O fenômeno do Cangaço
A década de 1930 foi
muito difícil economicamente para o Nordeste Brasileiro. Era uma época em que
as lavouras de cana-de-açúcar e de algodão eram exportadas e passavam por um
processo grave de crise, em consequência da queda de preços do mercado internacional.
A paralização econômica da região resultou na crescente miséria das populações
sertanejas que eram vítimas do jugo dos grandes proprietários de terra e de
fatores naturais, como a seca. Para essa população sertaneja, não havia nenhuma
possibilidade de migração para os prósperos centros do sul do país, como São
Paulo. Os braços utilizados nas lavouras de café e no processo de
industrialização eram, em sua maioria, europeus e asiáticos, já que a partir de
1908 o Sul do país recebeu os primeiros imigrantes japoneses.
Foi dentro desse contexto
histórico que surgiu um fenômeno característico da região do nordeste chamado
cangaço. O cangaço pode ser compreendido como uma reação à miséria social e ao
desemprego que assolava as populações sertanejas numa época extremamente sofrida.
Nesse período, surgiram bandos independentes, liderados por indivíduos que, no
imaginário popular, transformaram-se em verdadeiros mitos, como Antônio
Silvino, o Lampião; e Corisco, o Diabo Louro. Os bandos de cangaceiros atacavam
fazendas pertencentes aos grandes proprietários de terras, invadiam e saqueavam
vilas, roubavam gados, assaltavam armazéns e trens pagadores. Uma parte muito
pequena do produto do roubo dos cangaceiros era distribuída entre a população
necessitada, em troca da ajuda e da fidelidade aos bandos.
Assim o cangaceiro passou
a ser visto por muitos como o herói que tira dos ricos e dá aos pobres, no
entanto as coisas não eram bem assim, pois aqueles que não compactuavam com o
cangaço eram vítimas de todo o tipo de violência, sendo até mesmo assassinados.
Há quem diga que os bandos de cangaceiros sempre lutaram em benefício próprio.
Nesse tempo, o pânico tomou conta de muitos coronéis do sertão, que viram sua
autoridade e seu mando ser desafiado. Por conta disso, foram formadas expedições
policiais conhecidas como volantes, essas expedições foram apoiadas por
jagunços a serviço dos proprietários de terra. As lutas travadas eram violentas
e os prisioneiros geralmente decapitados.
O Cangaço chegou ao fim
por volta de 1940. Nessa época, seus principais líderes já estavam mortos.
Lampião morreu em 1938 e Corisco em 1940. Quase que ao mesmo tempo cessou a
imigração europeia e o acentuado processo de industrialização que o país então
vivia abriu possibilidades no Sul ao povo nordestino. A migração nordestina
para as regiões industrializadas do Sul juntamente com a força de trabalho
deles foi fator determinante para o processo de modernização do Brasil.
http://www.escolakids.com/o-fenomeno-do-cangaco.htm
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