Contradições
da Natureza Humana
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Nem sempre somos dados à introspecção, nem
a profundas reflexões. No entanto, em determinados momentos da nossa
existência damo-nos conta de que estamos a pensar sobre os nossos sentimentos
e os nossos actos, levados por perguntas que nos ocorrem em catadupa. São
pequenas coisas, alguns obstáculos ou grandes acontecimentos de que somos
protagonistas, que nos conduzem ao pensamento. E então, inicia-se um processo
reflexivo que propicia o esclarecimento das nossas próprias dúvidas, iniciando-se
um processo de conhecimento. Chama-se a isto filosofar.
Todos queremos encontrar um caminho para a
nossa vida, porque é assim que ela faz sentido. Demoramos tempo, às vezes
muito tempo, a entender esta verdade. Escondemo-nos no recôndito da nossa
interioridade e não deixamos que o sentimento se mostre. É cómodo, porque a
realidade envolvente nem sempre é linear.
A criatura humana, salvo raras excepções,
não tem o hábito de arrumar, em si, as suas próprias vivências, as mais
ricas, e dá, quase sempre, alguma ênfase ao particular, ignorando o
universal. Porque em nós existe um misto de contradição: queremos e não
queremos conhecer as verdades, as realidades, o que nós somos e qual a nossa
relação com os outros.
Pensamos que sabemos do que se trata, que conhecemos a verdade, mas não temos
coragem para enfrentar o que julgamos saber e conhecer. Falta de coragem, ou
incapacidade real para entender o que nos traz a vida?
Rodeamos as coisas, andamos à volta,
giramos… Mas a voz interior, aquela que é silenciosa, mas dolorosa, os
sentimentos, um dia revolta-se e manifesta-se sob diversas formas:
contradições, ódios, vontades, desejos, princípios… Tudo emerge em catadupa,
sem controlo, em turbilhão, a tal ponto que nos tolhe a capacidade racional.
E não raro, sob o efeito depressivo desse turbilhão, agimos de modo
inapropriado. E sem retorno.
Os sentimentos contraditórios criam
habitualmente mal-estar, desajustamento, pensamento doentio.
A vida inter-relacional que levamos, por
vezes cega-nos, não nos deixando vislumbrar o que é óbvio e mais importante
para cada um de nós: a paz interior.
E tudo isto, porque, não raro, não somos
capazes de definir as nossas prioridades, escolher o nosso caminho, dar
importância aos momentos únicos das vivências de que somos protagonistas, e
deitamos tudo a perder.
Sendo tudo isto consequência de não sermos
capazes de entender claramente o nosso estado emocional, nem racional. Vamos
andando por um caminho aparentemente mais fácil, mas que não é o nosso, que
nos pode conduzir ao abismo. Causando, com a tal atitude, sofrimento e dor a
nós próprios e aos outros. Porque será assim a natureza humana? (António
Pinela, Reflexões, Julho de 2005).
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Viva a sabedoria...
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