Escola de
Chicago - contexto histórico: Pesquisas centradas no meio urbano
A Escola Sociológica de Chicago, ou Escola de
Chicago, surgiu nos Estados Unidos, na década de 1910, por iniciativa de
sociólogos americanos que integravam o corpo docente do Departamento de
Sociologia da Universidade de Chicago, fundado pelo historiador e sociólogo
Albion W. Small.
Tanto o Departamento de Sociologia como a
Universidade de Chicago receberam inestimável ajuda financeira do empresário
norte-americano John Davison Rockefeller. Entre 1915 e 1940, a Escola de
Chicago produziu um vasto e variado conjunto de pesquisas sociais, direcionado
à investigação dos fenômenos sociais que ocorriam especificamente no meio
urbano da grande metrópole norte-americana.
Com a formação da Escola de Chicago inaugura-se um
novo campo de pesquisa sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos
urbanos, que levará à constituição da chamada Sociologia Urbana como ramo de
estudos especializados.
A primeira geração de sociólogos da Escola de
Chicago foi composta por Albion W. Small; Robert Ezra Park (1864-1944); Ernest
Watson Burgess (1886-1966); Roderick Duncan McKenzie (1885-1940) e William
Thomas (1863-1947). Foram eles que elaboraram o primeiro programa de estudos de
sociologia urbana. Nas décadas seguintes, outros colaboradores se destacaram:
Frederic Thrasher (1892-1970), Louis Wirth (1897-1952) e Everett Hughes
(1897-1983).
Contexto histórico
O surgimento da Escola de Chicago está diretamente
ligado ao processo de expansão urbana e crescimento demográfico da cidade de
Chicago no início do século 20, resultado do acelerado desenvolvimento
industrial das metrópoles do Meio-Oeste norte-americano.
Como decorrência desse processo, Chicago presenciou
o aparecimento de fenômenos sociais urbanos que foram concebidos como problemas
sociais: o crescimento da criminalidade, da delinquência juvenil, o
aparecimento de gangues de marginais, os bolsões de pobreza e desemprego, a
imigração e, com ela, a formação de várias comunidades segregadas (os guetos).
Todos esses problemas sociais (na época se
utilizava o termo "patologia social") se converteram nos principais
objetos de pesquisa para os sociólogos da Escola de Chicago. O mais importante
a destacar é que os estudos dos problemas sociais estimularam a elaboração de
novas teorias e conceitos sociológicos, além de novos procedimentos
metodológicos.
Ecologia humana
Robert Ezra Park, considerado o grande ícone e
precursor dos estudos urbanos, Ernest Watson Burgess e Roderick Duncan McKenzie
elaboraram o conceito de "ecologia humana", a fim de sustentar
teoricamente os estudos de sociologia urbana.
O conceito de ecologia humana serviu de base para o
estudo do comportamento humano, tendo como referência a posição dos indivíduos
no meio social urbano. A abordagem ecológica questiona se o habitat social (ou
seja, o espaço físico e as relações sociais) determina ou influencia o modo e o
estilo de vida dos indivíduos.
Em outras palavras, a questão central é saber até
que ponto os comportamentos desviantes (por exemplo, as várias formas de
criminalidade) são produtos do meio social em que o indivíduo está inserido.
O conceito de ecologia humana e a concepção ecológica
da sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas do
"evolucionismo social" - marcante na sociologia em seu estágio
inicial de desenvolvimento -, ao sustentarem uma analogia entre os mundos
vegetal e animal, de um lado, e o meio social integrado pelos seres humanos
(neste caso, a cidade), de outro.
Considerando, então, a cidade como um amplo e
complexo "laboratório social", as pesquisas sociológicas foram
marcadas pelo uso sistemático dos métodos empíricos (para coleta de dados e
informações sobre as condições e os modos de vida urbanos).
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