Formação Política
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Já
o dissemos neste espaço, a Política é a arte de bem governar a Pólis, como
defendiam os Antigos Gregos. E o político é, na verdadeira acepção da
palavra, aquele que se sente chamado a dedicar-se à causa pública. Isto é, a
governar bem a sua cidade. Para tanto, precisa de se relacionar com outros
políticos e funcionários.
Relação
entre políticos – a) A relação entre políticos, de diferentes
ideologias, deve ser correcta, urbana, e respeitadora dos ideais de cada um.
Esta relação, para que se tome a sério, orientar-se-á nos dois sentidos. Ou
seja: se eu tenho o direito de manifestar as minhas opiniões e fazer as
minhas opções o outro também o tem. É simples. Quem não o entende está mal na
política activa, e ainda não percebeu esta actividade nobre. Então faça outra
coisa, se faz favor!
b)
A relação entre políticos da mesma ideologia ainda é mais exigente. Para além
dos princípios enunciados anteriormente, ainda requer o princípio da lealdade
política. É fundamental que se perceba isto para que os projectos políticos
obtenham êxito. Se não nos revemos nos projectos para que somos convidados a
dar o nosso contributo, sejamos honestos e não aceitemos participar. Não
entremos nas coisas para ficar à espera do deslize. Fazer isto é oportunismo,
vontade de afirmação a qualquer preço e desonestidade política. Como pode um
político, investido do mesmo projecto, desautorizar outro político
publicamente ou perante subalternos, mesmo que lhe assista a razão? Um pouco
de formação política ficaria muito bem a iniciados. É fundamental saber estar
em política e conhecer os momentos para agir. Na política, como em tudo na
vida, não basta parecer, é preciso ser.
Relação
entre políticos e funcionários públicos – Sem os funcionários públicos,
de todos os níveis: de concepção, elaboração e execução, as políticas jamais
serão levadas à prática com êxito. Esta é uma verdade que seria dispensável
lembrar. Na relação entre políticos e funcionários existem, em meu entender,
dois níveis que é necessário sublinhar: institucional e laboral. Este nível
tem mais a ver com o fazer, desde a concepção à execução, tendo em
conta, obviamente, a orientação política que dá forma ao Programa Político de
quem se propôs governar a Autarquia ou o País, e legitimamente o faz. Tais
relações devem ser transparentes, para que não ocorram ambiguidades,
refúgios, desculpas ou omissões, como tantas vezes acontece.
O
nível institucional relaciona-se com o dever de cumprimento, não de lealdade
política, mas de lealdade profissional. Isto é muito importante que os
profissionais percebam. Os políticos exercem determinada função transitoriamente,
os funcionários percorrem uma carreira. O que lhes deve importar, enquanto
profissionais, não é quem ganhou as eleições, mas sim o desempenho cabal da
sua função, de acordo com as orientações recebidas. É importante que se
perceba isto a todos os níveis da administração. Desde o porteiro ao
director.
A
consciência política – A participação cívica exige de nós, cidadãos
imputáveis, que sejamos conscientes nos nossos actos. Daí que se diga que os
actos públicos tenham que ser praticados à luz da reflexão. Não podem ser o
resultado de paixões irreflectidas, de vinganças, de ajustes de contas, de
birras... As decisões políticas devem ser o fruto maduro de uma reflexão
aturada, revisitada, sobre que incide a decisão.
Naturalmente
que um político não tem que ser um generalista. Isto é, alguém que sabe um
pouco de tudo, mas muito de nada. Um político, que deverá ser um bom
coordenador de acções, terá de rodear-se de bons assessores. Estes sim
deverão ser tecnicamente capazes nas áreas que vão assessorar.
O
que confere credibilidade ao político é a consciência da sua actividade e a
coincidência do seu discurso com a sua prática. Se o político é leviano e diz
uma coisa e faz outra, quem o tomará a sério? Até os seus correligionários
deixarão de acreditar nele.
A
acção e a omissão políticas – Politicamente, podemos errar por acção ou
por omissão. Estamos a falar do conteúdo e da forma quanto à intervenção
pública.
Não
raro, ouvimos discursos que abominamos devido à forma como são ditos.
Discursos que, depois de lidos e analisados, até concordamos com eles. A arte
de proferir o discurso é muito importante. Quase sempre a inflamação
discursiva retira-lhe seriedade. Para mais, se tal discurso é recheado de
lugares comuns, como: «eu exijo...», «como tenho dito diversas vezes...»
«como recomendei...», «não recebo lições de democracia de ninguém…», etc,
etc.
É
evidente que um discurso rendilhado com um pouco de eloquência fica menos
enfadonho. Mas atenção, com a devida medida. Tudo o que é demais não presta.
Os
discursos cáusticos não prendem ninguém, não convencem ninguém, não
esclarecem ninguém. Naturalmente, que alguma ironia bem como a metáfora podem
embelezar e alegrar o conteúdo. Haja em vista que os discursos enfadonhos
desmotivam, convidam ao sono e ao afastamento (António Pinela, Reflexões, Julho
de 2002).
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http://www.eurosophia.com/filosofia/acesso_livre/filosofia_politica/formacao_politica.htm
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