segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O que fazer?

Como lidar com o que estou sentindo após a traição?

No terceiro artigo sobre como superar uma infidelidade, Luiz Alberto Hanns sugere formas de lidar com alguns dos sentimentos mais comuns de quem é traído: raiva, medo, depressão

No primeiro artigo falamos sobre os motivos que levam a um caso extraconjugal. No segundo, sobre a indignação moral de quem foi traído. Hoje abordaremos os sentimentos contraditórios de tristeza, raiva, medo depois de uma traição.

Tristeza, raiva, medo: como lidar com cada um dos sentimentos que costumam aparecer após uma traição?

A maioria dos cônjuges traídos passa por uma espiral de emoções intensas que podem mantê-los paralisados, confusos ou levá-los a atitudes impulsivas, das quais podem se arrepender. Se for seu caso, pergunte-se se você está tomada pela depressão e paralisada, ou cheia de fúria e só que punir o parceiro, ou se tem tanto medo de ficar só que quer superar de qualquer modo o que se passou. Ou os três sentimentos? Em algum momento você precisará lidar com eles para ter chance de superar o episódio, separando-se ou resgatando a relação.

Fúria e vingança

Juliana passou meses oscilando entre o desejo de punir o parceiro e o de preservar a relação. Tratava-o mal, acordava de madrugada furiosa e o xingava (e às vezes o esmurrava). Achava que tinha direito a descarregar sua raiva e “limpar as mágoas”. Queria mostrar-lhe o mal que lhe fez, fazê-lo sentir dor. De início serviu para aliviá-la, mas quando ficou claro que isto estava se prolongando além do razoável, entendeu que tinha chegado a hora de deixar de lado o desabafo e a vingança e tentar entender o que queria: reconciliar-se ou separar-se?

Não fique atolada em destruir o parceiro, a amante dele ou em infernizar a vida de todos. Raiva não se descarrega: ela se retroalimenta em espiral. Não fique presa nela. Se não conseguir sair disto, procure ajuda.

Empatar o jogo

Outra reação comum de quem foi traída é o desejo de também ter um caso. Se isso for usado para “empatar” o jogo ou para punir o parceiro, pode até aliviá-la, mas poderá também impedir a reconciliação.

O fato de seu parceiro ter tido um caso e você também ter “o direito a” não significa que as coisas sejam simétricas. Por mais que se sinta culpado, existe a possibilidade de ele não aguentar que você tenha um caso por vingança ou para restabelecer uma relação de igualdade. O contexto dele pode ser diferente do seu. Examine com calma o que se passa com você e se quer mesmo ter um caso.

Nem eu gosto de mim

Para Sérgio, descobrir o caso de Rita com Carlos foi devastador. É doloroso imaginar que há outra pessoa mais desejável para seu cônjuge do que você. Ele ficava dia e noite repassando em detalhes como Rita desejou e se entregou a outra pessoa sem se lembrar dele. E ele já tinha vivido traições de namoradas anteriores.

Sérgio padecia de falta de autoestima (“Não sou interessante”, “Não sou desejável”). Também lhe faltava autonomia psíquica (“Não posso ficar só”, “Não tenho alegria suficiente de viver nem interesses próprios, tampouco conseguirei amar outra pessoa”). Se este for seu caso, procure um psicólogo, pois só após avançar nessas questões pessoais você poderá tomar decisões adequadas. Mais do que a traição, seu problema é lidar com sua baixa autoestima.

Para Mariana foi bem mais fácil lidar com a traição do marido Paulo. Tendo alguma autoestima, interesses próprios e uma família e amigos que a apoiavam, foi mais fácil entender que não somos o tempo todo o centro do mundo do outro, mesmo que sejamos muito amados. Compreendeu que Paulo se voltou por um tempo a outra pessoa, mas entendia que era com ela, Mariana, que ele queria ficar.

Suas maiores dúvidas eram se a relação valia a pena (ela sabia que tinham algumas importantes incompatibilidades no temperamento e nas afinidades). Não tomada pela fúria, tristeza ou medo, ela pôde decidir se gostava de Paulo e se era viável tentarem um novo pacto de fidelidade. Até hoje estão juntos.

Sentir tesão pelo cônjuge infiel é normal?

Nem sempre as emoções negativas prevalecem depois da revelação de um caso. Algumas pessoas, como Mariana, passaram a sentir um paradoxal aumento no desejo e carinho pelo parceiro. Mesmo Glaucia, nos piores momentos com seu cruel marido Walter, sentia algum tesão e se condenava por isso. No caso dela, o tesão era alimentado pelo medo de perder o marido e ficar só. Como dizia Freud, não há dor que não esteja relacionada com prazer e vice-versa. Não se condene se sentir tesão no ápice da raiva ou da tristeza.

Não exponha publicamente nem a você, nem ao parceiro

Penélope, por um mal-entendido, achou que tivesse sido traída por Ricardo — e não se conteve. Espalhou o suposto caso para toda a família, e, por vingança, para “mostrar a verdadeira cara de Ricardo”, para o círculo de amigos. No final, entendeu que tinha se equivocado e teve muito trabalho para desfazer a confusão que armara.


Edu Cesar
O terapeuta Luiz Alberto Hanns tira dúvidas sobre a vida a dois

Evite espalhar pelos quatro cantos sua história. Seus parentes próximos e amigos podem se posicionar contra seu parceiro e, mais tarde, se houver uma reconciliação entre vocês, a vida social e familiar ficaria prejudicada para sempre.

Mas ainda que você tenha revisto seu moralismo e repassado seus sentimentos, quais as possibilidades de você e seu parceiro superarem essa história? No próximo artigo abordarei algumas das fases pelas quais passam muitos dos casais que conseguiram superar a traição.

A maioria percorre as fases abaixo:

1. Arrependimento;

2. Desforra;

3. Processo de explicações e esclarecimentos;

4. Indenização;

5. Perdão;

6. Reasseguramento;

7. Repactuar todo relacionamento.

Mas este é um tema para o próximo artigo.

http://delas.ig.com.br/colunistas/vida-a-dois/2014-02-14/como-lidar-com-o-que-estou-sentindo-apos-a-traicao.html

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