segunda-feira, 28 de março de 2016

Língua afiada...










Pegadinha gramatical




Gramática Online: Concordância Verbal

Seu objetivo: estudar os principais casos de concordância verbal.

Concordância Verbal: é a concordância estabelecida entre o verbo e o seu sujeito ou predicativo.

1) Sujeito Composto: com o sujeito composto (aquele que tem mais de um núcleo), a concordância é feita no plural.

Exemplo: O professor e os alunos estão em férias. Nesse caso, o sujeito é composto (tem dois núcleos: “professor” e “alunos”) e, portanto, a concordância é feita no plural (estão).

Observação 1: caso o sujeito composto apareça depois do verbo, a concordância, além do plural, também pode ser por aproximação (o verbo pode concordar com a palavra mais próxima). Exemplos: “fui eu e ela ao teatro”, “foi ela e eu ao teatro” ou ”fomos eu e ela ao teatro”.

Observação 2: caso o sujeito composto tenha núcleos semelhantes, sinônimos ou em gradação, a concordância poderá ser no singular. Exemplo: “a alegria e a felicidade faz bem”.

2) “Que”: o verbo concorda com o termo que aparece antes do pronome “que”.

Exemplo: Fui eu que quebrei a janela.

Observação: cuidado para não falar “foi eu que quebrei”. A conjugação correta é “eu fui” (e não “eu foi”). Portanto, devemos dizer “fui eu”.

3) “Quem”: o verbo poderá concordar com o pronome “quem” ou com o termo que aparece antes do pronome “quem”.

Exemplos: “fui eu quem quebrou a janela” ou “fui eu quem quebrei a janela”.

4) Verbo “Haver”: o verbo “haver” é invariável se estiver significando “tempo decorrido” ou “existência”. Nesses caso, ele também é considerado um verbo impessoal.

Exemplo 1: Eu viajei para a Europa dois anos. Eu viajei para a Europa um ano. Nesse caso, o verbo “haver” expressa tempo decorrido e, portanto, permanece invariável (tanto para palavras no plural quanto para palavras no singular).

Exemplo 2: uma pessoa na sala. duas pessoas na sala. Nesse caso, o verbo “haver” expressa existência (existem duas pessoas na sala) e, por isso, permanece invariável, independentemente se houver apenas uma ou mais pessoas na sala.

Observação: se o verbo “haver” for o verbo principal de uma locução verbal e estiver em um desses casos de invariabilidade (tempo decorrido ou existência), o verbo auxiliar também será invariável. Exemplo: “deve haver muitas pessoas na sala”. Nesse caso, o verbo “deve”, que acompanha o verbo “haver”, também não varia.

5) Verbo “Fazer”: o verbo “fazer” é invariável quando ele indica tempo. Nesse caso, ele é considerado um verbo impessoal.

Exemplo: Faz um ano que eu viajei. Faz dois anos que eu viajei. Nesses casos, o verbo “fazer” indica tempo e, por causa disso, permanece no singular (é errado dizer “fazem dois anos”).
Observação: do mesmo modo do verbo “haver”, o verbo “fazer”, se estiver numa locução, também deixa o verbo auxiliar invariável. Exemplo: “deve fazer vinte dias que eu não viajo”.

6) Verbo “Ser” (tempo ou data): o verbo “ser”, quando for usado para expressar tempo ou data, deve concordar com o numeral.

Exemplos: É uma hora. São duas horas. Hoje são dois de janeiro.

Observação: para indicar o horário, os verbos “dar”, “bater”, “tocar” e “soar” também concordam com o numeral. Exemplos: já deram duas horas da tarde. Porém, tome cuidado: “o relógio deu duas horas” (o sujeito é “o relógio”, logo é errado dizer “o relógio deram duas horas”)

7) Verbo “Ser” (concordância com o predicativo): o verbo “ser” concorda com o predicativo se o sujeito for os pronomes interrogativos (“quem”, “que”, “qual”) ou então os pronomes “isso”, “isso”, “aquilo”, “o” ou “tudo”.

Exemplos: Quem era o vendedor? Quem eram os vendedores? Tudo é difícil. Tudo são flores. Isso é errado. Isso são casos de polícia.

8) Verbo “Ser” (concordância com o sujeito): se o sujeito do verbo “ser” for um substantivo ou um  pronome pessoal, então o verbo concorda com o sujeito.

Exemplos: Os professores são o segredo daquela escola.

9) Verbo “Ser” (invariável): o verbo “ser” é invariável em expressões do tipo “é pouco”, “é muito”, “é o suficiente”, “é o preço”, etc.

Exemplos: Gritar com elas é pouco. Seis horas de prova é muito.

10) “Se” (partícula apassivadora): o “se” é uma partícula apassivadora quando ela se liga a um verbo transitivo direto (verbo que não exige preposição), característica da oração que se encontra na voz passiva (veja mais sobre vozes verbais clicando aqui). Quando isso acontece, o verbo faz a concordância normalmente, flexionando-se no singular ou no plural.

Exemplos: Alugam-se apartamentos. Aluga-se apartamento. Observe que o verbo “alugar” concorda normalmente com “apartamento”, concordando com ele no plural ou no singular.

11) “Se” (índice de indeterminação do sujeito): o “se” é um índice de indeterminação do sujeito quando ele se liga a um verbo que não seja transitivo direto. Nesse caso, o verbo não concorda com ninguém: ele fica invariável, sempre flexionado na terceira pessoa do singular.

Exemplos: Precisa-se de um voluntário. Precisa-se de vários voluntários. Observe que, nesse caso, o verbo não é transitivo direto (o verbo “precisar” exige a preposição “de”). Portanto, o “se” que se liga a esse verbo é um índice de indeterminação do sujeito. Logo, o verbo “precisar” permanece na terceira pessoa do singular (“ele” precisa), independente de “voluntário” estar no singular ou no plural.

12) Fração: quando o sujeito for expresso por fração, a concordância será feita com o número que indica a parte inteira da fração.

Exemplos: Um centésimo dos políticos é honesto. Dois centésimos dos políticos são honestos

13) Porcentagem: a concordância com porcentagens é feita com o termo expresso pela porcentagem. Caso contrário, a concordância será feita com o número da porcentagem.

Exemplo 1: Noventa por cento da turma está aprovada. Nesse caso, devemos concordar o verbo com “turma”.

Exemplo 2: Noventa por cento dos alunos estão aprovados. Nesse caso, devemos concordar o verbo com “alunos”.

Exemplo 3: Noventa por cento estão aprovados. Nesse caso, como não há nenhum termo definido pela porcentagem, nós devemos fazer a concordância com o número da porcentagem (noventa estão aprovados).

14) Expressões de dupla concordância: algumas expressões podem ter duas concordâncias (no singular ou no plural). São elas: a maioria, a minoria, grande parte, a maior parte (e outras expressões semelhantes a essas).

Exemplo 1: A maioria dos alunos faltou ou a maioria dos alunos faltaram.

Exemplo 2: A maior parte dos políticos é corrupta ou a maior parte dos políticos são corruptos. Observe que, nesse exemplo, nós devemos escrever “é corrupta” (concordando com “a maior parte”) ou “são corruptos” (concordando com “políticos”). Na verdade, o mais ideal seria escrever que os políticos são honestos, mas isso é uma mentira.

15) Expressões Aproximadas: em expressões que expressam aproximações (do tipo “cerca de”, “perto de”, “mais de”, “menos de”), os verbos concordam com o numeral.

Exemplos: Mais de um aluno reprovou. Mais de dois alunos reprovaram. Cerca de oitenta pessoas foram à festa.

16) Nomes Próprios no Plural: se um nome próprio aparecer no plural, o verbo concordará no plural caso esse nome apareça com um artigo no plural.

Exemplo 1: Os Estados Unidos assinaram o novo decreto. Nesse caso, o verbo vai para o plural por causa do artigo “os” (que está no plural).

Exemplo 2: Estados Unidos fica na América do Norte. Nesse caso, o verbo permanece no singular porque não foi usado nenhum artigo no plural antes do nome próprio.

Observação 1: o professor Evanildo Bechara considera essa regra facultativa se usarmos o verbo “ser” (podemos usar o verbo “ser” tanto no singular quanto no plural, independente de ter artigo ou não). Portanto, podemos dizer: “Estados Unidos ficam na América do Norte” ou “Estados Unidos fica na América do Norte”.

Observação 2: em se tratando do nome de alguma obra (livro, pintura, etc), podemos fazer sempre a concordância no singular por causa da palavra “obra” (que fica omitida). Exemplo: (a obra) Memórias Póstumas de Brás Cubas marcou a literatura brasileira.

17) Coletivos: a concordância é feita com o coletivo.

Exemplos: O grupo de alunos ficou perdido no passeio. Os grupos de alunos ficaram perdidos no passeio.

18) Pronome de Tratamento: quando usamos os pronomes de tratamento, o verbo é conjugado na terceira pessoa (ele).

Exemplos: Vossa Excelência precisa assinar o documento. O senhor pode me dar um aumento? Você anda muito estressado.  

19) Pessoas do Discurso: se as três pessoas do discurso (eu, tu, ele) se misturarem no sujeito, o verbo concordará com a pessoa mais adiantada (eu = primeira pessoa, tu = segunda pessoa, ele = terceira pessoa). A primeira pessoa (eu) é mais adiantada que a segunda (tu), que é mais adiantada que a terceira (ele). Como a concordância é estabelecida com duas ou mais pessoas, a concordância será feita no plural.

Exemplo 1: Em “ele e eu”, a pessoa mais adiantada é a primeira pessoa (“eu”), já que “ele” é terceira pessoa. Então, o verbo concordará com a primeira pessoa do plural, ou seja: “ele e eu = nós”. Portanto, devemos concordar o verbo com “nós”, como por exemplo: “ele e eu fizemos o trabalho da escola (nós fizemos)”.

Exemplo 2: Em “tu e ela”, a pessoa mais adianta entre as duas é a segunda pessoa (“tu”), já que “ela” é terceira pessoa. Então, a concordância será com a segunda pessoa do plural (“vós”), como por exemplo: “Tu e ela ireis à reunião (vós ireis)”. Observação: como o uso do “vós” é pouco usual em nossa língua, nós podemos usar a terceira pessoa do plural (eles). Ou seja: “Tu e ela irão à reunião (eles irão)”.

Exemplo 3: Em “nós e eles”, a pessoa mais adiantada entre as duas é a segunda pessoa (“nós”), já que “eles” é terceira pessoa (do plural). Então, a concordância será com a segunda pessoa (“nós”), como por exemplo: “Nós e eles iremos à reunião (nós iremos à reunião)”.

Exemplo 4: Em “ela e eles”, o pronome “ela” é terceira pessoa e o pronome “eles” também é terceira pessoa (do plural). Então, a concordância será com a terceira pessoa, como por exemplo: “ela e eles irão à reunião (eles foram)”. 

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