A Coerência Política
|
|
Como
ciência teórica, a Política é a ciência do ideal ou da doutrinação, a partir
da qual, o Governo do Estado, da Região e da Autarquia regularão a sua ação.
A doutrinação política é, em geral, obra dos PARTIDOS, que contam com a
colaboração, para elaboração desta doutrina ideal, de especialistas de
direito, de história, de economia, de pedagogia, de filosofia, de entre
outros.
As
reflexões que enformarão tais doutrinas serão essencialmente teóricas e
deverão ser portadoras de princípios de natureza interna e externa: os
primeiros definem com clareza os objectivos constitucionais; os
segundos definem a personalidade nacional, considerando,
necessariamente, o sentido histórico, objecto da reflexão.
Estas
reflexões doutrinais estão consignadas nos Programas dos Partidos Políticos e
inscritas no espírito do pensamento democrático. Sendo assim, como é nosso
entendimento, o sentido da política que defendemos, ou dizemos defender,
dever-se-á pautar por uma praxis demonstrativa daqueles princípios
e pensamentos a que aderimos ou que dizemos perfilhar ou defender, em
determinado momento político. Porquanto, a decisão de aderir àqueles
princípios e pensamentos não pode ser tomada de ânimo leve, nem ao sabor de
conveniências daqueles que apanham (sempre) a última carruagem em andamento.
A adesão aos princípios programáticos de uma formação política é um acto de
liberdade, logo de manifestação de uma vontade esclarecida.
Neste
contexto, o espírito democrático, veículo que conduz ao exercício do poder,
pressupõe a admissão da opinião diferente sobre a mesma temática em
apreciação; pressupõe que, em determinada circunstância, se opte por uma
solução em vez de outra. É assim em democracia. No entanto, sendo legítima a
vontade política individual, tenha-se em consideração que nem sempre ela
corresponde ao interesse geral. É preciso que os responsáveis políticos nunca
esqueçam esta verdade indiscutível.
Com
efeito, como prática, a política consiste primordialmente na administração
dos assuntos do Estado, da Região, da Autarquia, em função daquela
doutrina definida pelos Partidos. Deste modo, embora não devamos ignorar
aquelas reflexões, preferencialmente deveremos orientar a nossa acção na
planificação de processos e na escolha de meios a empregar com vista ao
exercício do Poder. Não se faz política sem visar coisa nenhuma. Os políticos
têm sempre com alvo o Poder. Ainda que, de vez quando, digam que não, se isso
lhe faz jeito, na ocasião.
É
partindo deste princípio – a prática demonstrativa do nosso pensamento
político –, que deveremos orientar a nossa mobilização e acção participativa
em torno de uma ideia: «Em política, nunca há situações insanáveis» (Mário
Soares, in Soares Responde a Artur Portela, p. 48).
A
Filosofia Política, expressa no contexto deste texto, tanto pode referir-se à
vida interna de um Partido, como à vida Político-Social. Por isso, e porque
todas as situações são transitórias, os dirigentes políticos, ou aqueles que
são investidos de responsabilidades políticas, não deverão, por um só
momento, deixar de aplicar o seu talento e capacidades com vista à resolução
de problemas e, deste modo, não defraudar as expectativas criadas. É assim
que o político mostra, a quem o elege, que a sua prática corresponde à sua
teoria. O que se traduz na coerência política.
Seria
muito útil para a democracia que, todos os que temos uma visão praxiológica
da política, investigássemos, cada um a seu modo, as causas da
descrença nos políticos e reflectíssemos sobre o modo de recuperarmos a
adesão à participação naRes Pública, na justa medida em que a política
deve ser participada por todos, porque «o Homem é um animal político»
(Aristóteles). (António Pinela, Reflexões, Janeiro de 2004).
|
|
http://www.eurosophia.com/filosofia/acesso_livre/filosofia_politica/coerencia_politica.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário