quarta-feira, 8 de maio de 2013

Arrependimento hipócrita...


Dono de pizzaria suspeito de atirar em menina chora ao ser apresentado
George Araújo se entregou, na segunda-feira (6), em Aparecida de Goiânia.
Ele vai responder pela morte da garota baleada ao defender o pai em briga.
A Polícia Civil apresentou na manhã desta terça-feira (7), na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Aparecida de Goiânia, o comerciante George Araújo, dono de uma pizzaria e suspeito de atirar em uma menina de 11 anos durante uma briga com o pai dela, no último dia 27 de abril. Após ficar foragido da Justiça, ele se apresentou à polícia na segunda-feira (6) e passou a noite na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH). Ele irá prestar depoimento ainda nesta tarde. A garota baleada teve morte cerebral constatada na noite de domingo (5), mas os aparelhos ainda não foram desligados.
Em prantos, George não se manifestou diante da imprensa durante a apresentação, mas o advogado de defesa afirma que ele está arrependido. “Ele me disse que perdeu a cabeça, errou e está preparado para responder civilmente e criminalmente. Houve todo calor da situação e, infelizmente, desencadeou na morte da criança. Porém, ele não está se furtando da responsabilidade”, enfatiza o advogado Roberto Rodrigues.
O advogado argumentou que o pai da criança deveria ter tido alguns cuidados para evitar a tragédia. “Ele também foi responsável pelo que aconteceu, pois as imagens mostram que ele usou a criança como escudo. Os dois têm que responder pela morte da criança”, declara.
Provocação
Ainda segundo o advogado, o comerciante argumenta que efetuou os disparos por ter sido provocado. “O George disse que o pai da criança chegou na pizzaria dizendo que iria resolver um desentendimento que os dois tiveram há aproximadamente dois meses. Ele disse que o homem falava ao celular dizendo que o que era dele estava chegando e também fazia gestos que mencionava que ele estava armado. Por isso, vamos trabalhar na hipótese de homicídio privilegiado, ou seja, quando a pessoa reage a uma provocação”, explica Roberto Rodrigues.
Entretanto, a delegada titular da DPCA, Marcela Orçai, que investiga o caso, afirma que até o momento o comerciante está respondendo por homicídio. “O inquérito deve ser concluído nesta semana, se conseguirmos ouvir todas as testemunhas envolvidas no caso, mas, por enquanto, o George está respondendo por homicídio duplicamente qualificado. Porém, já descartamos a hipótese de legítima defesa, pois ele efetuou os disparos sem reação das vítimas”, ressalta a delegada.

Questionada sobre o comerciante ter utilizado o carro da esposa para fugir, ela explica: “Nós estamos fazendo essa análise e ninguém deixará de ser indiciado nesse inquérito. Se for comprovada alguma participação dela no caso, ela será indiciada”, afirma Marcela Orçai.
A delegada não soube informar ainda se será pedida a prisão preventiva do suspeito nem onde ele ficará detido até a decisão da Justiça.
O  crime aconteceu, segundo a polícia, após uma discussão por causa de uma pizza entre o dono de uma pizzaria, George Araújo, e o pai da menina Kerolly, o serralheiro Sinomar Lopes, que era cliente do estabelecimento. A vítima e a irmã Pérola Alves Lopes, de 14 anos, abraçaram o pai quando viram a arma apontada para ele. O suspeito então atirou três vezes. Dois disparos atingiram a adolescente, na perna e na cabeça. O atirador fugiu do local. A câmera de segurança do estabelecimento registrou toda a confusão (veja vídeo acima).
Quinze horas depois da confusão, o suspeito de atirar em Kerolly se apresentou em uma delegacia. Ele prestou depoimento alegando ter disparado em legítima defesa, mas não foi preso na época. A lei determina que alguém seja preso em flagrante apenas se for detido no momento do crime, depois de uma perseguição ou se ainda estiver com a arma usada. Como não havia pedido de prisão, ele acabou liberado. O advogado que o acompanhou no depoimento desistiu da defesa ao ver o vídeo em que o ex-cliente aparece disparando contra o serralheiro Sinomar Alves Lopes e as duas filhas, que tentaram protegê-lo.
No último dia 30, ele teve a prisão preventiva decretada e ficou foragido até se entregar na noite de segunda-feira.
Culpa e dor
Em entrevista ao Fantástico, o pai de Kerolly, Sinomar Lopes, declarou se sentir culpado pelo que aconteceu. “Eu me sinto culpado. O que eu estou sentindo é dor demais, é sofrimento pra caramba e mágoa, culpa demais da conta”, declarou.

Ele se emocionou e falou da angústia ao ver a filha hospitalizada. "Hoje eu queria estar no lugar dela. Queria! Eu queria ser naquela hora lá. Porque o pai mesmo é pai e herói do filho, né? Eu estou sentindo no meu coração que, naquela hora, eu não fui ninguém. Uma culpa imensa vendo aquela menina lá", desabafou o pai.

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