado pela criança depois da casa. Afinal, houve um longo
processo de transformações, escolhas e ideias responsável pelo surgimento da
escola. Feita essa afirmação, alguns podem até perguntar: “Quando e como as
escolas foram criadas?”. Para essa pergunta, devemos construir uma resposta
mais longa, que abrange uma história que passa por diferentes povos e
diferentes noções sobre a educação e sobre as necessidades de uma criança.
Já na Antiguidade, a educação infantil era uma preocupação
presente entre as várias civilizações que se firmaram. Em casos diversos,
observamos que a educação dos menores acontecia no espaço da casa. Os valores e
o conhecimento eram diretamente transmitidos dos pais para os filhos. Já nessa
época, percebemos que havia um universo de saberes considerado importante para
criança e, ao mesmo tempo, uma divisão daquilo que meninos e meninas deveriam
aprender para as suas vidas.
Com o surgimento de sociedades mais complexas, dotadas de
instituições políticas e práticas econômicas sofisticadas, a noção de que a
educação familiar era suficiente perde espaço. Nesse contexto, percebemos o
surgimento dos primeiros professores, profissionais que se especializaram em repassar
conhecimento. Não raro, esses primeiros professores eram exclusivamente
contratados por famílias que possuíam melhores condições ou eles organizavam
suas aulas em espaços improvisados, recebendo uma quantia de cada aluno
integrante da turma.
Já nessa época, percebemos que a educação e o acesso aos
professores estiveram estritamente ligados à condição econômica de uma família.
Na Grécia Antiga, a educação era encarada como uma atividade para poucos, para
aqueles que podiam consumir o seu tempo livre com o saber e não tinham a
necessidade de trabalhar para garantir a própria sobrevivência. Sendo assim,
percebemos que a educação era um privilégio garantido a uma parcela mínima da
população.
No período medieval, o processo de ruralização da sociedade
europeia estabeleceu um novo quadro para as escolas. O ensino se mostrou
restrito a uma população mínima, geralmente ligada ao recrutamento dos líderes
religiosos da ascendente Igreja Cristã. Sendo o processo de conversão uma árdua
tarefa, os membros da igreja passavam por uma ordenada rotina de estudos para
que então pudessem dominar eficazmente a compreensão do texto bíblico. Enquanto
isso, as comunidades nos feudos raramente tinham oportunidade de se instruir.
Ainda nos tempos medievais, percebemos que essa situação muda de
figura com o renascimento dos centros urbanos e com a rearticulação das
atividades comerciais. A necessidade de controle e de organização dos negócios
e a administração das cidades exigiam a formação de pessoas
capacitadas para tais postos. Sendo assim, as instituições de ensino passaram a
se abrir para o público leigo, mas com forte presença de membros da Igreja que
lecionavam em tais instituições. Ainda nesse momento, o saber continuava
restrito a uma parcela pequena da população.
Adentrando a Idade Moderna, percebemos que o desenvolvimento
dessas instituições abriu portas para novas reflexões sobre como as escolas
deveriam funcionar e a qual público elas se dirigiam. A organização dos
currículos, a divisão das fases do ensino e as matérias a serem estudadas
começaram a ser discutidas. Paralelamente, a diferenciação entre o ensino
masculino e feminino também surgiu nesse tempo. Até então, na grande maioria
dos casos, o ambiente escolar ficava restrito às figuras masculinas da
sociedade europeia.
No século XVIII, o surgimento do movimento iluminista colocou o
desenvolvimento de uma sociedade orientada pela razão como uma necessidade
indispensável. Pautados por princípios de igualdade e liberdade, o discurso dos
iluministas colocava o ambiente escolar como uma instituição de grande
importância. No século seguinte, temos a expansão das instituições escolares na
Europa, então comprometidas com um ensino que fosse acessível a diferentes parcelas
da sociedade, independente da sua origem social ou econômica.
No século passado, esse processo de expansão das escolas superou
os limites do continente europeu. Países marcados pela colonização
experimentaram o aparecimento das escolas. Apesar dos aparentes benefícios de
tal transformação, notamos que essas instituições não poderiam ser uma simples
cópia do modelo europeu. Era necessário repensar o lugar da educação nessas
outras sociedades, à luz de suas demandas, problemas e contradições.
Nas últimas décadas, o avanço da tecnologia e o crescimento
acelerado dos meios de comunicação nos instigam a repensar seriamente como as
escolas devem se organizar. O acesso às informações e saberes já não é um
problema a ser resolvido exclusivamente pelo ambiente escolar. Mais do que
simples transmissão, a escola do século XXI deve se encaminhar para a
construção de um saber autônomo, em que o indivíduo se mostre capaz de criticar
e organizar o conhecimento que se mostre relevante para si mesmo.
http://www.escolakids.com/a-historia-das-escolas.htm
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