O que o comportamento violento dos animais diz sobre os seres humanos
Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha,
analisou o comportamento dos mamíferos mais letais para indivíduos da própria
espécie para tentar explicar a violência entre nós, seres humanos.
A
pesquisa, publicada na revista científica Nature, analisou o
comportamento violento de mais de mil espécies de mamíferos e se debruçou sobre
cerca de 4 milhões de mortes documentadas em aproximadamente 3 mil estudos
publicados nos últimos anos.
Os cientistas depois compararam esses dados com 600
estudos sobre violência entre humanos desde os tempos ancestrais até os dias de
hoje.
Segundo a análise, liderada pelo professor José
María Gómez, o comportamento agressivo estaria relacionado a um componente
filogenético, ou seja, à história evolutiva das espécies - nesse caso, os
mamíferos.
"Um certo nível de violência letal nos humanos
vem do lugar que ocupamos dentro de um grupo de mamíferos em que a violência
está ancestralmente presente. Isso quer dizer que os humanos herdaram a
propensão para a violência de forma filogenética", diz estudo.
Diminuiu
letalidade humana, dizem especialistas
O estudo aponta que espécies mais parecidas tendem
a demonstrar níveis similares de violência entre seus pares. Dessa forma, os
pesquisadores usaram essas semelhanças para prever quão violento um mamífero
deveria ser, e se a previsão excede, desafia ou cumpre com as expectativas.
De acordo
com os cientistas, o Homo sapiens era
na origem seis vezes mais letal que o mamífero médio, mas tão violento quanto
deveria para um primata.
Evolução
O que alterou esse comportamento, segundo a
pesquisa, foi o tempo e as organizações sociais criadas pelos humanos.
"No início da nossa espécie, nós éramos tão
violentos quanto o esperado para a evolução dos mamíferos. Mas esse nível
pré-histórico de violência não permaneceu inalterado e mudou ao longo da nossa
evolução. Isso sugere que a cultura pode modular a violência letal herdada
filogeneticamente nos humanos", diz o texto.
Segundo o estudo de Gómez, as populações humanas
que viveram no período compreendido entre cerca de 3 mil e 500 anos atrás eram
de 15% a 30% mais violentos do que somos agora.
"Esperamos
que o nosso estudo ajude a esclarecer o papel que tanto a evolução como a
cultura têm tido para alterar a violência letal humana", disse o
especialista à revista The Atlantic.
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