AMOR DE PESO -
01X02 - GORDINHO NAS CACHOEIRAS
Quero agradecer a todos que estão acompanhando a história.
Recebi alguns emails e estou muito feliz com a repercussão. Realmente quase não
se encontram romances onde o protagonista é uma pessoa gordinha, então espero
que curtam esse romance escrevo com tanto prazer. O conto é semana, mas como
muitas pessoas gostaram do primeiro capítulo decidi postar o segundo agora. O
terceiro será postado apenas no Sábado (6), a noite. Obrigado pela atenção.
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Queridos Pai e Mãe,
A primeira semana em Manaus está chegando ao fim. Depois da
confusão no banheiro, a Tia Olívia redobrou o cuidado conosco. Ela cogitou até
mesmo contratar uma babá. Claro que relutei e ela concordou….
Yuri: - Tia.
Olívia: - Oi? (olhando uma planilha)
Yuri: - Podemos ir no Centro da cidade? Estamos morfando aqui
dentro.
Olívia: - Hoje a tarde.
Yuri: - Tudo bem.
Era um pouco tedioso, pois estávamos sem internet e TV a Cabo.
Comecei a ouvir a música 'House of Cards', do Radiohead. Olhei para o lado e vi
algumas coisas velhas nos fundos da casa. Decidi aproveitar uns móveis antigos
que haviam e reformar para usar no meu quarto. Sempre fui bom com marcenaria e
reformar coisas usadas. A minha tia sempre utilizava os meus dons de arrumar
coisas. Decidi ir andando atrás de uma loja de material de construção, por um
milagre de Deus o sol não estava mortal. No caminho encontrei Letícia.
Leticia: - Desculpa por acertar a bola em você.
Yuri: - Relaxa. Eu estou acostumado. Afinal sou um alvo muito
grande para ser ignorado.
Letícia: - (riso abafado) – E você está indo comprar o que?
Yuri: - Pregos, tintas e alguns materiais para reformar uns
móveis que o antigo dono da nossa casa deixou.
Letícia: - Ah bacana.
Yuri: - E você?
Letícia: - Vou para uma agência de modelos. Coisa da minha mãe.
Ela gosta que eu tenha uma atividade fora jogar futebol com os meninos.
Yuri: - Legal. E você já fez algum trabalho?
Letícia: - Algumas sessões de foto e dois desfiles.
Yuri: - Olha. Parabéns. Espero que consiga muitos outros
trabalhos.
Letícia: - Eu fico aqui. Essa é a parada do ônibus.
Yuri: - (rindo)
Letícia: - O que foi?
Yuri: - No Rio de Janeiro chamamos de Ponto. Aqui é parada.
Letícia: - (rindo) – Entendi. Ei. Hoje vamos nos reunir no
Fred's.
Yuri: - Fred's?
Letícia: (apontando para o lado) – Aquela lanchonete vermelha.
Yuri: - Claro que horas?
Letícia: - Umas 19h. Vai lá. A galera vai se reunir.
Yuri: - Tudo bem.
Letícia era linda, mas um pouco rústica. Acho que para ela,
arrumar um namorado não era tão complicado. Com treino e bastante prática ela
se tornaria uma ótima modelo. Será que ela e o Zedu se pegavam? Porquê, eu
estava pensando no Zedu? Ele também é um cara bonito e rústico. Uma pele
bronzeada que me lembrava a dos garotos do Rio de Janeiro.
Voltei com as compras e para a minha surpresa o Zedu estava me
esperando. “Tá, Yuri. Segura a onda”. Na verdade, o meu desejo era pular
naquele pescoço gostoso e devorá-lo sem piedade. Em seguida, volto para a
realidade, porque o meu Deus grego chamava.
Zedu: - Vamos apagar qual incêndio hoje? (escorado no muro da
casa de Yuri)
Yuri: - O incêndio no sol dessa cidade. Sério, Manaus deve ter
um sol só pra ela. (abrindo a porta)
Zedu: - Na verdade é um sol para cada habitante. (rindo sozinho)
Yuri: (riso abafado)
Zedu: - Qual a missão de hoje?
Yuri: - Transformar essa mesa e esse armário embutido em coisas
apresentáveis.
Zedu: - Vamos lá.
Passamos uma tarde agradável. O Zedu era muito prestativo. Um
cara do bem e parecia bem diferente dos caras com o estilo dele. No Rio de
Janeiro, por exemplo, alguém como o Zedu nunca se aproximaria de mim. A minha
tia estava feliz, pois, eu havia conseguido um amigo.
Olívia: - Viu, Giovanna? O teu irmão já está fazendo amigos.
Giovanna: - Titia. Olhe para mim? Olha para as meninas dessa
rua? Pelo amor de Deus. Tem uma diferença muito grande. Quando eu começar na
escola nova….
Olívia: - Giovanna. Não vá fazer como na outra escola e….
Giovanna: - Titia. Não tenho culpa se a Michelle caiu da escada
e quebrou o pé. Alguém tinha que ser a Rainha do Baile de Outono.
A minha irmã era, na verdade, um projeto de Abelha Rainha. Na
escola, ela conseguiu desbancar as veteranas no cargo, mas acabou fazendo
besteira e quase matou uma colega de classe. A situação ficou tão feia que
quase rendeu um processo para a titia. A Giovanna foi a menina mais nova a
prestar serviço comunitário no Brasil. Quer dizer….
Rio de Janeiro - Um ano antes
Giovanna: - Eu já disse que não vou pegar nessa sacola suja.
Gabriel…. Junta pra mim.
Gabriel: - Eu não….
Giovanna: - Puxa. (se aproximando de Gabriel) – Eu estou tão
cansada.
Gabriel: - Tá bom.
MANAUS – Dias atuais
Yuri: - Pronto. Acabamos. (sentando no chão)
Zedu: - (tirando a camisa) – Nossa. Tô imundo. Posso me molhar
na mangueira?
Yuri: - Cla… cla….
Ele era perfeito. Filho da puta. Porquê fazer isso perto de mim?
Na minha imaginação, eu pulava em cima dele e beijava cada parte perfeita
daquele corpo. Chupava o pescoço, os mamilos e o pênis. Até senti ele gozar no
meu rosto.
Zedu: (espirrando água em Yuri) – Você não vem?
Yuri: - Não… tá quase na hora de tomar banho, então….
Olívia: - Meninos eu trouxe….
Yuri: - (pensando – Não, tia. Lanche não. Deixa ele ir embora.
Ele vai ficar perto de mim, sem camisa e todo molhado) - Lanche. Que bom tia.
(sorriso forçado)
Olívia: - Não sei como vocês aguentam o calor dessa cidade.
(deixando uma bandeja com pães e sucos no chão) – Ei. Vou sair e vou levar seus
irmãos. Arrumem essa bagunça. Amanhã vamos no centro tá. Se você quiser José
Ed….
Yuri: - Não tia. Ele não pode ir. Deve ter mais coisas para
fazer e….
Zedu: - Eu adoraria.
Olívia: - Graças a Deus. Não sei andar aqui ainda e…. só um
minutinho….. GIOVANNA!!!! RICHARD!!! ESTOU ATRASADA!!!!!!! Então, pois é…. eu
não sei andar em nada.
Giovanna: (saindo de casa com um guarda-chuva) – Credo tia. Não
estamos surdos. (entrando no carro e saindo) – Tá impossível de ficar nesse
veículo. Essa cidade é um crime contra a chapinha!
Olivia: (entrando no carro e ligando o ar) – Já princesa.
RICHARD!!! NÃO VOU CHAMAR DUAS VEZES!!!!
Zedu: (me olhando e rindo) – Ela grita alto hein.
Yuri: (pensando: Escroto. Você poderia ser apenas um pouco mais
feio. Que sorriso) – Pois é. Você se acostuma. Nem tímpanos eu tenho mais.
Comemos o lanche e falei que os encontraria mais tarde na
lanchonete. No quarto, os móveis ficaram lindos. Era realmente uma forma de
desestressar. Colocar energia em alguma coisa. Fiquei imaginando aquele corpo
do Zedu e infelizmente lembrei do meu. O meu corpo era ridículo. Mesmo se ele
fosse gay, acho que nunca ficaria comigo.
Yuri: (olhando na frente do espelho com um semblante triste) –
É. Vamos lá.
Procurei roupas que combinassem com a ocasião, mas pelo visto
era difícil me agradar. A galera aparentava ser legal, pelo menos o Zedu e a
Letícia eram. Queria causar uma boa impressão. Pela primeira vez eu tinha a
chance de ter amigos reais, e não inventar amizades para alegrar a minha tia.
Pelo menos algo de bom Manaus trouxe.
Cheguei pontualmente às 19h. Eles já estavam lá. Sentei e fiquei
apenas observando, afinal o que mais pode-se fazer em um ambiente completamente
novo? Eles eram legais, falaram coisas sobre a cidade, algumas informações
úteis como ter cuidado com os motoqueiros. Não consegui uma conexão boa com o
Brutus, ele é totalmente diferente de mim, bonito, mas burro.
Brutus: - E as gatinhas cariocas Yuri? Tinha muitas namoradas?
Zedu: - (jogando um papel em Brutus)
Brutus: - Eu quero saber oras.
Ramona: - Credo garoto. Só pensa nisso.
Letícia: - Não liga Yuri. Somos disfuncionais, mas funcionamos
bem.
Ramona: - Falando em disfuncional, o meu aniversário é nessa
semana agora e tenho uma ótima notícia.
Zedu: - Você ganhou na loteria?
Ramona: - Melhor. O meu pai vai nos levar para Presidente
Figueiredo.
De repente aquilo virou uma comemoração coletiva. Fiquei no
vácuo, mas depois eles explicaram que era uma cidade conhecida por suas belas
cachoeiras.
Ramona: (pegando nas mãos de Yuri) – Vai ser perfeito para você
conhecer um pouco mais do Amazonas. Você vai né?
Yuri: (pensando: não!) - Claro… quer dizer…. Vou falar com a
minha tia.
Brutus: - Tenho certeza que ela vai deixar grandão.
Yuri: - Espero. Estou tão ansioso para conhecer mais daqui.
Droga. Eu ia para uma cachoeira, ou seja, as pessoas tomam banho
na cachoeira com suas sungas e biquinis atraentes. Acho que a última vez que
fiquei sem blusa na frente de alguém foi antes do acidente dos meus pais e eram
meus primos. Falei com a minha tia com a certeza que ela não deixaria e para a
minha surpresa.
Olívia: - Claro que deixo.
Yuri: - (pensando: merda) – Mas tia. Não quero preocupar a
senhora. Se eu não puder ir prometo que vou entender.
Olívia: - O pai da tua amiga vai?
Yuri: - Sim.
Olívia: - Vou falar com ele.
Droga. Traidora. Eu ficaria sem camisa na frente do Zedu. E
agora? O que eu vou fazer? Não posso. Será que eu consigo emagrecer 30 quilos
em quatro dias? Para de viajar Yuri. Droga. Eu posso dizer para eles que sou
evangélico e por causa da religião não posso ficar sem blusa.
Os dias passaram voando e em vez de fazer dieta eu comi dobrado.
Estava nervoso. Não tive culpa. O dia da viagem chegou, minha tia fez um café
reforçado e me levou ao ponto de encontro. A galera parecia muito feliz, eu
pelo outro lado, queria morrer. O pai da Romana era legal. Um coroa bonito até,
ele era divorciado e tinha o tempo livre para fazer os caprichos da filha.
Olívia: - Seu Walter. Obrigado por cuidar do meu sobrinho esse
final de semana. (pegando na mão do pai de Ramona).
Walter: - De nada. Qualquer amigo da minha bebê é bem-vindo.
Vamos lá? (batendo na kombi)
Minha primeira viagem no Amazonas. Será que encontraria algum
animal selvagem? Ou algum índio? Estava muito nervoso, mas o principal era
evitar ficar sem camisa na frente daquelas pessoas. Apesar de legais, todos, eu
disse todos eram estranhos para mim. Ainda tinha um tempo para pensar em um
plano. Paramos para tomar café em um restaurante muito bonito. Comi tapioca com
queijo e banana frita. (Nota mental: lembrar de acrescentar leite condensado.
Deve ficar mais gostoso ainda).
Walter: - Está gostando Yuri?
Yuri: - Sim. É um lugar adorável.
Ramona: - Você precisa ver as cachoeiras. Vai amar. São lindas.
Yuri: - Será que não é perigoso? Tipo… aparecer um animal… uma
cobra… onça… jacaré?
Todos: (rindo juntos)
Yuri: (pensando: Putz. Falei besteira… ajeita isso… ajeita isso)
– Estou brincando né gente.
Seguimos viagem. E finalmente chegamos em Presidente Figueiredo.
No roteiro estavam cinco cachoeiras: Iracema, Pedra Furada, Onça, Santuário e
Maroaga. Eu não sou o tipo de pessoa que gosta de me aventurar, por isso,
depois que desci do carro passei protetor solar e bastante repelente. Fiquei
mais branco do que eu já sou.
Senhor… como é quente dentro da floresta. Eu estava derretendo.
Tive muitas dificuldades, mas quase solto um Puta que Pariu quando eu vejo um
obstáculo. Era uma pedra gigante que alguém teve a ideia de escavar uma escada.
Fiquei apreensivo ao passar.
Walter: - Pode vir Yuri. Quer ajuda?
Yuri: (pensando: Porquê eu não fiz mais dieta essa semana?) -
Estou bem. (encolhendo a barriga e passando com dificuldade pela pedra) –
Consegui. (soltando um riso abafado)
Zedu: - Muito bem grandão. Só tira essa aranha do seu ombro.
Yuri: - (batendo no próprio ombro) – Credo. Odeio aranhas.
Brutus: - Tá quente pra caramba. (tirando a blusa)
Jesus. Que visão era aquela. Nunca havia reparado em como o
Brutus é gostoso. Deve ser por causa da burrice dele que tira todo o charme.
Dava para contar cada gominho e músculo daquele corpo. O 'meu' Zedu não ficava
para trás, ele era menor que o Brutus, mas não significava que era menos
bonito. O Brutus na verdade era gostoso e não bonito.
Letícia: (pegando na costa de Yuri) – Vamos?!
Yuri: (assustado) – Claro. Claro. (prosseguindo caminho)
Zedu e Brutus foram os primeiros a pularem na água. Caramba. Se
eles secos já eram lindos, imaginem molhadinhos. Eu comeria os dois fácil,
fácil, mas eles não davam nenhum sinal gay. Teria que me contentar em assistir
tudo aquilo, mas a minha vida era assim. Eu não tinha um super corpo como o
Brutus e nem a beleza do Zedu. Peguei meu livro, arrumei uma cadeira e fiquei
lendo. As meninas foram em seguida.
Letícia: - Você não vem?
Yuri: - Daqui a pouco. É que meu corpo ainda tá quente.
Ramona: (passando correndo) – Letícia, a última que chegar na
água é mulher do Brutus.
Letícia: (correndo atrás de Ramona) – Deus me livre!!!!
O lugar era realmente lindo, mas estava muito quente e a minha
camisa estava ensopada de suor. Ainda bem que trouxe umas cinco na mochila. Era
divertido ver o meu novo grupo de amigos, na verdade eles eram os primeiros.
Nunca fui muito popular na escola, ainda mais quando eu mesmo me fechava para
novas amizades. Minha tia se preocupava com esse meu lado que costumava me
sabotar.
Zedu: - Ei, Rio de Janeiro? A gente não te trouxe lá de Manaus
para você ficar sentado e lendo Paulo Coelho.
Yuri: - Estou indo. (falei deixando o livro na cadeira)
Zedu: - Você não vai tirar a blusa?
Yuri: (respirando fundo)
Zedu: - Você tá com vergonha? (rindo) – Para de ser assim. Olha.
(apontando para frente) – Aquele homem deve ter uns 200 quilos e tirou a camisa
na boa. Você não deveria se importar com a opinião das pessoas.
Yuri: (falando baixo) – Você diz isso porque é gostoso.
Zedu: - Você disse algo?
Yuri: - Tá. (tirando a camiseta)
Zedu: (virando rápido e correndo) – Quem chegar por último é
mulher do Brutus.
Yuri: (correndo) – Espera. (falando baixo) – Até que não seria
uma má ideia.
Fiz algo que me arrependi muito. Pulei dentro da água de uma vez
só. Puta que pariu!!!!!!! Pareciam mil facas furando o meu corpo. Como um lugar
tão abafado pode ter uma água tão fria? Todos riram da minha reação. Mas em
relação ao meu corpo não os vi olhando, só o Zedu, mas acho que foi por causa
da nossa conversa, ele se afastou por um tempo de mim. Não entendi o motivo.
Ramona: - O que achou?
Yuri: - Lindo. Passar o aniversário num lugar desses deve ser maravilhoso.
Letícia: - Ano passado, a festa de 15 anos foi melhor. Ver o
Brutus dançando com a Ramona foi impagável. Acho que ainda tenho o vídeo. Te
mostro depois.
Yuri: - Você deve ficar uma graça de smoking Brutus.
Brutus: - Claro que fico meu senhor! (agradecendo a Yuri como
estive em um espetáculo de Teatro)
Ramona: - Tão cortez.
Letícia: - Qual o problema do Zedu?
Brutus: - Cadê ele?
Letícia: - Ali. (apontando para frente)
Yuri: - Então meninas? Como vocês se conheceram?
Ramona: - Acho que sempre moramos no Parque 10… né?
Letícia: - Não. O Brutus chegou há dois anos. Eu a cinco. Só
você e o Zedu que se conheciam. A nossa amizade surgiu no bairro mesmo. Eu
fiquei primeiro amiga do Zedu e depois da Ramona. O Brutus e eu temos um caso
de amor e ódio.
Yuri: - Que legal.
Ramona: - E seus amigos do Rio?
Yuri: - Não tinha muito amigos. Na verdade a gente viaja demais.
Por causa do emprego da minha tia. E também por que eu sou praticamente a babá
dos meus irmãos.
Letícia: - Deve ter sido difícil perder sua família, né?
Yuri: - É uma dor que não diminui. Mesmo morando longe de casa.
Brutus: - (jogando Zedu dentro d'água) – Trouxe o fugitivo.
Yuri, Letícia e Ramona: (rindo)
Wilson: - CRIANÇAS!!!!! VAMOS!!! AINDA TEMOS QUATRO CACHOEIRAS.
Ramona: - Esperem! (saindo da água e pegando a câmera) – Vamos
tirar nossa selfie um. (entrando na água)
Brutus: (mostrando os músculos)
Ramona: (fazendo duque face e piscando)
Letícia: (perfil e arrumando os óculos escuros)
Zedu: (colocando os braços em volta de mim)
Yuri: (vermelho e com o pau duro)
A primeira selfie com amigos que tirei na vida. Não queria
esquecer daquele momento, para a galera era apenas um foto, mas para mim de
alguma maneira era uma mudança, uma boa mudança. Seguimos para as outras
cachoeiras, todas lindas. O Amazonas era realmente um lugar maravilhoso.
Assistimos ao pôr do sol de cima de uma grande rocha. Parecia um sonho.
Ramona: - Yuri quando eu tiver sinal passa o teu facebook e….
Yuri: - Eu não tenho.
Ramona: - Não tem face? Tá bem. Passa o teu insta ou twitter.
Yuri: - Também não uso esses. Na verdade nenhuma rede social.
Brutus: - Nossa um desconectado. Quem diria.
Letícia: - Olha. Parabéns. Eu não conseguiria.
Ramona: - Puxa. Ia te passar as fotos de hoje.
Yuri: - Me passa que depois eu revelo.
Wilson: - Muito bem Yuri. Não deixe que essas tecnologias
estraguem sua vida.
Paramos a 300 metros da minha casa. Ajudamos o pai da Ramona a
tirar todas as coisas do kombi. Ele pagou uma pizza para todos nós. Ficamos
conversando durante alguns minutos.
Ramona: - (entregando um papel e caneta para Yuri) – Passa o teu
e-mail. Te encaminho as fotos hoje.
Yuri: - Obrigado. Obrigado a todos vocês o domingo foi incrível.
(anotando no papel)
Segui caminho com Zedu, a casa dele era antes da minha. Fomos
conversando sobre várias coisas, principalmente sobre minhas primeiras
experiências com cachoeiras do Amazonas.
Yuri: - Quero te agradecer pelo conselho de hoje. É que pra mim
ainda é difícil.
Zedu: - Não se preocupa. Somos amigos né?
Yuri: - Sim. Somos.
Zedu: (pegando no ombro de Yuri) – Firmeza. A gente se encontra
amanhã?
Yuri: - Sim. Quero conhecer mais a cidade.
Zedu: - Vamos te levar no Teatro Amazonas.
Yuri: - Perfeito.
Zedu: - Tchau. (abrindo o portão de sua casa e entrando)
Comecei a caminhar em direção a minha cara. Faltavam poucos
metros quando um motoqueiro chega perto de mim e canta pneu. Acelero o passo e
o motoqueiro volta. E sobe na calçada e fica acelerando sem sair do lugar. Meu
coração começa a palpitar e tenho vontade de gritar. Será que serei assaltado?!!!
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