A Cultura do Brasil no
Período da República Velha
Durante
a República Velha, o Brasil experimentava uma situação de mudança,
transformação. O país começava a abandonar suas características essencialmente
rurais para então experimentar o crescimento dos centros urbanos do país. No
entanto, esse era só o começo da mudança. A grande maioria da população continuava
sem instrução e o debate cultural e artístico ainda ficava recluso entre as
elites econômicas.
Com
o fim da escravidão, a República Velha foi marcada pela chegada de muitos
negros que saíram das antigas propriedades em busca de melhores oportunidades.
No Rio de Janeiro, muitos deles se
aglomeravam em cortiços e bairros portuários, organizando comunidades em que,
ao mesmo tempo em que se ajudavam, também experimentavam de manifestações
artísticas diversas.
Do
ponto de vista histórico, o samba, o maxixe e o choro ganhavam forma e
possibilidade nessa época. Nas chamadas casas das tias, vários negros e outros
elementos da sociedade urbana carioca se reuniam em festas que já ganhavam o
nome de “samba” naquela época. Nas datas festivas, os músicospopulares saíam pelas ruas organizando
os chamados “cordões”, que indicavam uma organização mais simples dos futuros
desfiles de escola samba.
Nessa
mesma época, vemos que o Brasil também recebeu um grande número de imigrantes
europeus que escapavam da miséria e das dificuldades impostas pela Primeira
Guerra Mundial. Em geral, esses imigrantes chegaram ao país com o objetivo de ocupar
vagas de trabalho nas indústrias que apareciam nas grandes cidades, tendo em
vista que tinham experiência como operários em sua terra natal.
Junto
com o sonho de uma vida melhor em terras brasileiras, esses imigrantes europeus
chegaram por aqui também trazendo os valores políticos do pensamento
comunista e anarquista. Em várias situações, inconformados com as injustiças de
nosso país, disseminavam seus ideais de luta e contestação em jornais e
manifestações públicas. Chegaram ao ponto de organizarem escolas populares, buscando
educar seus filhos segundo seus ideais políticos.
No
campo da literatura e das artes, vemos que alguns integrantes de nossas elites
traziam ao contexto brasileiro as questões estéticas empreendidas na Europa. Os
chamados modernistas se organizavam em círculos de discussão pensando a
identidade própria de nossa cultura. Estavam cansados do velho hábito de se
pensar que o Brasil só se tornaria “culto” e “civilizado” ao imitar os valores
que viesse de fora.
O
resultado de toda essa discussão foi a Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida
na cidade de São Paulo. Nesse evento, novos pintores, escritores e poetas
apareceram ao público expondo que o Brasil tinha uma riqueza cultural própria a
ser conhecida e apreciada. Em termos históricos, o evento indicava que o Brasil
não poderia ser mais entendido pelos valores da Europa ou como um simples
celeiro produtor de grãos para o mundo.
É
desse modo que vemos as transformações experimentadas na época da República
Velha. Muita coisa ainda deveria mudar, a grande maioria da população era
analfabeta e as manifestações de ordem popular nem sempre ganhavam prestígio.
Por outro lado, o debate sobre “a cara do Brasil”, da sua cultura, começava a
apontar para outros rumos e possibilidades.
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