terça-feira, 8 de abril de 2014

Consequência do fatiamento africano pelos colonialistas europeus...


Ruanda relembra os 20 anos do genocídio que matou 1 milhão

Durante cerimônia, presidente do país acusou a França, a Bélgica e a Igreja Católica pelo colonialismo europeu na África
 O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursa durante cerimônia que relembra os 20 anos após o genocídio no país (Foto: Ben Curtis/AP)
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursa durante cerimônia que relembra os 20 anos após o genocídio no país.

Há 20 anos, o assassinato do então presidente de Ruanda Juvénal Habyarimana em um atentado de avião desencadeou um dos piores massacres do século XX. Durante cem dias, homens da maioria étnica hutu mataram membros da minoria tutsi e hutus moderados. Estima-se que entre 800 mil a 1 milhão de pessoas morreram em cerca de três meses. Nesta segunda-feira (7), Ruanda começou uma série de cerimônias para relembrar o genocídio e honrar vítimas e familiares.

As principais homenagens estão sendo feitas no Tutsi Amahoro Stadium, em Kigali, capital de Ruanda. Nesse local, 12 mil pessoas se refugiaram durante o genocídio. O presidente de Ruanda, Paul Kagame, acendeu uma tocha que queimará durante cem dias e recebeu o nome de "Chama do Luto Nacional".

A cerimônia foi marcada por luto e choro por parte de uma multidão de pessoas presentes no estádio. Muitas passaram mal e tiveram que ser atendidas pelas equipes médicas. Ainda assim, os ruandeses compareceram em peso e assistiram aos discursos do presidente e do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Em seu discurso, Kagame culpou a colonização europeia na África pelo genocídio. "O legado mais devastador do controle europeu em Ruanda foi a transformação das distinções sociais. Fomos classificados de acordo com um marco inventado em outro lugar", disse.
 Homem é carregado após passar mal por lembrança dos fatos ocorridos há 20 anos em Ruanda, quando um genocídio matou entre 800 mil a 1 milhão de pessoas no país (Foto: Ben Curtis/AP)
Homem é carregado após passar mal por lembrança dos fatos ocorridos há 20 anos em Ruanda, quando um genocídio matou entre 800 mil a 1 milhão de pessoas no país. 
Uma mulher entrou em desespero e precisou ser carregada para fora do estádio Amahoro, na cidade de Kigali, em Ruanda, durante a homenagem aos 20 anos do Genocídio vivido no país em 1994. Líderes de todo o mundo participaram da celebração à 800 mil vítimas (Foto: Chip Somodevilla/Getty Images)
Uma mulher entrou em desespero e precisou ser carregada para fora do estádio Amahoro, na cidade de Kigali, em Ruanda, durante a homenagem aos 20 anos do Genocídio vivido no país em 1994. Líderes de todo o mundo participaram da celebração à 800 mil vítimas.

Durante a cerimônia, Kagame disse que o país ainda busca "uma mais completa explicação" do genocídio, e se voltou contra as autoridades francesas. O governo acredita que a França, na época aliada dos hutus, teve participação no massacre. Em francês, Kagame disse que "nenhum país é tão poderoso que mude os fatos". Depois, continuou o discurso em inglês, e também criticou a Bélgica e a Igreja Católica pelo massacre.

No fim de semana, o embaixador da França em Ruanda foi informado pelas autoridades do governo que não poderia participar da cerimônia. Com as acusações, a França cancelou sua participação no evento.

Antes do genocídio, a França tinha boas relações com o governo da maioria hutu em Ruanda, inclusive com venda de armas ao governo. Com o início do massacre, as princpipais autoridades diplomáticas francesas deixaram o país, e em junho de 1994 uma força militar francesa foi enviada a Ruanda para impedir massacres. A França nega qualquer participação no genocídio.

Ban Ki-moon: "a ONU deveria ter feito mais"

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também participou da cerimônia em Kigali. Ban disse que o genocídio "pesa na consciência" da ONU, que fracassou em sua missão de proteger as pessoas na ocasião. "Muitos membros da ONU mostraram uma coragem extraordinária, mas poderíamos ter feito muito mais. Deveríamos ter feito muito mais", disse.

Antes do genocídio, a ONU tinha uma missão de paz no país, a Missão de Assistência das Nações Unidas para Ruanda, com soldados de vários países instruídos a observar o tratado de paz que encerrou a guerra civil um ano antes. Durante as primeiras hostilidades, dez soldados belgas da ONU foram mortos, o que fez a Bélgica retirar todas as suas tropas, seguida por demais países. No auge do genocídio, a ONU contava apenas com 200 homens, sem autorização para atirar ou qualquer condição de impedir o massacre que se seguiu.
 Ruandeses acendem velas durante cerimônia religiosa para relembrar os 20 anos do genocídio em Ruanda (Foto: Ben Curtis/AP)
Ruandeses acendem velas durante cerimônia religiosa para relembrar os 20 anos do genocídio em Ruanda.

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