Papel
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Os egípcios inventaram o papiro, no início
da era cristã, trançando fatias finíssimas de uma planta com o mesmo nome,
retiradas das margens do rio Nilo. No século II, o papiro fazia tanto sucesso
entre os gregos e os romanos, que os mandatários do Egito decidiram proibir
sua exportação, temendo a escassez do produto. Isso disparou a corrida atrás
de outros materiais. Na cidade de Pérgamo, na Antiga Grécia (hoje, Turquia),
foi usado o pergaminho, obtido da parte interna da pele do carneiro. Grosso e
resistente, ele era ideal para os pontiagudos instrumentos de escrita dos
ocidentais que cavavam sulcos na superfície do suporte, os quais eram,
depois, pacientemente preenchidos com tinta. O pergaminho, entretanto, não
era liso e macio o suficiente para resolver o problema dos chineses, que
praticavam a caligrafia com o delicado pincel de pêlo, inventado por eles
ainda no ano 250 a.C. - só lhes restava, assim, a solução nem um pouco
econômica de escrever em tecidos como a seda. E tecido, naqueles tempos
antigos, podia sair tão caro quanto uma pedra preciosa.
Provavelmente, o papel já existia na China desde o século II a.C., como indicam os restos em uma tumba, na província de Shensi. Mas o fato é que somente no ano 105, o oficial da corte T’sai Lun anunciou ao imperador a sua invenção. Tratava-se, afinal, de um material muito mais barato do que a seda, preparado sobre uma tela de pano esticada por uma armação de bambu. Nessa superfície, vertia-se uma mistura aquosa de fibras maceradas de redes de pescar e cascas de árvores. No ano 750, dois artesãos da China foram aprisionados pelos árabes, na antiga cidade de Samarkanda, aos pés das montanhas do Turquestão. A liberdade só lhes seria devolvida com uma condição - se eles ensinassem a fabricar o papel, que assim iniciou sua viagem pelo mundo. No século X, foram construídos moinhos papeleiros em Córdoba, na Espanha. Os italianos da cidade de Fabriano começaram a fabricar papel, em 1268, à base de fibras de algodão e de linho, além de cola - substância que, ao envolver as fibras, tornava-se mais resistentes às penas metálicas com que escreviam os europeus. Quanto ao preço, no entanto, papel e pergaminho empatavam, pois era muito difícil conseguir roupas velhas para extrair a celulose. Quando, na Renascença, o advento da imprensa fez o consumo de papel aumentar terrivelmente, os ingleses chegaram a determinar que as pessoas só poderiam ser enterradas com trajes de lã, a fim de poupar os trapos de algodão, deixados compulsoriamente de herança para os papeleiros. Até hoje o papel-moeda, por exemplo, não dispensa esse nobre ingrediente, que por ter fibras longuíssimas faz um produto difícil de rasgar. O algodão demorou para ser substituído. Somente em 1719, o entomologista René de Réaumur (1683-1757) sugeriu trocá-lo pela madeira. Ele observou vespas construindo ninhos com uma pasta feita a partir da mastigação de minúsculos pedaços de troncos. |
terça-feira, 21 de agosto de 2012
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