Conflitos e precarização no
mundo do trabalho
Os
conflitos e a precarização no mundo do trabalho são causados basicamente pela
divergência de interesses entre as classes sociais.
A
precarização no mundo do trabalhos é causado basicamente pela divergência de
interesses entre as classes sociais
Considerando-se
que a sociedade capitalista é dividida em classes sociais, como já dizia Karl
Marx, é fato que essas classes têm interesses antagônicos. Esse antagonismo,
obviamente, seria fundamental para se pensar a permanente luta de classes
caracterizada na obra marxiana, tendo nos conflitos do mundo do trabalho a sua
manifestação, uma vez que esses são decorrentes das relações sociais de
produção características do sistema capitalista.
Mas
qual a natureza desses conflitos pertinentes à produção da vida material, ou
seja, ao cotidiano do mundo do trabalho? Para se pensar numa breve (porém, não
suficiente) resposta, basta considerar o simples raciocínio: enquanto o
operário visa melhores salários e condições de trabalho, os empresários visam
aumento do lucro e expansão de suas empresas.
Além
disso, a valorização de uma alta racionalização dos processos produtivos desde
a revolução industrial, o aumento da exploração do trabalho humano e as
consequentes acumulação de riqueza e aumento da desigualdade social, só fizeram
recrudescer as hostilidades e divergências entre as classes ao longo da
história do capitalismo enquanto modo de produção predominante.
Pode-se
apontar que os primeiros movimentos de resistência dos trabalhadores entre os
séculos XVIII e XIX tinham por motivação a dificuldade de adaptação a esse novo
modelo de produção – agora industrial – uma vez que os indivíduos ainda estavam
ligados a outro contexto de maior liberdade e autonomia quanto às práticas de trabalho.
Um dos primeiros levantes operários contra os empresários foi o chamado
movimento Ludista, ocorrido no início do século XIX, no qual trabalhadores se
dispunham a quebrar as máquinas, as quais (no entendimento destes) estariam
roubando seus empregos.
Nos
dias de hoje, vale dizer que o desenvolvimento tecnológico leva a uma exclusão
da mão de obra humana, gerando um processo de desemprego estrutural. A atual
conjuntura de desenvolvimento do capitalismo é marcada pela forte automatização
da produção, isto é, o significativo processo irreversível de transformações no
processo produtivo pela substituição da mão de obra humana. Por isso é preciso
compreender como se dá a luta entre os interesses de classe e, mais
precisamente, como se dão os conflitos no mundo do trabalho, uma vez que essas
transformações podem significar uma precarização do trabalho, se pensarmos, por
exemplo, nos níveis de desemprego.
Em
outras palavras, mudanças estruturais podem trazer mais complicações para o
trabalhador (que agora deve estudar mais, se preparar mais, disputar mais por
vagas que são escassas). Para Ricardo Antunes (2011), “quando o trabalho vivo
[trabalhadores de fato] é eliminado, o trabalhador se precariza, vira camelô,
faz bico etc.” (ANTUNES, 2011, p. 06). A precarização do trabalho significa o
desmonte dos direitos trabalhistas. Daí a importância de refletir sobre essa
temática, sobre a lógica perversa do capitalismo, avaliando formas de manter
garantias ao trabalhador, que é o lado mais frágil desse conflito.
Ainda
segundo Antunes (2011), “reduzir a jornada de trabalho, discutir o que
produzir, para quem produzir e como produzir são ações prementes. Ao fazermos
isso, estamos começando a discutir os elementos fundantes do sistema de
metabolismo social do capital que é profundamente destrutivo” (Ibidem, p. 06).
Não apenas esse aspecto é discutido entre empresários e trabalhadores, mas
também acerca das questões salariais, jornadas de trabalho, geração de emprego,
participação em lucros, condições de segurança, planos de carreira, entre
tantos outros aspectos ligados aos direitos trabalhistas adquiridos ao longo do
século XX, por meio da organização do movimento operário através dos
sindicatos, do sindicalismo.
Contudo,
é fato que as condições de trabalho e os direitos trabalhistas de certo modo
avançaram. Obviamente, esses avanços no sentido dos direitos e das garantias ao
trabalhador não foram dádivas da classe empresarial, mas fundamentalmente
resultado da luta de movimentos sindicais, operários. No Brasil de hoje, as
chamadas centrais sindicais, em linhas gerias, têm os seguintes pontos como
reivindicação: mudanças na política econômica para reduzir juros e distribuir
renda; redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas;
extinção do fator previdenciário; e regulamentação da terceirização de
serviços.
Ainda
assim, a despeito dos avanços no tocante ao trabalho e à resolução de alguns
conflitos (por meio de legislações trabalhistas) que dele resultam, não se pode
esquecer a lógica da exploração inerente ao capitalismo (tão presente no
cotidiano do trabalhador), nem mesmo o que Marx chamava de embrutecimento do
homem pela rotinização do trabalho e, consequentemente, da vida.
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