Corporações de ofício
As
corporações de ofício eram grupos de profissionais que começaram a se
especializar na produção de determinados produtos e se reuniam de forma a
garantir vantagens e segurança.
As
corporações de ofício eram grupos de profissionais que se especializavam na
produção de determinados produtos
Na
Idade Média, o sistema produtivo era o feudalismo, sem o desenvolvimento de um
comércio intenso, mas sim pautado pela troca de produtos. Basicamente, a
produção se dava para o autoconsumo, atendendo-se às necessidades mais diretas
de uma vida material mais simples quando comparada aos dias de hoje.
Mas
como sabermos, as cidades começaram a surgir e, desta forma, também um
incipiente comércio. Conforme sugere Leo Huberman, em seu livro História da
Riqueza do Homem, “mercadores errantes cansados nos intervalos de suas longas
viagens, esperando o degelo de um rio congelado, ou que uma estrada lamacenta
se tornasse novamente transitável, naturalmente se deteriam próximo aos muros
de uma fortaleza [...] criou-se um faubourg ou ‘burgo extramural’” (HUBERMAN,
1986, p. 27). Enquanto que na sociedade feudal predominava uma relação de
dependência e falta de liberdade, “a atmosfera total da atividade comercial na
cidade era a da liberdade” (ibidem, p. 27). Logo, as estruturas sociais e as
relações de poder características do período feudal não condiziam com a cidade,
com a prática comercial. Assim, para poderem sobrepujar as barreiras da velha
ordem, os comerciantes se uniram para garantir a liberdade para suas
atividades.
Nestes
jovens povoados, a pouca demanda e o pequeno comércio de produtos
manufaturados, feitos já sob determinado rigor e técnica, eram atendidos pelascorporações
de ofício. As corporações de ofício tratavam-se de grupos de profissionais que
começaram a se especializar na produção de determinados produtos, os quais se
reuniam de forma a garantir vantagens e segurança a um grupo de indivíduos de
mesmo ofício, isto é, de mesma profissão. Segundo Lakatos e Marconi (1999, p.
206), no sistema de corporações a produção ficava “a cargo de mestres
artesãos independentes, com poucos auxiliares (aprendizes, oficiais ou
diaristas), para atender a um mercado pequeno e estável. O trabalhador não
vendia seu trabalho, mas o produto de sua atividade: era dono tanto da
matéria-prima que usava quanto das ferramentas de trabalho. Formadas por
mestres em determinado ofício, praticavam corporativismo, criando barreiras à
competitividade ao exercício da atividade pelos que não faziam parte da
corporação, mas, ao mesmo tempo, fortaleciam-se pela união”.
Ainda
segundo Huberman (1986), “as associações de mercadores, tão ávidas em obter
privilégios monopolistas e tão observadoras de seus direitos, mantinham seus
membros numa linha de conduta determinada por uma série de regulamentos que
todos tinham de cumprir. O integrante da sociedade gozava de certas vantagens,
mas só podia permanecer como membro se seguisse à risca as regras da associação
[...] Rompê-las podia significar a expulsão total ou outras formas de punição”
(ibidem, p. 34). Assim, as corporações tratavam-se de um instrumento de
cooperação mútua, e que para isso detinham o monopólio da produção de
determinado produto.
Após
as transformações sociais, econômicas e políticas enfrentadas pela Europa na
passagem da Idade Média para a Idade Moderna, principalmente mais ao afinal
desta última, as corporações tornaram-se obsoletas, principalmente por conta da
expansão do comércio. “A estrutura de corporações destinava-se ao mercado
local; quando este se tornou nacional e internacional, a corporação deixou de
ter utilidade” (ibidem, p. 109). A produção não seria mais feita de forma
manual e artesanal, mas sim em escala através de máquinas e ferramentas que
proporcionassem a produção em série para novas demandas. Com o desenvolvimento
do capitalismo ocorreu uma maior especialização e divisão do trabalho, tornando
a figura do mestre artesão algo do passado. As relações sociais de produção
tornaram-se mais complexas, surgindo a figura do trabalhador assalariado, do
operário, o qual venderia apenas sua força de trabalho, não possuindo – como o
mestre de ofício – a posse sobre os meios de produção (ferramentas) e
matéria-prima. Assim, pode-se dizer que as corporações de ofício tornar-se-iam
cada vez mais raras ao passo que a sociedade industrial se aproximava.
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