segunda-feira, 14 de março de 2016

Pé na cova...


 

As cinco drogas mais viciantes do mundo. Como agem no
corpo
 
Viciantes e letais
 
São Paulo – O álcool e o cigarro podem ser drogas legais, mas você sabia que elas causam mais dependência do que a maconha, que é ilegal no Brasil?
 
Existem tantas concepções erradas com relação ao uso das drogas –- e isso dificulta o desenvolvimento de políticas inteligentes – que David Nutt, um pesquisador britânico, resolveu desenvolver uma escala para avaliar exatamente o quanto elas são viciantes.
 
Ele reuniu dois grupos de peritos para analisar o risco de dependência de 20 medicamentos diferentes. O estudo separou as drogas em três componentes: o grau de prazer que ela dava ao usuário e as dependências psicológicas e físicas causadas na pessoa.
 
Os cientistas precisaram avaliar cada variável numa escala de 0 a 3. Depois, os três componentes foram reunidos no ranking. Veja o resultado encontrado por Nutt e os outros pesquisadores na galeria a seguir:
 
Heroína
 
A heroína recebeu três de pontuação (de um máximo de três) na análise de Nutt. Segundo o estudo, essa droga dá a mesma quantidade de sensação de prazer que a cocaína. Porém, a heroína causa mais dependência física e psicológica ao usuário.
 
Derivada do ópio e sintetizada a partir da morfina em 1898, a heroína já foi considerada uma solução para os viciados em morfina. Atualmente, ela é classificada como a segunda droga mais prejudicial do mundo para os usuários e a sociedade, segundo um estudo do Comité Científico Independente sobre Drogas do Reino Unido.
 
Vários fatores causam a dependência da heroína. O primeiro está relacionado com os sistemas digestivo e nervoso, onde os efeitos de tontura e letargia são associados, primeiramente, a uma percepção de euforia e leveza. Aliás, esse opiáceo faz com que o nível de dopamina no cérebro aumente em até 200%, de acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA feito em animais.
 
Além disso, a droga também diminui a sensação de angústia por acionar a função depressora no sistema nervoso central, onde chegam as informações relacionadas aos cinco sentidos humanos e da onde partem as ordens para os músculos. Por isso, muitas pessoas não sentem dores físicas sob o efeito da heroína.
 
Como é injetada diretamente na corrente sanguínea, a heroína reage rapidamente no corpo. Geralmente, seus efeitos duram de duas a quatro horas. Além de ser extremamente viciante, a dose de heroína que pode causar a morte é apenas cinco vezes maior do que a necessária para uma pessoa sentir seus efeitos.
 
Cocaína com nota de euro
 
Segundo a pesquisa de Nutt, a cocaína é uma droga que causa dependência psicológica maior do que física. Aliás, a vontade física de inalar, fumar ou injetar essa droga é menor do que a necessidade de usar o tabaco, de acordo com o estudo.
 
Nascida nos Andes, onde o povo da região tem o costume de mascar a folha de coca como estimulante para as vias aéreas, a cocaína foi utilizada pelos europeus como tônico e analgésico – a própria Coca-Cola tinha em sua composição química a coca até 1903.
 
Em essência, a cocaína impede que os neurônios desliguem a dopamina do cérebro, causando uma ativação anormal na região de recompensa. Um dos efeitos desse recebimento desenfreado é o sentimento de euforia. Além disso, tanta dopamina no corpo pode gerar um aumento da pressão sanguínea e, consequentemente, a parada do coração.
 
Para continuar a ter as sensações agradáveis dos primeiros usos, os dependentes da cocaína necessitam de doses cada vez maiores. O uso intenso e frequente da droga pode causar distúrbios mentais, como mania de perseguição, e lesões cerebrais. Ademais, a pessoa tem muita insônia e começa a perder muito peso devido à falta de apetite.
 
É a partir do composto da cocaína que é feito o crack, outra droga altamente viciante. Aliás, o crack é classificado por especialistas como a terceira droga mais prejudicial para o usuário e para a sociedade – a cocaína aparece em quinto lugar.
 
Nicotina
 
Segundo especialistas, a nicotina é a quinta droga mais perigosa do mundo para os usuários e a sociedade. Composto principal do tabaco, ela é rapidamente absorvida pelos pulmões quando utilizada e chega ao cérebro em questão de segundos.
 
Existem dois tipos de nicotina: a ácida e a alcalina. A primeira é ionizada e não atravessa as mucosas da boca. Por isso, ela precisa passar pelos alvéolos do pulmão para ser alcalizada e transportada para o cérebro. Já a segunda é absorvida pela boca, levando a droga para o cérebro a partir da corrente sanguínea. Desse modo, ela causa mais dependência.
 
Quem descobriu esse poder da nicotina alcalina foi a Phillip Morris. Para tornar seus cigarros ainda mais necessários para seus clientes, a empresa começou a adicionar amônia (uma substância alcalina) ao tabaco e, com isso, produziu o cigarro Marlboro.
 
A crise de abstinência da nicotina acontece quando os neurônios “notam” que ela está sendo excretada pelo corpo e não está mais nos receptores do cérebro. Isso provoca um alto grau de ansiedade nos usuários. Em 2002, a OMS estimou que existe mais de um bilhão de fumantes no mundo e que o tabaco irá matar mais de oito milhões de pessoas até 2030.
 
Metadona (analgésicos)
 
A metadona é utilizada, geralmente, no tratamento de viciados em heroína, pois ela alivia sintomas característicos do consumo da droga, como perda de libido, diarreia, dores nas articulações e nervosismo.
 
Essa droga tem uma composição parecida com a da morfina e age nos mesmos receptores, por isso causa efeitos similares. A principal diferença entre as duas é que a metadona dura mais tempo no cérebro (cerca de 24h), enquanto a morfina age durante oito horas.
 
Além disso, a metadona causa uma síndrome de abstinência física mais leve e prolongada. Porém, como a heroína, ela também é um opiáceo capaz de causar dependência se usada irregularmente.
 
No Brasil, a metadona é utilizada como um analgésico poderoso contra a dor crônica – principalmente, no tratamento de câncer. Por ser uma substância tóxica, ela deve ser extremamente controlada. Quando misturada com sedativos ou álcool, a metadona pode ser potencializada provocando uma overdose no usuário.
 
Barbitúricos (calmantes)
 
Inicialmente usado para tratamentos de ansiedade e insônia, o barbitúrico pode ser injetado no músculo ou diretamente na corrente sanguínea e também inserido via oral.
 
Quando consumido, ele atinge o sistema central nervoso e interfere na sinalização de produtos químicos no cérebro. Desse modo, ele consegue desligar várias regiões, causando dormência nos músculos e trazendo a sensação de euforia. Porém, em doses elevadas, ele pode ser letal, pois suprime a respiração.
 
Antes de existir normas e leis que dificultam uma pessoa a obter um barbitúrico, ele era uma droga de fácil acesso, o que causou a dependência e a morte de muitas pessoas. A qualidade de falecimentos é alta devido ao alto risco de overdose desse composto -- sua dose letal é próxima do nível de uma dose normal. Se misturado com álcool ou outros tranquilizantes, a chance de sobre dosagem é ainda maior.
 
Alguns remédios que levam barbitúricos em sua composição são o luminal, o veronal e o gardenal. Suas ações variam de curta, intermediária e prolongada, dependendo do paciente.
 
Álcool
 
Apesar de ser considerada uma droga legal, o álcool possui muitos efeitos nocivos no cérebro. Por isso, a substância ficou em sexto lugar no ranking criado pelo estudo de Nutt.
 
Droga depressora que afeta o sistema nervoso central do cérebro, o álcool causa desinibição e euforia na pessoa que o utiliza. Isso porque ele aumenta os níveis de dopamina na região de recompensa.
 
Em um experimento publicado no Jornal de Farmacologia, animais receberam doses de álcool e seus níveis de dopamina cresceram de 40% para 360%. Detalhe: quanto mais eles bebiam, mais os níveis aumentavam.
 
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Columbia, nos EUA, 22% das pessoas que ingerirem bebidas alcoólicas irão desenvolver dependência em algum momento da vida. Mais de três milhões de pessoas morreram em 2012 devido a danos causados pelo uso exagerado de álcool, segundo a OMS.
 
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/as-5-drogas-mais-viciantes-do-mundo-e-como-agem-no-corpo

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