Sete mudanças curiosas que acontecem com
o corpo no espaço
São Paulo – Após quase um ano
no espaço, três astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) retornaram
à Terra hoje (2). O americano Scott Kelly e o russo Mikhail Kornienko passaram
340 dias na ISS, enquanto Serguei Volkov esteve a bordo por mais de cinco
meses.
A estadia prolongada de Kelly
é parte de uma missão de um ano da Nasa para entender como um voo espacial de
longa duração muda o corpo humano. Afinal, a agência espacial quer enviar
astronautas para Marte até 2030 e precisa saber como eles irão conviver com os
efeitos fisiológicos e bioquímicos de uma viagem que irá durar cerca de 30
meses.
Durante os quase 12 meses em
que ficou em órbita, Kelly coletou sua urina e seu sangue e enviou para os
cientistas da Nasa. Com essas substâncias em mãos, eles conseguiram conduzir
alguns experimentos.
Um deles está relacionado com
o irmão gêmeo de Kelly, o astronauta aposentado Mark Kelly. Eles analisaram (e
continuarão a estudar) como o DNA de Scott, seu sistema imunológico e seu
desempenho cognitivo mudaram em relação aos de Mark, que passou todo esse tempo
em terra firme.
Apesar de a missão já ter
sido longa, ela ainda não acabou para Kelly. Os pesquisadores continuarão a
estudar o seu corpo para ver se um ano no espaço o tornou diferente
fisiologicamente e psicologicamente.
A Nasa ainda não divulgou
todas as suas descobertas sobre a missão. No entanto, especialistas já sabem
que um ano no espaço pode mudar o corpo do ser humano drasticamente. Veja a
seguir sete transformações que acontecem no sistema biológico de uma pessoa
após passar tanto tempo em órbita.
Perda
de 12% da densidade óssea
Devido à gravidade, o corpo humano é
constantemente forçado para baixo. Por isso, ficar em pé ou fazer uma simples
caminhada ao redor da Terra já é considerado um grande exercício.
Porém, no espaço, a gravidade é um
pouco diferente da existente no nosso planeta (ela pode ser chamada até de
microgravidade) e isso faz com que os astronautas percam uma grande quantidade
de densidade muscular e óssea. Além disso, quando um corpo não pesa, os
músculos encolhem e absorvem o tecido que sobra.
Para diminuir esses efeitos, os
astronautas precisam realizar até 2,5 horas de exercícios diários em esteiras e
outras máquinas criadas especialmente para locais sem gravidade.
Insônia
Novamente, devido à gravidade
diferenciada, os astronautas precisam fixar seus sacos de dormir a uma parede
ou a um teto para dormir. Eles não precisam de colchões ou travesseiros
confortáveis, pois seus corpos flutuam e relaxam facilmente.
Na Estação Espacial
Internacional existe seis cabines construídas exclusivamente para os
astronautas terem uma boa noite de sono. Apesar de toda essa preparação, a
maioria dos astronautas reclama que consegue dormir, no máximo, seis horas por
dia.
"Como você cresceu!"
Como a gravidade da Terra não
está empurrando o corpo para baixo, a espinha estica e a pessoa fica mais alta
no espaço. A primeira vez que a Nasa notou essa modificação foi há mais de 20
anos, no Skylab.
Seis astronautas foram
estudados na época e todos eles mostraram um crescimento de 3% em comparação
com a sua altura original. As espinhas retornaram à curvatura normal assim que
eles voltaram à gravidade do nosso planeta e regressaram aos seus tamanhos
normais após 10 dias do retorno dos astronautas.
Esse crescimento adicional já
é esperado pela Nasa e, por isso, os trajes pressurizados da tripulação são
confeccionados em um tamanho maior.
A visão pode piorar
Um estudo recente da Escola
de Medicina do Texas revelou que a visão dos astronautas pode ser danificada
devido às mudanças na pressurização no espaço. Os pesquisadores fizeram
ressonâncias magnéticas em 27 astronautas da Nasa depois que eles passaram 108
dias no espaço.
Quatro estavam com o nervo
óptico inchado, três tiveram torções na bainha do nervo e seis estavam com o
globo ocular achatado. As alterações são similares às observadas em pessoas com
hipertensão intracraniana idiopática, uma condição em que a pressão do sangue e
de outros fluidos é anormalmente elevada no cérebro.
No espaço, essas mudanças
podem estar relacionadas com o fato de os astronautas viverem em queda livre.
Em um de seus vídeos na ISS, o astronauta canadense Chris Hadfield explicou que
todos os tripulantes fazem exames constantes nos olhos para entender como o
espaço pode danificar a visão.
Ele explica que um dos
equipamentos utilizados pelos astronautas é o tonômetro. Com ele, é possível
saber se a pressão nos olhos está de acordo com a normalidade. Além disso, eles
também fazem ultrassons nos olhos para ver o estado do nervo óptico.
O sangue não flui tão bem
As pernas não recebem a mesma
quantidade de sangue no espaço em comparação com a abundância de fluídos que
recebe na Terra. O coração continua bombeando sangue suficiente para os membros
inferiores, porém, os vasos sanguíneos da perna tornam-se preguiçosos com a
falta de gravidade.
Assim, quando os astronautas
retornam para a Terra e o sangue volta a correr normalmente, eles podem
experimentar alguns efeitos colaterais, como tonturas e desmaios. Isso acontece
porque alguns vasos sanguíneos menores têm dificuldade em enviar o sangue de
volta para a parte superior do corpo.
O rosto fica inchado
Os fluidos do corpo humano
são distribuídos de forma desigual devido à gravidade. Por isso, a maioria
desses líquidos fica nas extremidades inferiores. Em contraste, a vida no
espaço permite que os líquidos do corpo se espalhem igualmente em todo o corpo.
Durante as primeiras semanas
na ISS, muitos astronautas reportam que a cabeça e, principalmente, o rosto ficam
mais inchados e as pernas aparentemente afinam.
O corpo registra essa
transformação como um aumento no volume do sangue e elimina, a partir dos rins,
o que “pensa” que são líquidos extras. Por isso, os astronautas não sentem
tanta sede nas primeiras semanas na Estação. Uma vez que este "fluido
extra" é liberado, o corpo deles volta ao normal.
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