segunda-feira, 30 de julho de 2012

Devanear...


Budismo Moderno - Augusto dos Anjos

Tome, doutor, esta tesoura, e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto minha vida
Igualmente a célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!
http://lindos-sonetos.vilabol.uol.com.br/xav3.htm

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Mais uma etapa superada...