O
Brasil e a Cultura Moderna
Nos últimos anos, percebemos que a
notoriedade do Brasil no campo cultural tomou rumos bem diferentes das formas
que nossa cultura era pensada e analisada há algumas décadas.
Até o século passado, um grande número de
pensadores entendia a nossa cultura através das ideias de atraso e
desenvolvimento. Nesse sentido, acreditava-se que o Brasil seria culturalmente
atrasado pelo fato de não se assemelhar com os costumes e padrões existentes em
grandes nações europeias ou nos Estados Unidos.
Mas não eram todos os intelectuais
brasileiros que pensavam desse modo. Um outro grupo de pensadores acreditava
que os hábitos, costumes e tradições brasileiras possuíam uma enorme riqueza e
que, portanto, entendiam essa compreensão do Brasil como país atrasado sendo um
tanto quanto equivocada.
Apesar de esse outro grupo de artistas e
intelectuais valorizar a cultura brasileira, acreditavam que essa mesma cultura
estava ameaçada. Isso porque, durante o século XX, a expansão de novos meios de
comunicação como o rádio, as revistas, os discos e a televisão abriram portas
para que a cultura de países estrangeiros tivesse cada vez mais presença em
nosso meio cultural.
Tal grupo então acreditava que a nossa
cultura era um verdadeiro “campo de batalhas”. Isso porque, se não tomássemos
cuidado, a cultura brasileira perderia sua força para os valores, padrões
estéticos, estilos musicais e a literatura de grandes nações estrangeiras que
conseguiam divulgar seus bens culturais pelos quatro cantos do mundo. Ou seja,
eles temiam o desparecimento da cultura nacional e a dominação da cultura
estrangeira.
Nas últimas décadas, vemos que nenhum
desses dois modos de entender a nossa cultura acabou se configurando. A cultura
brasileira não virou uma imitação das culturas estrangeiras. E nem mesmo
criamos uma “ditadura” da cultura nacional que se colocasse radicalmente contra
as manifestações culturais estrangeiras que aparecessem por aqui.
Até aqui, vemos que a nossa cultura acabou
se organizando como uma verdadeira mistura entre as influências nacionais e
estrangeiras. No campo das artes plásticas, da música e da literatura, vemos
que o Brasil dialogou com influências externas sem que, para tanto, tivesse que
ignorar tudo aquilo que fosse tipicamente brasileiro.
Além disso, é importante lembrar que as
nossas manifestações artísticas puramente nacionais também conseguiram ganhar espaço
e admiração em diferentes países espalhados pelo mundo. Ou seja, aquela noção
de que o Brasil seria uma “cultura atrasada” perdeu sentido na medida em que
grandes valores da nossa cultura ganharam espaço e reconhecimento lá fora.
Sendo assim, notamos que a cultura
brasileira não pode ser entendida por meio de oposições simples como “moderno x
atrasado” ou “nacional x estrangeiro”. A cultura brasileira, bem como a cultura
de outros lugares e épocas, foi marcada por um rico processo de trocas,
reinvenções e transformações que explicam justamente a nossa riqueza e
originalidade.
Nos dias de hoje, cabe a nós reconhecermos
a rica história que a nossa cultura organizou ao longo dos séculos. Afinal,
somente por meio desse reconhecimento que poderemos não só compreender o que é
a cultura do Brasil, mas também nos inspirarmos para criar outras diversas
manifestações que, nas próximas décadas, trarão mais cores a essa já imensa
aquarela que é a cultura do nosso país.
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