Um homem para chamar de seu
E outro dia, entrei
numas de arrumar um namorado. Assim, com a praticidade de quem decide estudar
inglês, fazer academia ou cortar o cabelo. Resolvi encarar a questão como a
objetividade de quem desenvolve um projeto importante, desses que precisam de
cronogramas, tabelas no Excel e planos de ação. Mobilizei amigos, explorei
redes sociais e coloquei o bloco na rua em busca desse sujeito que me ajudaria
a enfrentar com um pouco mais de leveza e prazer esses dias terrivelmente
chatos.
As coisas andavam às
mil maravilhas. Tudo que estava ao meu alcance foi feito para dar cabo a essa
vida de homem só. O único detalhe é que o sucesso da contenda não dependia só
de mim. E mesmo a parte que dependia não era assim tão fácil de manejar.
Porque, vejam bem, por mais que a gente tenha nossos gostos e preferências,
ninguém nunca sabe para quem a outra ponta da garrafa vai apontar.
Nessa minha incursão
em busca de um homem para chamar de meu, me deparei com muitas coisas. Caras
bonitos, mas sem uma gota de bom humor. Gente divertida que mora do outro lado
do país. Um povo cheio de preconceitos, uma gente que não gosta de gordo, de
magro, de quem bebe, de quem fuma, de quem vai para a balada, de quem é mais
novo ou mais velho.
Descobri que boa
parte das pessoas, eu incluído nesse grupo, não querem um namorado, querem um
personagem para preencher um lugar bastante específico em suas vidas. Então,
com essa ideia de príncipe encantado em mente saem pela vida fazendo listas de
qualidades almejadas e defeitos inaceitáveis em um pretendente. Azar de quem se
apaixonar por essa gente, porque vai se presentear com a ingrata tarefa de ser
a representação de um sonho, a personificação de uma série de projeções vindas
sabe-se lá deus de onde. Desnecessário dizer que vai dar errado, né?
Além do povo que
espera o sujeito montado no cavalo branco (ou suas variações mais modernas e
bem menos românticas) conheci um monte de gente que quer namorar, mas não está
disposta a correr os riscos inerentes a qualquer história de amor. Aquele tipo
que vive reclamando que está solteiro, mas vive arranjando desculpas para não
mudar a situação.
Longe de eu
incentivar alguém a encarar um relacionamento por carência, pressão social ou
qualquer coisa que não seja amor. Mas também é impossível ignorar o esforço que
algumas pessoas fazem para se manter na zona de conforto. Apesar de triste,
esse tipo de comportamento não seria um problema se ele prejudicasse apenas
aqueles que resolve assumi-lo. O problema é que vez ou outra mais alguém tem a
infelicidade de ser arrastado por esse redemoinho de racionalização. Resultado:
você confusa e apaixonada por um cara que diz estar a fim de ter um
relacionamento sério, mas não faz efetivamente nada para levar as coisas para o
próximo nível. Não sei se você já percebeu, mas vai sofrer. Muito,
provavelmente, se você estiver mesmo gostando dele.
Ninguém sai por aí
com crachás no meio do peito indicando pontos fortes e fraquezas. Então convém
não enlouquecer tentando adivinhar o comportamento das pessoas. No fim das
contas é tudo uma questão de química. Ou bate ou não bate. Melhor nem tentar
colocar ordem em um sistema pautado, justamente, na imprevisibilidade e no
caos. Fazer a sua parte é uma coisa, forçar a barra é outra e confundir as duas
é mais fácil do que a gente imagina.
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/um-homem-para-chamar-seu-183539832.html
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