sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Uma cadeia de equívocos graves...


Médico do caso Adrielly faltava plantões há 5 anos, diz polícia
Segundo delegada, outro médico trabalhava por Adão Orlando Crespo.
Neurocirurgião foi indiciado por omissão de socorro e estelionato.
As investigações da Delegacia Fazendária (Delfaz) sobre o caso da menina Adrielly comprovaram que o neurocirurgião Adão Orlando Crespo não comparecia aos plantões no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, no Subúrbio do Rio, há pelo menos cinco anos. A informação foi confirmada pela polícia na noite desta sexta-feira (11).
As faltas do médico vieram à tona depois que ele não compareceu ao plantão na unidade na noite do dia 24 de dezembro, quando a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, baleada na cabeça, teve de esperar oito horas por uma cirurgia. A criança morreu no dia 4 de janeiro, no Hospital municipal Souza Aguiar, para onde havia sido transferida.
De acordo com a titular da Delegacia Fazendária, Izabela Santoni, um outro médico do Hospital Salgado Filho, cujo nome não foi divulgado, trabalhava nos plantões no lugar de Adão Crespo.
"Há pelo menos cinco anos, um outro médico do próprio hospital usava a matrícula do Adão e tirava os plantões por ele. Era esse médico que efetivamente trabalhava. Isso era um acordo entre eles", afirmou a delegada, acrescentando que esse médico, além do chefe do plantão e chefe do setor de neurocirurgia foram chamados para prestar depoimento sobre o caso.
Fraude em folha de ponto
Segundo Izabela Santoni, a polícia já solicitou ao hospital os prontuários do neurocirurgião Adão Orlando Crespo, mas até a noite desta sexta-feira não tinha recebido documento algum. "Não deve ter prontuário dele porque ele não trabalhava. De qualquer forma, nós pedimos todos os prontuários do plantão", disse.
Adão Orlando Crespo foi indiciado nesta sexta-feira por estelionato, já que recebia salário sem trabalhar. O neurocirurgião já havia sido indiciado por omissão de socorro no inquérito da 23ª DP (Méier) na terça-feira (8).
Procurado pelo G1, o médico negou que faltasse ao plantão há cinco anos, mas confirmou que usava um substituto. Segundo ele, essa prática era comum entre os médicos do Hospital Salgado Filho há cerca de dois anos.
Adão afirmou ainda que era de pleno conhecimento do chefe de serviço, José Renato Ludolf Paixão, e de conhecimento também dos chefes de equipe. De acordo com Adão Crespo, este era o motivo de as faltas não serem lançadas na folha de ponto já que a equipe era conivente com a prática. Em entrevista ao G1, na terça-feira, ele disse que foi "transformado em alvo".
 
A Secretaria municipal de Saúde afastou preventivamente dos cargos de chefia dois funcionários que trabalhavam na noite do dia 24 de dezembro na unidade: o chefe do plantão Ênio Lopes e o chefe do setor de Recursos Humanos, Alexandre Moreira de Carvalho.
Sobre o acordo entre os médicos, a secretaria disse que o processo administrativo disciplinar instaurado vai apurar todos os aspectos do caso para definir as responsabilidades e aplicar aos eventuais responsáveis as sanções previstas.
Bala perdida
A delegada adjunta da Divisão de Homicídios (DH), Renata Araújo, afirmou nesta sexta-feira que vai pedir à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, uma autorização para realizar perícia no local onde Adrielly dos Santos foi morta. A unidade também quer ouvir a mãe da menina, vítima de uma bala perdida na noite de Natal. Adrielly, de 10 anos, esperou oito horas por atendimento no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, no Subúrbio, porque um neurocirurgião faltou ao plantão.
O inquérito do caso só chegou à Divisão de Homicídios na última quinta-feira (10), de acordo com Renata Araújo. Após a perícia, poderá haver reconstituição do caso. "A perícia será feita primeiro. Depois vou ver a necessidade de reprodução simulada", disse a delegada.
Adão diz que pediu desligamento
O advogado do médico Alex Souza afirmou que Adão já havia pedido desligamento em dezembro. O telegrama em que ele reitera o pedido de demissão foi enviado ao hospital em 31 dezembro — dia em que Adrielly teve morte cerebral. "No período de mais ou menos um ano, ele tem lançado mão de um substituto com a aquiescência tanto dos chefes de emergência do serviço de neurocirurgia como da própria direção do hospital", explicou o advogado.
A Secretaria municipal de Saúde informou que, apesar das faltas, não demitiu o neurocirurgião por falta de amparo legal. Segundo a secretaria, o estatuto do servidor só permite a exoneração após trinta faltas consecutivas. 
Baleada no Natal
O caso ocorreu na Rua Amália, perto dos morros do Urubu e do Urubuzinho, em Piedade. Ela havia acabado de ganhar seu presente de Natal quando foi atingida por uma bala perdida, segundo o pai Marco Antônio. Eles estavam na rua, no momento em que traficantes dos morros do Urubu e Urubuzinho começaram a soltar fogos e dar tiros para o alto, ainda segundo o pai.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/01/medico-do-caso-adrielly-faltava-plantoes-ha-5-anos-diz-policia.html

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