Teoria de que mulheres
preferem os cafajestes tem fundamento
Estudo
da Universidade do Texas diz que, durante a ovulação, a mulher sente mais
atração por cafajestes
Qual
mulher nunca se apaixonou por um homem bonitão, sexy, esbanjando autoconfiança,
atraente, mas... um verdadeiro cafajeste? Ou não falou, em vão, repetidas vezes
para a amiga terminar logo com aquele garanhão? E qual homem nunca se perguntou
por que diabos foi trocado por aquele cara que claramente não quer nada a sério
com a mulher de seus sonhos?
A
pergunta que paira sobre todas essas situações é: as mulheres preferem os
cafajestes? Para tentar respondê-la, a professora da Universidade do Texas
(EUA) Kristina Durante fez três estudos com mulheres de 18 a 45 anos, durante o
período de ovulação delas. A conclusão foi publicada neste ano com o título
"Ovulation Leads Women to Perceive Sexy Cads as Good Dads ("Ovulação
leva as mulheres a perceberem homens sexy e cafajestes como bons pais", em
tradução livre).
O resultado surpreendeu até a pós-doutora em psicologia social: todas essas mulheres, independentemente da idade, se sentiram mais atraídas aos homens "cafajestes" durante a ovulação e atribuíram a eles características de bons pais e parceiros estáveis para toda a vida.
A pesquisa também concluiu que, quando se tratava de enxergar os mesmos cafajestes com outras mulheres, a história era outra: as entrevistadas voltavam a vê-los como aventureiros a se evitar. Para piorar a situação dos homens que valorizam a fidelidade e querem ser maridos e pais, a ovulação não causou a mesma mudança nas mulheres em relação a eles.
Culpa
da evolução
O
que explica a mudança no comportamento durante a ovulação é a genética e a
evolução. Segundo Kristina, as características dos cafajestes são ligadas a
altos níveis de testosterona, sistema imunológico mais eficaz e, portanto,
condições genéticas melhores. "A interpretação para isso é que somos mais
atraídas por esses homens porque podemos passar seus bons genes aos nossos
filhos. Em centenas de milhares de anos atrás, nossas crianças, se tinham esses
sistemas imunológicos mais eficazes, tinham mais probabilidades de sobreviver
nas condições ambientais dos nossos ancestrais", explica a pesquisadora em
entrevista ao UOL.
A
pesquisa considerou apenas as mulheres no período de ovulação, excluindo,
portanto, meninas que ainda não entraram na puberdade, que usam métodos
contraceptivos que inibem produção de hormônio ou mulheres que passaram da
menopausa. Kristina acredita que quando as mulheres não estão ovulando têm uma
visão mais realista dos cafajestes.
Mais
jovens, mais vulneráveis
As
mulheres com mais hormônio estrogênio tendem a cair mais facilmente na lábia
dos cafajestes, de acordo com Kristina. "Então, se pensarmos nos níveis de
estrogênio ao longo da vida, mulheres que são mais férteis, com 20 e poucos
anos de idade, mais provavelmente se iludiriam com os cafajestes e sexy.
Provavelmente, as mais jovens mostrariam mais esse efeito do que as mais
velhas", diz.
E
a pesquisadora revela que já foi "vítima" dos hormônios na juventude
(e que a experiência pessoal foi um dos fatores que motivaram sua linha de
estudo). "Eu já fui uma garota de 20 e poucos anos que esteve com garotos
que provavelmente não seriam bons companheiros de longa data. Meus amigos e
parentes deviam pensar ‘ele não é um cara legal’, mas quando eu estava junto do
meu cafajeste sexy eu o percebia de forma diferente, através de lentes
coloridas. Depois, olhando para trás, eu percebia que estava me iludindo".
Conflito
entre o corpo e o cérebro
A
pesquisadora acredita que o fato de todas as mulheres do estudo terem atribuído
aos cafajestes características de bons pais indica um mecanismo criado por
elas, sem se darem conta. Seria uma forma de justificar o conflito que sentem
por saberem que estão lidando com um homem que não deveriam, mas serem
impelidas a ter relações sexuais com ele.
"Quando
você está ovulando, se sente mais atraída por canalhas, mas, por saber que eles
não são do tipo estável, e para se sentir melhor, você pensa que talvez, apenas
com você, as coisas sejam diferentes e ele poderia se tornar um bom marido, um
bom pai. É uma maneira de reduzir a ansiedade que sentimos por estarmos
atraídas por eles. Pensamos: ‘ele pode não ser tão ruim’".
Preferem
ou não preferem?
Pensando
no ponto de vista das mulheres brasileiras e dos "cafajestes
nacionais", essa teoria é válida? Para Elko Perissinotti, psiquiatra e
psicanalista que é vice-diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, as mulheres preferem, sim, esse tipo
de homem, mas não sabem disso.
"É
um saber não sabido, mas sendo executado (na fantasia, pelo menos), sobretudo
ao sabor da ovulação ou de bebidas alcoólicas. Mas sabemos muito bem que esse é
apenas um exercício de genética, hormônios e desejos, porque a cultura bloqueia
isso pela lei moral e pela modificação parcial da mente. Assim, o que faríamos
de fato é transformado em objeto de desejo", diz ele.
Já
a antropóloga Mirian Goldenberg, professora da UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro), pesquisadora do tema há 25 anos e autora do livro "Por
que Homens e Mulheres Traem?", dentre outros, diz que as mulheres acabam
ludibriadas pelas técnicas de sedução dos canalhas, mas que logo se dão conta
do erro e pulam fora.
Segundo
ela, esses homens são minoria –em sua pesquisa, algo em torno de 7%. E eles
jamais se intitulam cafajestes. "Dizem que são poligâmicos por natureza e
não podem trair o próprio desejo. Que precisam da sedução, da aventura, da
conquista". O que os diferencia de outros homens, para a pesquisadora, é a
capacidade de seduzir e dizer o que as mulheres querem ouvir.
No
fim das contas, esse cafajeste é malvisto por mulheres e homens, acredita
Mirian: "Ele simboliza para os outros homens o fracasso da arte da
sedução. Porque se só o cafajeste consegue aquilo que as mulheres querem, a
maioria se sente extremamente derrotada. E para as mulheres representa tudo o
que ela não quer".
Insatisfação
e traição
O
segredo dos cafajestes, segundo Mirian, é ter aprendido precocemente o que as
mulheres querem. Com isso, demonstram fidelidade e, às vezes, convencem que são
até mais leais do que os outros homens. "As mulheres dizem que querem o
homem fiel, em primeiro lugar, então elas jamais ficariam com um cafajeste se
soubessem que ele é um".
Para
Perissinotti, a explicação para o desprezo das mulheres pela poligamia é
cultural. Ele acredita que o instinto primitivo das pessoas busca a preservação
da espécie com os genes "fortes", através de "um macho forte e
saudável", como atesta a pesquisa da Universidade do Texas. Mas que,
por causa da cultura e da sociedade atuais, os desejos animais são bloqueados.
"Divórcios frequentes e aventuras extraconjugais mostram claramente que
não podemos fugir completamente de nossa herança animal poligâmica".
http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2013/02/16/teoria-de-que-mulheres-preferem-os-cafajestes-tem-fundamento.htm
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