Os Princípios e
os Ideais Políticos
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Hoje em dia é de bom-tom dizer-se que a ideologia está em
desuso. E defender esta transformou-se numa heresia, numa irracionalidade,
porque defender a ideologia significa a não abertura à sociedade civil.
Aliás, fala-se muito, neste tempo, em «Sociedade Civil»! Que quer isto dizer?
Qual é a sociedade que não é civil, uma vez que há outra que o é?
Então, um Partido político não se constitui a partir de
princípios ideológicos? Um Partido político não emerge na sociedade, porque
há ainda um espaço para ele, e porque o novo Partido faz a diferença com as
novas propostas?
O que se espera de um Partido é que tenha ideias, defenda
princípios claros e distintos, proponha soluções para resolver os problemas
existentes. Com efeito, um Partido sem princípios nem ideais banha-se num
caldo morno, nem frio nem quente, e torna-se enjoativo.
Assim, diremos, porque é essa a nossa convicção, que um
Partido que não marca a diferença é um Partido oportunista, não tem nada para
oferecer, perde credibilidade, é uma coisa quase morta, estrebucha...
Os princípios ideológicos constituem uma espécie de marca
registada, são o modo como o Partido se posiciona e vê o mundo, a sociedade e
as pessoas. Ora, isto não é de somenos importância, porque é para as pessoas
e não para inertes que os Partidos se constituem.
A mundividência ideológica marca a diferença e a diferença, por
si, já marca os contornos da oferta política, porque mostra quais são os
objectivos a alcançar, quais os meios a empregar.
Em política não basta ser inteligente, hábil, malabarista e
dominar três ou quatro lugares comuns. É preciso mais, é preciso ser capaz de
fazer mover o sonho que alimenta a esperança. Se o Partido não é capaz de
fazer sonhar, que tem para oferecer? A intriga e um pouco de nada...
A que conduz a falta de sonho? Ao desânimo e à desesperança. É
o que está a acontecer há algum tempo a esta parte, a não crença nas
políticas propostas e o descrédito nos políticos.
E porquê? Porque há uma casta de pseudo-políticos que em vez
de explicarem quais as ideias que defendem, quais as suas propostas para
melhorar o que está mal, não o fazem e preferem confundir os menos avisados,
porque é nesta faixas que eles julgam que se vão safar!
É aqui que começa o desinteresse pela política. As pessoas já
estão fartas de ouvir tanta maledicência e, como tal, desmobilizam-se,
afastam-se, não participando na vida cívica, porque, dizem, é tudo da mesma
laia, pois nada resolvem. E instala-se a crise de confiança nos políticos e
nas instituições que servem ou deveriam servir as populações.
O descrédito e a descrença começam logo em momentos eleitorais
(Nacionais/Locais). Vale tudo. Ataques pessoais, ofensas, coscuvilhice,
mentiras, deturpações da realidade. E os eleitores ficam sem conhecer que
ideias ou soluções propõem tais pregoeiros, que dizem descaradamente falar em
nome do povo, tentando enganar os incautos e as pessoas de boa fé.
Em democracia é legítima a discordância de prática política, e
é desta forma que as coisas avançam, o que não é legítimo é à luz da
democracia, que dizem defender, exibir uma prática não democrática, tentando
confundir tudo. Há por ai, de facto, alguns desempregados que tudo fazem para
voltar a ter emprego, e então esgatanham-se, utilizando as armas mais torpes
para fazer passar as suas tristes mensagens. A esses, eu aconselharia, para
que obtenham sucesso, o seguinte: a) Proponham políticas claras, sem
ambiguidades, com objectivos e metas definidas; b) Digam como alcançar as
suas propostas; c) Expliquem claramente o que os move, se o serviço público
ou se o benefício próprio; d) Convençam-nos de que os homens e as mulheres que
indicam para aplicar tais políticas são, de facto, os mais capazes, e digam
porquê. Bastam estes quatro enunciados para que os Partidos ganhem
credibilidade. Não tenham dúvidas.
Ora, quando não se definem princípios e metas, quando não se
delimitam fronteiras cai-se no facilitismo, pretende-se agradar a todos, ao
mesmo tempo, como se isso fosse possível, e embarca-se no oportunismo
demagógico que tende a sacrificar os princípios programáticos dos Partidos. E
a credibilidade desaparece.
Com efeito, o que se observa hoje, a todos os níveis da
administração, é a tentação para agradar a todos os grupos de interesse.
Promete-se tudo a todos! É maravilhoso! (...). (António Pinela, Reflexões, Janeiro
de 2005).
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domingo, 18 de novembro de 2012
Viva a sabedoria...
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