Enfiar o pé na jaca
Enfiar o pé na jaca” é uma expressão nascida nos tempos do Brasil
Colônia.
Em momentos de alegria, principalmente em festas,
deixamos a empolgação tomar conta e acabamos cometendo alguns excessos. No dia seguinte, ainda lamentando a ressaca
da noite anterior, somos avisados ou concluímos por si só que enfiamos o pé na
jaca. Dessa forma, aprendemos que qualquer tipo de exagero ou comportamento
abusivo está associado a essa curiosa expressão.
Para alguns, a imagem de alguém literalmente enfiando o pé na jaca é suficiente
para associar a estranha alegoria à situação de exagero. Contudo, esse é um
erro de interpretação que nega as verdadeiras origens dessa expressão hoje tão
comum. Na verdade, a fruta aqui em questão só apareceu por conta de mais um
corriqueiro processo de mutação dos termos idiomáticos.
Nos idos do século XVII e XVIII, o transporte de cargas e mercadorias ganhou
grande espaço com a economia mineradora. Naquela época, os tropeiros realizavam
esse serviço de distribuição no lombo de mulas geralmente munidas de um grande
par de jacás. O jacá era um grande cesto indígena (feito de cipó ou bambu) no
qual esses viajantes carregavam suas valiosas mercadorias.
Em algumas situações, os tropeiros interrompiam ou terminavam as suas viagens
em uma venda onde se entregavam ao prazer da bebida. Depois de tantos goles,
era comum que esses tropeiros passassem por um grande constrangimento na hora
de subir no lombo das mulas. Não raro, o pobre tropeiro embriagado acabava
enfiando o “pé na jacá” na hora de seguir o seu destino.
De lá para cá, o desuso desse tipo de cesto acabou sendo paralelo à própria
transformação do termo. Nessa história, a pobre jaca acabou tomando o lugar do
utensílio indígena. Apesar da mudança, o exagero dos tropeiros do século XVIII
e dos “baladeiros” modernos continuam a render boas histórias.
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