Escreveu
porque leu
Não é apenas para quem vai prestar Enem, vestibular,
concurso público. Não é só para quem faz relatório, registro, blog, carta de
amor. A dica de ler para escrever vale para qualquer necessidade de comunicação
escrita.
O linguista Mattoso Câmara (1904-1970) - autor do
Manual de Expressão Oral e Escrita - deu o alerta: "Ninguém escreve sobre
o que não entende." Recado límpido. A primeira pergunta do redator é qual
assunto eu vou tratar?
Pode ser a vida e a morte de um gafanhoto, o uso das
cercas-silte para remover turbidez. Ou o manjadíssimo primeiro beijo. Ou quem
sabe, o assunto seja o grande nada. Pois é possível escrever acerca de qualquer
coisa. As tangíveis e as intangíveis.
Desde, é claro, que a gente tenha pensado, pesquisado,
lido o que outros pensaram, pesquisaram, escreveram sobre o tema. É uma rede -
muito mais antiga do que a digital - que associa conhecimentos. Pois ninguém -
por mais inteligente, esperto, agudo que seja - é capaz de pensar sozinho.
É aqui que entra a leitura como maravilhosa ferramenta
para o saber e sua expressão. E não interessa o veículo. Pode ser livro,
jornal, revista, internet, poemas grafitados em muros, teses acadêmicas, cartas
manuscritas ou eletrônicas.
Cada trechinho de leitura é lenha para fogueira da
nossa imaginação. Estudiosos do cérebro afirmam que ele trabalha por
associação. Se isso for verdade, quanto mais conteúdos assimilarmos mais
associações faremos.
Voltando ao Mattoso Câmara, se para escrever preciso
saber sobre o quê tenho que fazer da leitura uma prática cotidiana e sempre
bem-vinda. Algo tão natural quanto inspirar e respirar.
Tenho investido nisso. Aproveito fila de banco, trem
de metrô, semáforo vermelho, sala de espera de dentista (complete a lista),
para puxar o livro, abrir a revista, conferir notícias no celular. Toda
informação, pertinente ou esdrúxula, serve.
Toda informação será útil na hora de fazer
associações. De ligar um guarda-chuva a um tomate. Será bendita na hora do
vamos ver. No momento em que, sentados ou em pé, transformamos conhecimento em
texto.
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