COMO AS PESSOAS FUNCIONAM
AUTOCONFIANÇA
HUMILDADE
É melhor parecer
autoconfiante ou humilde? A ciência responde
“Eu sou 100% incrível
e você sabe disso”
É muito legal
perceber como a ciência pode nos dar conselhos para fazer as coisas direito no
dia a dia. É claro que, por estar sempre em construção, esse conhecimento não é
infalível. Mas ter algum respaldo de estudos confiáveis já é uma boa vantagem.
Por exemplo: em
situações em que somos postos à prova, como em uma entrevista de emprego, em
uma nova faculdade ou até em um primeiro encontro com o crush, você já se
perguntou se a melhor estratégia é ficar contando vantagem sobre suas
capacidades ou se é melhor ser humilde?
Pesquisadores da
Universidade Brown, nos Estados Unidos, investigaram isso em uma série de experimentos
online envolvendo 400 voluntários. O procedimento teve duas etapas principais.
Na primeira, os participantes leram comentários de dois tipos de pessoas:
aquelas que diziam ter se saído melhor que a média em um teste de habilidades e
aquelas que diziam ter se saído pior. Para cada um, no entanto, havia também os
resultados desses testes, mostrando se esses comentários falavam a verdade ou
não. Todas essas pessoas hipotéticas eram homens – os pesquisadores preferiram
assim para neutralizar qualquer possível viés de gênero.
Havia, então, quatro
cenários possíveis:
– a pessoa se gabou e
de fato se saiu bem no teste;
– a pessoa se gabou,
mas se saiu mal;
– a pessoa foi
humilde e disse que se saiu mal, mas na verdade se saiu bem;
– a pessoa foi
humilde e de fato se saiu mal.
Mas que tipo de teste
era esse? Metade dos voluntários foi informada de que a habilidade testada era
inteligência; a outra metade foi informada de que era um teste de moralidade. E
eles tiveram então de julgar a inteligência/competência ou a moralidade dessas
pessoas com base no resultado do teste e no comentário que cada um havia feito
sobre si mesmo.
Resultados
A conclusão: os
indivíduos percebidos como os mais competentes foram aqueles que se gabaram do desempenho e de fato obtiveram pontuação elevada no teste. Quem se saiu bem, mas se desvalorizou, acabou sendo considerado menos competente que esses
primeiros. Isso mostra que, quando a competência está em jogo – e apenas se
você for competente MESMO –, é melhor ser sincero quanto a isso do que manter
um discurso de auto sabotagem. Isso não quer dizer que você deva sair contando
vantagem para gente que nem lhe perguntou nada, é claro. É só uma questão de
falar a coisa honesta na hora certa.
A coisa muda um pouco
de figura, porém, no que se refere à moralidade. Aqui, a humildade é mais
valorizada. Quem afirmou ter se saído pior que a média foi, independentemente
de seu resultado, considerado como tendo uma moralidade maior do que aqueles
que se gabaram.
Como você poderia
imaginar, quem se gabou, mas teve um mau desempenho obteve também o pior
julgamento da galera: foi considerado significativamente menos competente e
menos moral do que todos os outros, independentemente do teste que fizeram.
“Em todos os casos,
alegar ser melhor do que a média quando a evidência mostra o contrário é o pior
movimento estratégico que você pode fazer”, diz Patrick Heck, estudante de
pós-graduação no departamento de Ciências Cognitivas, Linguísticas e
Psicológicas da Universidade Brown e um dos autores do estudo.
Segunda fase
A segunda fase do
estudo envolveu um novo grupo de 200 voluntários. Metade deles fez o mesmo que
os participantes do primeiro experimento, com uma única diferença: todos os
testes hipotéticos eram de inteligência, e não de moralidade. Os resultados
foram muito semelhantes aos anteriores.
Mas houve um elemento
novo para a outra metade do grupo. Parte deles obteve acesso aos resultados dos
testes, mas não sabia se as pessoas haviam se gabado ou se rebaixado. Nesses
casos, as pessoas hipotéticas que foram bem no teste foram vistas como mais
competentes, mas não mais morais do que aquelas que pontuaram baixo.
Já a outra parte dos
voluntários não teve acesso ao resultado do teste, só aos comentários das
pessoas se gabando ou não. Resultado: aqueles que se gabaram sobre sua
inteligência foram julgados como mais competentes (mesmo sem ninguém poder
provar), mas menos morais do que os que foram mais humildes em seus
comentários.
Moral da história
O que fica de
conclusão é: se você quer ser visto como inteligente, vale a pena se gabar um
pouco, desde que você seja de fato competente OU não haja evidências disponíveis
para provar o contrário. Esses dois grupos foram considerados os mais
competentes, mesmo em comparação com quem era inteligente, mas disse que não
era.
Quem costuma se
autodepreciar precisa ficar atento: aqueles que fizeram isso e não tiveram
nenhuma evidência para mostrar (seja ela confirmando ou refutando essa pouca
competência) foram considerados os menos espertos de todos. Quem disse que
havia ido mal em um teste e mostrou resultados baixos era visto como mais
competente do que aqueles que disseram que haviam ido mal, mas seus resultados
não eram conhecidos. Se você tem a autoestima baixa e não consegue fazer
comentários positivos sobre si mesmo, a melhor estratégia pode ser não falar
nada, a menos que você tenha evidências objetivas para mostrar.
Mas há ainda um outro
aspecto: se você está preocupado com a sua moralidade percebida – algo que se
relaciona à sua amabilidade, confiabilidade e ética –, o melhor caminho é
evitar se gabar, sempre. Mesmo que tenha bons resultados para mostrar. Neste
aspecto, os mais humildes são os que sempre pontuam melhor.
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